quarta-feira, 26 de julho de 2006

LÍBANO...

Duas semanas depois do início da ofensiva israelita no Líbano é patente o fracasso de Telavive.
Os bombardeamentos aéreos e incursões limitadas no terreno não conseguiram eliminar a ameaça militar do Hezbollah, esgotou-se o prazo de cobertura diplomática e chegou o momento de negociar um cessar-fogo.


O general da força aérea Dan Halutz, que desde a sua nomeação em Junho de 2005 para chefe do estado-maior general das forças armadas aguardava uma oportunidade para erradicar a ameaça dos mísseis do Hezbollah, optou por uma guerra a meio gás sem mobilizar forças para uma investida rápida e massiva contra as posições das milícias xiitas no sul do Líbano, no vale de Beeka e em Beirute.


A má memória das invasões de 1978 e 1982 inibiu os estrategos israelitas que, desta feita, nem contavam com putativos aliados entre as facções libanesas, mas, ainda assim, jogaram na hipótese de isolamento político do Hezbollah, com a consequente degradação da capacidade de iniciativa militar das milícias.


Seguras de si e dominadoras, para lembrar a controversa tirada de De Gaulle, as elites políticas e militares israelitas partiram do princípio de que a destruição de parte significativa das infra-estruturas libanesas seria mais do que suficiente para levar a maioria não xiita (cerca de 60 por cento da população) a contestar os custos da persistência do Hezbollah como força militar num estado liberto ainda há apenas um ano da tutela militar síria.


Surpreendidas e ambíguas em relação à subestimação das capacidades das milícias xiitas, as forças armadas israelitas viram-se incapazes de ocupar sequer a faixa de território do sul do Líbano que se estende até ao rio Litani e de impor um tampão de segurança numa área cobrindo trinta quilómetros a norte da sua fronteira.


Inconclusivas e perplexas, as últimas estimativas israelitas apontam para uma degradação importante das capacidades militares do Hezbollah, mas, admitem, que seriam necessárias semanas para obliterar os arsenais das milícias xiitas - capazes de flagelar Israel a distâncias fora do alcance da actual ofensiva - e obviar ao seu reabastecimento por parte da Síria e do Irão.


Em conclusão: Israel não eliminou a capacidade do Hezbollah lançar mísseis contra o seu território, sofreu baixas significativas em confrontos directos com as milícias xiitas, hostilizou as demais comunidades libanesas, e ver-se-á obrigada a aceitar um cessar-fogo que fragilizará os delicados equilíbrios do Líbano conseguidos após o final da guerra civil em 1990 e reintegrará a Síria como parceiro negocial.


Negociar mal


Se o governo de coligação em Beirute de Fouad Siniora, de que o Hezbollah faz parte, escapar a esta crise, a sua estratégia negocial irá obrigá-lo a retomar algumas exigências altamente penosas para Israel.


Em primeiro lugar, o executivo de Beirute terá de concretizar uma troca de prisioneiros libaneses e palestinianos pelos soldados israelitas em poder do Hezbollah.


No topo da lista libanesa figurará Samir al Kantar. É o guerrilheiro da Frente Popular de Libertação da Palestina que, aos 17 anos, foi detido, em 1979, num ataque à cidade israelita de Nahariya que custou a vida a um polícia, um civil e uma criança israelitas. Condenado a 542 ano de prisão, este druzo é um dos três presos libaneses que Hassan Nasrallah jurou libertar no discurso de 25 de Maio último, Dia da Resistência e Libertação, que celebra a retirada israelita do sul do país há seis anos.


A sua libertação, com a de detidos palestinianos, será celebrada como uma indubitável vitória pelo Hezbollah, tão transcendente quanto a resistência que levou à retirada israelita do Líbano em 2000.


Em segundo lugar, a coligação de Beirute proporá a retirada de Israel da região de Sheeba, os 25 quilómetros quadrados nos contrafortes dos montes Golan cuja soberania o Líbano reivindica, mas Telavive afirma integrarem território sírio que, por sinal, ocupa desde 1967.


A questão de Sheeba é particularmente relevante pois sustenta o argumento aventado pelo primeiro-ministro Fouad Siniora para legitimar politicamente o desarmamento do Hezbollah, retirando-lhe o estatuto de movimento de resistência à ocupação israelita.


