SOCORRO, ELE QUER VOLTAR!
Se há coisa verdadeiramente previsível na política portuguesa é que jamais nos conseguiremos livrar de Santana Lopes. Numa das mais geniais - e indecentes - jogadas da política portuguesa, Durão Barroso, que bem o conhece, concebeu o célebre plano dois em um: ele, Barroso, livrava-se a tempo do governo e do país e embarcava para o lugar europeu, exactamente adaptado ao seu cinzentismo político e onde tem cumprido exemplarmente o que dele se esperava e, sobretudo, o que não se esperava; e, simultaneamente, oferecia a Jorge Sampaio e ao país a oportunidade de testarem de vez a absoluta incompetência de Santana Lopes. Esperava Barroso (ou melhor, sabia, como muitos outros um pouco mais inteligentes do que as célebres bases do PSD) que, por onde tinha passado o menino guerreiro - Secretaria de Estado da Cultura, Câmara da Figueira da Foz, Câmara de Lisboa - Pedro Santana Lopes nunca falhara em deixar tudo arruinado e de pantanas, sendo certo que a receita se repetiria no governo do país.
Há uma tese que defende que também Jorge Sampaio achou que o melhor era correr aquela lebre de uma vez por todas, enquanto um PS destroçado pela investigação do caso Casa Pia (nunca saberemos se séria, se politicamente orientada) encontrava tempo e líder para poder resgatar o brinquedo ao PSD. Assim, o poder caiu na rua, que outra coisa não era a sua entrega àquela tropa fandanga de Santana Lopes. E, tal como se esperava, ele fez o que pôde para dar cabo disto em apenas nove meses: deixou o défice em 6,2% e transformou a governação e representação de Portugal num espectáculo tão indigno que o próprio Sampaio teve de se mover, de vergonha. E o resto já se sabe: tentando manter o poder, que lhe caíra nos braços por golpe palaciano, Santana foi forçado a defendê-lo em eleições, onde conduziu uma campanha eleitoral abaixo do limiar mínimo eticamente aceitável e foi despachado com o pior resultado de sempre do PSD - ele, que se gabava de ganhar eleições como ninguém. Contrariando anteriores juras públicas, regressou à Câmara de Lisboa, onde ficou sentado à espera que o tempo passasse, e regressou ao Parlamento, onde Menezes, com medo dele, lhe entregou a liderança parlamentar. Como de costume, andou por aí, ele que nunca soube fazer outra coisa na vida. Passaram apenas dois anos, mas bastaram-lhe dois dias em silêncio (que, para ele, significa uma longa reflexão) e ei-lo que se anuncia de volta para o combate - com a mesma tropa fandanga de sempre. Mais o dr. Jardim e, como se dizia de um presidente americano, com um exército de frases pomposas movendo-se pelo horizonte em busca de uma ideia.
No caso de Santana, como no de Jardim, a ideia é simples: os combates, como eles chamam às peixeiradas internas do partido e às eleições mais ou menos fáceis de ganhar. Nenhum deles fez jamais outra coisa na vida nem consta que o saibam fazer. Ambos são o expoente absoluto da demagogia basista - agora consagrada pelas directas dentro do partido, de que Menezes se serviu a primor. Mas, enquanto Menezes ainda é um principiante nestas coisas, capaz de desistir em lágrimas porque meia dúzia de intelectuais lhe deram cabo da vida, já Santana e Jardim são muito mais frios e racionais, por baixo da sua capa de emocionais. Santana conduz a sua eterna campanha basista com mais inteligência do que Jardim, e por isso é que este se queixa de não ter tropas no continente. Pois nunca entendeu que, se queria ser um político nacional, tinha de mudar o seu discurso: não se fala para o povo das autarquias e distritais do PSD como se fala para os regedores de freguesia e cabos eleitorais da Madeira. E também não se pode dizer a primeira coisa que vem à cabeça em cada momento, num dia gritando que o PSD tem de ser social-democrata e no outro apelando à restauração da AD para não perder os votos da direita. E, já agora, não dizer disparates que possam pôr as bases a meditar, como essa de Aguiar Branco não servir porque vem da burguesia portuense e o PSD sempre foi um partido do povo (e Menezes, veio de onde - de Miragaia? Balsemão e Marcelo terão vindo do mundo rural da Quinta da Marinha? Durão Barroso veio da zona operária do Barreiro, secção maoísta? E Sá Carneiro, já agora, se não veio da burguesia portuense, terá vindo de onde?).
