sexta-feira, 5 de maio de 2006

DIGA LÁ COMO!!!

As medidas anunciadas pelo Governo de incentivo à natalidade chegam na pior ocasião.

A maioria dos portugueses, segundo um estudo ontem divulgado, sente-se infeliz e declara-se pessimista quanto ao futuro pessoal e do País. Neste contexto de infelicidade e pessimismo colectivos, trazer mais portugueses ao mundo parece um acto de absoluta irresponsabilidade.

As medidas do Governo começam pelo alargamento do subsídio de maternidade aos casais com dois ou mais filhos.
Mas são omissas quanto a um eventual subsídio de deslocação para a maternidade propriamente dita que, para certas zonas do País, localizar-se-á provavelmente em Espanha.


As medidas do Governo também nada dizem quanto a subsídios de deslocação posterior das crianças até às escolas que, face ao ritmo a que têm vindo a encerrar os estabelecimentos de ensino, daqui a uns anos deverão localizar-se apenas nas sedes das regiões-plano, segundo a divisão administrativa a implantar sub-repticiamente: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.

Os futuros portugueses, cuja natalidade o Governo pretende agora incentivar, não terão provavelmente que trabalhar até aos 70 ou 80 anos para terem direito à reforma.
Isto porque o mais provável é que comecem desde logo por não ter qualquer saída profissional, uma vez abandonado precocemente o ensino, destino mais provável num País sem estratégia contra o abandono escolar. E assim, sem carreira contributiva, corta-se o mal pela raiz.

O pessimismo actual dos portugueses só tem uma saída.
Já que está disposto a abrir os cordões à bolsa para certos subsídios, o Governo deveria criar de imediato um incentivo à emigração.
É que o estudo que dá conta da infelicidade e pessimismo dos portugueses revela que a maior parte só não emigra porque não pode. E, visto de longe, Portugal talvez conseguisse manter um certo encanto.

João P. Guerra

3 Comments:

At 8 de maio de 2006 às 12:38, Anonymous Anónimo said...

Nalgumas questões os portugueses são muito pragmáticos, adoptam de imediato uma posição cartesiana capaz de os levar a realizar as maiores manifestações, e um bom exemplo disso são as maternidades e os aterros sanitários ou a co-incineração. Independentemente de qualquer critério de gestão ou dos argumentos técnicos ou científicos, todos os portugueses têm uma resposta para estes problemas, uma maternidade junto da porta e o lixo na porta do vizinho.

Nos últimos dias vi manifestações sucessivas contra o encerramento de maternidades e não ouvi um único argumento que merecesse atenção, e se em relação aos ‘populares’ a questão não é grave, já em relação aos autarcas ou aos deputados das últimas filas que aproveitam estes momentos para se glorificarem a situação é grave.

Imaginem que houve uma deputada que justificou a maternidade em Barcelos porque aquele concelho tem 59 freguesias, argumento repetido por alguns populares. Receio que quando esta representante da Nação regresse ao Parlamento peça a palavra antes da ordem do dia para exigir a transferência de todas as unidade de saúde do concelho de Lisboa para Barcelos, já que a capital apenas tem 52 freguesias.

Para estas forças vivas locais é preferível ter uma unidade extremamente limitada à porta de casa do que uma maternidade com todas as especialidades a 50 Km, distância que, aliás, muitos cidadãos terão que percorrer para chegar à maternidade existente pois esta está na sede do concelho. Saberá a senhora deputada e os senhores autarcas que na medicina de hoje as maternidades não pressupõem apenas uma enfermeira e u obstetra? E quem paga serviços de saúde onde se vive um ambiente próximo do velho anúncio do Help Desk da ONI?

Que o povo se manifeste é compreensível, mas que deputados e autarcas apoiem e patrocinem manifestações sem serem capazes de avançar um argumento inteligível é muito grave e obriga-nos a reflectir sobre o que será deste país depois de regionalizado, vai parecer um manicómio em auto-gestão.

E já que nos referimos aqui a Barcelos, o que justifica que naquele concelho existam 59 freguesias? Se em países como os EUA fosse seguido o mesmo critério sempre que houvessem eleições autárquicas os eleitos só tomariam posse uma década depois das eleições.

