terça-feira, 11 de outubro de 2005

A PROPÓSITO DOS RESULTADOS DAS NOSSAS ELEIÇÕES...


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23 Comments:

At 11 de outubro de 2005 às 16:06, Blogger Gonçalo Godinho e Santos said...

As eleições autárquicas no Domingo correram dentro da normalidade, salvo "honrosas" excepções como o caso do candidato presidencial Mário Soares, que mais uma vez nos prendou com o apelo ao voto no umbigo e pequenos incidentes em mesas de voto. É bom para a maturidade democrática do regime.
Os portugueses foram ás urnas escolher os seus representantes no poder local. Pelas características únicas são estas as eleições em democracia que mais aproximam o cidadão da vida política. É impossível estabelecer um paralelo entre o estereótipo do eleitor para eleições gerais e do eleitor para eleições locais. E é impossível porque não existe. No dia 9 houve 308 combates, cada um com as suas particularidades e características, cada um com os seus intervenientes e participantes, uns mais sérios e outros mais populistas.

Extrapolando, um quadro geral de análise sobre o mapa político nacional, houve 3 derrotados na noite das eleições: José Sócrates, a elite governante do PS e Avelino Ferreira Torres. Confesso que a derrota que mais me agradou foi a do último, seria o cúmulo da palhaçada se ganhasse. Pois bem, José Sócrates teve o seu teste não como primeiro-ministro, mas como líder do PS e perdeu. Perdeu porque não teve nem visão nem estratégia escolhendo candidatos fracos, vaidosos e incompetentes, resumindo: ele próprio também foi incompetente!Mas o pior não foi isso, o pior foi o estilo arrogante e presunçoso como aquele que nos brindou na noite eleitoral, dando a ideia que nesta terra os cães ladram mas a caravana passa. Acredite que não é assim!
Ainda no plano nacional temos dois vencedores(porque verdade tem de ser dita): O PSD e Jerónimo de Sousa, que conseguiu alargar os horizontes de um partido políticamente ultrapassado e perdido no tempo, agarrado ao ideologísmo e á lógica falaciosa marxista, adoptando uma postura informal, trabalhadora e sobretudo simpática.
Por fim, o PSD. Marques Mendes e a sua equipa, tiveram a seriedade e a razão ao escolherem os seus candidatos e ao segurarem as derivas populistas de alguns militantes.O PSD mereceu a vitória nestas eleições porque para além de ter ganho mais municípios (entre os quais os mais importantes) reconquistou a confiança afirmando-se como o principal partido do poder local.

Em Ponte de Sor o claro vencedor foi em primeiro lugar Taveira Pinto, que para além de ter consolidado uma folgosa vantagem, o seu partido conquistou a presidência de seis freguesias do concelho. O PS teve uma maioria absoluta, claramente resultante da fidelização de eleitorado e do voto de muitos eleitores que anteriormente tinham votado CDU. Um facto surpreendente é grande perda de eleitorado da CDU no concelho (mais de dez por cento)levando a que o partido tenha a mais baixa votação para a câmara municipal deste o 25 de Abril, perdendo votos em catadupa junto do eleitorado urbano.
O PSD foi a segunda força mais votada em Ponte de Sor (cidade), sendo o partido que mais cresceu, nalguns casos mais de cinquenta por cento!Para a junta de freguesia da cidade teve um excelente resultado e conseguiu penetrar nalgum eleitorado PS e sobretudo apartidário. O PSD foi o único partido no concelho que subiu, beneficiando do seu próprio esforço, ao nível da qualidade da sua equipa e também da campanha eleitoral que efectuou.O resultado do PSD foi prejudicado ao nível das freguesias periféricas, que devido á bipolarização nalguns locais reduziu para níveis muito baixos a quantidade de votos. O PSD apostou em Ponte de Sor, e ganhou com isso, tornando-se o principal garante de uma oposição construtiva e credível no concelho, capaz de contribuir decididamente para o interesse das populações.
Estou completamente convencido que o resultado dos sociais democratas no concelho representa o impulso para um crescimento ainda maior no futuro e capaz de afirmar-se como a principal força política deste concelho.
Para além de uma comissão política e de uma estrutura trabalhadora, ambiciosa e responsável, este PSD tem um líder : Joaquim Lizardo, e deve em parte a ele a capacidade de mobilização e o espírito de dedicação que este soube encetar ao partido.

