terça-feira, 20 de dezembro de 2005

100 MIL NOVOS DESEMPREGADOS

Quem pára o desemprego?


Não são angustiantes os novos dados que nos dizem que todos os dias mais 50 portugueses ficam sem emprego.
A continuar a este ritmo, serão necessários mais seis anos para que mais 100 mil trabalhadores fiquem desempregados.
O que é dramático é que o desemprego tenha subido 16% para os quadros qualificados.

A quantidade de licenciados desempregados que é excluída do mercado de trabalho é, em si, um facto muito mais preocupante que a actual sangria continuada. Porque isto significa que o desajustamento entre a procura e a oferta de trabalho não é repartido igualmente pelos vários níveis profissionais e, sobretudo, porque prova que Portugal está a ter demasiadas dificuldades para encontrar uma linha de desenvolvimento económico assente na qualificação dos recursos humanos.

Ora este até é o ponto central da política económica do Governo. Qualificação dos recursos humanos, sociedade do conhecimento, plano tecnológico, investigação e desenvolvimento?
Neste aspecto, pelo menos em teoria, o Governo compreende o que se está a passar.

No entanto, de que servirá uma injecção de qualificação em recursos humanos de baixa formação quando temos inúmeros recursos com elevada formação que são encostados ao desemprego?
Fará algum sentido económico que o dinheiro, que o Estado e as famílias investiram na formação superior, seja remetido para a inutilidade do desemprego?
Fará sentido que as prioridades se concentrem em habilitar os que são trabalhadores, de alguma forma, indiferenciados mas que, pelos vistos, têm muito mais facilidade em manter os seus empregos e em encontrar novos quando estão desempregados?

Dir-nos-ão que Portugal está a sofrer as consequências de ter andado a ministrar durante anos cursos superiores sem saída profissional, pois serão esses o tipo dominante de licenciados desempregados.

Porém, mais uma vez, não será preferível apostar em quem já tem capacidades decorrentes de uma formação superior?
Não seria mais útil enfrentar a questão do que continuar a olhar para a permanente subida do termómetro do desemprego como se este fosse apenas consequência de uma gripe e não a manifestação de um profundo desequilíbrio de qualificações?

É claro que o Governo tem uma resposta para isto.
O ministro do Trabalho repetiu-o a propósito dos novos dados do IEFP.
Vieira da Silva disse que o Governo espera inverter o crescimento do desemprego através dos novos investimentos públicos e das políticas públicas.

Mas leia-se o programa do Governo e alguém acredita que a panaceia seja através de sistemas de microcrédito, de unidades cooperativas ou de um controlo mais apertado, ainda que fundamental, do recurso ao subsídio de desemprego?

Alguém acredita que a Ota e o TGV sejam a solução para o desemprego?

Excluindo o recurso ao aumento das contratações na função pública, remédio para o desemprego utilizado longamente por vários governos, alguém duvida que só o aumento geral e continuado do investimento das empresas conseguirá inverter a actual escalada?

Portanto, o que vai o Governo fazer para estimular as empresas a investir?


Eduardo Moura

7 Comments:

At 20 de dezembro de 2005 às 16:40, Anonymous Anónimo said...

Nada!
Nada!
Nada!

O estado está "teso"...

A despesa atingiu hoje o seu valor máximo.

É este o "des"governo "xuxalista" que temos não há milagres e para agravar tudo ainda mais vem aí a OTA e o TGV.

Não há "santidade" que nos safe...

 
At 20 de dezembro de 2005 às 16:43, Anonymous Anónimo said...

Dívida do Estado supera 100 mil milhões em Novembro

O stock da dívida directa do Estado ascendia a 100,5 mil milhões de euros, mais 8,4 mil milhões que em Dezembro de 2004, apresentando um crescimento de 12% face ao mesmo período de 2004, revela a nota mensal da Direcção-Geral de Estudos e Previsão (DGEP).

 
At 20 de dezembro de 2005 às 16:44, Anonymous Anónimo said...

Face às projecções do PIB incluídas no reporte do défice enviado em Março a Bruxelas, o valor pesa 71,5% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado para este ano (140,5 mil milhões de euros), e fica amplamente acima do objectivo consagrado no Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) em termos de consolidação das finanças públicas dos países da zona euro.
Os números da DGEP comparam com previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) que numa avaliação recente à economia portuguesa projectando que a dívida do Estado represente 65,6% do PIB este ano, subindo para 66,6% em 2006.

De acordo com a nota mensal de conjuntura do Ministério das Finanças, que compila números do INE, da DGO e do IGFSS, excluindo a despesa de anos anteriores, o défice global da execução orçamental do Estado foi de 8 649 milhões de euros e o défice primário alcançou 4,7 mil milhões de euros em Novembro.

A receita total aumentou 5,2%, em base homóloga, com a receita fiscal a crescer 7,5%, em resultado do aumento dos impostos indirectos (10,7%) e dos impostos directos (2,3%). A evolução dos impostos directos reflecte o acréscimo da receita do IRS (4,8%) enquanto que a receita do IRC registou um decréscimo (2,8%), este último influenciado pela redução da taxa.

A maioria dos impostos indirectos registaram uma evolução positiva, salientando-se o aumento do IVA (12,3%) e do Imposto de consumo sobre o tabaco (27,5%).

A evolução da despesa corrente primária (sem despesa de anos anteriores) veio influenciada pelo aumento das transferências correntes para a Administração Pública (20,7%), salientando-se as transferências para o serviço nacional de saúde e para o orçamento da segurança social, e das despesas com pessoal (5,3%).

