terça-feira, 26 de dezembro de 2006

O FUNDAMENTALISMO DA IGREJA CATÓLICA DE PORTUGAL


D. João Miranda: ignorância e fundamentalismo

Alguns prelados, por desespero ou por raiva, estão a descuidar-se e a exceder-se, evidenciando uma mentalidade obscura que ao longo do tempo tentam esconder, porque no mundo de hoje não convém parecer tão fundamentalista como um Mulah das montanhas do Afeganistão.

Depois de D. José Policarpo não ter resistido à tentação de transformar a sua mensagem de Natal em tempo de antena do debate do referendo, foi a vez de D. João Miranda que no Porto tentou fazer concorrência aos vídeos do Bin Laden, mostrando uma faceta medieval que há muito não se via num eclesiástico da Igreja Católica.

Comparar os abortos com os meninos da roda dos mosteiros medievais é absurdo porque o que menos convém à Igreja são as práticas medievais, e ainda por cima é porque muitas mães não desejam entregar os filhos na roda que optam pela péssima decisão de fazer um aborto em condições essas humilhantes.
Mas as condições medievais em que são feitos os abortos clandestinos, nem esta prática generalizada alguma vez levaram D. João a dizer asneiras.



As crianças que D. João deveria comparar com os meninos da roda são os milhões de crianças que não chegam a ser homens, que vivem em condições miseráveis nos bairros da lata, ou que fazem dos cemitérios a sua residência de onde são despejados para que a Igreja Católica cumpra os seus rituais, como sucede nas Filipinas, um país, como outros da América Latina, onde a Igreja Católica consegue impor a sua sharia.

Meninos da roda são as crianças órfãs de África cujos pais morreram com sida e a quem a Igreja Católica negou o uso de preservativos. Medievais são os estudos e conclusões da Igreja Católica segundo os quais os preservativos não são suficientes para evitar a sida por que os vírus passam pelos seus poros.

Meninos da roda foram os filhos dos republicanos espanhóis a quem a Igreja Católica alterou os registos de baptismos para os entregar a famílias de adopção, ou os filhos órfãos porque os pais republicanos foram fuzilados depois de denunciados por padres católicos.


Depois de D. José Policarpo ter afirmado que a Igreja não ia participar na campanha eis que o está fazendo da pior forma, para o debate e para ela própria, está a dar um exemplo de intolerância que há muito não se via.


JUM

9 Comments:

At 26 de dezembro de 2006 às 16:41, Anonymous Anónimo said...

Um dos males que tem a guerra – e que está muitas vezes na sua origem – é o ficar na história quem a faz e geralmente não quem a evita.
Esta ideia não é obviamente original, mas – mais matiz, menos matiz – não deixa de ser verdadeira, pelo que tem de implícito.
Parte-se do pressuposto de que se faz a guerra porque se quer. Isto é obviamente verdade para quem a inicia, quem lança o primeiro ataque, pois pode optar entre fazê-lo ou não. Quem se defende não está a fazer a guerra. Está apenas a exercer o seu legítimo direito de tentar manter-se vivo.
No entanto, os grandes pacifistas da História, personagens verdadeiros ou mitificados, podem ter granjeado um prestígio tão elevado que nenhum guerreiro, por maiores que tenham sido os seus feitos, chega sequer a aspirar à comparação. O mais que faz este último é – cúmulo da hipocrisia e do cinismo! – matar em nome de quem só defendeu o direito à vida! Até das Cruzadas podia falar-se aqui, sem citar nomes…
E, já que hoje estamos em tempo de cruzadas, vem a propósito citar aqui a figura do Grande Cruzado dos nossos tempos, um homem que reza sempre antes de ordenar a invasão de nações situadas no outro lado do mundo. Que ataca em nome de princípios que todos defendemos, mas que não cuida de verificar seriamente se aqueles que manda atacar estão, de facto, a ofender esses princípios.
No entanto…
O grande mal dos nossos tempos é, sem dúvida, o terrorismo. Um inimigo sem rosto, que mata indiscriminadamente, e que – mais terrível ainda – não se importa de morrer na sua prática.
Ora os paladinos da ordem mundial, para serem credíveis nas suas acções, têm de dar um rosto nítido a uma figura tão inefável…
É assim que hoje temos, não uma, mas muitas caras. Bin Laden, quem ainda não o conhece? Um que da fama tira proveito. Todos nós gostaríamos que fosse apanhado, mesmo tendo de ouvir o Grande Cruzado dizer: ‘gentlemen, we`ve got the other one!’ Ficaríamos muito aliviados, com certeza, mas não se erradicaria o mal, pois o monstro tem muitas cabeças. De pouco adianta cortar apenas a mais visível.
Ainda há pouco era Saddam – e de que serviu apeá-lo do seu posto? Acaso o mundo (ou mesmo o Iraque) está melhor agora?
E não é preciso recuar muito para nos aparecer Kadhafi, com os seus gorros de pele (outra das faces do mal…), e hoje um tanto retirado (?). Mas o demónio já teve outras faces, e nem todas de feições arábicas. A galeria é imensa, se considerarmos também as figuras menores. E alarga-se ainda mais se incluirmos aqueles cujo braço não era bastante longo para desferir golpes além das suas próprias fronteiras.
Hoje está muito difícil escolher entre o Bem e o Mal...
Não seria muito melhor se as pessoas ficassem nas suas terras, com o que se evitava todo o problema da xenofobia? Exactamente o que defende a figura satanizada do Sr. Le Pen. Como se isso fosse possível… As fronteiras, e não só as físicas, estão cada vez mais permeáveis.
Mas eu não acredito na convivência pacífica. Não há outro remédio senão pôr de parte todo o lirismo e ingenuidade. Os que nada têm aspiram, naturalmente, a deitar a mão àquilo que ciosamente guardamos para nós. Resta saber quanto do que temos lhes pertence, legitimamente, a eles…

