quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

TRATADO - A ASSINATURA


Foi hoje.
Não vi que o trabalho não perdoa, mas foi hoje que foi assinado o Tratado de Lisboa.
Este tratado, feito à revelia dos cidadãos e encriptado para que ninguém o entenda, e por mais que digam, é a velha constituição europeia recauchutada.
Lá se encontram todas as razões que levaram a que franceses e holandeses a recusassem em referendo popular.
Este tratado coloca Portugal sem voz na Europa, coloca-nos numa posição em que teremos de comer e calar tudo aquilo que os poderosos decidam. E, não pensem que esses poderosos são o Presidente francês ou a Chanceler alemã.
Esses poderosos são gente escondida, gente que manda de entre as sombras do Clube de Bilderberg.
Sabendo quais são as suas ideias e os seus objectivos, e o poder que têm para os concretizar, só nos resta a solução de lutar contra este tratado e esta Europa apoiante do capitalismo global. Primeiro é necessário lutar pela realização um referendo e depois tudo fazer para que o Não vença.
Eles estão com medo e tudo farão para que a aprovação seja feita por via parlamentar.
Só a união de todos e a exigência de referendo nos pode dar ainda alguma esperança de travar esta gente.
Vamos todos fazer ouvir a nossa voz e dizer que esta decisão tem de ser tomada por todos e não só por aqueles que já venderam a alma ao diabo.


K.

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12 Comments:

At 14 de dezembro de 2007 às 19:04, Anonymous Anónimo said...

Porque será que os líderes dos 27 se movimentaram por cenários previamente «limpos» de populaça?

Temiam que Bin Laden lhes saísse ao caminho, vindo dos Pastéis de Belém?
Ou simplesmente têm aversão ao povo?

Para a safra dos votos nas campanhas eleitorais sujeitam-se aos maiores e mais caricatos sacrifícios: beijam criancinhas que nunca viram mais gordas e matronas que nunca viram mais magras, abraçam velhos que nunca viram mais novos, acarinham pobrezinhos que nunca viram mais ricos e pacientes que nunca viram mais sãos, pavoneiam-se por feiras e mercados, brindam com zurrapas, riem-se de piadas populares ou choram com as dores alheias, entram em tugúrios, circulam por ruelas e valados, andam a pé, sobem a camionetas, enfeitam-se com adereços rascas.

Chegam ao poder e barricam-se nas suas torres de cristal, nos seus bastiões e fortalezas, por detrás das suas escoltas, dos seus guarda-costas, circulam nos seus carros de vidros fumados, de preferência atrás dos seus batedores para que não se sujeitem a essa coisa nefanda que é o trânsito engarrafado, mandam limpar as ruas dessa matéria incómoda, barulhenta, metediça, insolente, mal-educada e algo mal cheirosa que é o povo.
Já houve quem mandasse evacuar uma praia para tomar um banho de mar em privado, em asseio e em sossego.

E foi assim mais uma vez na assinatura do Tratado Reformador da UE, com comércio fechado, trânsito interrompido, circulação interdita, ruas e praças nobres de Lisboa privatizadas temporariamente para o passeio dos senhores.
Diziam alguns jornais que o Tratado era uma festa.
Uma festa em privado, claro está. Quanto ao povinho que fosse passear, que fosse para longe, pois até tinha transportes à borla.

 
At 14 de dezembro de 2007 às 19:06, Anonymous Anónimo said...

Vários eurodeputados receberam Sócrates com vaias e apupos durante a proclamação da Carta dos Direitos Fundamentais no Parlamento Europeu. Sócrates teve que interromper várias vezes o discurso e, por um momento, o hemiciclo de Estrasburgo mais parecia uma final Porto-Benfica. Pelos vistos, o "hooliganismo" pegou no PE, o que não surpreenderá sabendo-se que grande parte dos arruaceiros, que exigiam que o Tratado de Lisboa fosse referendado, pertence à selecta claque "eurocéptica" britânica (talvez seja altura de, como nos estádios, os plenários do PE serem vigiados por câmaras e os eurodeputados obrigados a soprar no balão). No final, Sócrates desvalorizou o incidente, classificando-o de "folclore democrático". Convenhamos, no entanto, que prometer uma coisa e fazer outra não deixa igualmente de caber na lamentável e comum categoria do "folclore democrático". "O PS - diz o Programa de Governo com que Sócrates se apresentou aos portugueses e com base no qual foi eleito - entende que é necessário reforçar a legitimação democrática do processo de construção europeia, pelo que defende que a aprovação e ratificação do Tratado deve ser precedido de referendo popular". Já não falta muito para descobrirmos (mais uma vez) o que valem as palavras em política.

