quarta-feira, 12 de março de 2008

O PASTOR E O LOBO

José Sócrates só foi eleito, recorde-se, primeiro-ministro porque o povo português, cansado do discurso da tanga de Durão Barroso e do combate ao défice de Manuela Ferreira Leite, acreditou no regresso ao paraíso de Guterres pela mão do seu delfim que lhes garantia 150.000 empregos, sem subida de impostos e sem pagamento de taxas moderadoras ou de portagens nas Scuts.

A forma como José Sócrates traiu o povo que o elegeu, esquecendo todas as promessas que lhe fizera, colheu, no entanto, o aplauso unânime de toda a comunicação social que via, em cada cambalhota do primeiro-ministro, um pragmatismo cheio de espírito de missão e de amor à pátria. O país precisava urgentemente de reformas e José Sócrates ia, finalmente, levá-las a cabo. Doesse a quem doesse. E até as suas mentiras, a sua manifesta falta de carácter e o seu autoritarismo doentio eram olhados pelo rebanho como qualidades necessárias ao bom desempenho do pastor.

O rebanho sempre acreditou em homens providenciais. E a fé era tanta que acabou por confundir o lobo com o pastor. Agora, restam-nos apenas, como recordação destes três anos de governação, os nossos ossos porque a carne já os lobos a comeram.

REXISTIR

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3 Comments:

At 12 de março de 2008 às 19:45, Anonymous Anónimo said...

Ainda que o nosso treinador não tenha decidido regressar às Beiras como fez Camacho, nem o Presidente esteja em condições de dar jogadas psicológicas, é um facto que uma boa parte dos cidadãos deste país estão desmotivados quanto os do Benfica. Só que neste caso Sócrates continua a ganhar o campeonato por ausência de adversário.

Aumentos de impostos justificados por relatórios elaborados à pressa por mão amiga, reformas feitas por “cientistas” que esquecem que as instituições são organizações humanas cujo sucesso depende da motivação das pessoas e um discurso plástico e desumanizado afastaram uma boa parte dos portugueses das mudanças promovidas pelo governo.

A Administração Pública é reformada porque os funcionários são uns mandriões, a justiça tem novas regras porque os magistrados são uns privilegiados, as escolas mudam porque os professores não ensinam, as empresas não são competitivas porque as leis laborais promovem a preguiça, em suma, o país não passa da cepa torta porque os portugueses são uns malandros. Tem sido esta a mensagem promovida por Sócrates e alguns dos seus ministros.

As reformas são introduzidas como uma inevitabilidade e sob a forma de pastilhas, quando a primeira dose já foi digerida e pensamos que acabou o tratamento vem uma segunda dose como se os portugueses fossem uma bactéria multiresistente que tem de ser submetida a tratamentos sucessivos. Ao longo de três anos foram submetidos a vagas sucessivas de medidas inevitáveis e só agora começam a respirar porque Sócrates receia que com as eleições legislativas seja ele a vítima da cura, todos sabemos que logo a seguir o tratamento regressa com doses ainda maiores.
Os cidadãos estão desmotivados porque o progresso resultante destas políticas de fazer inveja aos Chicago Boys não vão ser distribuídos equitativamente, os funcionários sabem que ou vão ser despedidos ou vão ver os seus rendimentos a degradar-se continuamente, os desempregados que conseguirem emprego sabem que vão ganhar menos que dantes e poderão ser despedidos a qualquer momento. Não há qualquer contrato social com os portugueses, os sacrificados são os do costume, os beneficiados serão os mesmos de sempre.

O diálogo é um luxo reservados aos que viajam nas comitivas governamentais, que deslumbram ao assessores do primeiro-ministro cujo exercício preferido é saber qual a percentagem do PIB que acompanham Sócrates nas viagens do estrangeiro. O governo é firme com os assalariados e extremamente dialogante com os empresários, para os primeiros reservou a flexibilidade no vínculo labora, para os segundos adoptou a flexibilidade nas grandes decisões tal como sucedeu com a localização do novo aeroporto de Lisboa.

Sócrates tem o discurso do Chalana, principalmente quando se dirige a audiências ensaiadas, onde o casting foi dispensado porque os figurantes pertencem ao partido, mas a verdade é que muitos portugueses estão tão desmotivados como Camacho disse estarem os jogadores do Benfica.

Nunca Portugal se identificou tanto com o Benfica, todos prometem ganhar campeonatos e o regresso ao tempo das vitórias, algumas velhas glórias como Soares lá vão tentando o regresso aos sonhos como faz Eusébio, mesmo sem dinheiro fazem-se grandes aquisições como o Cardoso ou o aeroporto, no fim andamos desesperadamente a tentar ganhar o campeonato da segunda circular. Como se tudo isto não bastasse ganhamos os jogos fora como sucedeu com o Tratado e perdemos os jogos em casa onde os adeptos já não dispensam o lenço branco no bolso, mesmo sabendo-se que continuarão a torcer pela equipa no próximo jogo.

Ao fim de três anos Sócrates ainda não percebeu o que Camacho entendeu em poucos meses, os seus jogadores estão desmotivados, muitos não jogam e outros são mal pagos, apenas a vedetas estão contentes.

 
At 12 de março de 2008 às 22:48, Anonymous Anónimo said...

Portugal é uma espécie de Benfica: ficam os jogadores e o chege do executivo que não prestam e mandam embora o único que se aproveita.
Ou seja, a excelência vai para o olho da rua e ficam as anedotas.

 
At 14 de março de 2008 às 14:57, Anonymous Anónimo said...

Quais ossos? Até os ossos já nos comeram....

 

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