 
At 8 de maio de 2006 às 12:41, Anonymous Anónimo said...

FREITAS ESTÁ CANSADO

O alarido que Marques Mendes ou um tal Pires de Lima do PP fizeram a propósito da entrevista que Freitas de ao Expresso roçou o ridículo, pois ao centrarem-se no título, da responsabilidade do jornal, apenas evidenciou pouca honestidade intelectual, ou leram a entrevista e sabiam que Freitas não fez a afirmação ou opinaram sobre a entrevista tendo lido apenas o título.

E toda a comunicação social foi pelo mesmo caminho, fizeram notícia não com o que o entrevistado disse, mas sim com o que o entrevistador pensou. O Expresso de Pinto Balsemão cumpriu o seu papel, em vez noticiar manipulou a notícia.

E a interrogação mais importante – Freitas vai sair do governo? – ficou sem resposta.

É evidente que viajar é incómodo para quem tem problemas de coluna, e até já houve quem não viajasse por ter medo de andar de avião, é lógico de 14 ou 15 horas de trabalho diário cansa qualquer um, é verdade que Freitas nada tem a ganhar estando no governo enquanto este se mantiver. Freitas vai abandonar o governo e esta entrevista apenas confirma essa decisão e só um ingénuo acha que isso não está combinado com Sócrates, ou que o Freitas ia dizer não era do seu conhecimento.

Nenhum ministro dos Negócios Estrangeiros, nem mesmo o errático Freitas iria dizer ao Expresso que não acompanharia a presidência da União Europeia sem ter isso combinado com Sócrates. E dizer que não acompanha a presidência é o mesmo que afirmar que não acompanhará a sua preparação, já que o ministro dos Negócios Estrangeiros da próxima presidência faz parte da troika que habitualmente acompanha a politica externa da EU. Isto é, temos Freitas até ao fim deste ano.

E Freitas que nem tem grande fortuna familiar, nem enriqueceu à custa da política, ainda tem tempo para se recompor financeiramente de quase dois anos a ganhar menos do que ganha em condições normais. E com 67 ano e o PS no governo, ainda poderá gozar o que lhe resta da sua vida profissional sem a vingança e a perseguição de uma direita que não lhe perdoará.

Entretanto, os jornalistas nem se referiram à conclusão de Freitas do Amaral de que «não é possível fazer uma política audaciosa a partir de partidos centro-direita, pelas suas ligações umbilicais aos grandes interesses económicos. Esses partidos vivem financeiramente dos contributos dos grandes interesses económicos.». Esta sim, foi a afirmação mais problemática.

 
At 9 de maio de 2006 às 17:31, Anonymous Anónimo said...

O Governo tem um escudo invisível. Defende-o de tudo. Por isso actua. Às segundas, quartas e sextas diz que a natalidade é um trunfo para quem se quer reformar. Às terças, quintas e sextas, fecha maternidades. Diz que nada tem a ver com razões financeiras.
As maternidades fecham porque o que é importante é salvaguardar a saúde das mulheres. Porque não há meios humanos capazes de dar segurança aos que nascem. A pergunta é simples: se não há pessoal isso é porquê? Porque não há dinheiro. Relativamente à natalidade a questão, para o Governo, é clara: quem gera mais futuros trabalhadores (ou desempregados...) deve ser recompensado. A ideia é digna de um Newton de segunda categoria depois de levar com uma maçã carunchosa na cabeça. Num país que faz cada vez mais buracos no cinto, quem é que pode dar-se ao luxo de ter três filhos? Como é que, ao mesmo tempo, se promove a natalidade por razões fiscais e se defende o fecho de maternidades por razões financeiras, apesar do ministro negar? Isto não é uma política governamental. É um choque frontal de delírios de ministros. Afinal como é que o Governo quer promover a natalidade? Se um trabalhador de recibo verde receber 750 euros e pagar 20% de IRS e 150 euros de segurança social, o que sobra? Tudo isto é triste. Mas é verdade.

 

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