Neste momento, ainda antes sequer que sejam discutidas indemnizações pelos danos provocados pelos confrontos, a Síria surgirá como parceiro negocial, não só pelo seu estatuto como estado possidente dos Montes Golan ocupados na guerra de 1967, mas, também, como factor de estabilização do Líbano.


A contrapartida à boa-vontade de Damasco em suspender os fornecimentos militares ao Hezbollah passará pelo pressuposto de evitar que as conclusões do inquérito da ONU acerca do assassinato de ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri, em Fevereiro de 2005, impliquem sanções ao regime de Damasco que, além disso, poderá manifestar a sua disponibilidade para obstar a infiltrações terroristas no Iraque.

Uma presença indesejada


A partir do momento em que for invocada a aplicação da Resolução 1559 do Conselho de Segurança da ONU, adoptada em Setembro de 2004, que obriga ao desarmamento das milícias do Hezbollah, passar-se-á logicamente à discussão dos termos de outras resoluções - 242, de 1967, e 338, de 1973, que obrigam Israel a devolver os Montes Golan à Síria - e Damasco reentrará no jogo diplomático.

O cessar-fogo, que fará de novo recair as atenções sobre a questão palestiniana, reforçará o papel político do Hezbollah, será visto por largas faixas das populações árabes, sunitas e xiitas, de que só o recurso à força obriga Israel a concessões e condicionará a actuação da força de interposição internacional.

Um mandato da ONU para forças multinacionais visará impor a desmilitarização do sul do Líbano. Funcionará como um compasso de espera antes que o exército libanês (de maioria xiita, apesar da forte presença cristã nos postos de comando) imponha a soberania do estado e do governo de Beirute.

Parte-se aqui do princípio etéreo de que o exército do Líbano é uma entidade alheia aos confrontos confessionais do país e ignora-se que as forças armadas sempre foram mantidas propositadamente fracas para evitar a sua instrumentalização pelas diversas facções políticas como ocorreu no passado.

O desarmamento dos guerrilheiros do Hezbollah, que terá de ser assumido pelo contingente estrangeiro, implica o sério risco das forças internacionais serem vistas como uma entidade ao serviço de Israel sobretudo se Telavive não ceder na questão de Sheeba.

Basta lembrar os atentados ocorridos nos anos oitenta contra forças francesas e norte-americanas no Líbano para ponderar os riscos de uma presença militar internacional no sul do país sem que estejam reunidas as condições políticas para um acordo de paz formal entre Beirute e Telavive.

Entretanto, dado que o Eixo do Mal sírio e iraniano, reentrou na negociação diplomática por via do conflito libanês, Teerão terá aqui uma dos seus grandes trunfos quando no fatídico dia 22 de Agosto anunciar formalmente a persecução do seu programa nuclear, advertindo que se retirará, se necessário, do Tratado de Não Proliferação Nuclear, a exemplo do que a Coreia do Norte fez em 2003.


J.C.B.

15 Comments:

At 26 de julho de 2006 às 15:50, Anonymous Anónimo said...

«OS MÍSSEIS NÃO POUPAM A CRUZ VERMELHA:
Uma sensação de invulnerabilidade prevaleceu durante os primeiros dias entre os voluntários da Cruz Vermelha da cidade de Tiro. Depois, no domingo passado, tudo mudou: duas ambulâncias foram atingidas por dois mísseis israelitas. Ficou a sensação de se terem transformado em alvos directos.» (Público de hoje).

Obviamente mais um "engano" da sofisticada aviação islaelita, com um óbvio propósito de expulsar observadores incómodos. Decididamente, Israel está disposto a sacrificar tudo aos seus objectivos militares.
Mas isto tem um nome: crimes de guerra.

V.M.

 
At 26 de julho de 2006 às 16:22, Anonymous Anónimo said...

conferência internacional para o Líbano, realizada em Roma, apoiou na declaração final o destacamento urgente de "uma força internacional sob mandato da ONU" no país.


A declaração de Roma expressa o seu apoio à ideia "que uma força internacional seja autorizada sob o mandato da ONU", sem precisar quais os países que participarão esta força, nem sob que forma.