 
At 14 de dezembro de 2007 às 19:09, Anonymous Anónimo said...

E agora, José?
José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal, que antes de o ser prometeu aos eleitores um referendo europeu.
Não foi por isso que foi escolhido, mas foi por isso que se alterou a Constituição e se alimentou o engodo.

É evidente que não vai haver referendo, nem que Cristo desça à terra. Sócrates é o que é, segundo o próprio "uma soma de casualidades". E saiu-lhe em sorte seguir o trabalho de quem teve engenho (e poder) para desbloquear o impasse criado pelos referendos que o povo chumbou.

Em França e na Holanda, provavelmente por motivações nacionais mas que só por descuido podem ser dissociadas do contexto europeu. E é precisamente por existir o pavor de uma repetição do terror que não haverá consultas ao povo sobre um futuro comum.

A questão que se põe - e que tem a ver directamente com Sócrates - é simples: devemos continuar a acreditar nas promessas de quem quer chegar ao poder?
Ou melhor: o que é que vale, a promessa feita ao eleitor nacional ou o posterior compromisso com os parceiros europeus?
É evidente que para Sócrates o que foi conseguido não pode ser posto em causa, por séria que tenha sido a promessa inicial.
A questão já é outra depois da proclamação de vitória:
"Hoje [ontem] fez-se história." Referendar a glória não está nos planos de Sócrates.
Safa!

 
At 14 de dezembro de 2007 às 19:12, Anonymous Anónimo said...

Com a fase decisiva do campeonato a ter início depois do fim do ano, está para breve a oportunidade de mexer na equipa fazendo as aquisições necessárias para tapar os buracos e substituir alguns lesionados, bem como aproveitar para colocar no mercado alguns jogadores menos usados ou que tenham desiludido.

Já que no PSD as funções de treinador de bancada foram assumidas por Menezes e no PS de Sócrates nem o Carrilho se oferece para essa função, O Jumento decidiu chamar a si essa função tão importante para o desempenho da equipa de São Bento. Não é que Sócrates tenha dificuldades, desde o início que está jogando sem adversários.

Aqui fica uma avaliação da equipa e algumas sugestões de mexidas:

