terça-feira, 21 de março de 2006

A GERAÇÃO C.P.

A população europeia, a portuguesa e a pontessorense em especial está, cada vez mais, como os dinossauros: extinguem-se porque não cabem na arca de Noé. Hoje somos tão saudáveis aos anos 70 anos como os nossos pais eram aos 50. Paralelamente, o emprego organizacional termina mais cedo do que no passado. No séc. XXI a reforma virá aos 55, só que a maioria de nós terá mais 20, 30, 40 anos de vida activa pela frente.

Estudos recentes demonstram que a Europa (envelhecida) está a perder a batalha da demografia. A população europeia perde em relação à população mundial, devido à fraca taxa de fecundidade no Velho Continente. Há 50 anos a população europeia representava 22% da população mundial; hoje representa 12%; e em 2050 representará 6%. Esta parece ter sido também a tendência com a transição para a democracia nos países do Leste europeu. Foi graças à imigração que esta tendência se atenuou.

Mas quais são as razões deste crescimento negativo da população europeia? A diminuição do número de casamentos, o aumento de divórcios, a maternidade tardia, e agora o estrondoso argumento do Sr. Levitt com o aborto e a evitação de muitos criminosos na América e no mundo exportados pela dita América - explicam o passivo das estatísticas. Por outro lado, aumenta a longevidade das pessoas. Na Islândia a esperança de vida dos homens é de 78 anos. Em Portugal é de 73 anos, das mais baixas da Europa, enquanto nos restantes países da Europa se situa, em média, entre os 73 e 77 anos. Com as mulheres essa esperança de vida aumenta.

Mas as estatísticas não choram nem explicam o despovoamento planetário.
No centro da cidade de Ponte de Sôr é uma desgraça.
Será da pobreza generalizada com a globalização infeliz?
Da água da cidade fornecida pelo Taveira Pinto, que mata mais que as guerras?
Da falta de planeamento familiar e dos baixos índices de alfabetização?
Será do desemprego?
Mas o Sr. Levitt remata-nos com o estrondoso argumento do aborto...

Tudo, portanto, conduz à incerteza e ao conflito na troika de gerações (pais – filhos - netos). Parece até que há uma turbulência nas três gerações do séc. XX para atingir a felicidade.

Assim, os nossos avós (1920) são a geração mimada da globalização dado que atingiram os objectivos profissionais e os direitos sociais num regime de auto-satisfação e num clima de crescimento regular; a geração dos nossos pais (1940) são os afilhados da globalização porque lutaram por esses direitos sociais e neutralizaram o risco por recurso ao endividamento do Welfare-State do pós-guerra; a minha geração (1950/60) é a órfã da globalização competitiva porque não consegue proteger-se do risco e incerteza, coabita com as injustiças sociais e fiscais e é incapaz de regular a ditadura dos mercados do neoliberalismo.

Muitos ainda vivem em casa dos pais e dão umas quecas nas namoradas às escondidas, com receio de serem agarrados pelos respectivos progenitores.
Isto passa-se com jovens de quarenta e tal anos.
É a chamada Geração - CP - a geração que por não se ter tornado independente ainda vive em Casa dos Pais (CP).
Qualquer dia escrevo um livro sobre o tema, afirmo humildemente umas bacoradas mais ou menos bem engendradas que entenda relevante para a economia, peço a chancela credibilizadora de meia dúzia de economistas que agora viraram cómicos em directo na TV, tipo Miguel Beleza, e faço um sucesso de bilheteira estrondoso como o Sr. Levitt.
Eis a receita do sucesso neste mundo povoado de pacóvios acríticos.

Mas é esta falta de gente - que não nasce - ou por causa do aborto ou por causa do desemprego (inclino-me mais para esta última razão, até porque é menos ficcional e mais séria) que se colocam sobre a mesa os graves problemas de financiamento ao nível da segurança social que dificulta a formação de maiorias sociológicas no poder do actual Estado (social) Europeu.

Enquanto isso, o país anda entretido com a fome sexual da banca lusa, por entre OPA’s e contra - OPA’s neste Portugal à beira-mar enterrado.
O Taveira Pinto, tenta vender o Parque de Campismo de Montargil, para desviar a atenção das investigações da Judiciária e da Água Altamente Tóxica que fornece aos concidadãos.
Já não sei bem porquê, mas hoje acordei com esta imagem na cabeça... E depois pensei que bem poderiam ser as tais progenitoras a monitorizarem - a partir do banco do jardim - as tais maroscas que os respectivos filhos de 40/50 anos fazem com as namoradas (e namorados, porque muitos deram em gay embora alguns não integrem ainda o BE) nas tais Casas dos Pais...


Pedro Manuel