 
At 26 de dezembro de 2006 às 22:33, Anonymous Anónimo said...

FUNDAMENTALISMOS...

BARBÁRIE "DEMOCRÁTICA"
A sentença de morte de Saddam Hussein, confirmada por uma coisa chamada "supremo tribunal de justiça" do Iraque, é mais um golpe na possibilidade de levar a sério o regime e a trapalhada instaurada naquele país pelos EUA de W. Bush. O julgamento do ditador é um farsa que envergonha o direito tal como o conhecemos. É também uma prova de que não existe qualquer esperança de "democratização", de que esta não é importável e de que a pena de morte - um primitivismo jurídico e ético que subsiste em tantos estados norte-americanos como o que é chefiado por outro Bush - coloca de lado qualquer hipótese de conciliação "ocidental" com esta gente. Só um burgesso inconsciente como W. Bush se podia regozijar com esta barbaridade que, a seu tempo, rebentará em cima dele e, tragicamente, em cima de nós.

 
At 26 de dezembro de 2006 às 22:40, Anonymous Anónimo said...

Mau gosto

Do Cardeal Patriarca de Lisboa ao referir-se ao referendo do aborto na sua comunicação de Natal.
Está a meter-se no debate do referendo da pior forma, o que não seria e esperar da parte de quem afirmou que a Igreja Católica não iria intervir.

 
At 26 de dezembro de 2006 às 22:59, Anonymous Anónimo said...

BARBÁRIE DEMOCRATICA

Concordo inteiramente com este comentário.

E não acho que o seu autor esteja a ser catastrofista ao profetizar as terríveis consequências dos actuais erros do Ocidente.

É que essas consequências já estão a chegar.

O conflito de civilizações é uma realidade que, paradoxalmente, em vez de ser anulada pela globalização, tende, antes, a tornar-se, ela mesma, global.

 
At 27 de dezembro de 2006 às 16:19, Anonymous Anónimo said...

Claro que o que a igreja gostaria era de voltar a Idade Mediaen a epoca da Inquisicao com o dobro dos Torquemadas e afins.
Claro que volvidos uns anos pediam desculpa a humanidade, como fizeram em trelacao ao Galileu e outros.
Depois chama fundamentalsitas aos fieis de religioes muito maia antigas do ke os dois milenios da Apostolica Romana.
Vamos mas e por-nos como diz o dito popular" cada macaco no seu galho"
Claro atencao catolicos nao venham a internete que e pecado como diz o chefe maxino

 
At 27 de dezembro de 2006 às 16:36, Anonymous Anónimo said...

Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,

aquele teu retrato que toda a gente conhece,

em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce

sobre um modesto cabeção de pano.

Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.

(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.

Disse Galeria dos Ofícios.)

Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.



Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…

Eu sei… eu sei…

As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.

Ai que saudade, Galileo Galilei!



Olha. Sabes? Lá em Florença

está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.

Palavra de honra que está!

As voltas que o mundo dá!

Se calhar até há gente que pensa

que entraste no calendário.



Eu queria agradecer-te, Galileo,

a inteligência das coisas que me deste.

