A GUERRA NO LÍBANO E O DESVANECIMENTO DA PAZ
A guerra do Líbano é um preemptive strike. Uma acção que se inscreve na doutrina israelita dos ataques preventivos, quando o poder crescente dos vizinhos se torna uma ameaça perigosa, na linha da Operação Focus de 1967. Os EUA , em público, evitam condenar ou dizem compreender e, em privado, apoiam, na linha do que quase sempre têm feito. Veja-se a cobertura política da Operação Opera de 1981... Não se trata, portanto, de uma novidade da política externa americana, como alguns querem fazer crer para demonizaram o presidente americano, surgida após o estabelecimento da neo-conservadora Doutrina Bush.
Esta segunda guerra do Líbano, mais limitada do que a primeira, liderada por Ariel Sharon, é resposta directa a uma provocação do chiita (para quê escrever shiita?) Hizbala (para quê escrever Hezbollah?), apoiado pelo Irão e agora também pela Síria sunita. Convergem no Líbano, tal como no Iraque, as fúrias das forças incomodados com a marcha, mesmo se lenta, da democracia, de que Israel beneficiava, após a vitória do povo durante a Revolução dos Cedros forçou a retirada do exército sírio do país, na sequência do assassinato, organizado pelos serviços secretos sírios, do primeiro-ministro Rafik Hariri.
Antes, já o ex-pombo Ehud Olmert tinha mandado invadir a faixa de Gaza depois do rapto de um soldado pelo Hamas e de sucessivos atentados palestinos e israelitas. A convicção israelita da ameaça do Hamas tem levado a uma guerra constante com este Movimento de Resistência Islâmica, de que são episódios os atentados em Israel e os assassinatos do xeique Ahmed Yassin e, depois, do outro fundador Abdel Aziz Al-Rantissi.
Israel aproveitou a provocação do rapto dos dois soldados - que o Hizbala efectuou para forçar a troca de prisioneiros, sobre os termos da qual divergem - que se soma a ataques frequentes do Hizbala (Partido de Deus...) ao norte de Israel, mesmo depois de Israel ter retirado da faixa de segurança do sul do Líbano, mas mantido os sírios Montes Golã reféns desde 1967, para atacar. A coligação síria-iraniana, e a possibilidade de fornecimento de mísseis e armas pesadas modernas ao Hizbala e ao Hamas, preocupava Israel e, daí, este ataque.
A situação das forças precipita o aumento da intensidade do conflito. Os islâmicos da zona - os árabes (palestinianos, libaneses, sírios) e os iranianos agora detentores de capacidade nuclear - estão mais fortes do que nunca. A raiva da opinião pública islâmica aumenta. O cansaço da opinião pública mundial face ao conflito israelo-árabe, ingénua-farta ao ponto de pensar que a guerra islâmica radical aos crentes das outras religiões e pagãos desapareceria se Israel cedesse os territórios, ou até mesmo se Israel fosse "varrido do mapa", aliado a um claro anti-semitismo racista - numa aliança aparentemente anti-natura entre o anti-semitismo arcaico e o novo anti-semitismo (esquerdista) que se disfarça de pacífico -, consome a vontade de resistir. Israel sente-se isolado, aparte o apoio norte-americano. Tudo conflui para a guerra e para o desvanecimento da esperança da paz que dure.
PORTUGAL PROFUNDO.
2 Comments:
Na segunda feira Israel feriu quatro elementos da ONU, hoje foram quatro observadores das ONU que foram mortos num ataque de Israel, serão estes elementos também terrorristas?
"Infra-estruturas do Hezbollah"
Um posto de observadores da ONU também entra na categoria das "infra-estruturas do Hezbollah"?
Já não há limites a sanha punitiva de Israel.
A alegação de "engano" não tem a mínima credibilidade, dadas as advertências prévias da ONU e a "precisão cirúrgica" de que se gaba o exército israelita.
É evidente que Israel não quer observadores nenhuns no terreno, para melhor poder prosseguir e tentar esconder as atrocidades que vai cometendo no sul do Líbano.
V.M.
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