Veja-se o retrato do pobre capitalismo de trazer por casa. Nada de investimento, de trabalho; crédito, apenas crédito (veja-se quem concede), operações engenhosas. Poder político
Conta-se que no tempo do Estado Novo um empresário terá comprado um banco com dinheiro emprestado por esse mesmo banco. O Partido Socialista pretende agora tomar o controlo de um banco através da compra de acções com dinheiro público. As duas estratégias são muito parecidas. Como disse Berardo a propósito da OPA do BPI ao BCP, trata-se de comprar um banco sem ter dinheiro.
Seria estranho que o pasteleiro cá da rua emprestasse dinheiro a outro pasteleiro para comprar uma pastelaria mesmo ao lado da sua. Se o dono da pastelaria soubesse do caldinho, certamente que não iria gostar e a coisa até podia acabar à batatada. Então se o pasteleiro, para além de emprestar o dinheiro, aceitasse o convite agradecido do novo empresário da rua e se transferisse para a sua pastelaria, levando consigo os segredos e as receitas da primeira, a batatada estaria garantida, que deselegância.
Mais urbana e elevada, até pelos montantes envolvidos (500 milhões de euros), é a história do empréstimo concedido pela CGD, com as assinaturas de Carlos Santos Ferreira e Armando Vara, a Joe Berardo, à família Moniz da Maia, a Manuel Fino, a Pedro Teixeira Duarte e a José Goes Ferreira, para que estes pudessem comprar acções do BCP. Agradecidos, Joe Berardo e Moniz da Maia encabeçaram a lista de proponentes da candidatura de Carlos Santos Ferreira (que inclui Armando Vara e os segredos da CGD) à presidência do - agora mais seu - BCP. E nem o mais leve vestígio de batatada nesta salada russa, ou não tivesse a dita sido cozinhada na observância das regras mais elementares desta tão nossa oligarquia, mais habituada ao seu excelente champanhe, ao seu melhor caviar e que não dispensa umas belíssimas charutadas no casino. Finérrimos.
(Talvez algum dia se venha a perceber porque foi o CCB cedido para a alojar a colecção Berardo... Porque foi aquele especulador da arte e da alta finança, suportado pelo Armando Vara, promovido a benemérito defensor das artes, dos professores e dos funcionários públicos...)
O desempenho de Vitor Constâncio na fiscalização da actividade bancária, o abafanço dos escândalos que iam surgindo nos jornais, a promoção pública de Berardo, a transferência da direcção da CGD para o BCP, a nova direcção em conluio com o PSD, o empréstimo da CGD para o grupo PS controlar o BCP, sendo o Armando Vara (sócio e grande amigo do Sócrates) responsável pelos empréstimos e nomeado para a direcção do BCP. Isto já não espanta. É muito coerente e confirma que a cleptocracia está instalada nos governos e controla o país sem pudor nem vergonha.
O que espanta e toca fundo é o discurso do Sr. Presidente.
Ele devia ser o último recurso do país, com poder para parar o descalabro, mas na passagem de ano optou por entreter os portugueses com causas populistas e sem consequência. Como se o principal problema do país fossem os ordenados dos dirigentes e gestores. (Se eles ganhassem bem e o país melhorasse, bem podiam ganhar ainda mais que ninguém se importava; infelizmente, o que os 25 anos de Bloco Central demonstram à evidência são a incompetência e a desonestidade desta súcia).
No discurso sobre os ordenados dos gestores, o Sr. Presidente poderia ter especificado:
* que se referia ao governo, às autarquias, às empresas públicas e às empresas povoadas por ex-governantes do Bloco Central; * que, conforme profetizou há uns anos, a "má moeda" saneou a "moeda assim-assim" para fora do Bloco Central (Guterres, Mendes e Castro, substituídos por Sócrates, Menezes e Portas); * que, sob a capa da liberalização, a "má moeda" tomou posse da banca e das empresas por eles privatizadas, com recurso a manobras ilegais, em conflito de interesse, impunemente; que exercem o monopólio de bens de primeira necessidade com lucros fabulosos; que as entidades fiscalizadoras e reguladoras só existem para "inglês ver" (para os pequenos comerciantes e produtores, uma ASAE hiper activa, mas para a Banca um Vitor Constâncio cego e tetraplégico); * que negoceia e decide o futuro do país no segredo dos gabinetes do Bloco Central, longe da fiscalização do parlamento; * que altera a lei quando esta não se conforma com os objectivos e interesses do Bloco Central; * que acaba com os pequenos partidos para se perpetuar no poder sem oposição.
