quinta-feira, 1 de março de 2007

A DESCONFIANÇA AUMENTA, AUMENTA...

Os portugueses dizem que têm orgulho no passado.
Recordam-se dele como um paraíso comparado com o inferno do presente.
Do futuro nem se fala.
Pensam que têm de o vislumbrar de óculos escuros.
Compreende-se o nervosismo: olham para o Estado e, em vez de um elefante, vêm lá um conjunto de toupeiras.

Funcionários de fato cinzento que dizem defender os cidadãos e que a única coisa que fazem é defender-se a si próprios. E, por isso, a desconfiança aumenta.
O que vêem os portugueses?
Prometem-se reformas e a domesticação do monstro e apenas se assiste ao alargamento do pântano.
Promete-se a modernidade e ela acaba por passar por menos escolas, mais impostos, menos hospitais, uma reforma mais longínqua.

Para os nossos cidadãos a segurança social tira o mais e oferece o menos.
Como é que alguém lhe pode dar o benefício da dúvida?
Só quem se encharca de Xanax para ver um futuro cheio de sol.
Não surpreende que, segundo um estudo divulgado em Bruxelas, os portugueses sejam os cidadãos da UE mais insatisfeitos com o sistema de segurança social, com o de pensões e com o futuro.

Não espanta que os portugueses sejam fatalistas. Contra isto que pode fazer Sócrates ou a oposição?
Como se contraria a insatisfação latente quando o que se pede são sacrifícios sem fim sem oásis à vista?

O Estado, para os portugueses, tornou-se um andróide sem sentimentos. Que os esmaga sem contemplações.
A insatisfação tornou-se uma torre de Babel em Portugal.
Nunca terá fim.


F.S.

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2 Comments:

At 1 de março de 2007 às 15:11, Anonymous Anónimo said...

Medidas científicas

Mais uma vez José Sócrates avança com medidas científicas, desta feita para a segurança, com base em estudos incontestáveis feitos pela Accenture. São medidas incontestáveis, até porque o estudo deverá ter custado uma pequena fortuna a atestar o seu rigor, mas é pena que a Accenture saiba tanto de combate à fraude como eu sei de lagares de azeite e a extinção da Brigada Fiscal é um crime contra a economia nacional.

 
At 1 de março de 2007 às 15:49, Anonymous Anónimo said...

Preparam-se mais cortes nas pensões

O Eurostat acabou de publicar dados sobre a repartição dos rendimentos nos países da União Europeia. Esses dados já abrangem o 1º ano do governo de Sócrates, ou seja, 2005. E eles revelam que as desigualdades na repartição do rendimento nunca foram tão elevadas em Portugal e nunca aumentaram tanto num único ano como sucedeu neste 1º ano de governo PS.

Em 2005, em Portugal, os 20% da população com rendimentos mais elevados receberam 8,2 vezes mais rendimentos do que os 20% da população com rendimentos mais baixos, quando a média na União Europeia (25 países) era, nesse ano, de 4,9 vezes, ou seja, em Portugal a desigualdade neste campo era superior à média comunitária em 67,3%. (…)

E como já tudo isto não fosse suficiente, o governo de Sócrates prepara-se para aprovar uma lei, cujo projecto está no BTE de 20/11/2006, Separata nº 8, que está a passar despercebida à generalidade dos portugueses, que vai determinar uma redução muito significativa das pensões dos trabalhadores que se reformarem e aposentarem no futuro.

Tomando como base um caso real, em que os valores das pensões de reforma foram calculados pela Segurança Social com base nos 10 melhores anos e com base em toda a carreira contributiva, utilizando-se uma carreira contributiva de 40 anos, e aplicando-se depois as regras constantes da lei que o governo pretende aprovar chegaram-se aos seguintes resultados:

* Se a pensão final for calculada com base em 40 anos de carreira feitos durante o período em que o cálculo da pensão se faz utilizando os 10 melhores anos a pensão que o trabalhador receberá será de 1652 euros;
* Se o número de anos em que se utiliza para o cálculo da pensão os 10 melhores anos diminuir em 10 anos, a pensão final a receber pelo trabalhador passará para 1.446 euros, o que corresponde a 87,5% da pensão calculada com base nos 10 melhores anos;
* Se a redução for de 20 anos, a pensão do trabalhador já será de 1.175 euros, o que corresponde a 71,1% da pensão calculada com base nos 10 melhores anos;
* Se a redução for de 30 anos, a pensão será de 930 euros, o que corresponde a 56,3% da pensão calculada com base nos 10 melhores anos;
* Se o trabalhador não tiver descontado nada antes de 31/12/2001, então a pensão final que o trabalhador receberá será somente de 710 euros, o que corresponde apenas a 43% da pensão que ele receberia se a sua pensão fosse calculada com base nos 10 melhores anos e se não se aplicasse o factor de sustentabilidade do governo.

Este exemplo, embora simulado, mas que tem como base uma situação real e verdadeira, mostra bem a necessidade de se estudar com muito maior profundidade do que foi feito as consequências sociais desta "reforma da Segurança Social" do PS, em particular o salto sem rede para toda a carreira contributiva assim como a introdução do "factor de sustentabilidade do governo", que é mais um factor de redução da pensão, pois poderá estar-se perante uma redução socialmente intolerável das pensões, o que determinaria que toda esta "reforma" tivesse de ser repensada e reformulada.

 

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