Portanto, as autárquicas é um assunto encerrado é hora de começar um novo ciclo, quer a nível local quer a nível nacional, vamos ver o que o futuro nos reserva!

Jsdpontedesor.blogspot.com

 
At 11 de outubro de 2005 às 16:34, Anonymous Anónimo said...

Caro Martinho:
Devias assinar aqui como fazes no JSD - Ponte de Sôr blogue.

Deve ter sido um lapso.

 
At 11 de outubro de 2005 às 17:06, Anonymous Anónimo said...

O único "poupadinho" foi o nosso presidente Taveira Pinto:

- Em tempos de crise, os partidos e candidatos não olharam a despesas para conquistar a simpatia dos eleitores. Só em brindes, foram gastos mais de 11 milhões de euros. A despesa total na campanha ultrapassou os 100 milhões de euros. Cerca de metade é paga pelo contribuinte.

 
At 11 de outubro de 2005 às 17:07, Anonymous Anónimo said...

A caravana passa e costuma deixar bonés, canetas e outras ofertas. Recordações para lembrar o eleitorado das promessas, dos candidatos, das cores partidárias. Nestas autárquicas foram gastos mais de onze milhões de euros em brindes, segundo os orçamentos consolidados entregues no Tribunal de Contas.

O PSD é o mais generoso nestas ofertas, tendo gasto mais de cinco milhões de euros. O PS orçamentou 3,4 milhões, seguindo-se o CDS com uma fatia de mais de dois milhões de euros. Entre os cinco principais partidos, a CDU não especificou o montante gasto e o Bloco de Esquerda ficou-se por pouco mais de 13 mil euros.

A estas despesa somam-se as dos materiais de campanha como os cartazes, e ainda as comunicações, gastos em transportes e estadias, para não falar dos comícios. No total foram gastos mais de cem milhões de euros.

O PSD volta a ficar no topo da lista, com mais de 45 milhões de euros. PS e CDS/PP estão qusse empatados, com cerca de 27 e 23 milhões de euros, respectivamente. A CDU quase chegou aos dez milhões e os bloquistas ficaram-se pelos 2,3 milhões de euros.

O apoio do Estado às máquinas partidárias é cerca de metade destes orçamentos, pelo que cada português contribui com mais de cinco euros. A campanha para as autárquicas 2005 foi a mais cara de sempre, e resulta das modificações à nova lei do financiamento dos partidos. Os custos foram dez vezes mais altos do que em 2001.

 
At 11 de outubro de 2005 às 17:09, Anonymous Anónimo said...

O preço certo



Segundo esta notícia, a última campanha eleitoral ficou por uma bagatela: 100 milhões de euros!


Em tempos de crise, os partidos e candidatos não olharam a despesas para conquistar a simpatia dos eleitores. Só em brindes, foram gastos mais de 11 milhões de euros. A despesa total na campanha ultrapassou os 100 milhões de euros. Cerca de metade é paga pelo contribuinte.



Segundo esta notícia, já antiga, (de Julho de 2005) o Estado, através do actual governo, tem...
"em estudo e preparação, ainda em 2005 , reformas estruturais a nível do regime geral da Segurança Social, que proporcionarão poupanças orçamentais da ordem dos 150 milhões de euros em 2006". As grandes opções do Plano (GOP), aprovadas no último Conselho de Ministros, (…)

Como diria o António Guterres, é fazer as contas...

 
At 11 de outubro de 2005 às 17:09, Anonymous Anónimo said...

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At 11 de outubro de 2005 às 21:08, Anonymous Anónimo said...