Para se ter uma ideia da profundidade ideológica e da radiosa perspectiva de Alberto João Jardim poder um dia governar Portugal, via PSD, atente-se no que antevê um fulano chamado Carreiras, chefe da coisa em Lisboa: Jardim tem todas as condições para fazer em Portugal inteiro aquilo que fez na Madeira. Todas as condições? E quem pagaria as contas - Espanha? Já com Santana Lopes, as perspectivas são ainda mais claras. Tal como ele próprio explicou anteontem ao Conselho Nacional do PSD onde anunciou que estava disponível, há duas vias para ganhar 2009 (note-se que não são duas vias para governar Portugal, mas para o PSD conseguir ganhar as eleições de 2009). Há - diz ele - uma via igual à do PS, preocupada com a contenção e o défice (que será a de Manuela Ferreira Leite); e há a aposta no crescimento económico (que é a via dele). Santana propõe-se assim, e com todo o descaramento possível, levar o PSD de volta ao poder prometendo mais forrobodó: se o elegerem agora, ele vai prometer aos portugueses a baixa dos impostos, o aumento das pensões sem olhar a números, mais despesa pública e que se lixe o défice e a contenção. Depois de dois anos e meio a fazermos sacrifícios para recuperar as contas públicas dos seus nove meses de festa e na iminência de uma crise económica global como há muito não se via, o homem propõe-se deitar fora os ganhos dos sacrifícios feitos, em troca de termos o PSD de volta e o menino guerreiro de novo instalado em S. Bento a brincar aos primeiros-ministros. Ele e Jardim representam bem a mentalidade daqueles cuja carreira política foi feita unicamente à custa do esbanjamento de dinheiros públicos. E quem vier a seguir que pague a conta, porque a sua responsabilidade se limita a ganhar eleições.
Tudo isto seria apenas trágico-cómico, se não se desse o caso de já termos sobejas provas de que o povo do PSD, primeiro que tudo, quer é que lhe prometam o poder, e só depois é que tem um vago interesse em saber como e para quê. É chão fértil para demagogos de feira. Deve ser por isso, aliás, que se costuma dizer que o PSD é o mais português de todos os partidos.
Miguel Sousa Tavares
Há uma tese que defende que também Jorge Sampaio achou que o melhor era correr aquela lebre de uma vez por todas, enquanto um PS destroçado pela investigação do caso Casa Pia (nunca saberemos se séria, se politicamente orientada) encontrava tempo e líder para poder resgatar o brinquedo ao PSD. Assim, o poder caiu na rua, que outra coisa não era a sua entrega àquela tropa fandanga de Santana Lopes. E, tal como se esperava, ele fez o que pôde para dar cabo disto em apenas nove meses: deixou o défice em 6,2% e transformou a governação e representação de Portugal num espectáculo tão indigno que o próprio Sampaio teve de se mover, de vergonha. E o resto já se sabe: tentando manter o poder, que lhe caíra nos braços por golpe palaciano, Santana foi forçado a defendê-lo em eleições, onde conduziu uma campanha eleitoral abaixo do limiar mínimo eticamente aceitável e foi despachado com o pior resultado de sempre do PSD - ele, que se gabava de ganhar eleições como ninguém. Contrariando anteriores juras públicas, regressou à Câmara de Lisboa, onde ficou sentado à espera que o tempo passasse, e regressou ao Parlamento, onde Menezes, com medo dele, lhe entregou a liderança parlamentar. Como de costume, andou por aí, ele que nunca soube fazer outra coisa na vida. Passaram apenas dois anos, mas bastaram-lhe dois dias em silêncio (que, para ele, significa uma longa reflexão) e ei-lo que se anuncia de volta para o combate - com a mesma tropa fandanga de sempre. Mais o dr. Jardim e, como se dizia de um presidente americano, com um exército de frases pomposas movendo-se pelo horizonte em busca de uma ideia.
