quinta-feira, 20 de novembro de 2008

HUMOR


Saiu hoje, um livro que recolhe alguns textos escritos e de antologia do Humor Português, de 1969 a 2009 e que merece toda a atenção e recomendação, pela qualidade.

Organizado por Nuno Artur Silva e Inês Fonseca Santos, a recolha parte de 1969, altura em que foi editada outra antologia, dedicada ao Humor português, da autoria de Fernando Ribeiro de Mello, da Afrodite e esgotado há muito.

Nuno Artur Silva, é um dos elementos mais representativos da chamada União Cooperativa Nacional.
O pai das Produções Fictícias, mexe os cordelinhos de quem faz rir o público, em diversas plataformas, com destaque para a televisiva.
Para quem não saiba, a União Cooperativa Nacional é o sucedâneo moderno da União Nacional de antanho, mas no reverso.
Porém, retoma o mesmo pendor de agremiação de sensibilidades, neste caso encostadas à Esquerda genérica e predominante em Portugal, desde o 25 de Abril de 74; as mesmas parametrizações culturais e espirituais, embora de feição laica e progressista, ao lado do jacobinismo; as mesmas tendências para a exclusão do divergente, se for ameaça ao status quo; os mesmíssimos tiques de censura, ao olhar que fique do lado oposto ao politicamente correcto.

O livro antológico, tem um pequeno texto de Mário-Henrique Leiria, nos Contos do Gin-tonic, de 1973 e que merece referência, por algo que nem sei bem porquê:

"Após ter surripiado por três vezes a compota da despensa, seu pai admoestou-o.
Depois de ter roubado a caixa do senhor Esteves da mercearia da esquina, seu pai pô-lo na rua.
Voltou passados vinte e dois anos, com chófer fardado.
Era Director-Geral das Polícias. Seu pai teve o enfarte."

Há quem não precisasse de vinte anos, para chegar ainda mais longe...


José

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