Voltamos a ser brindados com a falta de informação dos nossos munícipes (isto para não chamar ignorância). Como é possível depois de todas as aldrabices que o Bugalheira fez alguém fora da corja de lacaios dele voltar a votar nele?
É com grande tristeza que sou obrigado a admitir que estes munícipes que deram a reeleição a este ditador encapotado se vão arrepender.
Preparem-se meus amigos, vamos entrar numa ditadura ainda mais fechada, e liderada pela ignorância e pela vingança.
Esta gente que vota Bugalheira, não merece o esforço da oposição. Merecem continuar no meio da merda, visto que 12 anos depois da ditadura Bugalheira ter começado, ainda há zonas habitacionais bem próximas de Ponte de Sor sem escotos e sem água canalizada.

 
At 11 de outubro de 2005 às 22:50, Anonymous Anónimo said...

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At 11 de outubro de 2005 às 23:04, Anonymous Anónimo said...

`` no meio da merda?´´
Aqui esta a prova da arrogancia que faz parte do PSD - JSD.. tenho pena que sejas assim so porque 54% da populaçao de ponte de sor tem uma cor politica diferente da tua...
podia escrever muito mais mas isto chega para te responder..

 
At 11 de outubro de 2005 às 23:21, Anonymous Anónimo said...

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At 12 de outubro de 2005 às 00:11, Blogger Gonçalo Godinho e Santos said...

Que engraçado, alguém já assina comentários com o meu nome...não sabia que existia o mal ganhar...

Gonçalo

 
At 12 de outubro de 2005 às 00:58, Anonymous Anónimo said...

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At 12 de outubro de 2005 às 01:36, Anonymous Anónimo said...

A JSD deseja que o executivo camarário tenha sucesso neste novo mandato de modo a que todos os pontessorenses, sem excepção, possam viver numa cidade melhor. Vem também felicitar os restantes paridos, nomeadamente o partido comunista que pôs a nu várias situações, de forma factual e informada. A JSD respeita todas as forças políticas e defende que o debate de ideias, que naturalmente é mais aceso nos períodos eleitorais, muito saudável e benéfico. E que aliás este blog tem proporcionado.
Não obstante, vemos com muito desagrado e preocupação as calunias feitas e as mentiras constantemente lançadas, chegando ao extremo de apropriarem-se do nome de alguns elementos da JSD, para que em nosso nome lançassem falsidades. A JSD dá a cara por aquilo que acredita e defende. Não se esconde atrás da cobardia do anonimato, nem atrás de pseudónimos, mesmo num terreno que nos é muitas vezes hostil e em que não é fácil ser diferente da maioria. Mas isso só demonstra a nobreza dos nossos princípios pois não é, com certeza, à espera de dividendos pessoais que defendemos o nosso projecto, mas sim por querermos uma cidade melhor para nós e para as gerações vindouras.
Por isso achamos que o PSD é um partido vencedor. Vencedor na medida que deu uma lição de democracia aos outros partidos, ao fazer uma campanha limpa e clara, sem ataques pessoais, com pessoas desinteressadas e verdadeiramente empenhadas. E que seguramente vão defender sempre os interesses dos habitantes de Ponte de Sor nos órgãos para os quais foram eleitos.
Convidamos assim “Salazar’s”, “pullthattrigger’s”, anónimos e afins, a terem coragem para dar a cara, de modo a discutirmos aquilo que realmente interessa: PONTE DE SOR, pois é por isso que efectivamente existimos.
PORQUE ACREDITAMOS NUM FUTURO MELHOR!

Com os melhores cumprimentos
Catarina

 
At 12 de outubro de 2005 às 09:07, Anonymous Anónimo said...

COMO TUDO COMEÇOU...