Eu,

e quantos milhões de homens como eu

a quem tu esclareceste,

ia jurar- que disparate, Galileo!

- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça

sem a menor hesitação-

que os corpos caem tanto mais depressa

quanto mais pesados são.



Pois não é evidente, Galileo?

Quem acredita que um penedo caia

com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?

Esta era a inteligência que Deus nos deu.



Estava agora a lembrar-me, Galileo,

daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo

e tinhas à tua frente

um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo

a olharem-te severamente.

Estavam todos a ralhar contigo,

que parecia impossível que um homem da tua idade

e da tua condição,

se tivesse tornado num perigo

para a Humanidade

e para a Civilização.

Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,

e percorrias, cheio de piedade,

os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.



Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,

desceram lá das suas alturas

e poisaram, como aves aturdidas- parece-me que estou a vê-las -,

nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.

E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual

conforme suas eminências desejavam,

e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal

e que os astros bailavam e entoavam

à meia-noite louvores à harmonia universal.

E juraste que nunca mais repetirias

nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,

aquelas abomináveis heresias

que ensinavas e descrevias

para eterna perdição da tua alma.

Ai Galileo!

Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo

que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,

andavam a correr e a rolar pelos espaços

à razão de trinta quilómetros por segundo.

Tu é que sabias, Galileo Galilei.



Por isso eram teus olhos misericordiosos,

por isso era teu coração cheio de piedade,

piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos

a quem Deus dispensou de buscar a verdade.

Por isso estoicamente, mansamente,

resististe a todas as torturas,

a todas as angústias, a todos os contratempos,

enquanto eles, do alto incessível das suas alturas,

foram caindo,

caindo,

caindo,

caindo,

caindo sempre,

e sempre,

ininterruptamente,

na razão directa do quadrado dos tempos.

António Gedeão
(Poema para Galileo)

 
At 29 de dezembro de 2006 às 15:55, Anonymous Anónimo said...

PIOR A EMENDA DO QUE O SONETO

Depois de um tal D. João ter desatado a dizer asneiras no Natal foi a vez da historiadora Fina d’Armada, mandatária do Movimento Cidadania e Responsabilidade pelo ‘sim’, se meter onde não é chamada:

«A polémica instalou-se no debate sobre o referendo ao aborto. A historiadora Fina d’Armada, mandatária do Movimento Cidadania e Responsabilidade pe-lo ‘sim’, afirmou ontem à Lusa que “Deus atribui um mero valor pecuniário ao feto e deixa claro que a vida da mãe é mais importante”. A conclusão é baseada numa edição de 1852 da Bíblia, elaborada pela tipografia Joaquim Germano de Sousa Neves.»
Correio da Manhã

 
At 30 de dezembro de 2006 às 22:26, Anonymous Anónimo said...

ARGUMENTO HIPÓCRITA

Um dos argumentos mais hipócritas que está a ser usado por alguns partidário do "Não" no referendo da IVG é o de que nenhuma mulher foi presa ou morreu. Há alguns dias foi o responsável pela associação das famílias numerosas a argumentar contra um estudo afirmando que nenhuma mulher morrera por complicações resultantes de abortos clandestinos, agora é Gentil Martins que refere que nenhuma mulher foi presa por prática do aborto.

Parece que não faz mal que exista aborto clandestino já que a lei é ineficaz, apenas servindo para que a IGV não seja praticada à luz do dia e em condições dignas, a defesa da vida só se aplica se a IVG for realizada num hospital.

Quem usa estes argumentos não está preocupado com a vida, apenas considera as aparências

 
At 31 de dezembro de 2006 às 11:57, Anonymous Anónimo said...

Porque nao deixar-mos de ser cinicos e chamar as coisas pelos nomes.
Sera que so as mulheres de baixa condicao social praticam IVG?
Aquelas senhoras finissimas, com carradas de nomes com e de nao o praticam?
A diferenca e que a de baixo extracto social vai a esquina da rua por nao ter meios economicos.
As tias cinicas, beatas eapoiante sdo nao vao ate Londres,Paris a grandes clinicas.
Agora tanto aigreja como estas biatices adoram haver sem abrigos e mais miseria para CINICAMENTE na altura de dezembro darem uns cobertores e uma sopa quente a esses sem abrigos, para a siim lavarem a alma junto do seu Deus.
NAO HA PACHORRA PARA TANTO CINISMO, SERIA UM MUNDO MELHOR SE OS FALSOS PURITANOS NAO TIVESSEM NASCIDO.

 

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