Durante a conferência de imprensa que se seguiu à reunião, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, declarou que as discussões multilaterais sobre o estabelecimento desta força vão realizar-se "durante os próximos dias".

"O mandato da força de segurança será debatido durante os próximos dias. Pedimos uma reunião urgente para que esta força possa ser constituída", acrescentou Rice.

A chefe da diplomacia norte-americana apelou à Síria e ao Irão para que mudem de política no Médio Oriente.

"A Síria tem responsabilidade" na actual violência, disse Rice, acrescentando estar também "profundamente preocupada com o papel do Irão".

"Chegou a altura de cada um fazer uma escolha" sobre o seu papel no Médio Oriente, afirmou a secretária de Estado norte- americana, que garantiu que "não se pode voltar à situação anterior".

A Conferência Internacional de Roma reuniu 15 países e três organizações internacionais para tentar encontrar uma solução para o conflito e pôr fim à crise humanitária que atinge o Líbano desde 12 de Julho, data do início da ofensiva israelita no Líbano contra o movimento xiita libanês Hezbollah.


LUSA

 
At 26 de julho de 2006 às 16:27, Anonymous Anónimo said...

LÁGRIMAS DE CORCODILO

Shimon Perez, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel num gesto que só pode ser entendido como puro cinismo e pouca-vergonha pediu desculpa aos libaneses.
Será que Israel vai pagar a reconstrução do Líbano depois de ter feito aos libaneses o "favor" de os livrar do Hezbollah?
Mais duas ou três destas e o anti-semitismo cresce de forma exponencial.

 
At 26 de julho de 2006 às 17:48, Anonymous Anónimo said...

تظاهر اكثر من خمسه الاف شخص في شوارع برلين منددين بجرائم الكيان الصهيوني ضد لبنان . الصوره من مكتب ارنا في برلين .

 
At 26 de julho de 2006 às 17:50, Anonymous Anónimo said...

İran İslam Cumhuriyeti Dışişleri Bakanlığı Sözcüsü Hamid Reza Asıfi Hizbullah Genel Sekreteri Seyyid Hasan Nasrullah’ın İran’ın Lübnan büyükelçiliğinde saklandığı yolundaki Siyonist İsrail iddialarını yalanladı.


Asıfi bugün yaptığı açıklamada, İsrail’in Lübnan halkının haklı direnişi karşısında yalan haber üretmekten, gerçeğe dayanmayan iddialar ortaya atmaktan başka bir şey yapamadığını ve cinayetlerine devam ettiğini belirtti.

Asıfi İsrail’in kendi başına açtığı sorunlardan çıkabilmek için cinayetlerini durdurmak ve Lübnan halkının doğal haklarına saygı duyacağı uluslararası yaptırımlara boyun eğmekten başka çaresi olmadığına dikkat çekerek, İran’ın İsrail’in Suriye’ye saldırması durumunda fiili müdahale yapacağı doğrultusundaki İran’ın Lübnan büyükelçisinin açıklamalarının doğru yansıtılmadığını belirtti.

Asıfi İran büyükelçisinin İsrail cinayetlerinin durdurulmasını ve İsrail’in Suriye’ye saldırması durumunda İran’ın Suriye’yi siyasi, diplomatik ve insani yönden destekleyeceğini söylediğini belirtti.

Asıfi İranlı milletvekillerinin Lübnan’a yapmayı düşündükleri ziyaret ile ilgili olarak da bu konunun Lübnanlı yetkililerle görüşüldüğünü söyledi.

 
At 26 de julho de 2006 às 17:51, Anonymous Anónimo said...

- Темпы инфляции в стране значительно снизились по сравнению с концом прошлого, - заявил министр экономики и финансов ИРИ Дауд Данешджафари.

Как сообщил корреспондент ИРНА, вчера Данешджафари выступил в Меджлисе перед журналистами и рассказал им об итогах заседания комиссии Меджлиса по экономике, в котором также приняли участие ряд министров и председатель Центрального банка ИРИ.

По словам министра экономики, в ходе заседания, в частности, был обсужден уровень цен в стране и политика правительства в области контроля над ним.