Nada disto preocupa o Sr. Presidente (já nem sequer a "solidariedade social" que já foi a sua "paixão presidencial", na passagem de 2006). O Sr. Presidente levantou uma falsa questão, muito do agrado popular, e os comentaristas de serviço cumpriram o seu papel no regime, ampliando e dando destaque à falácia, para distrair e entreter o "estúpido" povo (eleitor, contribuinte e consumidor).
Assim se confunde a doença com um mero sintoma. Assim se esconde a doença. O ordenado desses senhores é o menor dos sintomas da cleptocracia reinante. Aliviar o sintoma não cura a doença. Os mecanismos de defesa do Estado foram metodicamente desmantelados, deixando-o vulnerável às piores ameaças, às máfias, às opus dei, às maçonarias, às tríades de Macau, aos Gangs, aos pedófilos, ao bloco central, federação de todos os outros. Para esconder a palidez cadavérica o governo usa espessas camadas de maquilhagem, procura tapar o Sol com a peneira, nega o evidente.
O Sr. Presidente da República sabe tudo isto muito bem, mas finge que não.
Mesmo não havendo alternativa credível para convocar eleições, ele não pode ficar calado e indiferente sob pena de perder a confiança e a isenção. Ficar calado e ignorar a doença é participar no crime.
Não temos Governo, não temos Justiça e agora também não temos Presidente!
O senhor António Nunes é o notório presidente da ASAE, tendo antes disso exercido funções públicas em organismos como a extinta DGV. Tem pautado a sua actuação pública, à frente daquele organismo de fiscalização económica, pela visibilidade, vedetismo e protagonismo para-policial, e foi apanhado em acção flagrante, por um fotógrafo indiscreto do insuspeito Diário de Notícias, a fumar em local proibido- o mais nobre dos salões nobres do Casino Estoril, onde decorria o Reveillon, com mais de mil pessoas lá dentro.
Apanhado em flagrante, negou a ilicitude da acção, defendendo-se com uma arrevezada interpretação da lei- não se lhe aplicava porque no salão do Casino podia-se fumar. Noutros sítios iguais, não. Foi assim que explicou. Desmentido nessa interpretação peregrina, pelo director-geral de Saúde e desmentido agora pela própria representante do PS, na Comissão Parlamentar de Saúde, Maria Antónia Almeida Santos, não se dá por achado. O próprio ministro da presidência, o inefável Silva Pereira, considera o caso sem relevância de maior e sem ponta de escândalo à vista. "Então, o pobre do homem, não pode fumar, num sítio daqueles?", retoricou, ontem, na tv, perante um acutilante Mário Crespo.
Para remendar a interpretação da recente lei do tabaco, que pelos vistos nasce atamancada, à semelhança de outras mais, parece que a Comissão parlamentar de Saúde da A.R., composta, por 35 eminentes deputados, capitaneados pela antiga ministra Maria de Belém Roseira, (e que também esteve no Casino, na mesma festa que o presidente da ASAE) , pronunciou-se hoje pela audição parlamentar do director-geral de Saúde, para “falar sobre questões relativas à lei do tabaco”. Falar? Questões? Sobre a lei do tabaco, recentemente aprovada? A deputada Maria Antónia Almeida Santos, do PS e da mesma Comissão já disse o que tinha a dizer: “os casinos não são uma ilha”. Não são? Isso é o que falta saber…
O Casino Estoril, é capitaneado por Assis Ferreira, antigo ( há 40 anos) guitarrista do Quinteto Académico, pródigo em amizades simpáticas, o que lhe permite convidar pessoas para a casa que dirige, em dias de festa como o Reveillon. Desta vez, a roda da sorte parece que caiu em gente desta governação que vamos tendo, em bloco cada vez mais centralizado. Le crème de la créme, como se diria em francês macarrónico.
