PELO SÔR ABAIXO...
Lá vem a Nau Catrineta
Que tem muito que contar
Esta nau, diz o poeta
El-Rei a mandou armar
e de Rosa a fez zarpar
para uma nova demanda
é D. João José quem comanda
a barquinha no rio Sôr
Dessa odisseia sem par
de loucos navegadores
ouvi agora senhores
outra estória de pasmar
Estava D. João José deitado
Após lauta almoçarada
Manjar divino regado
com tintol de vale de barqueiros
de pança tão aviada
que nem precisou contar
vacas p’ra embalar
numa sesta descansada
Mas quando a sorte malvada
não quer nada com a gente
escafede-se e de repente
lixa a gente bem lixada
Nem dez minutos passados
Estava o nosso Capitão
em sonhos de mel barrados
quando estala a confusão
algo embatera no chão
que toda a nau estremeceu
coisa caída do céu
e fizera um buracão
desde o convés ao porão
só se detendo à beirinha
de um contentor que continha
as vacas para o capitão
Das gentes a gritaria
que logo se levantou
urros, berros, a histeria
a D. João José acordou
“Será que a guerra estalou?!...”
-perguntou assarapantado-
“… estou a ser bombardeado
ou o Armagedão chegou?!”
“Senhor, já aqui estou…”
-soltou o Frei Nuno Jorge, seu fiel padreca
que entrara sem favor-
conto-lhe o que se passou”
“Então bufa lá ó meu…”
“Meu senhor, foi o D. Joaquim Carita
que do alto do mastaréu
malhou em voo picado
o cota andava estoirado
já não tinha pedalada
p’ra tarefa tão pesada
o pobre do desgraçado”
“Espera aí só um bocado
mas qual era a sua idade?”
“Oitenta e cinco, à vontade
devia estar reformado!”
“Mas estás parvo ou ensandeceste?!
que é lá essa fantochada?!...
estamos tesos, ou esqueceste?!...
queres que vá roubar p’ra estrada?!
esperança de vida aumentada
não tarda a chegar aos cem
e sendo assim, ora bem
toca a bulir ó cambada!
ninguém quer é fazer nada
sua súcia de calões
dão o cú e quatro tostões
p’ra bunda ter regalada!
Um balde de água bem frio
nas trombas desse camelo
que a cura p’lo arrepio
é bom remédio p’ro pêlo
ainda hoje quero vê-lo
a trepar p’lo mastaréu
e acaba-me com o escarcéu
que já estou p’lo cabelo
eu volto p’ra meu coucelo
p’rá’cabar a minha sesta
vamos lá a ver se é desta
que o je consegue fazê-lo!”
“Dais licença D.João José?”
“D. Luís Laranjeira, que se passa
então agora o que é?
confesso não acho graça…”
“Sei que isto tudo vos maça
mas o homem que malhou
deu com as botas, foi nadar p’ra o Brazil
que fazemos agora?
“Chiça, maldita desgraça
foi azar!... que faço agora?
f…-se, borda-fora
que mais quer você que faça?”
“Pobre diabo… fogo!!!
tendes razão, é o fado…”
“E agora, D. Luís Laranjeira
posso dormir descansado?”
“Não quero ser mal-criado
mas tenho que o confessar
eu quero-me reformar
Senhor, estou bué de cansado
já tenho tudo assinado
peço a aposentação
pode ser meu Capitão?
O trabalho cerebral
não se pode comparar
com o da ralé em geral
nem lhe chega ao calcanhar
eles podem trabalhar
aí até aos noventa
mas nenhum de nós aguenta
mais que quatro sem reforma
assim… vou-me reformar
tenho direito ao dinheiro
da reforma por inteiro
cinco mil euros vão chegar
Z.N.
5 Comments:
Ja alguém reparou no estado do lixo no nosso concelho ? - É que ao que parece não á dinheiro para pagar aos trabalhadores as horas extraordinárias necessárias para a recolha dos lixos.
Pois não há!
Só há para as reformas chorudas do pinto e companhia!
Esta é a realidade pura e dura do concelho de Ponte de Sôr.
Reformados a governarem-se à nossa custa.
O Partido Socialista no seu melhor
Cambada de chulos e vigaristas.
O Taveira Pinto foi hoje gozar uns dias a Itália. Não levem a mal...
O orçamento da Cãmara dará para tudo: paseios, viagens, cabazes e respectivas derrapagens financeirasnas empreitadas da Fundação antónio Prates e do Aeródromo...
Hoje, como ontem, continua a ser um escandalo a maneira como Ponte de Sor tem vindo a ser governado. A Câmara Municipal Socialista continua sem fazer uma gestão eficiente do dinheiro público, que é, afinal de contas de todos nós. Falta transparência e seriedade. Falta um projecto. Ponte de Sor está a ser desgovernado!
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