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José Sócrates: para quem tinha menos habilitações do que o Paulo Bento e sem sequer ter treinado uma equipa de juniores o treinador tem surpreendido, não tanto pela qualidade do jogo mas pelos resultados. Todavia, os resultados devem-se mais à falta de qualidade dos adversários do que à qualidade do seu futebol que era o que se esperava, pouca qualidade e demasiado pula da areia. Tem tido sorte, os adversários têm recorrido a chicotadas psicológicas mas sem resultados, a excepção é o Jerónimo de Sousa que está para o seu clube como Sir Ferguson está para o Manchester, o seu cargo de treinador é vitalício e não sairá de lá mesmo que a equipa vá parar ao regional.
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Mário Lino: está visto que o Mário não resulta na posição de defesa central, cada vez que toca na bola faz-se silêncio no estádio pois ou marca auto golo ou passa a bola ao adversário. Já se sabia que era um jogador desajeitado, o género de atleta com um futebol pouco bonito, mesmo grosseiro, mas esperava-se que fosse um trabalhador incansável. Tem desiludido, fez mais auto golos do que o Beto do Sporting, quando o Vale Azevedo o felicitou pelos golos que estava a marcar.
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Rui Pereira: chamado à equipa principal com a saída de António Costa o Rui ainda não se adaptou ao jogo da equipa, mostra ter bom toque de bola mas ainda não está entrosado. Vale a pena dar-lhe mais algum tempo.
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Augusto Santos Silva: o trinco da equipa tem-se revelado pouco eficaz, em vez de fazer a transição da defesa para o ataque não são raras as vezes que joga ao contrário devido a alguns maus passes. Sabendo-se das suas ligações às claques e da sua boa relação com o treinado não é de esperar mexidas neste sector.
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José Vieira da Silva: contratado par a posição de extremo esquerdo revelou mais aptidão para jogar pela direita, dizia-se que tinha um bom pé esquerdo mas é com o direito que tem feito a maior parte dos passes.
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Maria de Lurdes Rodrigues: apresentada como uma ponta de lança tem desiludido, apresenta um futebol confuso e pouco esclarecido, falhando demasiados lances tem lançado a desconfiança junto dos adeptos. É uma jogadora que nos lembra o Vinia do Benfica, vale mais pelas caneladas que dá aos adversários do que pelo jogo que constrói.
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Mariano Gago: ainda não mostrou o seu valor, tem passado a maior parte do tempo no banco.
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António Correia de Campos: quando entrou na equipa foi apresentado como um tecnicista capaz de lançar passes que tratariam da saúde aos adversários. Tem desiludido, não só tem falhado os passes como equipa começa a ter dificuldades financeiras, tantas são as bolas que vão parar às pitas, até o senhor Teixeira já começa a ficar preocupado, as quotas dos pagantes quase não dão para as bolas perdidas pelo António Correia.
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Luís Amado: um jogador de fino recorte que lembra Nené, graças à gosma te marcado alguns golos decisivos ainda que trabalhe muito pouco para a equipa. Mudou de posição na equipa devido a lesão na vértebra A6 de Freitas do Amaral.
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Manuel Pinho: é um jogador que nos lembra Mantorras, só joga quando a equipa faz amigáveis longe da Europa, como sucedeu na China onde fez tantos disparates que os portugueses passaram duas semanas a ver o resumo do jogo. Uma grande promessa de Sócrates que contava com ele para dinamizar o futebol da equipa, um verdadeiro número dez, te desiludido. Tal como Nuno Gomes parece estar mais preocupado com o penteado do que com a direcção da bola, Manuel Pinho dá mais atenção às pulseirinhas do que à eficácia do seu jogo.
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Pedro Silva Pereira: um trabalhador incansável ma modesto, está para a equipa como os aguadeiros estão para os ciclistas, é do tipo de jogadores que não jogam grande coisa mas são indispensáveis pois sabem interpretar as instruções do treinador.
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Alberto Costa: apresentado como um médio esclarecido esperou-se demasiado dele, até porque sendo um dos mais velhos da equipa poderia dar consistência ao seu futebol. Na verdade tem tido grandes dificuldades em segurar o jogo, começando a despertar a antipatia de algumas das claques mais influentes do clube.
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Francisco Nunes Correia: não joga grande coisa mas trata a relva como nenhum dos seus colegas, vale mais pelas asneiras que não faz do que pelas poucas jogadas em que participa.Justificar completamente
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Isabel Pires da Silva: é uma jogadora pouco esclarecida que ainda não se percebeu para que função foi contratada. As poucas vezes que tem entrado em campo tem saído por acumulação de amarelos.
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Jaime Silva: contratado no estrangeiro parece que ainda não se adaptou ao futebol nacional, está mais preocupado com as medidas do equipamento do que o jogo que pratica.
Nuno Severiano Teixeira: um defesa discreto que pouco tem entrado em jogo.

Cabe aqui uma palavra para a envolvente do jogo, como é o caso das claques. O destaque para a claque dos “No Never Boys” que com a Margarida Moreira à frente das hostes até faz inveja aos Super Dragões. Tem partido mais loiça na sala de troféus do clube do que os Super Dragões nas estações de serviço na auto-estrada do Norte. Estimulados e protegidos pelo treinador os “No Never Boys” têm-se tornado excessivamente agressivos, ameaçando todos os que criticam Sócrates com os seus pitbulls e rotweillers, tendo havido já vários casos de mordeduras. Que o diga o Fernando Charrua que já foi impedido de entrar no estádio durante uns tempos depois de se ter metido com a claque, acabando com um par de dentadas no rabo.

