sexta-feira, 28 de abril de 2006

NO REINO DO BUGALHEIRAPLEX...[ parte V ]

(A ladaínha é interrompida por um grito)


Personagem : ALTO E PÁRA O BAILARICO!...
D. João José : Mas... D. Joaquim Carita, que é isto?!


D. Joaquim Carita : Ó meu querido rei benquisto, que grande mal-entendido... deixai que vos explique...
D. João José : Ainda me dá um chilique, que cena mais surreal...
D. João Manuel : Mas que quereis vós afinal, ó director da polícia que acabei de nomear?
D. Joaquim Carita : Se me deixarem explicar...
Dª Isabel : Deixem-no falar!
D. João Manuel : ...O que lhe deu para entrar...
D. João José : TÁ A CALAR!... CALUDA PORRA, QUE JÁ ME ESTOU A PASSAR!... Se você não justificar bem o acto seu camelo, dá cem voltas ao Largo da Feira de mãos no chão e pés no ar, portanto...TOCA A FALAR!
D. Joaquim Carita : O.K., vou falar: Quando me vieram contar que o espadalhão real levara um sumiço tal que ninguém dele sabia, logo desconfiei que havia um ladrão cá no castelo, vai daí quis conhecê-lo sem levantar confusão; Fui à loja do e aluguei um disfarce...
Frei Nuno Jorge : ... E andou a passar-se aqui no paço real...
D. João Manuel : ... mas descobri afinal quem era o dito ladrão!
D. João José : E quem era esse cão, esse filho da puta?
D. Joaquim Carita : O mordomo, por sinal.
D. João José : O pobre do ……?!... Nã.... não pode ser...
D. Joaquim Carita : Calma, já vai entender... levei-o para o chilindró. O pobre metia dó sempre a gritar: "Não fui eu", e até me convenceu a crer no que ele dizia. Voltei cá e quem diria, encontrei o espadalhão...
D. João José : E onde estava ele então?!
D. Joaquim Carita: Na charrete da Raínha.
Dª Isabel : Na... Ai que cabeça a minha... pois claro D. Joaquim Carita, foi quando fui a Galveias...
D. João José : A Galveias?!
Dª Isabel : Visitar Dª Laranjeira, aí veio-me à lembrança que o alfageme onde ela costuma costuma afiar os aços tem fama de ser despachado...
D. Joaquim Carita : Já percebi, e embrulhou num oleado o espadalhão de D. João José para ser lá afiado, já que o vosso alfageme estava bué atarefado!
Dª Isabel : E esqueci-me completamente do maldito espadalhão... sabeis como estas coisas são... a gente põe-se a falar...
D. João José : Pois, pois... estou a topar...
Frei Nuno Jorge: Sendo assim posso ir à andar?
D. João José : Nem pensar! Fique aí sossegadinho que já volta a trabalhar, não se esqueça onde parou a puta da ladaínha...
D. Jordão : Mas D. João José se a raínha já explicou tudo mui bem...
D. João José : Espera aí tu também... Frei Nuno Jorge, continuai.
Dª Isabel : Perdoai... mas para quê?
D. João José : Quero com ele fazer um trato.
Dª Isabel : Olálá!... aqui há vacas!
D. João José : Àh pois há, já ireis ver.
Dª Isabel : Mas que quereis vós fazer?!
D. João José : Vá Frei Nuno Jorge, toca a bulir, e assim que o bicho surgir... nem um grama de água benta, a sua mão aguenta até eu fazer sinal.


