ALL PINHO AND SIR ESPADA
Manuel Pinho, extraordinário ministro, revelou a extraordinária ideia que se lhe emergiu, e declarou que, para efeitos de promoção turística, o Algarve vai passar a ser conhecido por All Garve. O alvoroço dos algarvios, que, em tradução literal, ficariam a designar-se de Todos Garvios, associou-se à estupefacção dos linguistas.
Estes, os mais sábios e os mais graves, removeram as maneiras aprazíveis com as quais se apoiam para afirmar coisas importantes, e comentaram: Este homem não sabe o que diz.
Sabe. Porém, não se dá muito por isso. E, quando por isso se dá, já o andamento vai acelerado. All Garve não é, apenas, uma latejante tolice: é um balúrdio que vai custar. E porquê esse conúbio mal resolvido entre o inglês All e a amputação portuguesa Garve?
Despenhado sobre a nossa perturbação, Pinho asseverou que o inglês é a língua de todos. Apoiou-se, certamente, na confusa lista de reclames, anúncios, apelos, sugestões, ofertas e vendas, garatujada por toda a faixa sul, num portuglês infame, porém patusco.
Manuel Pinho foi o rosto que apareceu a defender a ideia com galhardia.
Com galhardia e vitoriosos sorrisos.
Em primeira e última análise é ele o homem fatal.
Todavia, quem foi o criativo que, esforçado, extraiu o mavioso estribilho, escabichando na meninge a originalidade do conceito e o epílogo no pack shot?
É uma ideia para o século em que vivemos. O futuro contra as destoantes normas do passado. Eis os comentários defensivos, a que a Imprensa deu algum eco. Manuel Pinho nasceu no século XX, mas é homem do XXI. Modestamente, e com perdão da palavra, sugiro ao querido ministro que, reclamando-se das mesmas exigências e com o mesmo talante, altere os nomes, por alheios e cediços às coisas do futuro, e passe a chamar de All Gés, All Cântara, All Fama, All Jezur, rejeitando, veemente, as denominações com mais de mil anos. E, já agora, altere a História, passe uma esponja desdenhosa sobre os três ou quatro episódios que ainda nos são familiares, com a mesma ardorosa simplicidade utilizada para conferir à tolice a majestade das decisões superiores.
No mesmo dia em que eram conhecidas as extraordinárias afirmações do extraordinário ministro, o austero Expresso inseria, nas suas respeitáveis colunas, um artigo, sob o estupendo título Em Defesa da Câmara dos Lordes, assinado por João Carlos Espada. Num texto sincopado, levemente sentimental e um tanto nostálgico, o articulista lamentava-se do facto de a Câmara dos Lordes passar a ser totalmente eleita, o que não acontecia até agora. Espada, triste, escreve que o funesto acontecimento é muito decepcionante para os admiradores da tradição inglesa da liberdade. Percebe-se um soluço a embargar a voz do comentador. Não se percebe muito bem qual o conceito de democracia e de liberdade defendido pelo Espada.
Espada, que tem por salutar hábito frequentar a Câmara, onde não é tratado por My Lord, incidente pesaroso, considera, aliás, um ligeiro detalhe, de significado medíocre, a inexistência de eleições. É uma das excêntricas peculiaridades que distinguem a liberdade inglesa, adverte. Combatendo, fero e audaz, essa inusitada disposição democrática, Espada ilumina a nossa desconsolada ignorância, comunicando que os pobres lordes não recebem salário, mas têm modestas senhas de presença e um modestíssimo subsídio de transporte. Admite-se, assim, que vão democraticamente almoçar à cantina e que viajam em colectivos e democráticos transportes públicos, embora tenham à disposição um belo bar com vista para o Tamisa, esclarece muito feliz.
Tudo leva a crer que o articulista Espada frequentou, algumas vezes, o amável recinto, bebericando xerez com beatitude e escutando com transporte e unção o verbo eloquente de Sir Karl Popper, amado mestre e amigo. Entretanto, lamenta-se do despropósito: Uma nova Câmara dos Lordes, integralmente eleita, vai trazer vários problemas. Antes de mais, será caríssima, pois vão ter de pagar salários aos novos lordes. Depois, sendo eleita, vai ter de ter novos poderes. Isso será uma complicação adicional na já complicada Constituição britânica - tão complicada que nunca alguém conseguiu escrevê-la.
O pranto estende-se pelo artigo, deixando o leitor desamparado e seriamente aflito com o trágico destino dos setecentos e tal lordes, que já foram mil e duzentos.
Os comovidos frequentadores habituais dos artigos de Espada interrogaram-se: E agora, que será da Inglaterra?
O drama atingia proporções nunca vistas nem sequer adivinhadas.
Telefonemas, SMS, telegramas, circularam de um para outro lado: Que se passa? Que se passa?
