terça-feira, 23 de setembro de 2008

MAGALHÃES DA INTEL

Foi anunciado como o primeiro computador português, mas não é bem assim. O Magalhães é originalmente o Classmate PC, produto concebido pela Intel no sector dos NetBooks, que surge em reacção ao OLPC XO-1, que foi idealizado por Nicholas Negroponte.
Será, no fundo, um computador montado em Portugal, mais propriamente pela empresa JP Sá Couto, em Matosinhos. Tirando o nome, o logótipo e a capa exterior, tudo o resto é idêntico ao produto que a Intel tem estado a vender em várias partes do mundo desde 2006. Aliás, esta é já a segunda versão do produto.
Na Indonésia o «Magalhães» é conhecido pelo nome de «Anoa», na Índia é o Mileap-X series, na Itália é o Jumpc e o no Brasil é conhecido por Mobo Kids. O Governo do Vietname percebeu o sucesso da oferta e já o colocou nas escolas a preço reduzido. Uma ideia agora adoptada por José Sócrates.

No:
Portugal Diário



Hoje é dia de romaria governativa para vender o Magalhães um pouco por escolas de todo o país.
Vendo a lista desta gente, o número que vai ser vendido em Portugal, não posso deixar de pensar no engenheiro como o melhor vendedor no país, (terá certamente uma medalha de mérito da Associação Portuguesa de Vendedores de computadores), e no estrangeiro por convencer o Chavez a comprá-los também e o Mário Lino, sempre presente nestas alturas de distribuição como funcionário do serviço de entregas.
A Ministra anda lá para nos convencer que tudo vai muito bem e o Silva, quando aparece, é sempre na sua função de emplastro.
Sei que os computadores são uma ferramenta indispensável no futuro dos nossos jovens, que a sua introdução na aprendizagem feita cedo para ao mais jovens é uma medida positiva, mas será que isso resolve os maiores problemas?
Penso que não e custa-me ver a Escola e o Ministério não se preocuparem o mínimo com a presença de placas com amianto, como acontece na escola do meu filho, um produto altamente cancerígena e penso, proibido na construção, afirmando que o mesmo só é perigoso quando deteriorado ou for mexido o que libertaria fibras, essas sim cancerígenas.
Mas, também que espectáculo mediático e que propaganda daria num telejornal a substituição de alguns tecto de pequenos ginásio escolares.
Fernando Magalhães deu a volta ao mundo, mas este engenheiro não me parece que dê a volta a nada nem que este menino d’oiro vá descobrir nenhum novo El dourado para salvar este país.
Não é com bazófia que se resolvem as dificuldades, mas com uma prática voltada para os cidadão.


K.

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11 Comments:

At 23 de setembro de 2008 às 19:28, Anonymous Anónimo said...

Agora anda tudo muito zangado com o facto do Magalhães permitir que se vá a sites marotos. Tenho uma novidade: desde que devidamente ligados à Internet, o Mac e todos os PC’s que os pais ou os amigos das crianças têm em casa dão para o mesmo. A questão é: tem sistema de controlo parental? Tem. Parece, ao que me explicaram, que tem vários níveis e são os encarregados de educação a decidir qual deles activam e se activam algum. Se assim for, parece-me muitíssimo bem. Se são os pais que o pagam (mesmo que pouco) e se os computadores vão para casa, faria pouco sentido que fosse o Estado a decidir o que está interdito aos filhos dos outros em casa deles. A escola deve ajudar os pais a fazê-lo, não a decidir por eles. Espero que o faça. Mas ainda assim, tenho ideia que a palavra “gata”, a que a SIC se referiu, não será incluida nos filtros. Já agora: as crianças só terão acesso à Internet em casa se as pessoas tiverem Internet. É só para não julgarem que chegámos ao marvilhoso mundo novo onde os putos andam à solta

Dar acesso à Internet a crianças tem, como tudo na vida, vantagens e riscos. Mas devo lembrar uma coisa: só conheço uma forma de controlo parental, o controlo parental. Filtros, valem o que valem. Esta ideia de que se pode instalar um software e dormir descansado pode ser muito simpática, mas é só irresponsável. Há o messenger, os chats, tudo. Não há programa que substitua os conselhos de um adulto e a sua atenção. Na Internet como no resto. Sem paranóia, já agora, que serve de pouco a não ser para os putos aguçarem o engenho. E garanto que aprendem bem mais depressa do que nós. Mas decidam-se: ou querem que as crianças usem a Net ou não. Talvez seja melhor não começar a tratar a coisa como se fosse o fundo dos infernos.