Ontem, na tv da Sic-Notícias, foi dito que António Nunes, era um dos convidados. Maria de Belém, outra. E outros mais, certamente, porque a sala estava concorrida e cheia de gente (de) bem, desta que nos faz o favor de mandar em nós . A entrada para o banquete de fim-de-ano, sem ser pela porta do cavalo, custava uma módica e simbólica soma de 500 euros ( por pessoa). Para um funcionário de Estado, que é isso- 500 euros? Uns pacotes de amendoins, certamente. Assim, que mal é que pode haver, em que o presidente da ASAE e a presidente da Comissão Parlamentar de Saúde, sejam convidados do senhor Stanley Ho, patrão da Estoril-Sol? Nada, certamente. É tudo gente de bem. E quem pensar o contrário, só pode ser mesquinho e pequenino de ideias simpáticas.
E também que mal é que pode haver, em que o Parlamento português, se dê ao cuidado especial de inquirir agora, um director-geral de Saúde, sobre a especial natureza, de ilha, parece, do Casino Estoril? Nada, também. Nós é que somos burros. Ou maledicentes, como também soe dizer-se. Nota explicativa, para distraídos e desentendidos, tirada do Sol: "O magnata de Macau, Stanley Ho, é o 104.º mais rico do mundo na lista da revista Forbes. Tem interesses em diversas áreas de negócio em Portugal e nos países lusófonos, especialmente em África. Stanley Ho é o maior accionista da sociedade Estoril Sol, onde detém 57 por cento da indústria do jogo, sendo ainda accionista de referência da EDP, da Boavista e da Alta de Lisboa (sector imobiliário) e da Portline (transportes marítimos). Ho quer também reforçar a sua posição no banco português Millennium/BCP, segundo a entrevista que deu na quinta-feira à Agência Lusa em Macau.
Ficámos a saber que distintos socialistas emprestaram dinheiro do banco públicos aos amigos capitalistas para que estes pudessem fazer as suas jogadas nos bastidores do BCP, os mesmos amigos capitalistas que apoiam Santos Ferreira e Armando Vara a ascenderem ao trono rosa do BCP. O mínimo que se pode dizer dito é que Santos Ferreira não teve qualquer pudor em usar o dinheiro dos portugueses nas suas estratégias pessoais de poder.
«Armando Vara tinha o pelouro do crédito bancário na Caixa quando foram concedidos os empréstimos a Alguns accionistas do Banco Comercial Português (BCP) que apoiam a candidatura do ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos Carlos Santos Ferreira têm vindo a reforçar o seu investimento em acções daquela instituição privada com crédito concedido pelo próprio banco do Estado.» No:Público
Parece que o dinheiro do banco público serve para muitas coisas...
Segundo o Expresso, "Armando Vara vai manter o vínculo contratual com a Caixa Geral de Depósitos até conhecer o resultado das eleições para o conselho de administração do BCP". Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar, deve ter pensado este diligente representante do carreirismo rosa. Não é que esta decisão altere substantivamente a questão de fundo, mas não deixa de ser esclarecedora sobre o carácter deste senhor. É inaceitável, e inconcebível, que três administradores da Caixa saltem, de uma assentada e sem nenhum período de nojo, com todos os planos estratégicos e de expansão do banco público para o seu rival directo. Vara vai estar a discutir o futuro estratégico do BCP, a apresentar propostas e soluções, enquanto continua a ser um trabalhador da Caixa (resta saber se continua a receber o ordenado) Inacreditável é que, como representante do único accionista da Caixa, o Governo ainda não tenha posto este senhor no único sítio que ele merece. A pouca vergonha tem limites. Ou devia ter.