Ninguém sabia responder a estas dilemáticas interrogações. Porém, o suspense foi atenuado. Espada, sempre no segredo dos deuses, sempre a beber do fino, atenuou a pesada carga que depusera nos ombros dos seus milhões de leitores. Soltando fundos suspiros de alívio, pressuroso e regozijante, o inadiável Espada escreveu: Correcção final: ainda a tempo, recebo secreta informação de Londres. A votação na Câmara dos Comuns foi a melhor forma de manter a Câmara dos Lordes tal como está (?) Ainda há esperança.
Há? Para quem? Para o Espada?
APOSTILA - A barafunda no CDS começou quando ao nome fundador do partido se juntou o acrónimo PP, subrepticiamente designando Paulo Portas, seu animoso padrinho. Portas é o Portas: um azougue, um arrogante, uma indigestão de sobranceria, um egocêntrico, um megalómano. Portas parece uma bomba desfolhante: pulveriza Monteiro, Freitas, Castro, Maria José, apaga Adriano, Lucas, Amaro. Portas é um estalinista de direita. Portas suprime retratos, extingue a História, elimina o seu Trotski, o seu Bukarine, o seu Kameneve. Portas não tem amigos, apenas dispõe de instantes de amizade. Ninguém o ama nem ele ama ninguém. Ninguém o quer nem ele quer a ninguém. Usa e é usado. Não lega ao futuro um traço fundo: deixa no presente uma baba de caracol. As pessoas a sério não o tomam a sério. É o gozo de um jornalismo vácuo. É a triste figura de um triste tempo. Haverá hesitações de análise sobre a personalidade intelectual, moral, ideológica e política de Maria José Nogueira Pinto e a sombra fugidia de um homem que já foi quase tudo e, rigorosamente, quase nada é?
B.B.
Estes, os mais sábios e os mais graves, removeram as maneiras aprazíveis com as quais se apoiam para afirmar coisas importantes, e comentaram: Este homem não sabe o que diz.
Sabe. Porém, não se dá muito por isso. E, quando por isso se dá, já o andamento vai acelerado. All Garve não é, apenas, uma latejante tolice: é um balúrdio que vai custar. E porquê esse conúbio mal resolvido entre o inglês All e a amputação portuguesa Garve?
Despenhado sobre a nossa perturbação, Pinho asseverou que o inglês é a língua de todos. Apoiou-se, certamente, na confusa lista de reclames, anúncios, apelos, sugestões, ofertas e vendas, garatujada por toda a faixa sul, num portuglês infame, porém patusco.
Manuel Pinho foi o rosto que apareceu a defender a ideia com galhardia.
Com galhardia e vitoriosos sorrisos.
Em primeira e última análise é ele o homem fatal.
Todavia, quem foi o criativo que, esforçado, extraiu o mavioso estribilho, escabichando na meninge a originalidade do conceito e o epílogo no pack shot?
É uma ideia para o século em que vivemos. O futuro contra as destoantes normas do passado. Eis os comentários defensivos, a que a Imprensa deu algum eco. Manuel Pinho nasceu no século XX, mas é homem do XXI. Modestamente, e com perdão da palavra, sugiro ao querido ministro que, reclamando-se das mesmas exigências e com o mesmo talante, altere os nomes, por alheios e cediços às coisas do futuro, e passe a chamar de All Gés, All Cântara, All Fama, All Jezur, rejeitando, veemente, as denominações com mais de mil anos. E, já agora, altere a História, passe uma esponja desdenhosa sobre os três ou quatro episódios que ainda nos são familiares, com a mesma ardorosa simplicidade utilizada para conferir à tolice a majestade das decisões superiores.
No mesmo dia em que eram conhecidas as extraordinárias afirmações do extraordinário ministro, o austero Expresso inseria, nas suas respeitáveis colunas, um artigo, sob o estupendo título Em Defesa da Câmara dos Lordes, assinado por João Carlos Espada. Num texto sincopado, levemente sentimental e um tanto nostálgico, o articulista lamentava-se do facto de a Câmara dos Lordes passar a ser totalmente eleita, o que não acontecia até agora. Espada, triste, escreve que o funesto acontecimento é muito decepcionante para os admiradores da tradição inglesa da liberdade. Percebe-se um soluço a embargar a voz do comentador. Não se percebe muito bem qual o conceito de democracia e de liberdade defendido pelo Espada.
Espada, que tem por salutar hábito frequentar a Câmara, onde não é tratado por My Lord, incidente pesaroso, considera, aliás, um ligeiro detalhe, de significado medíocre, a inexistência de eleições. É uma das excêntricas peculiaridades que distinguem a liberdade inglesa, adverte. Combatendo, fero e audaz, essa inusitada disposição democrática, Espada ilumina a nossa desconsolada ignorância, comunicando que os pobres lordes não recebem salário, mas têm modestas senhas de presença e um modestíssimo subsídio de transporte. Admite-se, assim, que vão democraticamente almoçar à cantina e que viajam em colectivos e democráticos transportes públicos, embora tenham à disposição um belo bar com vista para o Tamisa, esclarece muito feliz.