Então, como era Portugal em 1977? Dizia o primeiro ministro, Mário Soares, ao Diário de Notícias:
"Sou partidário de uma sociedade totalmente aberta e livre, em que se assegurem largamente os direitos humanos, mas não pode haver tolerância com a criminalidade, mesmo que esta se oculte sob o pretexto falacioso da razão política".
O povo lá andava entretido e, numa "alocução ao País em 28/02/77), o nosso primeiro expressava a sua ideia de um País:
"Nós não queremos, em Portugal, constituir ou criar uma sociedade de burocratas, uma sociedade de homens que vivem à mesa do Orçamento e à sombra do Estado. Queremos, em Portugal, criar uma sociedade de homens livres que tenham a capacidade de iniciativa própria, capazes de contribuir para a riqueza nacional". E já que, nessa altura, o problema era o carcanhol, nada melhor que uma crise, mas isso foi há muito tempo:
"Não nego que exista uma crise em Portugal, crise que, no seu aspecto fundamental - o aspecto económico - poderá sintetizar-se em três tópicos:
défice da balança de pagamentos,
inflação, isto é aumento do custo de vida e do desemprego" (Comunicação ao País em 07/06/1977).
Tempos de dificuldades, que felizmente foram ultrapassados.

E "felizmente" foram ultrapassados através de uma reforma profunda das mentalidades, uma principais causas para o nosso atraso e para a falta de produtividade...
em 1977...
como salientava o primeiro:
"É evidente que houve no nosso País uma quebra de produtividade importante; as pessoas em certo momento deixaram de pensar que era necessário trabalhar duramente. A correcção de certos vícios vai levar algum tempo(...)"
(Alocução ao País em 28/02/1977). Naqueles tempos, o eng. Belmiro ainda não tinha os shoppings para o povo raspar cartões de débito e crédito aos fins de semana, mas Mário Soares estava preocupado:
"Como se sabe, há efectivamente uma décalage entre aquilo que o País produz e aquilo que o País consome, consumindo muito mais do que aquilo que produz. Essa situação é malsã em qualquer País" (entrevista ao Diário Popular, em 12/08/1977).
Ainda bem que aprendemos com os erros do pós-revolução.

Os alicerces fundamentais do Portugal moderno foram, em bem, erigidos nesse tempo.
Hoje respira-se um ar saudável.
"Por isso, queremos construir neste País, antes de mais uma sociedade livre, democrática e participada, com igualdade de oportunidades para todos, baseada no trabalho, no respeito pela lei e na justiça"
(discurso de posse do I governo constitucional, 23/07/76).
Na mouche, o Portugal do século XXI.

O PM de 1977 ainda fez mais um discursos e comunicações e, quiçá embalados, os ministros deitaram mãos à obra.
Eis o diagnóstico do ministro das Finanças (de 1977):
"Ao iniciar a execução do programa do Governo, o quadro que se apresentava tinha, a traços muito gerais, a seguinte caracterização: um consumo muito elevado, uma formação bruta de capital fixo muito baixa e uma exportação de bens e serviços em declínio, a que se contrapunha um produto interno bruto a preços de mercado descendente e uma importação de bens e serviços em acréscimo".

Na Justiça, de 1977, reformavam-se os Códigos (Civil, Processo Civil, Penal, Processo Penal e Comercial) e davam-se os primeiros passos na desmaterialização dos processos:
"A política do governo constitucional tem sido a de jogar na informática. A informática é o caminho para a Europa: é o futuro".

Ora, ora....

Na Administração Interna, publicou-se o Decreto Lei nº 950/76 de 31 de Dezembro relacionado com os
"trabalhos indispensáveis para determinar o volume das dívidas das autarquias, bem com assumir todas as tarefas necessárias à sua execução".
Em 1977, as forças policiais tiveram um aumento de "15 por cento em todos os vencimentos". Mas não desanimem!
Nesse tempo também havia temas fracturantes.
Havia, havia:
"Quanto à prostituição: o assunto tem sido abordado juntamente com os Ministérios da Justiça e dos Assuntos Sociais. Em resolução de Conselho de Ministros foi determinada a constituição de uma comissão para estudar o assunto". E pronto, andamos há 28 anos a estudar a prostituição.


Todas as citações são retiradas de Vencer a crise, preparar o futuro - Portugal em 1977, um ano de governo constitucional (livrinho publicado pela Secretaria de Estado da Comunicação Social)

 
At 12 de outubro de 2005 às 09:17, Anonymous Anónimo said...