 
At 26 de julho de 2006 às 17:52, Anonymous Anónimo said...

时政。黎巴嫩。联合国。
联合国秘书长安南星期二发表声明,对设在南黎巴嫩的联合国观察哨所遭遇以军空袭并导致两名联合国军事观察员死亡、另两人可能死亡事件表示震惊和悲痛
安南要求以色列政府对此进行全面调查并要求停止任何进一步对联合国据点和人员的袭击。
声明说,联合国军事观察哨在南黎巴嫩的基亚姆已经存在很长时间,并带有清晰的联合国标志。这一由火炮和空袭相互配合进行的袭击很显然是一次故意的袭击行动。
安南指出,袭击是在以色列总理奥尔默特向他亲自保证联合国据点不会受到以军炮火攻击后发生的。此外,联合国驻南黎巴能部队指挥官佩里格利尼星期二一直在同以色列军官不断保持接触,强调保证基亚姆据点免受袭击的必要性。
安南表示,由于声明发布时还未通知阵亡观察员的家人,因此不便披露死者的姓名和国籍。

 
At 27 de julho de 2006 às 09:09, Anonymous Anónimo said...

ESTÁ EXPLICADA A DESTRUIÇÃO DO LÍBANO

Rice defende a construção de um novo Médio Oriente:

«Chegou a hora de um novo Médio Oriente", afirmou ontem a secretária de Estado dos EUA. Após um encontro, em Jerusalém, com o primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert, Condoleezza Rice apelou a um cessar-fogo no Líbano, mas não a qualquer preço: "Não podemos voltar à situação anterior" em que o Hezbollah controlava o Sul do país. »
Diário de Notícias

Pergunte-se à dona Rice se são os EUA que vão pagar a despesa

 
At 27 de julho de 2006 às 09:15, Anonymous Anónimo said...

O mais torto "argumento" dos apoiantes de Israel na guerra do Líbano, contra os seus críticos, é o de que quem não está com Telavive está com o Hezbollah. "Se não estás connosco, estás com o outro lado" --, uma versão ainda mais maniqueísta do que a de Bush, quando, na véspera da invasão do Iraque, clamava que quem não estava com Washington, estava com "eles", querendo dizer Saddam Hussein!
O argumento, em si mesmo, não passa de uma óbvia mistificação retórica, destinada apenas a legitimar, sem censura, os erros e excessos belicosos de Israel nesta guerra. Por mim, se existe algo que abomino, desde sempre, são os regimes e os movimentos políticos fundamentalistas de base religiosa, como o regime iraniano e o Hezbollah. Não é seguramente por amor aos seus inimigos que critico Israel nesta ocorrência.
Aliás, a razão por que Israel não convence muita gente só tem a ver com o Hezbollah na medida em que a sua resposta à provocação deste, com o massacre indiscriminado de infra-estruturas e de civis inocentes no Líbano, só veio aumentar as razões de queixa e de ódio antijudaico entre as massas árabes, inclusive no Líbano, sentimentos que ampliam os apoios do Hezbollah e dos movimentos radicais islâmicos. Lá para trás, foi a prolongada ocupação israelita do Líbano que criou o Hezbollah; agora, com o novo ataque destrutivo ao Líbano, Israel está a entregar ao Hezzbollah o protagonismo de todos os agravos árabes contra o Estado judaico, incluindo na questão palestinina.
O que é uma tragédia, tando para os palestinianos como para Israel.

V.M.

 
At 27 de julho de 2006 às 11:57, Anonymous Anónimo said...

