sexta-feira, 25 de agosto de 2006

POBRE PAÍS O NOSSO...

O político português típico acredita num princípio da idade do Paleolítico: o mundo muda e ele continua igual.
Há quem tenha uma visão ainda mais preguiçosa da sociedade: a de que o país roda à sua volta.

É esta visão umbilical que leva a que a ideologia central reinante no país seja a da incineração.
À falta de adrenalina, a incineração é a maquilhagem perfeita para a sua frugal dieta de falta de ideias.
O político português não actua às claras: incinera às escuras.
Jerónimo de Sousa, à falta de estrelas da ex-URSS, apresenta como cabeça de cartaz do piquenicão da Festa do Avante o autarca Carlos de Sousa. Transformado, dentro dos profundos conhecimentos de incineração do partido, em torresmos.
No PSD há quem, em vez de exercitar os músculos contra a corrente, prefira incinerar o líder Marques Mendes.
A incineração interna é sempre uma forma de combate político mais fácil do que debater com o feiticeiro do fogo, José Sócrates.
Este, aparentemente, só tem uns autarcas que, em sussurro, vão tentando garantir fundos para adquirir uma incineradora que um dia os vingue das humilhações.
Mas, até lá, vão ter de viver com o líder do forno governativo.
O CDS de Ribeiro e Castro comprou uma incineradora para se ir torrando a si próprio, num exercício de masoquismo que poderia ser estudado por académicos de todo o mundo.
Na política portuguesa é mais fácil incinerar quem está à volta do que acender os neurónios.
É por isso que este país vive na penumbra da fuligem.


F.S.

2 Comments:

At 25 de agosto de 2006 às 15:20, Anonymous Anónimo said...

Esta notícia que segue, do Correio da Manhã de hoje, é suficientemente eloquente para dispensar comentários de maior.
O maior comentário que se pode fazer, aliás, é sobre a banalidade destes fenómenos e ainda dizer que se o exemplo deveria, em princípio, vir de cima, cai pela base qualquer argumentação a propósito de legitimidade democrática que permite aos partidos políticos, comportarem-se, ano após ano, deste modo vergonhoso.
De resto, não faltará quem, ao ler isto, diga já que este arrazoado é populista e sendo contra os partidos, apologista de regimes sem partidos.
Escusado será dizer a esses que o descrédito das instituições democráticas também passa muito por estes fenómenos e que nem sequer se está a falar de financiamento ilegal- apenas de contas mal feitas e desprezo pelas regras que a si mesmos se impuseram.

