terça-feira, 17 de junho de 2008

EU SOU IRLANDÊS


Sou democrata por convicção. Consequentemente, tendo os irlandeses reprovado o Tratado de Lisboa nas urnas, não concebo que o seu voto não seja respeitado, nem tão pouco que a união europeia exerça qualquer tipo de chantagem sobre os irlandeses. Se a Europa não acredita na democracia, deve ter a coragem de o dizer publicamente; se acredita, tem de se conformar com o resultado. Para seu bem. Até porque, como agora ressalta aos olhos do mais ceguinho, não vai ser possível construir a Europa contra os cidadãos e nas suas costas.

Se os líderes europeus continuarem a querer iludir a morte da Constituição Europeia, agora disfarçada de Tratado de Lisboa, vão acabar os seus dias como Sísifo a rolar a pesada Constituição até o cume da montanha, para a verem, pouco antes de atingir o cume, rolar novamente montanha abaixo até o ponto de partida impulsionada pela força irresistível dos povos.


REXISTIR

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3 Comments:

At 17 de junho de 2008 às 22:20, Anonymous Anónimo said...

O ministro dos negócios estrangeiros tem uma lata suprema. Interrogado em Bruxelas pelo correspondente da Renasçenca respondeu lampeiro: " Acho que a solução é a Irlanda voltar a votar para o sim!". O homem nem fez considerandos, nem traçou diálogos para que os irlandeses pudessem mudar de ideias. O seu homólogo da Estónia foi muito mais prudente: era preciso cuidado para não afrontar a vontade dos irlandeses, seria muito perigoso pôr em causa a legitimidade do voto popular.
Mas Deus Pinheiro, outra grande figura da democracia, respondeu com autoridade: os irlandeses são uma percentagem ínfima da população europeia, fartaram-se de ganhar com a Europa, cresceram à custa da CEE portanto: ou votam sim ou votam sim. Se persistirem no NÃO castigam-se. Mandam-se para o Zimbabué !!!
O conceito de liberdade destas criaturas é notável. Seria bom que os portugueses e eleitores se lembrassem destas aves raras na hora de votarem neles e lhes darem a possibilidade de terem uma prateleira dourada, paga a peso de ouro, para eles se marimbarem na "canalha" quando se sentam no parlamento europeu.

E já agora: lembram-se do NÃO francês ? E do NÃO dinamarquês ? É que a Europa não são favas contadas e a ideia de uma Europa social e do desenvolvimento e da segurança já foi. Esta Europa parece querer ser a Europa dos burocratas, dos juros altos, do retrocesso do Estado Social e da balda total na gestão das entradas de imigrantes. A Europa perdeu classe, deixou de ser o continente avançado culturalmente e socialmente. Os novos patrões europeus sonham agora com uma sociedade achinesada a trabalhar 60 horas por semana, sem reformas, sem segurança no emprego. É o neo-liberalismo com esse grande timoneiro Durão.


PS: estarei a ficar radical ??

 
At 18 de junho de 2008 às 12:21, Anonymous Anónimo said...

Um dos argumentos (parafraseando o taoísta, como não sei o seu nome chamo-lhe argumento) contra a submissão a referendo do Tratado de Lisboa, brandido por luminárias como Vital Moreira, é que ele é complexo de mais para o povo o perceber.

A maioria dos 27 optou, assim, pela ratificação parlamentar. Toda a gente se recorda ainda do complexo debate cívico que a ratificação suscitou no nosso Parlamento, onde têm poiso 230 sobredotados capazes de, ao contrário do povo, perceber perfeitamente complexidades. E não é que os irlandeses estragaram tudo, votando "não" quando deveriam ter votado "sim"? "Contrariado" com isso, Cavaco Silva sugeriu ao Governo irlandês que encontre "uma solução". Só faltou acrescentar, como nas soluções para emagrecer, "pergunte-me como". Sarkozy, por sua vez, quer que o referendo seja repetido até dar "sim". E Berlusconi que as ratificações prossigam e se mande bugiar os irlandeses. Para alguns, a democracia é assunto complexo de mais para ser deixado ao povo. O ideal era uma democracia sem povo. O povo, quando vota (a democrata Mugabe que o diga), só atrapalha.

 
At 19 de junho de 2008 às 23:07, Anonymous Anónimo said...

para a Irlanda em força!

tendo que os ingratos dos irlandeses - ouvi dizer que receberam "montes" de subsídios e que os aplicaram muito bem - os únicos cidadãos da miserável europa que tiveram direito ao exercício supremo da democracia - o voto - que lhes permitiu recusar a constituição europeia travestida de tratado de perto de lisboa, o que deixou a corja nacional e internacional numa situação de histerismo, disfarçado de contenção e diplomacia, enquanto vão cozinhando as batotas (ou os referendos em série) que lhes permitirão aniquilar a vontade dos cidadãos irlandeses que devem ser uns teimosos de primeira água que não querem ir na conversa da corja, o rectângulo, ferido no seu orgulho - não é impunemente que alguém põe em cacos o trabalho de uma vida de um falso engenheiro - o melhor é invadir aquilo. e como o rectângulo parece que tem umas forças armadas muito bem preparadas e ainda melhor equipadas, mandem-se-as avançar.
para a irlanda e em força!

 

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