A violência desta guerra, quer do lado israelita quer do lado do Hezbolla - que dispara como pode a partir desse ninho de terrorismo árabe a partir do Líbano, é assustador.
Fico com a sensação que até em Carnaxide ouço as bombas a cair, juntamente com os edifícios a ruir e as pessoas a tombar...
Muito para lá das bombas que estouram dum lado e doutro da fronteira, nota-se ali a existência dum ódio visceral, existencial mesmo, pelo que a vitória de um dos lados implica, necessáriamente, a morte do outro. É a regra do vita mea mort tua. Mas, ao mesmo tempo, e por imposição do exterior - EUA e Europa - o conflito desenvolve-se por meio duma estratégia que conjuga fraternidade e terrosimo: aquela dirige-se às grandes massas da população, a fim de solicitar o seu reconhecimento, esta dirige-se ao inimigo ocupante, ao governo adverssário e a quem o apoie, os EUA - neste caso.
Estamos no III milénio, inventámos frigoríficos e computadores, novos antídotos para doenças terríveis e, paradoxalmente, aumentamos a brutalidade entre os homens, por via dum conceito de inimigo - que vive e revive no imaginário dos contendores, personificando o negativo, o mal do mal.
Em lugar de nos civilizarmos com o tempo, a cultura e as tecnologias que vamos descobrindo, regredimos e tornamo-nos num estado selvagem. Ao invés, quanto mais o adversário é visto como semelhante tanto maior é o seu respeito pelas convenções internacionais na tutela dos prisioneiros e da população civil, gente inocente. Assim, por ex: na Alemanha, durante a II Guerra Mundial, o "tio Adolfo" teve um cuidado acrescido com os prisioneiros de guerra ingleses e norte-americanos - que foram tratados com maior consideração em relação aos soviéticos, vividos como inimigos também no plano ideológico e "racial", enquanto os hebreus de toda a Europa fora atribuído o estatuto de inimigo absoluto, a destinar a um genocídio total.
Resultado: 6 milhões...
Creio que é isso mesmo que os grupos terroristas fariam hoje aos israelitas, caso pudessem, porque é também isso que Israel procura fazer ao outro lado nesta pela existência, regulada pela regra latina vita mea mort tua... Na realidade, "somos uns animais" - que até aos verdadeiros animais metemos medo...
Será porque temos medo de nós próprios?!

 
At 27 de julho de 2006 às 13:57, Anonymous Anónimo said...

UMA FORÇA DE PAZ NO MÉDIO ORIENTE?

Defendo a paz mas sou contra a presença de forças europeias numa força de paz no Médio Oriente nas condições em que Israel e os EUA pretendem, isto uma força que vai ocupar território do Líbano depois de Israel fazer o serviço.

Tal força não vai assegurar a paz no Médio Oriente, vai assegurar a tranquilidade de Israel, deixando para terceiros países a tarefa de suportar as consequências das suas guerras.
Se é uma força de paz então faz sentido que essa força só exista quando estejam garantidas as condições para que haja paz, e essas condições são o respeito por todas as partes das resoluções da ONU.

Não faz sentido uma força de paz para proteger a fronteira com o Líbano, quando Israel matem territórios ocupados e dia sim, dia não desrespeita as fronteiras dos territórios palestinianos. Nestas condições nunca será uma força de paz, será uma força para proteger os resultados obtidos por Israel nesta guerra.

Já que Bush está tão interessado em redesenhar o Médio Oriente praticando uma diplomacia que só resulta em maior apoio por parte das comunidades muçulmanas ao terrorismo então que sejam os EUA a assegurar essa força de paz.

Israel só ouve o governo americano e seria trágico que uma força europeia ficasse no meio de uma guerra que aquele país poderia desencadear se os seus interesses estivessem em causa.
Os que promovem a guerra que suportem os prejuízos de uma paz podre, injusta e assente em falsos pressupostos.

 
At 27 de julho de 2006 às 14:45, Anonymous Anónimo said...