“As contas do PS prestadas em 2003 à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP), órgão que funciona junto do TC, “impossibilitam a obtenção de conclusões seguras sobre o montante e natureza da totalidade dos recursos financeiros que terão sido obtidos pelo partido”, lê-se no acórdão n.º 455/2006, ontem publicado em Diário da República. Ou seja, são valores que se referem na maioria às operações de financiamento e funcionamento do partido, excluindo dados sobre concelhias, distritais, regionais e outras organizações, como a Juventude Socialista, contrariando o exposto na Lei n.º 56/98, que regula o financiamento de partidos políticos e de campanhas eleitorais. Entre outras irregularidades consideradas para a decisão de multar o PS em 64 188 euros, pesou o facto de não terem depositado a totalidade dos donativos de natureza pecuniária em contas próprias. E, também, por estas duas razões, entre outros, PSD e CDS-PP foram sancionados em 64 901 euros e 65 614 euros, respectivamente. Acresce, segundo o acórdão assinado pelo presidente do TC, o juiz conselheiro Artur Maurício, que a Comissão Política Regional da Madeira do PSD tinha em 2003 uma “situação financeira desequilibrada”, com dívidas a fornecedores, financeiras e à Fundação Social Democrata que ascendem a cerca de dois milhões de euros.Já o PCP, multado em 14 264 euros, declarou de forma inadequada as receitas que resultaram da angariação de fundos. O TC detectou ainda que os comunistas registaram o património imobiliário resultante de operações em 2002 e 2003 a valores de mercado e não de aquisição. O BE também não depositou os donativos pecuniários em conta própria e foi sancionado em 5349 euros.Apenas o partido Os Verdes, Partido Socialista Revolucionário (PSR), Movimento pelo Doente (MD) e Partido Operário de Unidade Socialista (POUS) tinham as contas correctas. Foi ainda julgado extinto o processo de contra-ordenação contra o Partido de Solidariedade Nacional (PSN) e a Frente da Esquerda Revolucionária (FER). Serão apuradas ainda as responsabilidade de dirigentes políticos em 2003, tal como nos dois anos anteriores. ENTIDADE CONTROLA E PSD CRITICAA informação prestada anualmente pelos partidos à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP) limita-se, na maioria, a prestar contas da estrutura central, descurando concelhias, distritais e regionais. O presidente da ECFP, José Miguel Fernandes, decidiu publicar um regulamento para “clarificar o conceito de partido político”. E, a propósito deste novo regulamento, o presidente da distrital do PSD do Porto, Agostinho Branquinho, acusou a ECFP, em declarações ao CM, “de ser uma entidade cuja finalidade é introduzir burocracia”. Em sua opinião, a legislação “é um aborto, a única coisa que tem de bom é a permissão do financiamento por parte de empresas”. DIRIGENTES PARTIDÁRIOS JÁ SANCIONADOSJosé Luís Arnaut, do PSD, foi multado duas vezes consecutivas pelo Tribunal Constitucional em sete ordenados mínimos nacionais, referentes a infracções cometidas em matéria de financiamento e organização contabilística partidária, à data de 2001 e 2002. O então secretário-geral social-democrata e outro dirigente do mesmo partido foram condenados a pagar, cada um, 2339,40 euros por irregularidades nas contas de 2001. Também cinco dirigentes do PS foram sancionados em igual valor, segundo o acórdão 250/06, de 9 de Maio, que aplicou pela primeira vez coimas a dirigentes partidários em complemento à sanções aplicadas aos partidos por irregularidades nas contas. Os casos do CDS-PP e do PSN (Partido da Solidariedade Nacional) foram arquivados. Já em 2002, Luís Arnaut e outro dirigente do PSD incorreram na mesma prática, cabendo uma coima de 2436 euros a cada um. Desta vez, seis dirigentes do PS foram multados em igual valor e, segundo o acórdão 348/06, de 4 de Julho, Dias da Cunha, ex-presidente do Sporting, foi um dos socialistas condenados. Neste ano, um dirigente do PDA (Partido Democrático do Atlântico) foi multado em 1783 euros. O Tribunal decidiu-se ainda pelo arquivamento dos processos referentes ao PSN e ao CDS-PP. Nestes dois anos, os dirigentes do PSD foram condenados ao pagamento de 9550,80 euros por infringirem a lei. Os dirigentes do PS foram multados, em igual período, em 26 313 euros. Já os casos decorrentes da apresentação das contas dos democratas-cristãos foram sempre arquivados ou extintos.

 
At 25 de agosto de 2006 às 16:55, Anonymous Anónimo said...

Parece mentira mas é verdade, em Portugal é mais fácil fazer cair um ministro ou um secretário de Estado do que um director-geral ou subdirector-geral incompetente, aquilo a que vulgarmente se designa por boy. Para demitir um ministro basta uma indisposição do primeiro-ministro, um qualquer problema numa vértebra C qualquer coisa provocado por cansaço ou uma chicotada psicológica que em política se designa por remodelação governamental.

Quando um governante é demitido leva um chuto e ponto final, mas para demitir um boy é uma carga de trabalhos, se o despacho for feito sem cuidado vem o Provedor de Justiça cuidar da "vítima" e mais tarde ou mais cedo o Supremo Tribunal Administrativo, no fim ou ganha uma promoção ou uma indemnização.

Se for um boy do partido que os eleitores mandaram para o Purgatório da oposição a coisa ainda é fácil, basta esperar que faça asneira da grossa. Mas se for um boy do partido do governo a coisa complica-se, depois de se terem encoberto as mentiras com comunicados do gabinete de imprensa é muito difícil dizer que foi engano, que o rapaz é incompetente. Como muitos boys são especialistas em diversificar relações só raramente se apanha um desprevenido.

Nos últimos dias soube-se que os administradores de um hospital eram ciosos defensores das poupanças pedidas pelo ministro e ao mesmo tempo que as divulgavam compraram carros de luxo. O ministro da Saúde assinou um despacho demitindo-os? Nem pensar, assinou um despacho que mais parecia um anexo aos Evangelhos, referindo o que era considerado pecado na gestão hospitalar, mas o certo é que os pecadores acabaram por serem benzidos. E nem vale a pena referir o que se tem passado na DGCI onde os prejuízos são cada vez mais elevados e o ministério desdobra-se em comunicados que são lições de ginástica, tantos são os fliques-flaques que o ministério dá para não tropeçar em tanta asneira.

E quando um ministro tem a intenção de substituir um dos boys que lhe saiu na rifa descobre que está protegido por uma teia de interesses que pode envolver desde a Opus Dei ou Maçonaria a um qualquer outro membro do Governo. Num país tão pequeno não ninguém que não seja amigo de um ministro, do Presidente da República ou mesmo do Cardeal Patriarca.

A verdade é que ao longo de uma legislatura são mais os ministros e secretários de estado que são substituídos do que os boys demitidos por incompetência.

 

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