A JUSTIÇA, OS CANDIDATOS BANDIDOS E OS BANDIDOS ANÓNIMOS

As eleições autárquicas foram dominadas pelo debate em torno daqueles que se designou por candidatos bandidos, e apesar de as câmaras municipais serem trezentas e oito, apenas Taveira Pinto, Isaltino Morais, Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro, Avelino Ferreira Torres, mereceram o destaque da comunicação social, como se nesses concelhos estivesse em causa a nomeação de primeiros-ministros.

Mas, curiosamente, ninguém questionou a justiça, ninguém questionou a causa da morosidade das investigações;
ficámos todos contentes porque o Avelino não passou e todos irritados porque os eleitores escolheram outros quatro.

Mas se estes são bandidos, há muitos outros que serão bandidos anónimos, porque as investigações não chegaram ainda ao seu termo ou porque nesses casos o segredo de justiça foi mais rigoroso (comparece-se o que sucedeu neste capítulo com o processo Casa Pia com o silêncio sepulcral em torno do processo que envolve o Grupo Espírito Santo).
Ou seja, muitos eleitores votaram em bandidos desconhecidos, em candidatos inocentes que a qualquer momento são promovidos a arguidos, e como em Portugal a presunção da inocência só serve quando convém, a bandidos.
Mas nessa altura os dirigentes que os escolheram para candidatos vão dizer que desconheciam as investigações, e lembrar-se-ão de imediato que até transito em julgado esses autarcas serão inocentes.

Não entendo porque se passam atestados de ignorância aos eleitores e não se questiona o papel que a justiça teve nestes casos

 
At 12 de outubro de 2005 às 11:41, Anonymous Anónimo said...

O populismo e as autárquicas

Com as eleições presidenciais em curso, não sei se ainda vale a pena falar das eleições autárquicas.
Mas, para além da derrota habitual do partido do Governo, desta vez mais forte do que é costume, o tema do populismo foi muito utilizado para analisar o caso dos candidatos dissidentes do PSD e do PS.

A democracia portuguesa ainda não lidou com alguns mitos de origem das modernas democracias, nomeadamente com o do "bom selvagem" independente, e sonha ainda com eles.
Apesar de muitos destes estarem presentes na vida política local, eles contam no geral com o apoio dos partidos para se candidatarem. São no geral os próprios partidos que os vão buscar.
Nos três casos de sucesso destas eleições, lidamos sobretudo com dissidentes, cuja independência é apenas fruto do afastamento ditado pelas direcções partidárias.
A braços com problemas judiciais, forçaram as suas candidaturas perante os seus partidos de origem. Estamos portanto longe dos "independentes".

Todos os vencedores têm um passado marcante nos seus municípios, teceram uma rede poderosa de interesses à sua volta e dominaram durante anos a fio as direcções partidárias dos seus concelhos. Fazem parte, em resumo, do que se chamaria a oligarquia dominante da região. Só um estudo mais aprofundado permitirá diminuir a impressão de que, devido à sua popularidade, ganharam "contra tudo e contra todos", mas alguma intuição desmente quase de imediato o facto.

Os partidos políticos modernos são máquinas pouco disciplinadas e de escassa militância, com uma componente local que ultrapassa dificilmente os seus líderes. Provavelmente uma boa parte do aparelho partidário local esteve sempre com os dissidentes, aberta ou disfarçadamente.

As campanhas eleitorais para as autarquias são no fundamental obra de empresas de comunicação, o que favorece este tipo de candidatos perante a aparente ausência de "máquina partidária", mas o contacto entre o candidato e o povo não é obra do Espírito Santo do carisma pessoal e precisa de ideias e fundos. Os recursos financeiros que são necessários (para além dos públicos) remetem para a procura de uma aposta mais arriscada dos "interesses" nestes candidatos, deixando-os com fortes hipotecas políticas. As dissidências são sempre arriscadas e os partidos são um instrumento de segurança organizativa e de cobertura política que dá sempre jeito. Sem ela o risco é sempre grande para os dissidentes.

Apesar de a política autárquica ser dominada por uma menor polarização ideológica na sua relação com os eleitores - com o debate da "obra feita" a dominar -, ela continua a estruturar as atitudes de boa parte do eleitorado, o que não acontece com o "dissidente". Este aposta sobretudo (aí sim) no populismo discursivo, reforçado por mecanismos identitários locais.