Entre as ruínas, ninguém leva a melhor
Por Vital Moreira

Quando um Estado, para responder a uma acção bélica inimiga, resolve atacar alvos civis, matar gente inocente a esmo, destruir estradas e pontes, portos e aeroportos, centrais eléctricas e bairros urbanos, isso tem um nome feio: terrorismo. No caso, terrorismo de Estado. Na vertigem da violência que é o interminável conflito israelo-palestiniano, Israel adopta decididamente a mesma lógica fatal de que acusa os seus inimigos, ou seja, transformar os civis em carne para canhão.
A faísca que desencadeou a nova guerra de Israel contra o território palestiniano de Gaza, primeiro, e contra o Líbano, depois, foi a captura de um soldado israelita pelo braço armado do Hamas, seguida do aprisionamento, já depois da ofensiva israelita em Gaza, de mais dois soldados pelo Hezbollah, o movimento extremista xiita sedeado no Líbano. Importa dizer que, num conflito armado, o ataque a forças militares e a captura de soldados não podem ser equiparados a terrorismo ou a "tomada de reféns" (noções que só têm sentindo quando as vítimas sejam civis), como quer fazer crer o Governo israelita, seguido nessa linguagem, acriticamente, por muitos observadores coniventes ou desatentos. Israel ocupa ilegalmente, e pela força militar, os territórios de Gaza e da Cisjordânia, desde há quase 40 anos. A resistência dos palestinianos à ocupação é perfeitamente legítima e o ataque a objectivos militares e a forças militares ocupantes é um direito seu. Muitos dos que criticam a resistência palestiniana fariam o mesmo que eles, se colocados no seu lugar. Apodar de "terroristas" essas acções tem somente por objectivo confundir os conceitos e tentar deslegitimar a resistência palestiniana contra a infindável ocupação e opressão israelita.
É evidente que Israel pode responder militarmente aos ataques contra as suas forças militares, e ainda mais os que atinjam o seu território, desde que tenha por objectivo os responsáveis por eles. Mas não foi isso que sucedeu. Em resposta ao ataque do braço armado do Hamas, Israel resolveu lançar uma ofensiva-relâmpago contra a Faixa de Gaza, que aliás prossegue, atingindo primariamente objectivos exclusivamente civis (pontes, estradas e outras infra-estruturas) e matando pessoas ao acaso, numa orgia de violência que seria sempre desproporcionada, mesmo se fosse justificada, o que não era. Do mesmo modo, contra a segunda acção, a do Hezbolah, essa vinda do exterior, Telavive lançou-se indiscriminadamente sobre o Líbano, de novo sobre objectivos civis (estradas, pontes, o aeroporto civil de Beirute, portos, bairros urbanos, etc.,) e novamente com um saldo de numerosas vítimas inocentes.
Israel é, de resto, useiro e vezeiro neste tipo de retaliações contra terceiros, visando castigar e intimidar colectivamente todo o povo palestiniano. Não têm conta os casos de bombardeamento indiscriminado de aldeias de onde teriam saído bombistas suicidas, bem como a demolição de casas de familiares dos mesmos, a destruição de colheitas, a inutilização de poços e de outros equipamentos colectivos, etc. São violências como essas que têm alimentado e acumulado o ódio palestiniano contra Israel, em geral, e contra a ocupação israelita, em especial. Mas a actual guerra de destruição de Gaza e do Líbano atinge uma dimensão e uma gravidade que não pode deixar de ter por efeito o reforço do apoio das correntes mais radicais contra Israel, tanto na Palestina como fora dela. Pior do que isso, estas acções de castigo e represália colectiva sobre inocentes não podem deixar de fazer lembrar os dias mais negros da ocupação alemã de vários países na II Guerra Mundial, quando as forças ocupantes também recorriam a acções de vingança colectiva (fuzilamentos, arrasamento de povoações, etc.). A repulsa que este tipo de acções suscita e a particular violência e insensibilidade com que Israel as leva a cabo, do alto da sua incomensurável superioridade militar, só podem levar a fazer-lhe perder a superioridade moral que os ataques terroristas (os propriamente ditos) de que tem sido vítima e ataques externos como o do Hezbollah lhe podiam conferir, para se tornar também em algoz, com a agravante de se tratar de um Estado.