Eu tenho dúvidas sobre esta operação e ainda mais quando vejo os ministros a fazer de delegados comerciais. Mas podiam pegar por outro lado.

 
At 23 de setembro de 2008 às 19:35, Anonymous Anónimo said...

Uma roda-viva!
Sócrates e onze governantes distribuem 3 mil «Magalhães»

Mais uma mega-acção de conjunto do Governo. Depois do Dia do Diploma, poderá dizer-se que esta terça-feira vai ser o dia de «Magalhães».
Isto porque José Sócrates, juntamente com outros onze governantes, vão andar pelo país a distribuir três mil computadores portáteis a alunos do 1º ciclo.

Segundo a agência Lusa, onze camiões carregados destes computadores deixaram a sede da empresa JP Sá Couto, em Matosinhos, na tarde desta segunda-feira, rumo às 16 escolas onde serão entregues os primeiros portáteis especificamente concebidos para crianças dos seis aos 11 anos.

O primeiro-ministro esteve, pelas 11 horas, em Matosinhos, na Escola Padre Manuel de Castro (S. Mamede de infesta), juntamente com os secretários de Estado da Educação, Valter Lemos, e Adjunto, e o secretário das Obras Públicas e Comunicações, Paulo Campos.

À mesma hora, outros elementos do Governo vão repetir o gesto.
Maria de Lurdes Rodrigues, desloca-se à Escola Básica de Portel, antes de ir à EB de São Tiago, em Castelo Branco, às 15h30.
O ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, vai à EB do 1.º Ciclo Sacadura Cabral, na Amadora.
A Directora Regional de Educação do Centro vai estar na Escola Básica de Mortágua;
a secretária de estado da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, preside a sessão na Escola Básica de Telheiras;
o coordenador do Plano Tecnológico, Carlos Zorrinho, está na Escola Básica do 1.º Ciclo Hélia Correia, em Mafra e o Secretário de Estado da Administração Local, Eduardo Cabrita, marcará presença na EB1 Coca Maravilhas, de Portimão.

A lista é quase interminável.
Pelas 11h30, o secretário de Estado da Justiça, João Tiago Silveira, vai ao Centro Escolar de Resende, em Vilar de S. Martinho.

À tarde, houve mais entregas de computadores:

Às 15h, o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, esteve na Escola n.º 1 de Sabrosa;
o secretário de Estado da Educação, Jorge Pedreira, esteve na EB1 Lage, de Vilarinho, depois de ter entregue na EB1 n.º 1, de Ponte da Barca, às 11h00;
a Secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz, na Escola Básica Casal Novo, Lourinhã;
o Secretário de Estado da Juventude e Desporto, Laurentino Dias, na EB1 Vale do Carro, Albufeira.

Pelas 15h30, o secretario de estado da Educação, estever na EB1 de Paredes e às 18h o Director Regional de Educação do Algarve entregou os últimos «Magalhães» na EB1 Ilha do Ancão.

Quer dizer:
não há quem governe o país:
está tudo a entregar computadores para as camaras da tv!

 
At 23 de setembro de 2008 às 19:37, Anonymous Anónimo said...

A propósito do lançamento do “Magalhães” o Governo decidiu fazer uma mega distribuição do PC de nome nacional, vamos ver ministros numa correria para mais uma mega operações de computadores. Não é nada de novo, há uns tempos atrás José Sócrates decidiu acumular as funções de primeiro-ministro com a de distribuidor de computadores das Novas Oportunidades.

Não sou contra o facto de os ministros nada terem que fazer e optarem por emprestar o seu sorriso, que, em regra, é de beleza duvidosa, à distribuição de computadores ao preço da uva mijona. Até acho a produção do “Magalhães” uma excelente ideia, não estando preocupado em saber se a máquina é portuguesa ou se português só tem o nome e a montagem, aliás, acho mesmo ridículos que alguns tenham reflectido sobre o assunto, tanto quanto sei são raras as máquinas cuja produção possa ser atribuída a um país.