Em resumo, os "dissidentes" que fizeram furor mediático e eleitoral são neste caso epifenómenos da saudável reacção dos partidos perante a suspeição de actos ilícitos de dirigentes locais. A sua eleição não expressa no entanto um campo aberto para um populismo emergente, para além da expressão localizada que teve, mas serve-nos de aviso perante o discurso antipartidos que domina parte do discurso sobre a política em Portugal.

Portugal tem um sistema eleitoral que favorece uma razoável dose de pluralismo na representação partidária a nível nacional e local. Permite a apresentação de listas de candidatos independentes para as eleições municipais. Pequenos interesses e nichos mais ideológicos têm uma boa capacidade de penetração no sistema político formal. Apesar de a estrutura da sociedade portuguesa ser razoavelmente homogénea em termos identitários, qualquer pressão regional tem margem de manobra para ter expressão local.

É neste contexto que se percebe mal a obsessão antipartidos que percorre uma parte da elite. As democracias com partidos fracos e descentralizados têm tendência a ser dominadas por "empresários políticos" locais, o que é diferente do "bom selvagem" independente e devoto. No caso português é bem provável que os que proliferassem fossem mais próximos dos três ganhadores. Na Europa, alguma desagregação dos partidos tradicionais tem sido bem aproveitada por um populismo anti-sistema, que também está nos antípodas deste "bom selvagem". A não ser que a defesa de proteccionismos agrícolas contra as laranjas dos vizinhos seja símbolo de vivacidade de uma sociedade civil sonhada, não é de crer que o antipartidarismo nos dê alternativas mais saudáveis. Ainda iremos preferir dissidentes a independentes.

António Costa Pinto

 
At 12 de outubro de 2005 às 11:42, Anonymous Anónimo said...

Autárquicas ilações e consequências

As recentes eleições autárquicas são daquelas que, objectivamente, não deixam quaisquer dúvidas quanto à análise dos resultados, pois constituíram tanto uma importante vitória do PSD quanto uma significativa derrota do PS.

Qualquer que seja a perspectiva que adoptemos, o triunfo do PSD é inequívoco obteve 158 câmaras municipais (mais 49 do que o PS), consolidando assim o excelente resultado de 2001, que constituía já um elevado patamar, muito difícil de manter; conseguiu a maioria de mandatos autárquicos; assegurou uma posição igualmente maioritária ao nível das freguesias; aumentou o peso em termos de capitais de distrito; registou, inclusive, a mais elevada votação global (se procedermos à redistribuição dos votos conquistados pelas coligações com o CDS/PP). Em suma: todos os objectivos traçados pela direcção política do partido foram alcançados. Está, por isso, de parabéns, Luís Marques Mendes, que vê assim recompensado o acerto das suas decisões e a seriedade da forma como tem feito oposição.

Do lado do PS a situação é exactamente a inversa nenhum dos objectivos definidos foi atingido. Esperava-se, por isso, que por uma questão de decência política os seus responsáveis nacionais viessem assumir, com frontalidade, a dimensão da sua derrota. Mas não. Isso já seria pedir muito. Do Largo do Rato vieram apenas umas vagas declarações sobre o facto de os resultados terem ficado aquém das expectativas…

Importa, evidentemente, proceder a uma avaliação daquilo que aconteceu no domingo passado e das razões que determinaram a correlação de forças entre os dois principais partidos.

É evidente que uma parcela não despicienda das causas se situa no plano concelhio e se prende com a apreciação que os eleitores fizeram do trabalho desenvolvido pelos autarcas e com a qualidade política - ou falta dela - dos candidatos apresentados. A esta luz percebe-se, nomeadamente, a consolidação da posição de Rui Rio, de Carmona Rodrigues, de Fernando Seara, de Carlos Encarnação ou de Luís Filipe Menezes, a vitória de Moita Flores ou os paupérrimos resultados de Manuel Maria Carrilho, de Francisco Assis ou de João Soares.

