POBRE PÁTRIA A NOSSA... ENTREGUE A TAL GENTE...
Sócrates publicou no Expresso um artigo sobre o próximo congresso do PS com o título "Um Congresso para o País".
Melhor título seria "Um Congresso para Sócrates".
Desde de que se candidatou a secretário-geral, Sócrates tem mostrado um extraordinário entendimento do que é o poder.
Nessa primeira campanha contra Alegre e Soares foi de uma vacuidade perfeita, cumprindo rigorosamente o plano de não se comprometer com nada de claro ou de preciso.
Na segunda, que lhe trouxe a maioria, também ficou pelo que era necessário (com uma ou outra mentira pelo meio).
A seguir, em pouco tempo, conseguiu calar e disciplinar o governo, como são Cavaco conseguira antes.
Quando chegou às presidenciais, não mexeu um dedo e viu com indiferença o melodrama da esquerda, sabendo que a derrota tarde ou cedo lhe entregaria o partido.
A cada passo, aumentou a sua autoridade pessoal .
Agora, pela mesma lógica, Sócrates tem dois fins principais.
Por um lado, anular Cavaco.
Como?
Adoptando a ideologia e o programa do "cavaquismo".
A moção de estratégia que apresentará no congresso e que se chama "Rumo do PS: modernizar Portugal" resume a ideia.
De facto, se o PS representar a "modernização" da economia e do Estado, como Cavaco a propõe (e a tentou fazer), muda por fora o centro de gravidade do regime.
O PS acaba por se transformar no partido "natural" de governo e o PSD num partido de protesto, crítica e recurso.
Discordando aqui e ali, Cavaco estão por definição impedido de obstruir a sua própria política e para Marques Mendes não sobra mais do que o pormenor e o método.
Isto, por um lado.
Pelo outro, Sócrates pretende "reformar" o PS e liquidar no ovo qualquer futura veleidade de esquerda.
A ideia, anunciada no Expresso, de juntar os fundadores do partido num são "instituto de estudo de políticas públicas", ou seja, num think tank "profissionalizado", darão ao secretário-geral uma superioridade absoluta sobre qualquer facção que o desafie ou conteste. E a proposta de extinguir a comissão permanente do secretariado (que Sócrates defende) elimina a Única, e a Última, plataforma concebível de uma oposição eficaz.
De Novembro em diante (o congresso é em Novembro), Sócrates mandará no PS sem rivais, nem obstáculos.
No PS e, cada vez mais, no país.
Poupado nas palavras, discreto, macio, habilidoso, Sócrates segue o seu caminho.
V.P.V.
V.P.V.
6 Comments:
O "debate" em curso - consta que tem a veleidade de ser um debate - acerca da "direita", parece promovido a partir do Largo do Rato. Dá ideia que o "imperador" Sócrates mandou avançar as pequeníssimas tropas de periferia para garantir sossego onde lhe interessa que ele exista. Felizmente o país ignora quem sejam Pedro Ferraz da Costa, o afável dr. Monteiro e, também, em grande velocidade para o anonimato, o dr. Ribeiro e Castro. Com O Independente morto desde há anos - era apenas um cadáver adiado -, com o Semanário como mero delírio privado do Rui Teixeira Santos, com os restantes "semanários" e "diários" rendidos ao "bloco central", descontando uma pequena picardia aqui ou ali, e com as televisões absortas pelo último crime em Alguidares de Baixo e pelo sr. Fiúza, resta esperar tranquilamente, e em outras tarefas, que o país - e o que sobra do "original" PS - se farte do engenheiro.
Dali não se deve esperar nenhuma trapalhada à la Santana Lopes.
Os drs. Pereira, Costa, Santos Silva e um obscuro Filipe Baptista, secretário de Estado Adjunto do PM, asseguram a pax socrática. E as ligações "comerciais" que unem as figuras do regime umas às outras, independentemente do partido a que pertencem, fazem o resto.
O caminho dos "acordos" pontuais com o governo que Marques Mendes propôe, esbarra apenas com o sorriso complacente dos pretorianos de Sócrates.
É claro que Mendes não propôe o que propôe em vão.
Se, daqui a três anos, as "metas" do governo não tiverem passado do "powerpoint" (como eu acho que não vão passar porque a miséria oculta é mais do que muita, desde o "estado à "sociedade civil"), Marques Mendes deve, então, explicar exactamente isso e por que tinha razão.
Uma vitória de Pirro em 2009 é o bastante para abalar os fundamentos da pax socrática. Cavaco não mexerá uma palha neste primeiro mandato. E só ele poderá - no caso de uma segunda legislatura sem maioria que revele mais claramente a propaganda e menos a "obra" - fazer alguma coisa.
Até lá, tudo o que seja "pensar a direita" é "pensar pequenino" e fazer fretes desnecessários a Sócrates.
Sócrates não é de esquerda nem de direita e despreza a "ideologia".
Vejam lá se ele perdeu um segundo, uma vez alcançado o poder, com a "esquerda moderna" com que tomou conta do partido.