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Veja-se o retrato do pobre capitalismo de trazer por casa. Nada de investimento, de trabalho; crédito, apenas crédito (veja-se quem concede), operações engenhosas.
Poder político
Conta-se que no tempo do Estado Novo um empresário terá comprado um banco com dinheiro emprestado por esse mesmo banco.
O Partido Socialista pretende agora tomar o controlo de um banco através da compra de acções com dinheiro público.
As duas estratégias são muito parecidas. Como disse Berardo a propósito da OPA do BPI ao BCP, trata-se de comprar um banco sem ter dinheiro.
Seria estranho que o pasteleiro cá da rua emprestasse dinheiro a outro pasteleiro para comprar uma pastelaria mesmo ao lado da sua. Se o dono da pastelaria soubesse do caldinho, certamente que não iria gostar e a coisa até podia acabar à batatada.
Então se o pasteleiro, para além de emprestar o dinheiro, aceitasse o convite agradecido do novo empresário da rua e se transferisse para a sua pastelaria, levando consigo os segredos e as receitas da primeira, a batatada estaria garantida, que deselegância.
Mais urbana e elevada, até pelos montantes envolvidos (500 milhões de euros), é a história do empréstimo concedido pela CGD, com as assinaturas de Carlos Santos Ferreira e Armando Vara, a Joe Berardo, à família Moniz da Maia, a Manuel Fino, a Pedro Teixeira Duarte e a José Goes Ferreira, para que estes pudessem comprar acções do BCP. Agradecidos, Joe Berardo e Moniz da Maia encabeçaram a lista de proponentes da candidatura de Carlos Santos Ferreira (que inclui Armando Vara e os segredos da CGD) à presidência do - agora mais seu - BCP.
E nem o mais leve vestígio de batatada nesta salada russa, ou não tivesse a dita sido cozinhada na observância das regras mais elementares desta tão nossa oligarquia, mais habituada ao seu excelente champanhe, ao seu melhor caviar e que não dispensa umas belíssimas charutadas no casino. Finérrimos.
O que espanta é o discurso do Sr. Presidente
(Talvez algum dia se venha a perceber porque foi o CCB cedido para a alojar a colecção Berardo... Porque foi aquele especulador da arte e da alta finança, suportado pelo Armando Vara, promovido a benemérito defensor das artes, dos professores e dos funcionários públicos...)
O desempenho de Vitor Constâncio na fiscalização da actividade bancária, o abafanço dos escândalos que iam surgindo nos jornais, a promoção pública de Berardo, a transferência da direcção da CGD para o BCP, a nova direcção em conluio com o PSD, o empréstimo da CGD para o grupo PS controlar o BCP, sendo o Armando Vara (sócio e grande amigo do Sócrates) responsável pelos empréstimos e nomeado para a direcção do BCP. Isto já não espanta. É muito coerente e confirma que a cleptocracia está instalada nos governos e controla o país sem pudor nem vergonha.
O que espanta e toca fundo é o discurso do Sr. Presidente.
Ele devia ser o último recurso do país, com poder para parar o descalabro, mas na passagem de ano optou por entreter os portugueses com causas populistas e sem consequência. Como se o principal problema do país fossem os ordenados dos dirigentes e gestores. (Se eles ganhassem bem e o país melhorasse, bem podiam ganhar ainda mais que ninguém se importava; infelizmente, o que os 25 anos de Bloco Central demonstram à evidência são a incompetência e a desonestidade desta súcia).
No discurso sobre os ordenados dos gestores, o Sr. Presidente poderia ter especificado:
* que se referia ao governo, às autarquias, às empresas públicas e às empresas povoadas por ex-governantes do Bloco Central;
* que, conforme profetizou há uns anos, a "má moeda" saneou a "moeda assim-assim" para fora do Bloco Central (Guterres, Mendes e Castro, substituídos por Sócrates, Menezes e Portas);
* que, sob a capa da liberalização, a "má moeda" tomou posse da banca e das empresas por eles privatizadas, com recurso a manobras ilegais, em conflito de interesse, impunemente; que exercem o monopólio de bens de primeira necessidade com lucros fabulosos; que as entidades fiscalizadoras e reguladoras só existem para "inglês ver" (para os pequenos comerciantes e produtores, uma ASAE hiper activa, mas para a Banca um Vitor Constâncio cego e tetraplégico);
* que negoceia e decide o futuro do país no segredo dos gabinetes do Bloco Central, longe da fiscalização do parlamento;
* que altera a lei quando esta não se conforma com os objectivos e interesses do Bloco Central;
* que acaba com os pequenos partidos para se perpetuar no poder sem oposição.