Dinamizar o acesso à sociedade da informação foi uma das opções mais meritórias deste governo e uma boa parte das críticas que por aí se ouvem devem-se à conhecida “dor de corno”, designada pelos mais bem-educados por dor de cotovelo, uma doença que em Portugal é endémica e infelizmente ainda não foi descoberta uma vacina para a tratar. Mas convenhamos que ver ministros armados em vendedores da Taparware a galgar quilómetros para distribuir as caixas aos putos perante o ar de caso dos pais e professores é um pouco ridículo.

Faz todo o sentido uma cerimónia de lançamento, desde que não se lembrem de contratar umas criancinhas, que antes passam por um casting para escolher aquelas cuja cor do cabelo condizem mais com a gravata de José Sócrates. Mas dar um feriado a meia dúzia de ministros investindo-os neste papel ridículo é pura parolice nacional. Esperemos, que Sócrates não opte, como já o fez, por nos enjoar com dezenas destas cerimónias ridículas.

Preferira antes ver os ministros a reunir com algumas das nossas empresas com o objectivo de promover o desenvolvimento da sociedade da informação, já que não basta ter computadores, serão necessários programas e conteúdos para que estes se revelem úteis. Por isso seria mais importante que o ministro com a tutela das comunicações reunisse com as empresas do sector para discutir a forma de tornar barato o acesso à Web ou a forma de criar condições para que se generalize a instalação de servidores em território nacional com custos de colocação de conteúdos competitivos. Ou ver o ministro da Economia reunir com a banca para discutir a constituição de capitais de risco ou a facilidade no acesso ao crédito para promover a criação de empresas no domínio da sociedade da informação, para que os nossos licenciados fossem estimulados a criar empresas em vez de ambicionarem ser funcionários públicos, acabando muitos deles por irem para repositores dos hipermercados.

O “Magalhães” é uma excelente ideia, o problema é saber se vai haver oceano para navegar.

 
At 23 de setembro de 2008 às 19:39, Anonymous Anónimo said...

Uma obra constituída por vazios
José Sócrates escalou onze elementos do Governo para o acompanharem na entrega das primeiras unidades do tal computador que de português só tem o nome e de público só tem a equipa de vendas.
Quando a obra feita é constituída por vazios, os governos em peso concentram-se em campanhas de marketing e refugiam-se no disfarce.
O ME, competentíssimo, empenhado em credibilizar-se, até descobriu notas inflacionadas em alguns estabelecimentos de ensino. Importante não ter sido em nenhuma das escolas públicas, onde a fraude chega ao cúmulo de as taxas de sucesso desejadas serem fixadas nos próprios objectivos dos docentes que, obviamente, não vão prejudicar as suas carreiras e o seu rendimento familiar em favor de uma verdade que só alguns deles não querem esconder.

 
At 23 de setembro de 2008 às 19:41, Anonymous Anónimo said...

Governo em peso nas cerimónias de entrega dos primeiros Magalhães a crianças do 1º ciclo

O primeiro-ministro e onze elementos do Governo entregam hoje os primeiros três mil computadores portáteis “Magalhães” a crianças do primeiro ciclo, no âmbito de um programa que será totalmente financiado por privados, segundo a ministra da Educação.
Em declarações à agência Lusa, Maria de Lurdes Rodrigues salientou que, tal como acontece com a distribuição de portáteis a alunos do terceiro ciclo e do secundário, “este programa não é suportado por dinheiros públicos, mas pelos operadores de telecomunicações, através de um fundo que está previsto desde que foram autorizadas as licenças para os telemóveis de terceira geração”.
De acordo com a ministra, os impressos que os encarregados de educação de alunos do primeiro ciclo devem preencher para ter direito a um computador estarão disponíveis nas escolas ainda esta semana.
“A escola organiza o registo dos pedidos turma a turma e agenda com os operadores a entrega dos computadores. Daremos prioridade às escolas onde a banda larga já existe em todas as salas de aula”, afirmou.

Expliquem-me como seu eu fosse tão estúpido como efectivamente sou: se não há dinheiros públicos envolvidos, se tudo é suportado por privados, como se justifica que o engenheiro e seus auxiliares andem em digressão pelo país a assumir como sua uma obra que é alheia?