De vez em quando manda o dr. Vitorino apascentar umas "novas fronteiras" temáticas para dar a ideia que "debate".
Uns "estados gerais da direita" seriam, neste contexto, um logro cómico se não fosse trágico. Mostrariam definitivamente ao país que a "direita" está num estado tal que não se recomenda.
Do artigo do Secretário-Geral do PS, publicado no Expresso, e das notícias hoje editadas sobre a reunião da Comissão Nacional socialista de ontem, merece aplauso a medida do líder socialista, a apresentar no próximo congresso nacional, de refundar as duas Fundações ligadas ao PS, quase inexistentes, e transformá-las numa só instituição que estimule a produção de ideias e projectos para, como se intitulará a moção de Sócrates, "Modernizar Portugal". Deste modo, pode ser possível dinamizar o partido e, com este, estimular e enriquecer o Governo.
Por outro lado, sendo este um congresso para cumprir calendário, pois a liderança não está em causa, faz bem o líder socialista apelar à participação e ao debate, como sublinha no artigo do Expresso. Oxalá haja essa vontade nas estruturas e não seja o congresso um sarau de meros louvores ao Governo. Quando isto sucede num partido, o título da obra de García Marquez, "Crónica de uma morte anunciada", aplica-se como uma luva.
Mais preocupante é a leitura do líder quanto à sua disponibilidade para estar presente em diversas frentes. Pensa o Secretário-Geral do PS poder acumular as funções governativas com as da gestão interna do partido.
Quanto à assunção de gestão concomitante do Governo e do partido, estas funções, são, já de si, complicadas. Se acrescer a presidência da União Europeia, tudo se torna ainda mais complicado.
Pelos vistos há quem não repare, mas as presidências da UE vão mudar a partir do próximo ano. A liderança de cada país não se cinge, agora, a meio ano, mas sim a ano e meio. Portugal assume a liderança a partir de Julho até Dezembro de 2007, porém a presidência lusa é assumida e repartida em conjunto com a Alemanha e a Eslovénia. Portanto, até a Junho de 2008, Portugal estará envolvido na presidência da UE.
Se, e bem, como pretende a Chanceler alemã, relançar o Tratado Constitucional Europeu, Portugal tem papel preponderante neste processo.
A UE precisa de uma nova arquitectura institucional e sem o Tratado, dificilmente a União conseguirá deixar este passo lento, moroso e pouco eficiente, como o caso do conflito no Médio Oriente comprova a ineficiência europeia. Alemanha, Portugal e Eslovénia têm a elevada responsabilidade de dinamizar a UE e adaptá-la, com sucesso, às novas realidades deste século.
Se o Primeiro-Ministro luso pensa que terá muito tempo para as tarefas internas, já a partir de Janeiro de 2007, engane-se. A partir de Julho de 2007 tempo é mesmo o que faltará ao líder do Governo para as questões governativas nacionais.
As responsabilidades de Estado deixarão, inevitavelmente, ao Secretário-Geral do PS muito pouco, senão mesmo nenhum, tempo para coordenar o partido.
O próximo congresso socialista revela-se, por isso, mais importante, se assumida uma necessária leitura temporal alargada, do que a mera legitimação dos dirigentes.
Um erro na concepção dos próximos dois anos pode ser fatal para a governação.
Portugal já assumiu por duas vezes a presidência da UE e esses dois momentos foram o início do fim dos Governos que então exerciam funções.
Importa que o Camarada Sócrates saiba dosear e aplicar correctamente as forças, se quer levar a bom porto a boa governação do país.
Uns mais do que outros, melhor, uns com mais mediatismo do que outros, todos os Partidos políticos iniciam a actividade neste início de Setembro quente.
O PPD e o PCP arrancaram com aulas e festas, respectivamente, o BE com a marcha das vacas magras, como convém. O CDS prepara actividades na Pérola do Atlântico depois de lido, pelo porteiro do Caldas, o Manifesto das Andorinhas e o PS travestido de Novas Fronteiras ensaia para a terra da Maloud, no Sábado que vem, o beija-mão que culminará, diz-se que em Évora lá para o final do ano, com a entrega do ceptro ao Senhor Dom José. Em São Bento prepara-se também o regresso às aulas, com a deputagem bronzeada e ansiosa pelo trabalho.
Este Verão o peixe-aranha esteve pouco activo. Não se ouviu falar de picadelas venenosas, entretidos que estivemos com sionismos e fundamentalismos no Império Otomano e com os fiúzentos combates de galos em Belém. O Poder, sempre atento ao que mais interessa, deixou desbastar o arvoredo nos Parques e Reservas Nacionais, de forma Simplex, impulsionando o desenvolvimento da indústria de carvão vegetal e prepara agora a terraplanagem necessária à construção de mais uns estádios de futebol. As prenhas alentejanas ensaiaram parir em terras da Extremadura e, pelo que consta, gostaram do SNS espanhol. Pouco se falou de Barrancos, agora legal e já fora de moda, a quem só resta dedicar-se à comercialização dos bácoros alimentados a boleta do lado de cá da fronteira e mortos do outro para conseguirem, na Extremadura e Andalucia, a designação de Pata Negra.
