quinta-feira, 25 de agosto de 2005

EINSTEIN E A BOMBA ATÓMICA

A questão da equivalência - chamemos-lhe assim - entre massa e energia foi já apontada por Einstein no seu artigo que faz parte do ramalhete por ele publicado em 1905, o seu annus mirabilis. Num artigo que seguiu o outro em que tratava do que viria a ser conhecido pela «teoria da relatividade restrita», quase que como um suplemento deste último - um mero suplemento, dir-se-ia.
A fórmula [simples] que expressa tal facto - por tanto lado tem sido mediaticamente inscrita - escreve-se E = mc2 (E é energia, m é massa e c é a velocidade da luz elevada ao quadrado). Ou seja a quantidade de energia correspondente a uma dada massa - 1 grama, por exemplo - pode ser calculada através da multiplicação desta quantidade de massa pela velocidade da luz, os tais 300 000 km por segundo, e esta elevada ao quadrado. Uma fórmula que viria a tornar-se num ícone - «bom» ou «mau», «bom» e «mau», escolha o leitor - um ícone que marcou, desde logo, todo o século XX.
Com efeito, se nos lembrarmos das fórmulas para calcular quantidades de energias, em particular, energias cinéticas - que entram no dia a dia dos exercícios de Física de um aluno do ensino básico -, fórmulas do tipo Ec=½mv2- o c quer dizer cinética, lembram-se? -, outra vez o m a ser a massa e agora o v2 a ser a velocidade [de um corpo de massa m] elevado ao quadrado. Então, como se vê, o segundo membro da fórmula da energia cinética, 1/2mv2 tem grandes semelhanças formais com o segundo membro da fórmula de Einstein, mc2, ou seja, uma massa a multiplicar por uma velocidade elevada ao quadrado. São de notar, todavia, duas diferenças: (i) o valor do segundo membro na fórmula da energia cinética ser ½, isto é, vem reduzido a metade, o que não acontece com a equação de Einstein; (ii) a segunda diferença entre as duas fórmulas tem a ver com o facto de os valores da velocidade da luz serem milhões de vezes maiores do que, por exemplo, as velocidades dos bólides terrestres e, sendo elevadas ao quadrado, os valores energéticos na fórmula de Einstein são milhões de milhões de vezes maiores que os da energia cinética, para massas da mesma ordem de grandeza! E é esta diferença nas energias em jogo que faz realmente toda a diferença, e que mostrava as imensas possibilidades que se abriam caso se pudessem desencadear e controlar os processos libertadores de tais espantosas quantidades de energia.
Deste conhecimento científico surgiram então, como sempre acontece, as realizações tecnológicas «boas», aparte os seus inevitáveis «azares» - inevitáveis em termos de probabilidade não nula, claro -, que são a produção de energia e as suas centrais; e as realizações tecnológicas«“más», através das quais os «azares» mais terríveis que são conhecidos são deliberadamente provocados - são o armamento nuclear, e nunca é demais lembrá-lo. Armamento nuclear, as suas bombas, os seus explosivos, existente numa concentração e com um potencial imensos na nossa Terra. E, por duas vezes, esta tecnologia foi concretamente utilizada. Foram essas acções uma obra do Estado norte-americano, que conseguiu essa primazia, e até agora singularidade, por meio dos actos mais bárbaros jamais praticados pela Humanidade. Actos concretizados pela destruição - destruição que se vai propagando pelos tempos fora - das populações, e, claro, de outras formas de Vida, em Hiroshima e Nagasaki. Actos terríveis, a verem em Agosto do presente ano de 2005 a passagem do seu sexagésimo aniversário. Tudo isto, para além - já esquecia - da pontual destruição de Propriedade. Inevitáveis efeitos colaterais da luta contra o Mal, cujo preço estamos todos «moralmente» obrigados a defender enquanto apoiantes do Bem, caso contrário, se não fizermos e com suficiente clareza, somos indiciados como agentes do Diabo!?
Quanto a Einstein, que em 1905 já tinha estabelecido a fórmula E = mc2, não foi visto nem achado para o projecto Manhattan responsável pela «bomba atómica». E não foi à falta de Einstein, que já se encontrava nos EUA desde o início de 1933, se ter, como cidadão, manifestado em relação a esta tecnologia. Com efeito, já em 1939, enviara uma carta a Roosevelt - que este agradeceu - alertando-o que, com base naquela, poderia vir a ser construída uma bomba muito potente, e de tipo novo. Mas uma segunda carta sua, em 1941, alertando Roosevelt para os avanços alemães nesta área, já não mereceu resposta de Roosevelt - apenas o seu silêncio. Einstein era uma pessoa non grata, devido ao seu «passado radical», segundo o FBI.


(1)Estas fórmulas são representadas por equações, que, enquanto tais têm dois membros; ao membro à esquerda do sinal = chamamos «primeiro membro», ao membro à direita do sinal de igual designamos por «segundo membro».


Francisco Silva

1 Comments:

At 27 de setembro de 2009 às 12:27, Anonymous Anónimo said...

muito obrigada esse texto me ajudou a fazer uma pesquisa de história que eu tinha que colocar a tecnologia da bomba atomica

 

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