Tudo isto seria apenas trágico-cómico, se não se desse o caso de já termos sobejas provas de que o povo do PSD, primeiro que tudo, quer é que lhe prometam o poder, e só depois é que tem um vago interesse em saber como e para quê. É chão fértil para demagogos de feira. Deve ser por isso, aliás, que se costuma dizer que o PSD é o mais português de todos os partidos.
Miguel Sousa Tavares
Etiquetas: Partido Social Democrata, Pedro Santana Lopes, PPD/PSD
11 Comments:
Gosto, sempre o disse, de Santana Lopes. Pessoalmente acho-lhe graça. Aquilo que não fez, como devia, em 2004 - passar pelo sufrágio dos seus "companheiros" antes de se prestar, na secretaria, a ser 1º ministro -, está agora disposto a fazer porque, como lembrou VPV, precisa de "espaço" para colocar os seus "fiéis" nas listas de deputados. Começou como de costume. Mal, armado em "vítima" e embrulhado no habitual "tricot" do "diz-que-disse" e do que dizem dele nos jornais. E logo agora que "ia" bem no parlamento. Não aprendeu nem esqueceu nada. É pena.
Se este senhor volta a Presidente do PSD, o PS pode contar com mais quatro anos no poder.
Será que no PSD não sabem que este senhor está "queimado???????"
Sousa Tavares é um escritor frustado que sabe de escrita o mesmo que sabe de política. Sobre isso, Vasco Pulido Valente já o pôs no lugar dele.
Sobre Santana Lopes, bom ou mau, ainda hoje se está à espera das explicações que nunca foram dadas sobre os motivos da sua expulsão do governo. No seu discurso à "nação", Jorge Sampaio nunca enunciou um único desses motivos.
Sobre o Jardim, a verdade é que ninguém se atreve a fazer um balanço objectivo do resultados da sua governação, porque provavelmente iam descobrir que tirou a Madeira da miséria, e que aplicou os subsidios comunitários como ainda estamos à espera que os apliquem no continente, principalmente no alentejo. A prova disso é que a Madeira já não é elegível para se candidatar a mais subsídios, dado que tem um nível de vida acima da média europeia.
A única coisa em que ele falha, é em ter algum respeito pelo jornalismo de merda que se vai comendo pelas TVIs que por cá temos.
Nunca foste à ilha da Madeira?
Está tudo dito!
A parte conservadora do PSD já resolveu o seu problema: Manuela Ferreira Leite é apoiada e une toda a gente. É também, se ganhar, uma solução provisória. Mas, neste momento, basta impedir que o populismo tome definitivamente conta do partido. Do outro lado, as coisas não parecem tão simples. Quinta-feira, Pedro Santana Lopes declarou a sua candidatura e anteontem foi à televisão. Veio como vítima de um jornalismo mentiroso e malevolente (em especial do Expresso), mas com grande confiança em si próprio. Mesmo tirando a usual megalomania da personagem, em teoria, isto não deixa de espantar. Depois da imitigada miséria de 2005, onde arranja ele razões para tanto optimismo? Basta um olhar ao campo para perceber. Santana está praticamente sozinho.