Uma palavra também para o senhor Teixeira, incansável a cobrar as quotas, uma tarefa discreta e antipática, mas indispensável para sanear as contas dos clubes. Ainda que alguns se queixem de ter sido a pagar as quotas à força ou de lhes exigirem o seu pagamento depois de já as terem pago, tem-se revelado uma peça importante do clube.

Apesar de estar à frente no campeonato a equipa está longe de agradar aos adeptos, havendo mesmos alguns, coo é o caso de Manuel Alegre, que não escondem o desagrado pela forma de jogar da equipa, não se cansam de criticar Sócrates de canalizar quase todo o seu futebol pela direita, como os benfiquistas que se queixam que o Benfica não joga à Benfica, estes adeptos estão desiludidos porque o PS já nem sabe jogar à PS. Houve mesmo alguns, como a Hlena Roseta, que abandonaram o clube porque Sócartes não os deixava entrar no balneário para aconselharem os jogadores antes dos jogos.

Uma palavra final para o presidente Aníbal, quando se candidatou prometeu ser um presidente interventivo à imagem de Pinto da Costa, mas acabou por seguir as pisadas habituais no Belenenses, os presidentes pouco mais fazem do que os discursos de ocasião.

 
At 14 de dezembro de 2007 às 19:13, Anonymous Anónimo said...

LÁ VAI LISBOA

«Sim, sou sensível ao bairrismo, ao patriotismo e a isso tudo. Da última vez que Portugal ocupou a presidência europeia, eu era emigrante. O nosso país foi elogiado, e a sensação era inegavelmente reconfortante. A The Economist, se bem me lembro, chegou a sugerir que o melhor para a União Europeia seria deixar-se de presidências rotativas e entregar o assunto de vez aos portuguesinhos, que se tinham safado bem. Bom para a Europa, bom para Portugal e, se tudo tivesse corrido de outra forma, bom para António Guterres, que teria dado um excelente presidente da Comissão Europeia. Como não gostar?

Agora, não estou tão seguro. A acreditar nos líderes europeus, há um novo espírito, o "espírito de Lisboa", que vai levar a Europa para um novo patamar. O problema é que esse novo patamar não é mais acima, nem mais próximo.

Depois de os Açores ficarem internacionalmente conhecidos por uma cimeira vergonhosa, eu gostaria que o nome Lisboa evocasse aos europeus mais democracia e mais clareza. Em vez disso, arriscamo-nos a que "Lisboa" signifique líderes com medo dos seus eleitorados e uma Constituição (perdão, um "Tratado Reformador" que em tempos era para ter sido um "minitratado") deliberadamente confusa. É bom isto?

Já escrevi uma vez que os meus instintos europeístas colidem com os meus instintos democráticos. Não teria de ser obrigatoriamente assim, mas é: por culpa da maneira como os líderes europeus fazem as coisas. Se for forçado a escolher, eu escolho os meus instintos democráticos. Europa sem democracia não passa de geografia e conversa fiada.

Pois enfim, celebrem. Há razões para isso. Seis meses cheios, algumas coisas boas (a cimeira com o Brasil), os trabalhos de casa bem feitos, as tarefas cumpridas. José Sócrates, em particular, merece, por uma vez, que a sua lendária teimosia seja elogiada. As culpas pela fuga dos líderes estão partilhadas: de Sarkozy a Merkel, passando por Durão Barroso e pelo Governo inglês.

Ainda assim, eu gostaria que Portugal deixasse de ser o país que cumpre com as tarefas menores "pelas razões que todos conhecem", como diria Luís Amado. Ao contrário daquilo a que nos habituou o nosso triste choradinho, os países pequenos não saem prejudicados quando assumem a defesa dos princípios democráticos. Durão Barroso quis fazer-nos crer, antes da Guerra do Iraque, que não tínhamos outra alternativa senão fazer o que os EUA de nós esperavam (e que retaliações sofreram os países pequenos que não apoiaram a guerra?). Também agora nos dizem que tivemos de nos prestar ao papel que os "grandes" designaram para nós. Cavaco Silva acorre pressurosamente a garantir que não quer referendos, como se isto fosse uma ideia de lesa-pátria. Por que razão, então, a Irlanda ou a República Checa não seguem o guião e podem levar o Tratado de Lisboa a referendo? Serão menos europeus por isso?

