terça-feira, 2 de maio de 2006

É DEMASIADO EVIDENTE...

O Governo de Portugal, que tem planos para fechar milhares de escolas até ao fim do ano, alegadamente por razões pedagógicas, não tem uma estratégia para combater o abandono escolar.

Quem o diz é o Tribunal de Contas da União Europeia: Portugal não tem uma estratégia coordenada para o estudo e prevenção do abandono escolar precoce. E, no entanto, esse é um problema real e dramático que empobrece a qualificação do País e compromete o futuro de milhares de jovens portugueses, reduzindo-os a um contingente de mão-de-obra desqualificada, barata e descartável.

O Conselho da Europa definiu em 2000 o objectivo de reduzir para metade, até 2010, a percentagem de jovens que abandonam precocemente o sistema escolar. No ano 2000, a taxa média de abandono escolar na Europa era de 19,3 por cento. Portugal, que tinha então uma taxa de abandono de 42,6 por cento, comprometeu-se com esse objectivo.
O Tribunal de Contas da UE vê com sérias reservas que Portugal atinja a meta que se propôs. E com toda a razão.
Quatro anos após o compromisso assumido perante o Conselho da Europa, a taxa de abandono escolar precoce em Portugal não só não baixara como aumentara para 45 por cento.

Os políticos portugueses gostam muito de fazer comparações.
Na Irlanda isto, na Finlândia aquilo.
Mas, neste aspecto, Portugal não tem termo de comparação possível, nem sequer com países candidatos à integração europeia como a Turquia ou a Roménia.
Em nenhum deles, como em Portugal, há tamanha percentagem de jovens que abandona precocemente a escola.

O abandono escolar é uma situação de calamidade pública que exigiria estudo sério das causas e decisões consequentes para prevenir e combater os efeitos.
É isso que o Tribunal de Contas da UE acusa Portugal de não estar a fazer. E então?
Que fazer?
Ora, fecham-se mais umas quantas escolas.

João P. Guerra

2 Comments:

At 3 de maio de 2006 às 12:03, Anonymous Anónimo said...

Joa Guerra,
Mas este governo tem algumas ideias de jeito?
As unicas sao as nomeaçoes dos amigos e socios partidarios para tachos governamentais pagos a peso d eouro, os quais nao fazem nada, seguindo o exemplo dos nossos deputados, que o que querem e passeio.
Como infelizmentee o que temos, toda agente devia fazer o mesmo que vou passar a fazer NUNCA MAIS VOTAR NESTE PAIS, e para poupar visto que eles sao todos iguais

 
At 3 de maio de 2006 às 13:53, Anonymous Anónimo said...

O Presidente da República quis deixar um desafio a todos e cada um dos portugueses para que contribuam, energicamente, para alterar este estado da nação.

No marcante discurso que realizou na Assembleia da República nas comemorações do 25 de Abril, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, fez um repto à sociedade portuguesa no sentido de se mobilizar em torno de ”um compromisso cívico” no combate à exclusão social e às assimetrias de desenvolvimento que se verificam em Portugal.

O facto é que a crescente desertificação do interior, com 85% da população portuguesa a viver no litoral, compromete em muito um desenvolvimento sustentado do nosso País e que a pobreza na solidão das grandes cidades não pode deixar ninguém indiferente. Mas igualmente preocupantes sãos os indicadores sócio-educativos. Três décadas passadas sobre o advento da democracia, os níveis de escolaridade em Portugal persistem em não descolar do fundo da tabela no quadro das nações desenvolvidas. No último relatório da OCDE apenas dois países membros desta organização, o México e a Turquia, se encontram atrás de Portugal no que se refere à percentagem de cidadãos com pelo menos uma qualificação de nível secundário, estando o nosso país em último lugar (ao nível da Indonésia?!) quando analisamos a faixa etária entre os 55 e os 64 anos. Já a uma distância considerável estão os nossos vizinhos do Sul da Europa, Espanha e Itália, e marcas acima dos 90%, obtidas por países como a República Checa, a Eslováquia e a Coreia, parecem uma miragem quando comparadas com os pouco mais de 30% da população portuguesa. Não admira pois que o poder de compra teime em não se aproximar da média europeia e que as perspectivas de crescimento económico para os próximos anos, num ambiente de crescente globalização e altamente competitivo, sejam, no mínimo, cautelosas.

Claro está que o diagnóstico não é novo e que têm sido apontados caminhos de forma a resolver as limitações estruturais da sociedade portuguesa, na linha da Estratégia de Lisboa adoptada pela União Europeia: controlo das contas públicas de forma a reduzir o asfixiante peso do Estado na sociedade; aposta na melhoria significativa da escolaridade e da qualidade da Educação; abertura à inovação e à formação ao longo da vida; um mercado mais aberto à concorrência entre as empresas e à flexibilidade e mobilidade laboral.

Mas, o marcante do discurso de Cavaco Silva foi o vigoroso apelo à sociedade civil, às famílias, aos indivíduos, para que tenham uma acção próxima e descentralizada, independente das limitações das políticas centrais do Estado. Para além dos diagnósticos e das receitas dos governantes e das organizações internacionais, o Presidente da República quis deixar um desafio a todos e cada um dos portugueses para que contribuam, energicamente, para alterar este estado da nação. Nas célebres palavras de John F. Kennedy:
”Não perguntem o que é que o vosso País pode fazer por vocês, mas sim o que vocês podem fazer pelo vosso País.”

 

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