Nada disto preocupa o Sr. Presidente (já nem sequer a "solidariedade social" que já foi a sua "paixão presidencial", na passagem de 2006). O Sr. Presidente levantou uma falsa questão, muito do agrado popular, e os comentaristas de serviço cumpriram o seu papel no regime, ampliando e dando destaque à falácia, para distrair e entreter o "estúpido" povo (eleitor, contribuinte e consumidor).
Assim se confunde a doença com um mero sintoma. Assim se esconde a doença. O ordenado desses senhores é o menor dos sintomas da cleptocracia reinante. Aliviar o sintoma não cura a doença. Os mecanismos de defesa do Estado foram metodicamente desmantelados, deixando-o vulnerável às piores ameaças, às máfias, às opus dei, às maçonarias, às tríades de Macau, aos Gangs, aos pedófilos, ao bloco central, federação de todos os outros. Para esconder a palidez cadavérica o governo usa espessas camadas de maquilhagem, procura tapar o Sol com a peneira, nega o evidente.
O Sr. Presidente da República sabe tudo isto muito bem, mas finge que não.
Mesmo não havendo alternativa credível para convocar eleições, ele não pode ficar calado e indiferente sob pena de perder a confiança e a isenção. Ficar calado e ignorar a doença é participar no crime.
Não temos Governo, não temos Justiça e agora também não temos Presidente!
O senhor António Nunes é o notório presidente da ASAE, tendo antes disso exercido funções públicas em organismos como a extinta DGV.
Tem pautado a sua actuação pública, à frente daquele organismo de fiscalização económica, pela visibilidade, vedetismo e protagonismo para-policial, e foi apanhado em acção flagrante, por um fotógrafo indiscreto do insuspeito Diário de Notícias, a fumar em local proibido- o mais nobre dos salões nobres do Casino Estoril, onde decorria o Reveillon, com mais de mil pessoas lá dentro.
Apanhado em flagrante, negou a ilicitude da acção, defendendo-se com uma arrevezada interpretação da lei- não se lhe aplicava porque no salão do Casino podia-se fumar. Noutros sítios iguais, não. Foi assim que explicou.
Desmentido nessa interpretação peregrina, pelo director-geral de Saúde e desmentido agora pela própria representante do PS, na Comissão Parlamentar de Saúde, Maria Antónia Almeida Santos, não se dá por achado. O próprio ministro da presidência, o inefável Silva Pereira, considera o caso sem relevância de maior e sem ponta de escândalo à vista. "Então, o pobre do homem, não pode fumar, num sítio daqueles?", retoricou, ontem, na tv, perante um acutilante Mário Crespo.
Para remendar a interpretação da recente lei do tabaco, que pelos vistos nasce atamancada, à semelhança de outras mais, parece que a Comissão parlamentar de Saúde da A.R., composta, por 35 eminentes deputados, capitaneados pela antiga ministra Maria de Belém Roseira, (e que também esteve no Casino, na mesma festa que o presidente da ASAE) , pronunciou-se hoje pela audição parlamentar do director-geral de Saúde, para “falar sobre questões relativas à lei do tabaco”.
Falar? Questões? Sobre a lei do tabaco, recentemente aprovada?
A deputada Maria Antónia Almeida Santos, do PS e da mesma Comissão já disse o que tinha a dizer: “os casinos não são uma ilha”.