Na Segurança Social, a execução orçamental registou um aumento nas receitas de 6,3% e nas despesas de 5,6%, da qual resultou um saldo de 456 milhões de euros (336 milhões de euros em igual período de 2004).

A despesa com pensões continuou a crescer a um ritmo elevado (perto de 8%), e as despesas com o subsídio de desemprego e apoio ao emprego aumentaram 8%, para os 1,49 mil milhões de euros, indicam os números da DGEP.

 
At 20 de dezembro de 2005 às 16:46, Anonymous Anónimo said...

O PIB per capita português, medido em paridades de poder de compra, em 2004, estava 28% abaixo da média dos países da União Europeia a 25, era o mais baixo da Zona Euro e situava-se ligeiramente acima do registado pela República Checa e Malta, segundo os dados hoje divulgados pelo Eurostat.

Segundo os dados hoje divulgados pelo instituto de estatística da Comissão Europeia, Portugal continua a empobrecer face aos seus parceiros da União Europeia.

Em 2003, o PIB per capita português estava 27% abaixo da média da UE a 25, tendo o processo de convergência apresentado uma deterioração o ano passado, com a economia nacional a crescer abaixo da UE nos últimos anos.

O índice para Portugal em 2004 situava-se nos 72, significando que o PIB per capita português equivale a 72% da média da UE a 25, ou seja, está 28% abaixo da média.

Em conjunto com a Malta e a República Checa, Portugal pertence ao grupo de países que está 30% abaixo da media europeia, em termos de PIB per capita.

A República Checa passou de uma diferença negativa de 32% em 2003 para 29% em 2004 e a Malta de 28% para 32%.

Entre os novos países da União Europeia, o Chipre e a Eslovénia apresentam melhores valores que os de Portugal.

Na Zona Euro, a Grécia regista um PIB per capita 18% inferior ao da UE a 25 e a Espanha apenas 2% abaixo.

Os valores para os vários países da UE a 25 divergem entre os 227% apresentados pelo Luxemburgo e os 43% da Letónia.

 
At 20 de dezembro de 2005 às 16:48, Anonymous Anónimo said...

QUEM NÃO DEVE NÃO TEME?

PS recusa audição a ex-coordenadores do Plano Tecnológico

O Partido Socialista votou hoje contra o requerimento apresentado pelo CDS/PP no sentido de serem ouvidos em comissão parlamentar os antigos coordenadores do Plano Tecnológico, José Tavares e Miguel Lebre de Freitas, e o actual Carlos Zorrinho.

 
At 20 de dezembro de 2005 às 17:48, Anonymous Anónimo said...

UM ECONOMISTA RAZOAVEL OU UM CHARLATÃO?
A economia está longe de ser uma ciência exacta, mas o conhecimento que hoje se tem dos fenómenos económicos impede que se confunda o discurso de um economista do de qualquer um charlatão, a não ser que o economista conte com uma imensidão de economistas coniventes com a mentira e fale para uma audiência de papalvos.

Os anos do governo de Cavaco Silva foram os anos de ouro do século XX português, algo que na nossa história só é comparável, embora em menor dimensão, à vinda do ouro do Brasil ou do comércio das especiarias que se seguiu à descoberta do caminho marítimo para a Índia.

Durante uma década, graças a uma adesão à CEE para a qual o PSD pouco ou nada contribuiu, Portugal beneficiou de muitos milhões de ecus, no ano de maiores ajudas comunitárias estas chegaram a atingir os 3,7% do PIB português, para além de se terem mantido algumas ajudas no âmbito da EFTA a que Portugal tinha pertencido. Além disso, vivia-se num contexto económico em que a nossa economia ainda encontrava vantagens comparativas, os nossos barcos pescavam, os nossos agricultores cultivavam, os nossos têxteis vestiam, e os nossos empresários até pareciam bons empresários.

Embora se queira fazer querer, a saída de Cavaco não foi a desgraça do país, sem tantas ajudas e num ambiente económico mais adverso Portugal conseguiu entrar para o Euro, algo em que muitos poucos acreditavam e que algumas economias mais desenvolvidas só alcançaram com sacrifícios.

Então porque razão Portugal divergiu da Europa?

A resposta a esta interrogação não está no período pós-Cavaco, as ajudas que Portugal recebeu não foram ajudas ao rendimento às nossas classes mais abastadas por terem perdido os recursos coloniais, foram ajudas para preparar Portugal par o futuro, para as mudanças que aí vinham. E se Portugal divergiu da Europa é porque, ao contrário da Espanha ou da Irlanda (porque será que Cavaco fala da Espanha e da Califórnia e se esquece da Irlanda?) Portugal não se preparou para esse futuro.

Cavaco Silva até poderá ser um economista razoável (de quem não se conhece grande obra teórica), mas é certamente um charlatão, pois só um charlatão se gaba de dez anos fundamentais para o futuro do país e tenta transformar em votos a desgraça económica que nos deixou como herança política.

Para Cavaco tudo vale, o homem que derrubou um colega de partido para que o governo PSD não fosse um escolho à sua ambição não tem limites

 
At 20 de dezembro de 2005 às 22:59, Blogger J said...

O Cavaco. Quando for para S. Bento outra vez, graças aos Alegres, depois de ter corrido com Sócrates, e posto um "cabeça de abóbora" em Belém... Onde é que já vimos este filme??

 

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