Os políticos vivem obcecados com fazer boa figura. Mas há coisas mais importantes. Eu preferia que pensássemos um pouco mais nos europeus e um pouco menos na figura que fazemos. Aí talvez o nome "Lisboa", a prazo, evocasse coisas mais dignas aos nossos concidadãos.»

Rui Ramos
No:Público

 
At 14 de dezembro de 2007 às 19:14, Anonymous Anónimo said...

«A Juventude Socialista não esperou pela posição oficial do PS e anunciou hoje que é favorável à ratificação do novo tratado europeu através de referendo, por considerar que esta via "permitirá aproximar os portugueses do processo de integração europeia".Em comunicado, os jovens socialistas elogiam a assinatura do tratado, dizendo que "representa um marco incontornável na evolução do processo de construção da unidade europeia e um êxito histórico da Presidência Portuguesa da União".»
No:Público

Como é costume os putos do PS decidiram fazer xixi fora do penico.

 
At 14 de dezembro de 2007 às 19:26, Anonymous Anónimo said...

Num dia azarado, 13-12-2007, foi ontem assinado no Mosteiro dos Jerónimos e Museu dos Coches - Gordon Brown faltou propositadamente (na diplomacia não há coincidências) à cerimónia da assinatura colectiva no mosteiro pelos representantes dos outros 26 países, só o fazendo depois do almoço, para sinalizar o seu descontentamento com José Sócrates e os demais pelo convite a Robert Mugabe para a cimeira UE-África e mostrar o seu distanciamento face ao acto - o "Tratado de Lisboa que altera o Tratado da União Europeia e o Tratado que institui a Comunidade Europeia" (ver ainda Constituição para a Europa - Tratado de Roma, de 29-10-2003). Uma explicação sumária e favorável ao Tratado foi preparada pelos serviços da Comissão Europeia.

Após a recusa de ratificação geral da Constituição para a Europa - Tratado de Roma, de 29-10-2003 -, procedeu-se ao exercício, de suavizar semanticamente o utópico e radical federalismo político ostensivo, obsoleto face aos novos ventos da História que estão a derrubar o imaginário da constituição daquilo que podemos chamar uma Respublica Atheos - herdeira mítica do poderio da Respublica Christiana, mas sem o cimento espiritual que a potenciou - denunciada no art. 1.º a) do novo Tratado, onde a palavra "cristão", ou derivada não aparece, ao mesmo tempo que se equipara o humanismo maçónico à herança religiosa (neutra) de diversas crenças. É essa tentativa de alcançar esse império politicamente correcto de raiz ateia e resultados económico-sociais desastrosos do Estado Social(ista) que, paradoxalmente, se assinou hoje num local a que os portugueses chamaram Belém, cais de caravelas de sonho e esperança, berço de vida e verdadeira humanidade, procura, descoberta e unidade do género humano.

O propósito, mesmo se já não convicto, que a realidade não perdoa, é a erecção de um flácido novo império europeu, sujeito à condução por um directório das grandes potências, com a promessa frustrada da Estratégia de Lisboa, pela agilidade norte-americana, chinesa e indiana, de liderança tecnológica e económica assente num modelo estatizante de Estado Social(ista).

Em oposição à prudente filosofia de uma Europa das Nações, completada pela União Económica e Monetária, de cariz liberal, insiste-se no delírio da unidade política com medidas simbólicas, como a instituição de um "Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança e Vice Presidente da Comissão Europeia", ou até a nova Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, e normas de maior consequência como a criação de um mandato permanente de Presidente do Conselho Europeu (de dois anos e meio, em vez das presidências semestrais) e a passagem de matérias de decisão por unanimidade para maioria qualificada.