E já agora, se os impressos só agora vão estar disponíveis, que critério foi usado para seleccionar os 3000 destinatários desta mega operação de campanha eleitoral?

Por fim, onde está a oposição quando precisamos dela para mais do que bitaites de circunstância, respostas automáticas e/ou irrelevâncias avulsas?

 
At 23 de setembro de 2008 às 23:41, Anonymous Anónimo said...

A oposição está no terreno e dá a cara com o próprio sacrifício e pagando um preço alto no país das cunhas e dos oportunistas, com elevado índice de corrupção (v. relatorios europeus).
A oposição como o BE precisa de todos os que como neste blog denunciam e muito bem a autêntica campanha de marketing que o governo faz, esgotadas que estão as soluções para resolver os problemas reais da economia, saúde e educação.
Li vários comentários que ilustram a realidade e só lamento que um dos intervenientes (d.o.) desconhecesse que foi a ministra da educação que disse na televisão que os computadores iriam estar protegidos de sites perigosos.
Quem percebe de informática sabe bem que toda esta campanha (que devia até ser aplaudida noutras circunstâncias) não passa de “show”, como os 1200 empregos no call center da Pt, empresas que não aparecem e outras promessas não cumpridas como o código do trabalho. Isto tem um nome – FALSOS!
Convido todos a visitar regularmente:
www.esquerda.net

 
At 24 de setembro de 2008 às 19:39, Anonymous Anónimo said...

A praga de Magalhães que Sócrates anda a dar ao maralhal vai ter um futuro incerto. Soube-se hoje que afinal a ligação à internet móvel de banda larga vai ser uma opção para os jovens utilizadores. Ora é aqui que o projecto poderá falhar. Um computador sem acesso independente à net não passa de uma máquina de escrever. E como o que é dado acaba por não ter valor é muito natural que muitos Magalhães passem a breve prazo para as prateleiras. Até porque os alunos carenciados não têm nas famílias possibilidades de pagarem uma net cara, inacessível, graças aos preços disparatados praticados pelas operadoras. Mas que interessa isso? O show-off do governo está feito e vai servir de excelente arma de propaganda para as eleições que se adivinham.

 
At 24 de setembro de 2008 às 21:54, Anonymous Anónimo said...

O Magalhães não é um portátil 100% feito em Portugal. Nem mesmo 90%,80% ou 70%. Nem mesmo 5%. Talvez 1%? Vou dar o benefício da dúvida. Afinal, sempre é preciso imprimir os recibos e as etiquetas.

É lamentável a comunicação social pegar na propaganda partidária e difundi-la sem sequer verificar o que é que divulgam. É mau jornalismo. Aliás, não é jornalismo. É manipulação, é mentir.

Não tenho problema nenhum em afirmar isto, estou em casa.

Que se saiba, em Portugal não se vai passar a construir waffers, chips, microprocessadores, placas gráficas, modems, placas de rede, écrans, teclados, discos rígidos, ratos, memórias e por aí fora. Isto só para falar do hardware pois, novamente, que se saiba, entre nós ainda ninguém vende um sistema operativo, aplicações, browsers, anti-vírus, etc.

A parceria entre Portugal e a Intel é a mesma que temos com a Coca Cola: vir cá vender os seus produtos.

 
At 25 de setembro de 2008 às 22:40, Anonymous Anónimo said...

O Sr. Magalhães foi em tempos um personagem muito interessante da minha terra natal. Funcionário público, não era rico mas interessava-se pela leitura, facto que o levava a emprestar os jornais que recebia e os livros da sua pequena biblioteca àqueles que se queriam informar e cultivar. Tinha também um jardim, que chegou a acolher plantas de muitas partes do mundo.

Mas, este escrito vem a propósito de outro Magalhães, o já famoso portátil Magalhães, que não sei se foi beber o nome ao deputado desse nome, a algum cinzento burocrata, ou mesmo ao famoso circo-navegador Fernão de Magalhães.

Uma professora das minhas relações enviou-me um e-mail, onde se mostrou indignada, por ter recebido na sua sala de aula os benévolos distribuidores desta aberração politiqueira.