Mas os resultados são também, em larga medida, produto de uma avaliação negativa do desempenho político do Governo. E dessa constatação devem-se retirar ilações concretas em termos da orientação da actuação do Executivo e, em especial, do primeiro-ministro.

Queria, aliás, deixar bem claro que não comungo, em nada, das opiniões que consideram que não pode nem deve fazer-se uma leitura política nacional das eleições autárquicas. Ao contrário essa leitura é importante e é necessária. O que devemos é ter o cuidado de distinguir entre ilações e consequências. Porque uma coisa é compreender razões e atribuir responsabilidades e outra, bem diversa, é partir daí para fazer exigências absurdas como, por exemplo, a demissão de um Governo na sequência de um desaire autárquico, ainda que este assuma grandes proporções.

Compreendendo a delicadeza da situação, o PS desencadeou imediatamente uma tentativa de explicação tudo se ficaria a dever às difíceis reformas empreendidas, que teriam conduzido a uma degradação da imagem pública do Governo. Um Governo que - convém recordá-lo - se encontra em funções há apenas seis meses.

Essas teses simplistas não convencem ninguém. O problema do Governo não é ser impopular por estar a fazer coisas difíceis. É ser impopular porque, de duas uma ou não está a fazer aquilo que devia ou, quando está a fazer alguma coisa certa, o seu comportamento é tão desastrado que os aspectos procedimentais acabam por pôr em causa a correcção das decisões.

Ultrapassada a inicial - e excessiva - tolerância para com as medidas anunciadas pelo eng. José Sócrates, é hoje evidente, a cada dia que passa, que os elogios sobre as políticas foram substituídos, apenas, pelas referências à coragem e à determinação do primeiro-ministro. E palpita-me que daqui a pouco tempo, em vez de se falar em coragem e determinação, se falará daquilo que verdadeiramente existe obstinação e teimosia.

O problema central do País é ter um primeiro-ministro e um Governo que não fazem a mais pequena ideia quanto ao que deve ser o nosso futuro colectivo e que, não sendo capazes de definir uma orientação estratégica, vivem do movimento e da agitação. E isso, infelizmente para Portugal, não vai mudar. Porque essa é a mensagem inscrita no código genético do PS.

José Correia

 
At 12 de outubro de 2005 às 16:56, Anonymous Anónimo said...

SUSPEITOS ANÓNIMOS

Começa no próximo dia 31 - será que começa? - o julgamento de Fátima Felgueiras.

Mas a presidente eleita da Câmara de Felgueiras - acusada de 23 crimes de abuso do poder, prevaricação, peculato e participação económica em negócio, agravados, eventualmente, por fuga e obstrução à justiça - já disse que espera que “todos saibam tirar as suas ilações” da expressão da vontade do povo. O próximo episódio é com a justiça e veremos como vão actuar as magistraturas sob a pressão do voto popular e da previsível presença de centenas ou milhares de felgueirenses, em directo para as televisões, à porta do tribunal.

Outros casos, dos que estiveram na ordem dos dias nas autárquicas, estão em fase processual mais recuada, enredados no rotineiro atraso da justiça portuguesa. E esta é a grande questão. A justiça portuguesa demora na elaboração dos inquéritos e no julgamento dos processos um tempo inversamente proporcional à celeridade com que os nomes dos suspeitos aparecem em público, reduzindo a zero o princípio da presunção da inocência. Toda a gente reconhece e condena a situação mas ninguém mexe um dedo para alterá-la.

Alguns resultados das autárquicas podem explicar, da parte de alguma classe política, a indiferença perante a paralisia da máquina judicial. É que ficou provado que o mediatismo que rodeia a suspeita compensa eleitoralmente. E assim, em futuras eleições, é bem provável que se multiplique o número de candidatos sob suspeita pública. E não faltará matéria-prima. Com 264 inquéritos e 41 investigações a decorrer relativos às autarquias, segundo números do DN, tocando todas as cores políticas, por cada suspeito conhecido haverá cerca de 70 suspeitos anónimos.

