quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

AO ESTADO A QUE O NOSSO PORTUGAL CHEGOU

O país assiste à sucessão de crimes violentos associados aos negócios da noite como se visse um filme. E como matadores e vítimas alternam nos papéis e são reais, melhor é o filme.

A mais recente das vítimas das noites estava em liberdade condicional na sequência de várias condenações por ofensas qualificadas e agravadas à integridade física, incluindo a morte de um homem, detenção de armas proibidas, coacção, injúrias e ameaças. Recentemente foi apontado como suspeito dos disparos que vitimaram outra das vítimas das noites. Com todo este cadastro exercia a função de segurança privado, o que só por si comprova que a situação da segurança nas noites do Porto está fora de controlo.

O JN escrevia ontem que perante a quase total ineficácia da actuação policial, as noites estão entregues aos seguranças privados, por demissão do Estado, desde 1999. Acresce que, ao contrário do que lhe compete e como se vê, o Estado não controla sequer o exercício da segurança privada nem quem a executa. A lei não permite que cadastrados exerçam tais funções nem que qualquer segurança ande armado. Como se vê pelo desenrolar do filme, a segurança está em parte considerável nas mãos de marginais armados de metralhadoras e, se necessário, com acesso a tecnologia militar no domínio dos explosivos. Só falta saber que a autoridade não se exerce por questões de cumplicidade.

Perante este cenário de terror o Estado limita-se a fazer solenes e caricatas declarações de que tem tudo sob controlo. E em coro com o Estado a sociedade vai reclamando mais câmaras de videovigilância. Muita gente deve ter esperança que com câmaras de vídeo por todo o lado ainda possa vir a assistir aos crimes em directo.

João P. Guerra

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1 Comments:

At 12 de dezembro de 2007 às 20:04, Anonymous Anónimo said...

Um dos truques mais estafados usado na política para assustar o "povo", consiste em falar-lhe em "insegurança" e no "aumento da criminalidade".
Acontece que, chamar isso à colação por causa de ajustes de contas entre gente pouco recomendável, não é correcto.
Portas atacou o governo por aí em vez de se concentrar na inexplicável figura do MAI, o académico Pereira, ou na fantástica pessoa do dr. Alípio, director da PJ.
Não são as matanças entre o "pessoal da noite" que alimentam climas de insegurança.
O "homem médio" preocupa-se com os pequenos furtos, com a eventualidade da sua casa ser assaltada enquanto dorme ou está na sala, com as notas retiradas do multibanco irem parar a mãos alheias ou em ver o carro desaparecer.
Muito provavelmente, o "homem médio" até acha louvável que os "homens da noite" se eliminem uns aos outros a tiro, nem que seja no passeio onde mora.
Não vale a pena ir por aí.

 

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