Frei Nuno Jorge: Mas Majestade Real, meu Real Primo, não estou a perceber...
D. João José : Depressa vais entender, tu e todos que aqui estão.... Então?
D. Jordão : Mas senhor...
D. João José : CHAMA A MERDA DO DIABO!!!
D. Jordão : Senhor... estais transtornado, medi bem o que fazeis... o meu padrinho arcebispo pode não gostar...
D. João José : Rápido compreendereis aquilo que vou fazer, vá...
D. Jordão : E pode-se saber o que será?
D. João José : Assim que a besta aparecer meto-lhe logo na mão, o bófia e a raínha. Antes que o bicho perceba o que está a acontecer, o frade, estás a ver, agarra na água benta, cornos abaixo e rebenta com o chifrudo infernal; Um dois três... vá pr'ó inferno!
D. Jordão : Mas se eles estão agarrados pela negra mão da besta...
D. João José : Ora aí está Jordão, agarras no teu livrinho e acrescentas mais esta:
...Todo aquele que fizer merda
com o património real
que lhe cause dano ou perda
seja cabo ou general
seja Raínha ou Duquesa
primeiro ministro ou rei
seja povo ou realeza
seja hetero, seja gay
Irá passar ad eternum
vacanças com Belzebú
no palácio do inferno
com um ferro em brasa no cú

D. Jordão : Mas...
D. João José : Mas o quê? A esta lei chamarás a trezentos e trinta e quatro.
D. Jordão : E está quebrada a ligação...
D. João José :... entre o inferno e o Paço, e assim esse madraço só cá vem se for chamado.
D. Jordão : Eu juro que estou espantado com tanta argúcia senhor; Melhor, muito melhor que cem voltas ao castelo...
D. João José :... E tu também meu camelo ficas avisado p'la certa, se vieres com mais ideias de merda, andas a negociar terrenos sem eu saber de nada, meu franganote...
D. Jordão :???!!!... e as notas que já recebesteu!
D. João José : Isso não são conversas para aquí ... Frei Nuno Jorge estará aqui para chamar Belzebú, espetam-te o ferro no cú e vais também no pacote.


Continua...

Z.N.

3 Comments:

At 2 de maio de 2006 às 15:44, Anonymous Anónimo said...

A peça de teatro vai uma maravilha.
Quem os viu e quem os ve.
Estão gordos e anafados é só mamar à custa dos pontessorenses.
Há grandes tachos.

 
At 2 de maio de 2006 às 17:49, Anonymous Anónimo said...

É só f... da p...
Estes c... andam a r... por isso é que estão assim...
Vão todos c... c...

 
At 3 de maio de 2006 às 17:43, Anonymous Anónimo said...

A política - do grego ‘politiké’ -, a ciência do governo dos povos, a arte das relações entre comunidades e Estados, o conjunto de princípios da administração, a civilidade, anda muito por baixo em Portugal.

Em certos casos, o exercício da política confunde-se facilmente com o ‘barriguismo’ - a militância pelos interesses próprios -, noutros casos pouco ou nada diverge da zaragata.

E é assim que os eleitos do povo são forçados a debater presentemente, na praça pública, a assiduidade aos seus deveres de representação, ou até mesmo o recebimento de emolumentos de duvidosa legitimidade. Enfim, pequenos acidentes contabilísticos. Mas nada que dignifique o exercício de uma ciência, a prática de uma arte, o bom-tom da convivência civil.

Foi assim também que um magistrado judicial decidiu agora condenar o actual presidente da Câmara do Porto e o respectivo antecessor por uma troca de insultos que, segundo a sentença, excedeu de parte a parte o “decoro político”. E aqui está um juízo que bem precisava de uma definição bem rigorosa, passada a escrito de lei e tomada como juramento no acto da posse dos cargos públicos: o decoro político.

A bem dizer, o decoro devia ser inerente à prática da política. A decência, a honra, o denodo, deviam ser atributos inseparáveis da ciência e da arte da política. Onde estava a política estava a dignidade. Onde estava um político estava o pundonor. Mas qual quê. Um barómetro de Fevereiro passado revelava que 80 por cento dos inquiridos não confiavam nos partidos, 63 por cento não acreditavam no Governo e 52 por cento desconfiavam do Parlamento. E tudo por causa da falta de decoro. Ou, dito por outras palavras, por causa do indecoroso carácter do espectáculo da política.

Douta sentença a que evoca o “decoro político”. Assim faça jurisprudência.

 

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