sábado, 4 de março de 2006

O PETROLEO E OS TRANSPORTES PUBLICOS DA PONTE DE SOR


1: As energias são bens que se perpetuam como bens pelo valor da sua ausência.
A abstinência de recursos, ou o gradual aumento da sua escassez, é um tema profícuo a estudo academico.
No seculo XIX, Malthus errou.
Os avanços tecnologicos do seculo seguinte constituíram marca da modernidade.
As especulações em torno de tal cenário hipotéticó-diabolesco deixaram então de assentar no cepticismo de uma sociedade em mudança sobre a qual Malthus dissertou.
Esse cepticismo deu lugar a um relativo-optimismo.
A relatividade residia (e reside) nos exponeciais avanços que se registaram, onde a probabilidade da verificação de tal acontecimento passou a assentar numa balança que pesa a velocidade em que evoluem, por um lado, as necessidades e o consumo, e por outro, o grau de tecnologia existente.
A verdade é que também hoje a nossa sociedade está em mudança.
O cidadão comum pode não apercebe-lo, mas o cientista concebe-o no seu dia-a-dia.
A diferença está em que aquele percepciona com o que conhece, e este tem a noção do que poderá deixar de ser desconhecido.
Vem isto a prepósito do petróleo.


2: Não há dia nenhum que passe e que, ao folhear um jornal, não se leiam notícias que directa, ou indirectamente, se relacionem com o preço do petroleo ou com conflitos e negócios associados.
As trocas multilaterais EUA – Medio Oriente – Europa são a imagem de como as relações mundiais se espelham numa bola de interesses que excende a mera constatação da existência ou não de animosidades histórico-ideologico-culturais, embora por elas sejam condicionadas.
Na esfera da actualidade, se estão a pensar em justificações para a invasão ao Iraque ou na vontade de Bush de destituir do cargo Mahmoud Ahmadinejad, pensem também na efémera (e, deliberadamente ou não, pouco mediatizada) notícia de meandros do ano passado, que dava conta de acordos estabelecidos entre Socrátes e o líder da Líbia, um país com um regime totalitário, oligarquico e corrupto, e com um povo oprimido, mas que exporta petróleo, é claro! Quaisquer conivências diplomaticas refletem somente o objecto de interesse e nada mais para além disso.


3: Mas deixemos de falar na salvação do mundo e cheguemos a uma conclusão: há que poupar gasolina. É que se isto da falta do petroleo dá asas ao investimento em sucedâneos, também conduz (ou deveria conduzir) a uma atitude mais responsável das entidades públicas na valorização da sua propria rede de transportes. Para o bem-com esta deveria ser massificada e acessível a todos. E aqui, investe-se? Ponte de Sor é traste neste aspecto e um triste exemplo demais evidente desta contradição. Todos os fins-de-semana me desloco em transportes publicos e fico refém da pauperrima rede que liga a Ponte de Sor ao resto do mundo.
Querem estudantes universitários?
Então dêem-lhes condições.
Se cada vez mais o preço dos derivados do petroleo aumenta, reflectindo-se no custo de aquisição de uma panóplia de bens e serviços, então disponham incentivos para que o consumidor possa preterir a mobilidade do seu carro particular em troca de um serviço menos dispendioso para si e mais favorável ao bem de todos.
A OTA e o TGV são atraentes, engraçados e talvez mesmo necessários, mas o problema real não está em construir ou não novos meios e no debate que dele emerge, mas na atitude de dar maior utilidade e eficiência aos meios disponíveis agora e no futuro, correndo o risco de tais empreendimentos não surdirem os efeitos pretendidos por subsquente ausência de exploração devida.
É a história de construir um estádio de 40.000 lugares que ao fim de semana acolhe 1500 adeptos.
Ou a minha história de ingenuamente pensar que, ao não me deslocar em veículo próprio, estou a praticar um favor à comunidade, pela (suposta) poupança, quer em dinheiro, quer em poluição, quer em mais conflitos no Medio Oriente...
Ora não é isto que o Estado procura?

Ricardo Cardoso

2 Comments:

At 5 de março de 2006 às 04:26, Anonymous Anónimo said...

O problema nem são os cartoons.. Vejam o problema, em de notícias de hoje:


Preço do crude em máximo de 4 semanas com tensão entre Irão e Ocidente

DE



O preço do petróleo atingiu hoje um máximo de quatro semanas, com os mercados internacionais a ressentirem-se do agudizar da tensão envolvendo o Irão e os países ocidentais, que poderá causar um corte das exportações da República Islâmica.

Diplomatas do Irão e da União Europeia falharam hoje um acordo em relação ao programa de enriquecimento de urânio do país do Médio Oriente, dias antes do caso ser discutido no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O Irão, um dos maiores produtores mundiais, ameaça retaliar contra possíveis sanções cortando as suas exportações, numa altura em que os preços do petróleo estão acima do ano passado devido à escassez da oferta.

Em Nova Iorque, o preço do barril de crude para entrega em Abril fechou em 63,60 dólares, uma subida de 0,4%.

Na sessão electrónica, o "light sweet crude" atingiu a cotação mais alta desde 7 de Fevereiro, 63,79 dólares.

Esta semana, o barril norte-americano valorizou 1,1%.

Em Londres, o preço do barril de Brent para entrega em Abril fechou a recuar sete cêntimos, para 64 dólares, depois de ter atingido um máximo de um mês durante a sessão, 64,64 dólares.

 
At 7 de março de 2006 às 10:23, Anonymous Anónimo said...

dois comboios directos diários P Sor lisboa...Querem TGV´s para quê? Só se for para enriquecer uns quantos empresários...

 

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