quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

ONDE ESTE NOSSO "REINO" CHEGOU!

A nova ministra da saúde vem recheada das melhores recomendações. Arguida num processo do Tribunal de Contas por descaminho de milhões do erário público, é, de facto, um pergaminho enaltecedor.
Fala por si.
E vale, no mínimo, dois ou três MBAs, daqueles extraídos de brinde na Farinha Amparo.
Num país normal, haveria um resquício de pudor a recomendar alguma sobriedade e contenção nestas trampolinices.
Mas num país maravilhoso, como o nosso, a arrogância descarada de quem desgoverna até permite cortejos grotescos destes.
E o país inteiro estaca, embasbacado, diante do espectáculo gratuito do desmazelo aos pinotes, rua abaixo, com o indecoro às cavalitas.
De facto, num país sério, um ministro indiciado, automaticamente, e por uma questão básica de ética, demite-se. Aqui, um político indiciado, além de indemnizado, sobe a ministro.
Eis um regime de patas para o ar - uma república, mais que de bananas, de pantanas!
É mesmo caso para dizer, paraglosando o Camões: mudam-se os tempos, mudam-se os à vontades.
Agora, à mulher de César não basta parecer uma rameira: faz questão de exibir-se no Coliseu toda ataviada!

D.

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2 Comments:

At 30 de janeiro de 2008 às 22:30, Anonymous Anónimo said...

«A nova ministra da Saúde faz parte de um grupo de 20 pessoas que vai ser julgado no Tribunal de Contas no âmbito de uma acção de responsabilidade financeira, por alegados pagamentos indevidos à sociedade gestora do primeiro hospital público com gestão privada, o Amadora-Sintra, no âmbito do contrato celebrado entre a José de Mello/Saúde e o Estado.
Ana Jorge foi uma das mais de 20 pessoas que tiveram cargos de direcção da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa, entre 1995 e 200,1 e a quem uma auditoria da Inspecção Geral de Finanças imputou alegados pagamentos indevidos àquele hospital no valor de mais de 79 milhões de euros.»
Na:TSF


Depois de ouvir a nova Ministra da saúde dizer que vai continuar a politica do Vampiro da Saúde e de que espera uma reunião com o Engenheiro para que ele lhe diga o que tem de fazer, li a notícia sobre a sua passagem pela ARS.
Como este ano o contrato sobre a gestão do Amadora/Sintra tem de ser renegociado com o Grupo Mello, estou curioso para ver como vão correr as coisas.
Até pode vir a ser a melhor Ministra da Saúde que este país já teve, mas não entra muito bem, nem me parece que prometa muito para o futuro.
Será que a música vai ser da mesma?

 
At 30 de janeiro de 2008 às 23:49, Anonymous Anónimo said...

Sócrates diz que foi “sensível aos protestos” e compreendeu “o sentimento psicológico das pessoas”. Mas ao ouvir o debate no Parlamento e a entrevista ao seu número dois e clone Silva Pereira ao canal 2 fiquei com a sensação que não percebeu bem o que está em causa. As pessoas estão-se nas tintas para quem lhes fecha as urgências e os SAP. E o problema não é de comunicação, nem sequer é o estilo arrogante do ministro que parte. O problema são na realidade dois problemas: falta de credibilidade do Estado e sentimento de abandono.

A credibilidade: as pessoas não acreditam nas garantias de que as solução que estão a ser implementadas são melhores do que aquelas que têm. Não trocam o certo pelo incerto. Não é apenas conservadorismo ou imobilismo. É experiência em lidar com os nossos poderes públicos e o sentimento de que nos últimos dez ou quinze anos não pararam de perder com mudanças que os governos garantiam ser para melhor.

O abandono: o Interior tem visto fechar correios, escolas, urgências e estações de caminhos de ferro. Quando são serviços imprescindíveis acabam por ser os privados a substituir o que era público e fechou. A única coisa que parece chegar-lhes a casa são auto-estradas, para sairem de lá mais depressa. Muito do que estava a ser feito por Correia de Campos podia parecer racional do ponto de vista estatístico (muito nem isso é), mas a sensação de segurança de cada cidadão não se mede estatisticamente. E não é pura ilusão. Isso é ainda mais evidente quando falamos de saúde. Sobretudo a dos cidadãos mais velhos, que já se sentem completamente desprotegidos em tudo o resto.

Se Sócrates não pretende mudar de rumo na política de saúde não compreendeu nada e não foi sensível a coisa nenhuma. Trabalhou para os jornais e para os opinadores. Só que os medos fundados e infundados das pessoas são uma coisa muito mais profunda. É indiferente quem seja o ministro. Há forma de fazer bem: não mudar o que está bem e, para o que está pior, dar melhor antes de tirar. Ao afirmar que «não encerraremos mais urgências antes de existirem alternativas» Sócrates pode ir pelo caminho certo. Com a condição de saber que há matérias em que a confiança demora a conquistar-se e que não basta a opinião de burocratas para a garantir. Demora mais tempo do que a mudança de humor de colonistas e jornalistas.

 

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