POR ESTE ANDAR... QUALQUER DIA VAMOS COPIAR O SISTEMA EUA
O primeiro-ministro, José Sócrates, mostrou-se hoje "impressionado" com o nível educacional e com a organização do sistema de ensino finlandês, sobretudo na aprendizagem da língua inglesa e na utilização de meios informáticos.
No primeiro ponto do programa da sua visita oficial de 24 horas à Finlândia, José Sócrates visitou uma escola de Helsínquia considerada uma referência no ensino básico.
A Escola Básica de Ressu tem 400 alunos, com idades compreendidas entre os sete e os 16 anos, e 37 professores no quadro.
Acompanhado pelos ministros da Economia e da Inovação, Manuel Pinho, e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, José Sócrates ouviu dos responsáveis pela direcção do estabelecimento de ensino uma explicação sumária sobre o funcionamento da escola, que é propriedade do município de Helsínquia.
A autarquia suporta todos os custos de funcionamento, incluindo livros e outros materiais escolares.
O chefe do Governo português ficou a saber que a política nacional de combate ao insucesso escolar na Finlândia começou a ser concretizada na década de 70 e que na Escola Básica de Ressu há sempre um professor na sala de aula para ajudar os alunos que revelarem maiores dificuldades na aprendizagem de uma determinada matéria.
O primeiro-ministro quis saber se os alunos com maiores dificuldades de aprendizagem são ajudados com aulas extra, mas os responsáveis da escola explicaram-lhe que esse tempo lectivo suplementar era considerado desnecessário.
"Numa sala de aula, há sempre mais do que um professor. Logo que um aluno revela uma dificuldade, um dos professores da sala assiste-o", explicou uma das directoras da escola.
José Sócrates visitou depois uma sala de crianças com sete anos de idade, cuja aula estava a decorrer totalmente em inglês e em que os alunos revelaram plena compreensão deste idioma.
Com José Sócrates, entraram na sala de aula cerca de 20 pessoas, incluindo repórteres de imagem, mas o aparato da chegada nem por um momento fez com que as crianças desviassem a sua atenção da lição que estava a ser dada pelo professor.
Depois de ler uma história em inglês, o professor pediu às crianças para abrirem os respectivos computadores e seleccionarem um programa informático de aritmética - apelo que foi cumprido imediatamente.
No final da visita, o primeiro-ministro português confessou aos directores daquela escola que estava "impressionado" com o que vira e ouvira.
Sócrates ficou ainda a saber que, na Finlândia, os professores dos 12 graus de ensino antes dos níveis politécnico e universitário são seleccionados por decisão dos conselhos de escola, organismo com representantes da autarquia e dos pais, mas também com um elemento indicado pelos professores e outro pelos alunos.
Nos 12 primeiros graus escolares, cada escola é avaliada pelo seu desempenho - mas não unicamente com base nas notas averbadas pelos alunos em exames nacionais - e as que registarem melhores índices de desempenho têm direito a um reforço do orçamento.
Em Helsínquia, onze por cento dos alunos são filhos de imigrantes.
Estas crianças têm direito a aulas na sua língua materna, sendo os respectivos professores seleccionados pelas comunidades estrangeiras residentes em cada localidade do país, a partir de uma lista fornecida pela autoridade local finlandesa.
Nas conversas que teve na escola, José Sócrates ficou ainda mais espantado quando ouviu que na Finlândia os melhores alunos "querem ser professores". "Não é por causa do salário, que não é muito elevado. Ser professor significa respeitabilidade social", explicou uma das directoras da Escola Básica de Ressu.
No final da visita, o primeiro-ministro ofereceu à escola uma guitarra portuguesa e recebeu dos alunos um boneco de um coelho sentado numa carteira escolar.
Esperemos que as "impressões" se estendam aos pontos centrais da notícia:
1) A Escola Básica de Ressu tem 400 alunos, com idades compreendidas entre os sete e os 16 anos, e 37 professores no quadro. Um ratio professor/aluno de quase 1 para 10. E cá?
2) A autarquia suporta todos os custos de funcionamento, incluindo livros e outros materiais escolares. Por cá, ainda estamos no percurso inverso. Será para manter?
3) O primeiro-ministro quis saber se os alunos com maiores dificuldades de aprendizagem são ajudados com aulas extra, mas os responsáveis da escola explicaram-lhe que esse tempo lectivo suplementar era considerado desnecessário. Por cá, as aulas de substituição estão na moda. É para manter?
4) Depois de ler uma história em inglês, o professor pediu às crianças para abrirem os respectivos computadores e seleccionarem um programa informático de aritmética - apelo que foi cumprido imediatamente. Em a banda larga ou estreita, o ratio de computadores/aluno ainda não é de 1/1, como lá. Para alterar?
5) Nas conversas que teve na escola, José Sócrates ficou ainda mais espantado quando ouviu que na Finlândia os melhores alunos "querem ser professores". "Não é por causa do salário, que não é muito elevado. Ser professor significa respeitabilidade social", explicou uma das directoras da Escola Básica de Ressu. E por cá, como se tem tratado a respeitabilidade dos professores?