Patinha Antão não conta. Como não conta um anónimo qualquer que por aí apareceu. A grande manobra de Luís Filipe Menezes falhou: entre lágrimas, por fidelidade à tradição. Pedro Passos Coelho tenta aliciar a máquina do partido e até fez do filho de Menezes mandatário para a juventude, um gesto inominável que só serve para demonstrar a sua aflição e uma falta de escrúpulos que, sinceramente, não se esperava dele. De resto, sendo simpático, Pedro Passos Coelho não é mais nada. Arrasta consigo um currículo vazio: vazio de experiência profissional, de experiência autárquica, de experiência governativa. Um homem assim cheira a "último recurso" e não pode dirigir a oposição ou designar, como certos lunáticos sugerem, o primeiro-ministro. Eleito, instalaria imediatamente o caos.Fica Jardim, o Alberto João. Não admira que Jardim gostasse de acabar a carreira com um bom fogo-de-artifício no "continente". Sucede que não é estúpido e sabe que a generalidade do país tomaria isso como pura provocação.
O "estilo" da Madeira - o velho estilo do regedor, autoritário, familiar e um pouco brutal - não pega com o eleitorado daqui. Até as "bases" do PSD não engoliriam o sapo: e Jardim quer uma "glória", não quer um vexame. Por muito que esbraveje agora, nunca sairá da sua quinta.
No meio deste deserto não há de repente ninguém senão Santana Lopes, que na Assembleia da República adquiriu uma espécie de nova virgindade. É uma tentação para as tropas, sem cabeça, do populismo e um perigo para Manuela Ferreira Leite. Ainda não nos livrámos dele.
Vasco Pulido Valente
O PSD decidiu adoptar o modelo do casting da Quinta das Celebridades para a selecção dos candidatos à liderança, uns concorrem porque são celebridades, outros porque o deixaram de ser e querem voltar a sê-lo, outros porque outras celebridades mais tímidas deixaram de o ser, outros optam por não concorrer porque acham que não vão ganhar ou convencidos de que o prémio não é compensador. Pelo meio o espectáculo vai obedecendo aos padrões dos programas da TVI, com os diversos candidatos mais preocupados em explicar porque estão ali e tentando convencer os “portugueses” de que deverão ser eles os escolhidos para vencer. De vez em quando há um candidato que sai da casa porque livre vontade ou porque é expulso, ao mesmo tempo que a produção encontra outro candidato para poder preencher o programa.
Tudo começou quando Luís Filipe Menezes interrompeu abruptamente o programa anterior, batendo com a porta farto de conviver com residentes pouco colaboradores nos afazeres diários e mais preocupados com a intriga, obrigando ao reinício do concurso e ao consequente casting de candidatos. Entretanto, o Ribau ainda acredita que Menezes volta e o programa segue com as celebridades anteriores.
Quem este activo esta semana foi Cavaco Silva, um conhecido apreciador deste programa que segundo diz os Expresso anda muito empenhado em que Manuela Ferreira Leite, uma velha e velhota amiga dos seus tempos de escola, que decidiu agora encerrar a carreira política entrando para esta Quinta das Celebridades. Cavaco Silva, que durante dez anos residiu sozinho na “casa” veio da Madeira onde ficou maravilhado com as virtudes da mugabcracia local, para se preocupar com a ignorância das nossas crianças sobre o 25 de Abril. Podia ter sido pior, se Ferreira Leite tivesse sido ministra da Educação tanto tempo como ele foi primeiro-ministro as nossas criancinhas saberiam muito de aritmética mas é pouco provável que conseguissem explicar o que é uma democracia. Aproveitou-se a gravata vermelha que Cavaco Silva usou em alternativa aos cravos que como se sabe o fazem espirrar.
Quem aproveitou esta semana de Abril para dar provas da sua generosidade foi Laurentino Dias, secretário de Estado da Juventude e Desportos, que decidiu dar uma gorjeta de dois milhões de euros a Tiago Monteiro para que Portugal apareça no circo da Fórmula 1. Assim, as nossas criancinhas poderão não saber quem fez parte da Junta de Salvação Nacional mas sabem que temos um candidato a piloto de provas na alta-roda do automobilismo. Com alguma sorte ainda veremos Laurentino Dias no autódromo do Estoril para acompanhar os testes de um novo modelo de uma escuderia candidata à participação nas provas da Fórmula 3000.
