quinta-feira, 2 de março de 2006

BANCOS... COITADOS NÃO LUCRAM NADA? [parte II]

Agarra que é ladrão!

Os bancos querem introduzir comissões pela utilização do Multibanco. Assim como cobram a generalidade dos serviços prestados aos clientes - os que eles pedem, os que eles não pedem e os que eles nem notam -, incluindo uma anuidade pelo cartão, também entendem que a utilização dos ATM deveria ser cobrada. Com dois objectivos: tornar mais claro para o cliente o custo do serviço e desincentivar o uso excessivo.


Há pelo menos 10 anos que os bancos andam às voltas com a taxa do Multibanco. O assunto, aliás, adquiriu carácter cíclico. Ora vem ora vai mas mas volta sempre.

Os bancos querem introduzir comissões pela utilização do Multibanco.


Assim como cobram a generalidade dos serviços prestados aos clientes - os que eles pedem, os que eles não pedem e os que eles nem notam -, incluindo uma anuidade pelo cartão, também entendem que a utilização dos ATM deveria ser cobrada. Com dois objectivos: tornar mais claro para o cliente o custo do serviço e desincentivar o uso excessivo.

Este é um caso em que o feitiço se virou contra o feiticeiro. O sucesso do Multibanco foi tal que os portugueses não querem outra coisa. É vê-los a realizar todo o tipo de operações nos ATM, que em certas ocasiões já parecem os velhos balcões, tal a fila de espera, e isto apesar de termos o maior número de postos por milhão de habitantes, logo a seguir a Espanha.

Portugal está consistentemente à frente na utilização do dinheiro de plástico, muito embora o valor unitário de cada operação fique abaixo da média.

É assim razoável que a banca queira cobrar comissão da utilização do Multibanco, para impedir uma utilização excessiva ou para induzir os clientes a preferirem os ATM do banco onde têm domiciliada a conta.

O problema da banca... é a banca em si. Em primeiro lugar, os portugueses habituaram-se a olhar para os bancos como a arte suprema do roubo organizado. Só falta dizer, agarra que é ladrão.

Também tem sido desastrosa a forma como têm «vendido» a necessidade da taxa. Veja-se o «timing», por exemplo. Num ano em que os bancos lucraram globalmente à volta de 2.000 milhões de euros não é fácil vender a tese de que não podem suportar o custo das operações electrónicas com dinheiro de plástico, que tanto apoiaram as estratégias de redução de efectivos empreendidas pelo sector nos últimos 20 anos.

Se é razoável defender a aplicação de uma taxa, em linha com o que é praticado em vários países europeus, o que os bancos não podem é estar constantemente a utilizar a técnica do «toca e foge». Há anos que gerem este tema aos avanços e recuos. Visto de fora mais parece que não querem fazer nada.

Se o assunto é para levar seriamente, convinha que explicassem:
a) quanto custa cada operação no Mutibanco;
b) qual o valor médio de cada operação.
Com os números à frente, o anúncio de um novo modelo teria sempre de ser precedido de um período de tempo razoável para adaptação dos clientes consumidores. Assim é que não.

Luísa Bessa