Mas, mais do que a expressão semântica e o conteúdo simbólico, o que se tem de sublinhar é a insistência na política furtiva consensual (com a excepção irlandesa da promessa de consulta popular), camuflada pelo tabu colectivo dos líderes europeus, de, nesta questão, retirar ao povo o poder referendário, recomendável para a constituição que este tratado tenta estabelecer, e transferi-lo para a comodidade dos salões parlamentares, eliminando a possibilidade de recusa de ratificação por povos mais reticentes a perdas de soberania para estruturas supranacionais. Ou seja, resiste-se ao vento da História da democracia directa através da democracia dos parlamentares informados sobre o povo considerado demasiado estúpido e irresponsável para tomar a decisão - o voto... - que deve ser guardado para as elites.

Portanto, engolfa-se o processo de unidade económica europeia na alucinação federalista dos representantes que põe em perigo a perspectiva de organização monetária e económica, que tem garantido a liberdade de circulação, a estabilidade financeira e política dos Estados e a paz no continente. É um canto de cisne debilitado: mais cedo ou mais tarde, a democracia directa será instituída e o povo retomará o controlo do poder, retomando a preferência política pela liberdade de desenvolvimento da Europa das Nações com a manutenção da União Económica e Monetária.

 
At 15 de dezembro de 2007 às 02:04, Anonymous Anónimo said...

Então mas se o tratado está "encriptado" e "não conhecemos o que lá está", porque é que já está decidido que temos que votar não sobre uma coisa que não conhecemos?

Que post mais imbecil, tresanda a bloco a trinta léguas.

lol.

 
At 15 de dezembro de 2007 às 14:46, Anonymous Anónimo said...

Independentemente do que cada um possa pensar sobre a realização de um referendo ao Tratado, Sócrates avançará para a sua realização em função do cálculo dos ganhos e perdas que daí poderão resultar. Não é difícil faer as conta e perceber que Sócrates não tem nada a ganhar com a sua realização.

A questão do referendo não passa de um exercício intelectual para algumas elites políticas, a maioria dos portugueses não estão preocupadas com o assunto, nunca vão querer saber o que consta no Tratado e votaria em função das indicações dos partidos ou de personalidades como Cavaco Silva. A verdade é que uma boa parte dos que defendem a realização do referendo estão mais preocupados com a sua notoriedade ou estão mais contra a participação na UE do que com o próprio Tratado.

Por melhor que fosse o Tratado o PCP ou o BE nunca votariam a favor, estes partidos sempre foram contra a integração europeia, o PCP até defendeu no passado um bloco económico com regras bem piores do que as que agora critica. Muitas das personalidades que defendem o referendo apenas pretendem notoriedade e vender opiniões, a realização do referendo seria um bom negócio para alguns dos nossos profissionais do comentário, durante alguns meses teriam um excelente mercado para cobrar honorários às estações de rádio e televisão e aos jornais.

Do ponto de vista de Sócrates a questão é simples, se optar pela ratificação pela via parlamentar ouvirá algumas críticas durante uma semana e pouco mais. Só que essas críticas são dos partidos e comentadores que nunca o elogiaram e destinam-se a segmentos do eleitorado que não é por este motivo que muda de opinião. Se optar pelo referendo obra a Caixa de Pandora e não serão poucos os que aproveitarão o tempo de antena para argumentarem contra o Tratado com críticas às políticas governamentais.

Só se for parvo Sócrates apoiará a realização de um referendo.

 
At 15 de dezembro de 2007 às 18:33, Anonymous Anónimo said...

Do Luiz Vaz de Camões:

Eis aqui, quase cume da cabeça
da Europa toda, o Reino Lusitano,
onde a terra se acaba e o Mar começa



Acrescentemos Fernando Pessoa:


A Europa jaz, posta nos cotovellos:
De Oriente a Occidente jaz, fitando,
E toldam-lhe românticos cabellos
Olhos gregos, lembrando.

O cotovello esquerdo é recuado;
O direito é em ângulo disposto.
Aquelle diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,
A mão sustenta, em que se appoia o rosto.