O regresso de Santana Lopes era inevitável, ainda que com o estatuto de "indesejável", rejeitado por Luís Filipe Menezes e no meio de uma nuvem de confusão, ele tinha que voltar. Só Luís Filipe Menezes não percebeu que Santana estava a correr em pista própria e que só o apoiou na certeza de que mais tarde ou mais cedo o autarca de Gaia cairia.
Como não podia deixar de ser, voltou no meio da confusão, sendo evidente que a sua única preocupação era esperar pelo momento mais oportuno que surgiu com a recusa de Menezes e as hesitações de Alberto João. Agora arrisca-se a uma derrota humilhante.
... um jardim é a única coisa capaz de estragar o arranjinho que foi feito para que o falso engenheiro ( e já agora o sr. silva) tivessem dois mandatos...
e é muito, muito mais bonito que a "leitaria" ferreira...
A escolha dos militantes do PSD poderá ser entre escolher as próximas legislativas ou perder o futuro, se não resistir à tentação de esquecer a crise e eleger o próximo líder olhando para as sondagens poderão estar a adiar a solução de uma crise que se arrasta há anos.
O PSD deixou de ser um partido vivo e dinâmico, deixou de captar os jovens mais dinâmicos, é visto de soslaio pelas várias elites, deixou de se renovar, enquistando em torno de personalidades sem futuro, que o melhor que podem fazer é serem uma razoável ilustração do passado.
O que pretenderão os militantes do PSD se escolherem uma personalidade como Ferreira Leite? Uma pessoa capaz de unir o PSD, uma política rigorosa, uma opção vencedora para as legislativas?
Sejamos honestos Ferreira Leite foi uma desgraça no ministério da Educação e uma ministra das Finanças sofrível. Na educação entrou em conflito com a geração que hoje tem menos de trinta anos, nas Finanças resolveu o défice à custa de truques, num ano recorreu a um perdão fiscal, no seguinte vendeu património e no terceiro vendeu as dívidas fiscais ao preço da uva mijona. EM três anos não fez qualquer reforma, não adoptou qualquer medida que mereça destaque, não resolveu o défice e ainda teve tempo de designar um director-geral dos impostos que ficou famoso por emitir um despacho ilibando as viaturas do Estado de multas de estacionamento e de fazer o doutoramento ao mesmo tempo que cobrava impostos.
Com Ferreira Leite o PSD pode recuperar alguns votos tresmalhados e conseguir incomodar Sócrates, mas perde a juventude, perde o futuro. O mesmo sucederá que os militantes do PSD escolherem Pedro Santana Lopes.
Com Santana Lopes o PSD corre o risco de ficar abaixo dos 20% dos votos, Pedro Santana Lopes é um político falhado em quem ninguém confia, nem mesmo Luís Filipe Menezes que o promoveu a líder parlamentar. Santana Lopes não passa de um político falhado que insiste em sujar a imagem de Sá Carneiro para tentar dar consistência ao projecto político que nunca teve. Digo sujar porque a forma como ele ou os seus amigos se comportaram em relação aos boatos sobre a vida íntima de Sócrates ou das suas relações com Fernanda Câncio envergonham a memória do fundador do PSD e transformam o partido num clube recreativo da América Latina.
As pressões feitas pela tralha do PSD para que sejam obtidos resultados eleitorais a qualquer custo compreende-se, muitas das personalidades da velha elite do PSD tem interesse em que este partido seja governo, os seus ateliers, escritórios e gabinetes poderão ganhar mais se nos ministérios estiverem velhos amigos. Não pretendem exercer funções públicas nem envolver-se publicamente na política, se o PSD perder continuarão a ganhar os negócios da SIRESP e outros, se o PSD ganhar sempre poderão melhorar os rendimentos. Pouco lhes interessa o futuro do CDS, têm mais de cinquenta anos e apenas querem reforçar os seus rendimentos antes da reforma.