Todos prontos para retomar o trabalho, os portugueses despem os calções e as chanatas, esse novo símbolo da descontracção lusíada, e arregaçam as mangas, como o edil lisbonense recomendava, vai fazer um ano.
A actividade vai recomeçar, já se preparam as greves e as manifestações.
Por razões várias não estive na Festa do Avante, aliás, não faz parte do meu roteiro de peregrinações, e ao saber que Marcelo Rebelo de Sousa lá esteve fiquei com a sensação que um dia destes basta passar uma tarde na Praia dos Tomates para saber o que se passou na Atalaia.
Mas não é para falar do Marcelo que coloquei este comentário, foi para dizer que ainda bem que não fui à festa do PCP e para juntar a minha voz aos muitos que pedem a liberdade de Ingrid Betancourt, uma candidata presidencial da Colômbia que foi raptada pelas FARC [www.farcep.org], um suposto movimento de libertação presente na Atalaia.
PCP [www.pcp.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=6246&Itemid=225] deveria explicar se existe alguma diferença entre os militantes do PCP que foram presos pela PIDE/DGS, que tanto usa para se assumir como o partido que mais lutou pela democracia, e Ingrid Betancourt.
O PCP deveria explicar porque razão glorifica na sua festa gente que rapta democratas e promove a produção e o tráfico de droga. Compreendo que o PCP persista em manter uma “cidade internacional” na sua festa, mas se insistir nos critérios seguidos para convidar a FARC receio que a decoração exterior da “cidade internacional” tenha que ser o arame farpado igual ao do Tarrafal, ou grades como as de Caxias, Aljube ou Peniche.
Em matéria de liberdade não há bons e maus presos políticos, não há raptos politicamente correctos, ou se é a favor e se defende a liberdade dos democratas ou se está com o esbirros. Enquanto Ingrid Betancourt estiver presa e o PCP mostrar um total desprezo pelos democratas não certificados pelos seus valores políticos não tenciono ir à Festa do Avante, se não se pode festejar a liberdade não há ali nada para festejar.
ERA DE ESPERAR
O PCP convidou os sequestradores e traficantes de cocaína das FARC e agora é o governo que tem que aturar a Colômbia:
«O embaixador colombiano em Portugal, Plínio Apuleyo Mendoza, disse ontem ao DN, quando confrontado com a notícia da presença das FARC na festa dos comunistas portugueses, que iria pedir explicações ("un reclamo") às autoridades portuguesas. "Essa notícia surpreende-me muito, precisamente porque Portugal integra a União Europeia, que consideram as FARC uma organização terrorista [ver caixa]", disse o diplomata. "O que a Colômbia espera de Portugal é solidariedade no combate ao terrorismo", acrescentou o embaixador, que criticou ainda o PCP por se estar "estar prestando ao jogo do terrorismo".» [Diário de Notícias]
Solicite-se um comentário televisivo a Jerónimo de Sousa
MAI averigua caso das FARC no "Avante!"
O ministro da Administração Interna, António Costa, afirmou ontem que está a proceder a "diligências" sobre a presença da organização terrorista colombiana FARC, na Festa do "Avante!"
António Costa relatou os resultados das averiguações já efectuadas: o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) "não tem registo da entrada de nenhum elemento das FARC em Portugal" e, além do mais, dos 77 colombianos que este ano obtiveram visto de entrada em Portugal, nenhum o pediu dizendo que vinha para participar na festa do "Avante!".
O ministro sublinhou que o SEF só controla as "fronteiras externas" (portos e aeroportos). Os colombianos que representaram as FARC podem ter entrado pelas fronteiras terrestres, sem qualquer controlo.
Enquanto isto, o embaixador colombiano em Portugal, Plinio Apuleyo Mendoza, enviou ao ministro dos Negócios Estrangeiros uma carta para "manifestar as suas inquietudes" e "pedir explicações". Ao jornal colombiano El Pais, disse que o que mais o escandalizou foi a presença oficial na festa da revista oficial das FARC, "Resistencia".
No Parlamento, CDS e PSD acusaram o PCP de falta de legitimidade para falar de terrorismo. Evocando afirmações do deputado Jorge Machado que qualificou como "actividade terrorista" a detenção e transporte ilegal de prisioneiros que tem vindo a ser imputada à CIA, o CDS criticou o que disse ser "um manifesto paradoxo".
"O PCP vem falar em actos terroristas, como é que convida organizações terroristas?", questionou o líder parlamentar centrista, Nuno Melo, secundado pelo social-democrata Henrique de Freitas: "Um partido que admite na sua festa nacional um movimento terrorista não pode falar nestes termos".
Afirmações que o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, contesta. "Não recebemos lições de forças políticas que consideravam que o ANC ou Nelson Mandela eram terroristas", afirmou ao DN.
IN: D.N.
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