Fita, com olhar sphyngico e fatal,
O Occidente, futuro do passado.

O rosto com que fita é Portugal.


Porque:

A civilização a que todos pertencemos — entendendo por "todos" todo o mundo — assenta em três fundamentos, que a precederam. Esses fundamentos são a Cultura Grega, a Ordem Romana, e a Moral Cristã. Da Grécia nos vem o espírito e a forma da nossa cultura. De Roma nos vem o espírito e a forma da nossa política. Da religião de Cristo nos vem o espírito e a forma da nossa vida interior.


A estes três fundamentos originais da civilização, primeiro da Europa, depois do mundo inteiro, se ajuntou, desde o fim da Idade Média e princípio da Renascença, um quarto fundamento. É difícil de lhe dar um só nome, mas esse nome poderá ser a Liberdade Europeia, porque os três movimentos criadores que o formaram tendem todos, ainda que diversamente, para uma libertação do homem.
O primeiro movimento começou na Itália e constituiu, através da renovação do espírito grego, na destruição da fraternidade humana, quer pela formação de nacionalidades, quer pelo movimento anti-romano que, por um lado progressivamente destituiu a língua latina de língua da humanidade civilizada, e, por outro lado, preparou a reforma, que haveria de destruir a fraternidade católica da Europa. Assim a Europa se libertou do excesso de Roma e da Humanidade. É contra a humanidade que se faz todo o progresso; por isso é reaccionário todo o movimento, como o bolchevista, em que se pretenda introduzir a ideia fruste de humanidade.


O segundo movimento começou em Portugal, e foi o dos Descobrimentos. Pouco importa discutir se tal ou outro ponto da terra era ou não conhecido antes de o descobrirem os Portugueses. Os descobrimentos dos Portugueses não valem como descoberta, mas como sistema. Foi Portugal que primeiro sistematizou a descoberta e revelação do mundo. Sociologicamente, pois, os descobrimentos (sejam os de espanhóis, de franceses, de ingleses, ou de quem quer que seja) são todos portugueses. Historicamente, serão o que forem; a história porém não é nada, senão (não é mais que) o armazém de factos ou pseudofactos sobre os quais trabalhe a sociologia .


Repito o que, sobre a matéria, já editei:


Hoje a Europa tem uma bandeira azul, com uma coroa de doze estrelas, não uma estrela por Estado, mas o emblemático número doze, considerado símbolo da plenitude e da perfeição, como doze eram os filhos de Jacob, os trabalhos de Hércules, os signos do zodíaco, os meses do ano, os apóstolos ou a romana lei das doze tábuas.

Doze estrelas, como as da auréola de uma Virgem que aparece no vitral da catedral de Estrasburgo, uma mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos pés, tendo uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça (et in capite eius corona stellarum duodecim)...


Tudo muito conforme, aliás, com o capítulo XII do Apocalipse de S. João.


Compare-se o que a respeito escreve o nosso Padre António Vieira, onde se fala numa Mulher em dores de parto, dando à luz um Filho varão que, no entanto, há-de reinar sobre todas as nações do mundo com ceptro de ferro. Se um Dragão tenta tragá-lo, eis que ele acaba por ser arrebatado ao céu, onde acabará por assentar-se no trono de Deus. À Mulher se darão duas grandes asas de águia com que fugirá do Dragão. Virá depois um Cavaleiro, montado num cavalo branco, trazendo, na orla do vestido, a divisa rex regum et dominus dominantium, comandando um exército, também montado em cavalos brancos, que acabará por vencer o Mal, isto é, a bestialidade do Dragão e os falsos profetas que o seguem (Apologia das Coisas Profetizadas, organização e fixação do texto por Adma Fadul Muhana, Lisboa, Cotovia, 1994)


Interpretando tal passagem, o Padre António Vieira considera que se trata de um relato da emergência da Igreja do Quinto Império, onde se descreve a maneira da Igreja se coroar, e alcançar o Reino e império universal, onde a Lua é o Império Turco (ou o império dos que apenas têm poder temporal) e o ferro, a inteireza e constância da justiça e igualdade com que o mundo há-de ser governado.