Dificilmente o PSD ganhará as próximas legislativas, mas pode muito bem perder o futuro se em vez de apostar em dar a vez a uma nova geração de políticos insistir em apostar em políticos que apenas são passado.
Aquela máxima anarquista de que " Eu nunca pertenceria a um clube que me aceitasse como sócio", pode aplicar-se ao PSD e à sua putativa presidenta Manuela Ferreira Leite.
Ela lá veio dizer do cimo da azinheira das laranjas que quer mandar no partido porque este está triste e desapontado ( cito de cor). Pois...um partido que votou quase por unanimidade em Meneses, teve Santana na Figueira e reincidiu em Lisboa, que votou Carmona, que perdo-ou a Barroso, que olha para o céu quando evoca Sá Carneiro e tem Cavaco como guia espiritual, para não falar em Jardim o homem cuja obra fala por si...um partido assim só pode andar deprimido, a meter baixa, fechar para obras ou suicidar-se. Why not ?
A salvadora da Pátria aí está.
O país bem parece andar a soluçar por uma beata. Vejam a agenda de hoje: uma esquadra da polícia em Sacavém foi assaltada por onze cidadãos, o que vem demonstrar quanto é necessário o governo investir na segurança privada para guardar os guardas, um tribunal do norte parou com o andamento de centenas de processos porque o edifício de 17 anos ameaça desabar. E se formos mais sérios basta vermos as previsões de crescimento da economia, inflação, juros da Euribor, preços dos combustíveis...para apetecer chamar pela santa padroeira. E Se a Nossa Senhora de Fátima já não consegue acalmar as almas desvairadas e desvalidas que venha a da cara de pau.
Entretanto Sócrates anuncia 400 milhões de euros para ligar Cascais a Entre- campos. Porreiro pá! Com a mania do carjanking os queques da linha ( not me, not me!!) vão passar a deixar os Audi e BM'S na garagem e deixarem-se assaltar de forma mais democrática nos comboios da linha.
Não é, pelos vistos, só o PSD que anda deprimido.
A obssessão dos dirigentes do PSD actual pelo abismo é algo que ultrapassa qualquer tipo de lógica ou racionalidade.
No momento em que fazer oposição (a este governo) deveria ser uma brincadeira de crianças, eis que o Partido faz jus ao seu nome e continua partido em 10 ou 12 cacos.
Reunidos alguns deles, com grande custo, mesmo assim não se consegue ter menos do que 3 frentes.
Indo, ou não, estas 3 tendências a sufrágio, fácil é para todos perceber que um partido assim não vai lá. Porque, no dia seguinte às eleições, os que perderem iniciarão o minar do terreno àquele que ganhar.
Não vejo qualquer futuro para o PSD de hoje.
Ou a coisa se galvaniza em torno de um único nome ou, com facções fratricidas em catadupa, não se vai lá.
Até porque, do outro lado, temos surpreendentemente um homenzinho do mais mediano e banal que há mas que conseguiu unir o seu partido em torno de si.
Uns por medo e outros por medo, a verdade é que Sócrates tem o PS na mão sem vozes discordantes.
Um unanimismo do mais doentio que imaginar se pode, porque falso como Judas, mas a verdade é que ninguém ousa abrir a boca com receio das "irreversíveis" consequências políticas que tal veleidade traria para todo o sempre à sua futura carreira (partidária, política, profissional, etc).
Sabemos que a alta-finança estará sempre com quem for poder em cada momento e que a comunicação social também (este é que é um dado e um pântano absolutamente novo...).
Mas isso não deveria impedir que outros pensadores livres, para além de Manuel Alegre, pudessem ter a coragem de dar o corpo às balas e viessem, publicamente, desmascarar este fraco rei que sempre esteve nú.
Mas a verdade é que impede.
Assim, continuamos a assistir ao silêncio dos opositores internos a Sócrates e à fanfarra do circo público dos opositores declarados a todos quantos pretendam levantar cabeça no PSD.
Asim não vamos lá.
E com Manuela Ferreira Leite, que só vê números à sua frente, também não.
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