Não são? Isso é o que falta saber…
O Casino Estoril, é capitaneado por Assis Ferreira, antigo ( há 40 anos) guitarrista do Quinteto Académico, pródigo em amizades simpáticas, o que lhe permite convidar pessoas para a casa que dirige, em dias de festa como o Reveillon. Desta vez, a roda da sorte parece que caiu em gente desta governação que vamos tendo, em bloco cada vez mais centralizado. Le crème de la créme, como se diria em francês macarrónico.
Ontem, na tv da Sic-Notícias, foi dito que António Nunes, era um dos convidados. Maria de Belém, outra. E outros mais, certamente, porque a sala estava concorrida e cheia de gente (de) bem, desta que nos faz o favor de mandar em nós .
A entrada para o banquete de fim-de-ano, sem ser pela porta do cavalo, custava uma módica e simbólica soma de 500 euros ( por pessoa).
Para um funcionário de Estado, que é isso- 500 euros? Uns pacotes de amendoins, certamente.
Assim, que mal é que pode haver, em que o presidente da ASAE e a presidente da Comissão Parlamentar de Saúde, sejam convidados do senhor Stanley Ho, patrão da Estoril-Sol? Nada, certamente. É tudo gente de bem. E quem pensar o contrário, só pode ser mesquinho e pequenino de ideias simpáticas.
E também que mal é que pode haver, em que o Parlamento português, se dê ao cuidado especial de inquirir agora, um director-geral de Saúde, sobre a especial natureza, de ilha, parece, do Casino Estoril? Nada, também.
Nós é que somos burros. Ou maledicentes, como também soe dizer-se.
Nota explicativa, para distraídos e desentendidos, tirada do Sol: "O magnata de Macau, Stanley Ho, é o 104.º mais rico do mundo na lista da revista Forbes. Tem interesses em diversas áreas de negócio em Portugal e nos países lusófonos, especialmente em África.
Stanley Ho é o maior accionista da sociedade Estoril Sol, onde detém 57 por cento da indústria do jogo, sendo ainda accionista de referência da EDP, da Boavista e da Alta de Lisboa (sector imobiliário) e da Portline (transportes marítimos).
Ho quer também reforçar a sua posição no banco português Millennium/BCP, segundo a entrevista que deu na quinta-feira à Agência Lusa em Macau.
Ficámos a saber que distintos socialistas emprestaram dinheiro do banco públicos aos amigos capitalistas para que estes pudessem fazer as suas jogadas nos bastidores do BCP, os mesmos amigos capitalistas que apoiam Santos Ferreira e Armando Vara a ascenderem ao trono rosa do BCP. O mínimo que se pode dizer dito é que Santos Ferreira não teve qualquer pudor em usar o dinheiro dos portugueses nas suas estratégias pessoais de poder.
«Armando Vara tinha o pelouro do crédito bancário na Caixa quando foram concedidos os empréstimos a Alguns accionistas do Banco Comercial Português (BCP) que apoiam a candidatura do ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos Carlos Santos Ferreira têm vindo a reforçar o seu investimento em acções daquela instituição privada com crédito concedido pelo próprio banco do Estado.»
No:Público
Parece que o dinheiro do banco público serve para muitas coisas...
Segundo o Expresso, "Armando Vara vai manter o vínculo contratual com a Caixa Geral de Depósitos até conhecer o resultado das eleições para o conselho de administração do BCP". Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar, deve ter pensado este diligente representante do carreirismo rosa. Não é que esta decisão altere substantivamente a questão de fundo, mas não deixa de ser esclarecedora sobre o carácter deste senhor. É inaceitável, e inconcebível, que três administradores da Caixa saltem, de uma assentada e sem nenhum período de nojo, com todos os planos estratégicos e de expansão do banco público para o seu rival directo. Vara vai estar a discutir o futuro estratégico do BCP, a apresentar propostas e soluções, enquanto continua a ser um trabalhador da Caixa (resta saber se continua a receber o ordenado) Inacreditável é que, como representante do único accionista da Caixa, o Governo ainda não tenha posto este senhor no único sítio que ele merece. A pouca vergonha tem limites. Ou devia ter.
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