Bem vistas as coisa, é bem mais fácil, e eventualmente mais rentável, aceder à condição de suspeito que à de figurante da televisão.

 
At 12 de outubro de 2005 às 17:01, Anonymous Anónimo said...

Depois dos estimulantes resultados eleitorais nas autárquicas o PS está à procura do rascunho do texto que o levou ao poder. Muitas vezes os socialistas pensam que descobriram a fonte da eterna juventude e depois, em forma de anedota, percebem que ela era o chafariz das rugas precoces.
É típico. O PS, entre o Governo maioritário e as devastadoras autárquicas, é um partido que procura um destino. Sabe-se porquê. O PS é um partido de mil problemas mal resolvidos: com Mário Soares, com Guterres, com Ferro, com Fátima Felgueiras, com Vara, com Fernando Gomes, com Manuel Alegre. O PS é um dependente de problemas. Vive permanentemente assombrado por fantasmas que criou depois de vários delírios. Por isso escolhe personagens de filmes de Tim Burton como candidatos, sejam eles de série Z como Carrilho ou de série «spaghetti» como Assis. Depois das autárquicas o PS volta a coçar-se. E regressa aos seus dilemas psicológicos. O PS, às vezes, não é um partido. É um divã. E as autárquicas apenas fizeram regressar os pesadelos das presidenciais. Soares é o pai que o PS nunca conseguirá desprezar. Alegre é o tio que alerta para as suas traquinices. Sócrates está num dilema: deve ser Dom Quixote ou Sancho Pança? E esse é o problema, agora, de Portugal.

 
At 12 de outubro de 2005 às 22:13, Anonymous Anónimo said...

Caro Pullthatrigger

Não se trata de uma questão partidária, apenas não consigo entender, estes resultados.

 
At 13 de outubro de 2005 às 14:16, Anonymous Anónimo said...

Não admira que o Taveira Pinto tenha ganho as eleições! Logo que saíram os resultados achei que algo de estranho se teria passado e não me enganei.
O corrupto, o bandido e o vilão Taveira Pinto compraram os votos em Montargil, Foros de Arrão e Galveias. Eis a resposta para acto tão vil só ao alcance de vermes, como ele: ofereceu móveis e mobílias a muitas famílias dessas localidades antes das eleições, e, de papel em punho foi anotando as necessidades dessa pobre gente, que ainda sofre da doença de ilusão. Com que dinheiro o selvagem pintarrusco fez tamanha dádiva? De gente como este verme político estamos nós fartos e está na hora de nos livrarmos deste ladrão e acólitos.

 
At 13 de outubro de 2005 às 14:25, Anonymous Anónimo said...

PILHAS DURACEL...com amargos de boca!

 
At 13 de outubro de 2005 às 16:20, Anonymous Anónimo said...

Tácticas e estratégias

Sun Tzu dizia que «a estratégia sem táctica é o caminho mais lento para a vitória. Táctica sem estratégia é o ruído antes da derrota». É este dilema que causa aflição ao PS profundo que não sabe como cicatrizar as feridas da derrota autárquica.
Para alguns socialistas Sócrates adoptou a táctica de combater demasiadas batalhas ao mesmo tempo sem ter forças disponíveis para tantas iniciativas bélicas. O PS pode ter uma estratégia perfeita para adicionar oxigénio ao balão que salva o país. Mas, tacticamente, está a comportar-se como o incendiário que vai de carro e deita fósforos acesos em todas as esquinas da estrada. Isto é: arrisca-se a ser queimado no seu círculo de chamas. Quem o sentiu primeiro foram os autarcas que se viram apeados dos seus tronos. Não quer isto dizer que Sócrates não tem razão quando ameaça fazer reformas estruturais. Só que o líder do executivo, em vez de utilizar uma gaita de foles para atormentar cada corporação, decidiu comprar um trombone para assustar todas ao mesmo tempo. Como táctica política é um desastre. E isso acaba por pôr em causa toda a estratégia que poderia estar definida nos seus princípios de actuação governativa. Como estratega Sócrates pode ser um génio. Como táctico está a revelar-se um irmão de Santana Lopes

 

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