Para além disso, não se consegue descortinar a racionalidade desta espiral de violência bélica por parte de Israel. A acção da facção armada do Hamas foi claramente uma reacção à declaração oficial do governo palestiniano que reconhecia implicitamente o Estado de Israel, tal como este (e a comunidade internacional) exigiam, aliás sem contrapartida no reconhecimento por Israel do direito dos palestinianos ao seu próprio Estado, com jurisdição nos territórios ocupados (uma dualidade de critérios cuja justificação em vão se busca). Ora, em vez da prudência que se impunha, Israel decidiu "embarcar" na óbvia provocação (para satisfação dos autores desta), retaliando a ferro e fogo para além de toda a medida, sem poder ignorar que isso não poderia deixar de descarrilar a crítica situação que já se vivia desde a incapacitação de Sharon e, depois, com a vitória eleitoral do Hamas nas eleições palestinianas (eleições livres e democráticas, importa aliás lembrar os esquecidos, que gostam de omitir que a Palestina é, porventura, o "Estado" mais democrático em todo o mundo árabe...).
Que outra razão para a conduta israelita, se não a de que o Governo de Telavive desejou deliberadamente interromper as perspectivas que se abriam à evolução favorável da posição palestiniana, preferindo lançar o caos sobre todo o processo de paz e provocar a generalização do conflito? Israel é recorrente nesta linha de deslegitimação do adversário e de cancelamento de qualquer possibilidade de afirmação de um interlocutor válido do outro lado. Sharon fez tudo para socavar e humilhar a autoridade de Arafat, para depois se queixar hipocritamente de que não tinha interlocutor e declarar que Israel resolveria as coisas unilateralmente. O novo Governo israelita segue as mesmas pisadas, aproveitando a primeira provocação, grave embora, para fugir (mesmo à custa de uma nova sangueira) da hipótese de ter de conviver com a autoridade política do Hamas. Tudo, ao fim e ao cabo, para não ter de negociar a curto prazo com os dirigentes palestinianos uma paz global, que envolva o reconhecimento recíproco dos dois Estados, nas fronteiras de 1967, ou seja, as fronteiras internacionalmente reconhecidas de Israel.
Israel sabe que um dia, mais cedo ou mais tarde, terá de chegar, ou será forçado a chegar, a um acordo com os palestinianos. A sua resistência tem a ver com o tempo, querendo protelar esse momento o mais possível, de modo a consumar a ocupação e a integração efectiva dos territórios ocupados de que se quer apropriar, nem que para isso tenha de destruir toda e qualquer possibilidade de uma Palestina independente, viável e estável. Entretanto, não se importa de manter a paz no Médio Oriente refém da sua estratégia. É evidente que Israel tem direito a garantir a sua segurança, dentro das suas fronteiras reconhecidas, sem margem para qualquer surpresa. Mas essa segurança passa necessariamente pela solução justa da questão palestiniana, num arranjo global para a região avalizado pela comunidade internacional. Enquanto atrasar deliberadamente esse momento por culpa sua, com o apoio dos Estados Unidos e a conivência da Europa, Israel só está a contribuir para tornar mais penoso o necessário caminho para a paz.
Militarmente, Israel ganhará todas as guerras. Mas, enquanto mantiver a ocupação, não ganhará a paz.