Tudo leva a crer que o articulista Espada frequentou, algumas vezes, o amável recinto, bebericando xerez com beatitude e escutando com transporte e unção o verbo eloquente de Sir Karl Popper, amado mestre e amigo. Entretanto, lamenta-se do despropósito: Uma nova Câmara dos Lordes, integralmente eleita, vai trazer vários problemas. Antes de mais, será caríssima, pois vão ter de pagar salários aos novos lordes. Depois, sendo eleita, vai ter de ter novos poderes. Isso será uma complicação adicional na já complicada Constituição britânica - tão complicada que nunca alguém conseguiu escrevê-la.
O pranto estende-se pelo artigo, deixando o leitor desamparado e seriamente aflito com o trágico destino dos setecentos e tal lordes, que já foram mil e duzentos.
Os comovidos frequentadores habituais dos artigos de Espada interrogaram-se: E agora, que será da Inglaterra?
O drama atingia proporções nunca vistas nem sequer adivinhadas.
Telefonemas, SMS, telegramas, circularam de um para outro lado: Que se passa? Que se passa?
Ninguém sabia responder a estas dilemáticas interrogações. Porém, o suspense foi atenuado. Espada, sempre no segredo dos deuses, sempre a beber do fino, atenuou a pesada carga que depusera nos ombros dos seus milhões de leitores. Soltando fundos suspiros de alívio, pressuroso e regozijante, o inadiável Espada escreveu: Correcção final: ainda a tempo, recebo secreta informação de Londres. A votação na Câmara dos Comuns foi a melhor forma de manter a Câmara dos Lordes tal como está (?) Ainda há esperança.
Há? Para quem? Para o Espada?
APOSTILA - A barafunda no CDS começou quando ao nome fundador do partido se juntou o acrónimo PP, subrepticiamente designando Paulo Portas, seu animoso padrinho. Portas é o Portas: um azougue, um arrogante, uma indigestão de sobranceria, um egocêntrico, um megalómano. Portas parece uma bomba desfolhante: pulveriza Monteiro, Freitas, Castro, Maria José, apaga Adriano, Lucas, Amaro. Portas é um estalinista de direita. Portas suprime retratos, extingue a História, elimina o seu Trotski, o seu Bukarine, o seu Kameneve. Portas não tem amigos, apenas dispõe de instantes de amizade. Ninguém o ama nem ele ama ninguém. Ninguém o quer nem ele quer a ninguém. Usa e é usado. Não lega ao futuro um traço fundo: deixa no presente uma baba de caracol. As pessoas a sério não o tomam a sério. É o gozo de um jornalismo vácuo. É a triste figura de um triste tempo. Haverá hesitações de análise sobre a personalidade intelectual, moral, ideológica e política de Maria José Nogueira Pinto e a sombra fugidia de um homem que já foi quase tudo e, rigorosamente, quase nada é?
B.B.
Etiquetas: Partido Socialista
4 Comments:
Como e possivel que depois das barracas dadas na China ond eos Portugas deven ter sido catalogdos como estupidos depois das declaraçoes deste senhor, tb e verdade que os altos dignatarios chineses bazaram paa o etsrangeiro assim que souberam que iam la os ditos representantes de alguns portugueses, agora alterar a designaçao dea lgarve para aquela parvoice por favor deixem este pais e vao para um sitio onde nao façam asneiras, ou melhor entreguem isto aos espanhois que sempre sao mais inteligentes e nao fazem tantas parvoices
haja paxorra
Achei genial a transformação do Algarve em Allgarve, para atrair ainda mais bifes à região, faltando apenas saber quem serão os primeiros papalvos a empurrar para o mar durante os meses de Verão por excesso de ocupação hoteleira. Mas melhor que Allgarve é PORTUGALL - uma ideia ainda mais genial que acabo de ter agora. Vou tratar de vendê-la já ao ministro da Economia, não vá outro génio antes de mim registar a patente e esportular uns cobres do erário público sob a bênção sorridente de Manuel Pinho. Perdão, Manuel Pine. Minister of Economy. Portugall land of football. By jove! Razão tinha o engº em pôr as criancinhas da primária a palrar como os camones. Quem sabe se a própria rainha não troca o palácio de Balmoral por uma açoteia em Almansil...
Achei genial a transformação do Algarve em Allgarve, para atrair ainda mais bifes à região, faltando apenas saber quem serão os primeiros papalvos a empurrar para o mar durante os meses de Verão por excesso de ocupação hoteleira. Mas melhor que Allgarve é PORTUGALL - uma ideia ainda mais genial que acabo de ter agora. Vou tratar de vendê-la já ao ministro da Economia, não vá outro génio antes de mim registar a patente e esportular uns cobres do erário público sob a bênção sorridente de Manuel Pinho. Perdão, Manuel Pine. Minister of Economy. Portugall land of football. By jove! Razão tinha o engº em pôr as criancinhas da primária a palrar como os camones. Quem sabe se a própria rainha não troca o palácio de Balmoral por uma açoteia em Almansil...
Talvez estas mentes pequenas queiram um mpais chamado Talvez allnoss, em kq eles habitantes d ese lugar se chamariam allburros oun ARREBURROs.
E andou Afonso Henriques a lutar por um pais , agora entregue a tal gente.
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