Indignada, porque os contemplados não foram os seus melhores alunos, os mais capazes e empenhados, mas sim os piores, os que nada pagam ao sistema, os do escalão dito “A”, os tais pretensos carenciados, os mesmo que só se deslocam à escola porque esta tem almoço e lanche e os pais recebam os generosos subsídios do Estado, que juntos aos negócios que possuem lhes permitem comprar os belos carros em que se passeiam e outros luxos que ostentam. Houve famílias destas que receberam vários computadores. É claro que há excepções, como em tudo.

Na sala daquela professora os seus bons alunos, geralmente filhos daqueles que preenchem a declaração de impostos e dela não podem fugir, choraram, sentiram-se confusos e alvo de uma injustiça. Provavelmente não serão mais os mesmos e o país com as suas politiquices demagógicas é que irá pagar a factura.

Na sua pressa em exibir o chorudo brinde, o governo e o ministério esqueceram-se de que os alunos alvo desta medida são os mesmo que ainda não receberam os manuais de que tanto necessitam para trabalhar.

Este país que premeia a burrice e a bandalhice é o mesmo que solta os criminosos.

Que eu saiba, só em Portugal é que os melhores alunos das escolas públicas não são acarinhados nem premiados com bolsas de mérito e outros prémios de incentivo.

Estes alunos podem não ser capazes de aprender a ler e a escrever, nem se interessar por fazê-lo, mas têm um portátil no qual nunca saberão mexer.

Não sei se o portátil ainda estará inteiro daqui por uns dias ou se não foi vendido na feira da ladra aos tais infelizes que não tiveram direito a recebê-lo, pois muitos dos que declaram os parcos rendimentos ao fisco, contam os tostões.

Não sei que resultados, para além dos estatísticos, é que um computador produzirá em crianças de 6 anos ou 7 anos, que mal sabem ler e contar. Pela minha parte continuo a acreditar na tabuada e na ardósia e, claro, na escola do senhor Magalhães, que infelizmente já não se encontra entre nós.

 
At 25 de setembro de 2008 às 22:43, Anonymous Anónimo said...

«O espírito do homem é feito de maneira que lhe agrada muito mais a mentira do que a verdade. Fazei a experiência: ide à igreja, quando aí estão a pregar. Se o pregador trata de assuntos sérios, o auditório dormita, boceja e enfada-se, mas se, de repente, o zurrador (perdão, o pregador), como aliás é frequente, começa a contar uma história de comadres, toda a gente desperta e presta a maior das atenções.
Como é fácil essa felicidade! Os conhecimentos mais fúteis, como a gramática por exemplo, adquirem-se à custa de grande esforço, enquanto a opinião se forma com grande facilidade, contribuindo tanto ou talvez mais para a felicidade. Se um homem come toucinho rançoso, de que outro nem o cheiro pode suportar, com o mesmo prazer com que comeria ambrósia, que tem isso a ver com a felicidade? Se, pelo contrário, o esturjão causa náuseas a outro, que temos nós com isso? Se uma mulher, horrivelmente feia, parece aos olhos do marido semelhante a Vénus, para o marido é o mesmo do que se ela fosse bela. Se o dono de um mau quadro, besuntado de cinábrio e açafrão, o contempla e admira, convencido de que está a ver uma obra de Apeles ou de Zêuxis, não será mais feliz do que aquele que comprou por elevado preço uma obra destes pintores e que olhará para ela talvez com menos prazer?»

Erasmo de Roterdão

Assim já se compreende melhor a razão do Sócrates mentir repetidamente..

 
At 26 de setembro de 2008 às 21:12, Anonymous Anónimo said...

O ‘Magalhães’ foi anunciado, largamente, como um projecto novo e português. Ora, não é uma coisa nem outra. Como já disse, trata-se da segunda versão do Classmate PC, vendido desde 2006, sobretudo em países do terceiro mundo.
Mesmo em política, apregoar como novo um produto que já está no mercado há anos e como nacional um bem que por cá apenas recebeu o logótipo, o revestimento e o baptismo, tresanda a publicidade enganosa.
Mais ainda: quando um político se lança em pré-campanha eleitoral a oferecer bens aos eleitores, normalmente diz-se que essa conduta revela um populismo descarado. Foi o que se chamou a Valentim Loureiro quando andou em Gondomar a dar electrodomésticos. Agora, com Sócrates a presentear computadores às crianças, o que será?

 

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