Público

 
At 27 de julho de 2006 às 15:19, Anonymous Anónimo said...

A lei do faroeste - disparar primeiro e perguntar depois

Foi usando esta técnica simples que a América conquistou o oeste e trouxe o “novo mundo” ao mundo depois do “heróico” extermínio dos indígenas a que chamaram índios.
Será possível repetir a “epopeia” e os mesmos métodos, agora pela “conquista do mundo”?,,, quando a informação sobre os novos crimes, velhos de sempre, corre célere pelos meios de comunicação ao nosso alcance e o “espírito do tempo” que apaga e distorce a memória, como nos “bons velhos tempos” dos westerns made-in-hollywood, já estão tão fora de moda?
Planeiam-se os assaltos, assassinam-se os que se arrogam o inconveniente direito de existir, prejudicando o saque, e atiçam-se os “intelectuais”, oficialmente portadores de alvará de uso dos mass-media, anafados por principescos estatutos e mordomias, às canelas das vítimas atribuindo-lhes de forma ritmicamente concertada, para além da sua própria desgraça, o odioso da culpa pela sua própria morte. Na pele do outro, hoje sentimos que somos todos "indios"

Naturalmente, à semelhança dos tempos em que não existia ainda esse empecilho chamado civilização, em busca do espaço vital e dos recursos essenciais, atrás da 1ª leva de pistoleiros, apresta-se em caravanas organizadas a imensa horda de colonos, oportunistas, parasitas e putas, ávidos de angariar pastagens para mais uma vaca, montar negócios de jogos gananciosos, estabelecer novíssimos bordéis onde empregar as filhas dos outros, quiçá perfilam-se os espertalhões dispostos a vender a própria mãe ao invés de a deixar apodrecer num anónimo lar de idosos onde o depósito da carcaça só dá despesa e rende nada. Na cauda do cortejo, como sempre, seguirá o padre que os benze a todos, excepto a alguns transgressores às ordens tácitas emanadas, e implicitamente aceites, pelas seitas fundamentalistas, a quem se mandará “neutralizar”, como aconteceu ainda a semana passada ao banqueiro Gianmario Roveraro, tido como ovelha ranhosa envolvido em negócios pouco claros, com a máfia católica da Opus Dei.
Aportarão finalmente os “sherifs” acoitados pela forças de interposição da “Paz”, que, depois da destruição, restabelecerão a lei e oficializam de que modo serão pagos os prejuízos com os consumíveis de guerra, a administração do território queimado, enfim, o retorno financeiro do investimento, depois da nova ordem implantada.
A partir desta esquina onde se vira a história, será considerado intolerante, criminoso e passível de punição severa, todo aquele que se recusar assumir-se como contribuinte.
Quem dispara primeiro e pergunta depois, esquece-se contudo de um ínfimo pormenor – ao contrário do que acontece com os egoístas, os altruístas jamais morrem.

 
At 27 de julho de 2006 às 15:47, Anonymous Anónimo said...

Quem se detenha 2 min. seguidos pensando sériamente nos destinos do mundo só pode chegar a uma conclusão: os homens que dirigem os destinos políticos dos Estados são doentes e anormais, todos eles, com a senhora C. Arroz à cabeça e o sr. Bush à ilharga; quanto aos árabes - fanáticos - não conseguiram ainda ultrapassar o "ressentimento do frigorífico e do televisor" da civilização do Ocidente; os isarelitas pensam ser oe eleitos de Deus e que são supeirormente inteligentes e ainda vivemos ao tempo dos reis em que os judeus emprestavam dinheiro a juros elevados praticando uma terrível agiotagem que depois ruinavam os reis e os seus reinos.

Todos estão doentes, proque todos estão descentrados, desfocados da realidade. E hoje quando penso que toda essa corjinha metia requerimento para dar entrada no Júlio de Matos - ninguém os aceitaria, com toda a franqueza.

Com o fim da Guerra Fria ainda sobreveio alguma esperança, logo frustrada pelos factos que se lhe seguiram feito de conflitos regionais que podem, a qualquer momento, ter incidências globais.

O Ocidente, que tem imensas responsabilidades históricas na região, está calado e faz aquilo que os EUA diz que se faça, Israel vive acobertado pela República Imperial e pela sua máquina de guerra, os árabes além de doentes são suicidas, e o povo inocente vive entalado entre esta nave de loucos numa zona estratégica para o mundo, porque rica em matérias-primas estratégicas, designadamente petróleo, e encravado num local de convergência das religiões do livro - onde desaguam as três religiões mais representativa do mundo: o cristianismo, o judaísmo e o islamismo.

Eis o molotov explosivo para meter o mundo a arder, como se fosse um pneu de tractor regado a gasolina...

Estou em crer que se Deus cá viesse puxaria as orelhas a todos esses cromos, mandava os actuais líderes para uma cura de fome e de sono para o Corno d´África e permitia que o Estado da Palestina fosse criado, Israel recuasse às suas fronteiras naturais de 1948 e a Justiça regressasse à cidade.

Ver as coisas como estão é supor que a política existe para o conflito e a guerra, é supor que os políticos existem com um único propósito: instilar medo nas populações e matar os seus filhos através dos próprios governos que era suposto criarem condições para a sua própria libertação e desenvolvimento material e espiritual.

Como nada disto se fez, será lícito concluir que aqueles dignitários deveriam ser demovidos e instalados num sanatório. Começando, desde logo, pela casa Branca em Washingtom dc...

 
At 31 de julho de 2006 às 16:07, Anonymous Anónimo said...

Claro que foi sem querer
«Israel lamenta morte de civis nos bombardeamentos de Qana».
Claro que foi um azar, tal como, aliás, todas as vítimas civis até agora, incluindo o posto de observadores da ONU.

 

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