Não basta ficar impressionado, é preciso perceber porquê ...
Irr.
6 Comments:
SÓCRATES FOI À FINLÂNCIA
Aprender como aquele país se tornou numa potência tecnológica, e faz muito bem. Mas poderia aproveitar a viagem para saber como os cidadãos daquele país são tratados pelo Estado, talvez fosse boa ideia que o nosso primeiro-ministro entendesse que não há progresso por partes, que naquele país progresso tecnológico e progresso social anda a par.
Deixem-se de "merdas"... de uma vez por todas...
Não importem mais escolas com tanques para lavar "skis"...
Começamos todos a ficar fartos da política de "merda" do José Sócrates aquele que diz que é "Engenheiro", o qual fez o curso em que universidade?
Depois de copiar os aspectos mais tenebrosos do modelo britânico da Dama de Ferro, depois de se ter preconizado para o País o modelo das economias asiáticas de mão-de-obra barata e descartável, depois de correr atrás do modelo da Irlanda, depois de sonhar com o modelo da Califórnia, Portugal prepara-se agora para importar o modelo da Finlândia.
Mas qual Finlândia? A das 25 universidades, todas públicas, que dedica mais de 3 por cento do PIB a investimentos em educação, que tem 75 por cento da população com o 12º ano, 32 por cento com formação universitária e a sociedade da informação mais avançada do mundo? A dos mais altos níveis do mundo em protecção social e em sindicalização? A que praticamente aboliu os índices de desigualdade social, baniu a corrupção e elevou ao máximo os índices de confiança nas instituições e no Estado? Parece difícil.
Portugal, segundo as luminárias domésticas do pensamento estratégico, político e económico, parece condenado a ter que copiar um modelo e esperar pela reprodução de um “milagre”. Depois, inevitavelmente, vem a frustração, porque o “milagre” irlandês não se reproduziu na República do betão, tal como o “milagre” finlandês não se repetirá no País do analfabetismo funcional.
Sucede ainda que, mesmo quando pretendem copiar um modelo alheio, os líderes portugueses nem sequer conseguem ser originais. Quem primeiro sugeriu para Portugal o modelo e a meta de desenvolvimento da Finlândia foi o director de programas mundiais do Banco Mundial, em Setembro do ano passado. Só que a sugestão tinha uma condição ‘sine qua non’, a do controlo da corrupção, travão do desenvolvimento e da confiança nas instituições. E essa condição, no País dos “casos”, só mesmo por milagre. Que, como se sabe, é coisa que não existe.
José Sócrates não sabe se é um guerreiro Jedi ou um Darth Vader do choque tecnológico português. Porque ambos vão beber à mesma fonte. Ou se, simplesmente, vai apanhar um choque eléctrico ao colocar os dedos numa ficha que está em curto-circuito há muitos séculos.
Sócrates é um verdadeiro bandeirante da tecnologia: tenta descobri-la nos locais mais íngremes do mundo. Poderá descobri-la. Como poderá encontrar um Tiranossaurus Rex pela frente. E ser devorado como uma presa apetecível. Isso pouco importaria se o país pudesse inovar e ser inovador. No entanto o primeiro-ministro tenta importar modelos como se eles fossem possíveis de adquirir nas marcas mais reputadas da Europa ou nas fábricas que fornecem as lojas dos 300. Agora, pelos vistos, o ocupante da cadeira que dirige o país a partir de S. Bento, encontrou um novo alfaiate que pode cortar tecidos, não com uma tesoura, mas com um raio laser. Chama-se Finlândia. Nenhum país é uma nova fronteira tecnológica porque quer. É porque houve uma estratégia nacional que foi seguida independentemente dos partidos que governavam. Mas, em Portugal, tudo muda ao sabor da oscilação eleitoral do «centrão». O que nem sempre coincide com «neutrão». Ou com uma palavra mais sisuda: neurónio.
Agora é vamos iniciar a revolução tecnológica? Não estaremos atrasados 20 anos?
O melhor não seria demitirmos todos os nossos politicos e contratarmos filandeses?
Continuamos a andar para trás.
Qualquer estaremos na cauda dos 25.
A. Soares
Começa a tornar-se evidente que apesar de não ter feito outra coisa senão falar de Plano Tecnológico, quando se candidatou a primeiro-ministro o líder do PS atenha tinha uma leve ideia, o que bem é difícil dado o nosso atraso no capítulo da inovação. Daí para cá o PT anda aos empurrões, começou pelos estágios na China, mudou de líderes sucessivamente, fizeram-se acordos com o MIT, recebeu-se a visita de Bill Gates e, por fim, vamos aprender com os finlandeses. Ao fim de um ano de governo, o PT não passa de meras declarações de princípio, sem qualquer coerência e com muito pouco de novo, parece que Sócrates mede a evolução tecnológica pelos recortes de imprensa, e o que tem, de facto, é uma leve ideia do seu plano.
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