Tratar-se-ia da procura de um poder que não está sujeito às inconstâncias do tempo, nem às mudanças da fortuna e que se há-de estender até ao fim do mundo. Porque só então chegará o corpo místico de que fala São Paulo, com Cristo a nascer de novo. O tal Filho, que tem o trono no Céu, tal como a Igreja tem uma coroa na terra.


Como Jean- Pierre Faye termina a sua antologia L'Europe Une. Les Philosophes et l'Europe, de 1992, também nos apetece citar a mesma passagem de Fernando Pessoa:

Grécia, Roma, Cristandade
Europa - os quatro se vão
Para onde vai toda a idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?

 
At 15 de dezembro de 2007 às 23:54, Anonymous Anónimo said...

Vi em diferido a assinatura do tal Tratado.
Aquele ajuntamento de burocratas não se trata de ralé, mas muito pior, de uma micro burguesia foleira, grosseira, pindérica e analfabeta que discursa banalidades.
O último a chegar foi Sarkozy e o que fez ?
Saiu do carro, voltou as costas a quem o esperava junto à entrada dos Jerónimos e foi conversar com os jornalistas!
Uma ministra dos Negócios Estrangeiros de um dos 27 - não consegui descobrir de quem se tratava - chegou com um vestidinho estampado e aconchegava-se num casaquinho de malha muito apertado, assim a modos de quem vai à Ribeira comprar grelos.
Alguns dos chefes de Estado e de governo eram enormes - creio que vindos dos países que irromperam na Europa Central ou no Báltico - encaixavam-se em casacos muito apertados e a mole de carne imensa de cada um deles rebentava-lhes por fora do corpanzil e tinham um ar mesmo pândego; uns mequetrefes que mais pareciam integrar uma procissão de abortos em exibição. Safavam-se alguns, claro: Gordon Brown - que esteve para ser marido da princesa herdeira da Roménia - só veio no final do almoço no Museu dos Coches.
O pagode ministerial nem olhou para os coches!
Estavam todos muito contentes com uma "mão cheia de nada e a outra de coisa nenhuma"!
Uma saloiada à portuguesa!
Afinal, à europeia!
Está tudo, cada vez mais igual! Onde estão na Europa verdadeiros ministros e grandes senhores como Disraeli, Gladstone, Salisbury, Churchill, Briand, Schuman, Chaban-Delmas, Cavour, Orlando, De Gasperi, Aldo Moro, Cánovas del Castillo, Sagasta e Romanones, esses verdadeiros profissionais da política com biblioteca montada em casa.

 
At 15 de dezembro de 2007 às 23:56, Anonymous Anónimo said...

Lá assinaram todos, com muito sol e muito alívio, o tal tratado. Excepto Gordon Brown, que vai provavelmente ser corrido por causa disso. Para nós, o tratado, a Constituição, ou como lhe quiserem chamar, não muda nada. Não ficamos com menos poder, porque, informalmente, já não tínhamos poder nenhum. Perdemos dois deputados, que não nos fazem qualquer espécie de falta e, na prática, um comissário, que só faz falta a políticos sem reforma. [...] Os portugueses não se interessaram pelo assunto. O que se compreende. A “Europa” é útil a Portugal por duas razões. Primeiro, porque dá dinheiro: um dinheiro que já foi largamente espatifado em falcatruas de vária espécie. Segundo, porque serve de polícia. Sem a “Europa”, e com os partidos que nos governam, o défice tinha chegado aos 9 ou 10 por cento e a dívida tinha furado o tecto. [...] E se os militares estão em sossego e a casa constitucionalmente arrumada é também porque a loucura indígena não pega em Bruxelas. Bruxelas civilizou um pouco este mato remoto e miserável. À superfície, reconheço, e pelo velho método da sopa do convento. De qualquer maneira, valeu a pena. [...] Com tratado ou sem tratado, a “Europa” não é uma comunidade, é uma colecção de países com uma burocracia no meio. Mais com o tratado do que sem o tratado.

Vasco Pulido Valente
In:Público

 

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