segunda-feira, 26 de março de 2007

MAS, DOIS ANOS DEPOIS, QUE SOBRA DA LIMPEZA?

José Sócrates encara o seu Governo como a brigada ligeira do seu projecto pessoal para o país. Nada a opor.
Cada ministro pode ser um orgulhoso refém do seu líder.
O ministro responsável pelo pelouro da Ota e afins pode desejar ser um herói capaz de oferecer a sua cabeça à guilhotina popular por um projecto inqualificável.

O ministro que tem o pelouro do fecho de hospitais e centros de saúde pode considerar ser um motivo de orgulho ser promovido a eucalipto oficial do primeiro-ministro para a área.
A ministra com o pelouro do fecho de escolas pode considerar ser um privilégio ser uma devota militante da política de limpeza que lhe foi encomendada.
O Governo pode considerar que o país está em falência técnica e que precisa de uma chicotada psicológica.
A oposição pensa o mesmo.
Os portugueses pensam o mesmo.
Há uma dúvida pertinente em Portugal, pelo menos desde o fim do reinado de D. João II: porque é que Portugal não muda?
Porque todos dizem que querem ser lavandarias e ninguém lava.
Porque todos fingem fazê-lo.
Mas depois cortam por um lado e criar Otas por outro.
Porque limpam o Estado de funcionários e aumentam o poder central.
A contaminação da irresponsabilidade é a sina dos Governos, por mais que digam que estão cá para fazer reformas.
O país continua a só mudar de detergente.
Este Governo é a aldeia da roupa branca de José Sócrates, segundo promove o marketing do líder.
Mas, dois anos depois, que sobra da limpeza?
Uma grande criação publicitária
.

F.S.

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3 Comments:

At 26 de março de 2007 às 15:10, Anonymous Anónimo said...

Um mês depois dos primeiros foguetes era esperável o festim governamental pela redução suplementar do défice orçamental. A vanglória foi tanta que o debate mensal nem sequer precisou de nenhum programa de políticas anunciadas sem aviso prévio nem concretização alguma, não foi necessário preparar nenhuma das habituais surpresas de última hora para apanhar as oposições desprevenidas, desta vez o assunto já era conhecido e foi mesmo o défice de 3,9%!...

Os festejos permitiram mais uma vez confirmar a existência de duas formas distintas de encarar a resolução dos desequilíbrios das contas públicas.

Uma delas consiste em considerar essencial a dinamização da economia, promovendo o seu crescimento e o da riqueza nacional acima da média comunitária, gerando por esta via o balanço fundamental para atacar o descontrole orçamental e combater o desemprego. Uma outra, a deste Governo - e dos seus antecedentes - consiste no controle a qualquer preço do défice, mesmo que as consequências sejam "mortais" para a economia e o emprego. Não é esta a única via possível mesmo com o Pacto de Estabilidade e nesta União, veja-se o caso da Grécia que partiu de situações orçamentais semelhantes e conseguiu baixar o défice em 2006 para menos de 3% muito à custa de um crescimento rondando os 4%! Sócrates, pelo contrário, exulta porque o crescimento do País foi de 1,3%, (o pior da União onde a média foi de 2,8%), e nem quer ouvir dizer que Portugal já está em 18º da Europa a 27, ou que continuamos a empobrecer alegremente desde 2001, por comparação com a União.

No tempo de Guterres dizia-se que "para o PS, as pessoas não eram números". Pois agora, são. E são também os números que melhor provam que a vitória dos 3,9% é a vitória dos números sobre as pessoas e sobre o País.

O leitor não se distraia. Quando ouvir loas aos 3,9% lembre-se de que isso custou menos 630 milhões de investimento que em 2005, que isso representou um corte de quase mil milhões no investimento que o próprio Governo tinha anunciado para 2006. Por isso, quando o massacrarem com os 3,9%, lembre-se dos centros de saúde, das escolas e dos centros hospitalares que andam a anunciar todos os dias nos jornais, ou das linhas de metro que foram "parar ao tinteiro", ou então das urgências e das maternidades, das escolas e esquadras que encerraram e vão encerrar por todo o país.

Quando ouvirem hossanas aos 3,9% lembrem-se de tudo isto e perguntem à custa de quê e à custa de quem é que Sócrates pode andar por aí aos pulos de contente com a sua obsessão orçamental

 
At 26 de março de 2007 às 20:45, Anonymous Anónimo said...

Este governo a única coisa que limpa são os bolsos dos portugueses!

 
At 26 de março de 2007 às 21:14, Anonymous Anónimo said...

Com uma certa frequência se fala dos boys dos partidos na Administração Pública e alguns jornais e partidos à falta de melhor perdem tempo a contabilizar as nomeações de boys.
Só que nem todos os que são nomeados são boy e nalguns serviços da Administração Pública há pandilhas e gangs bem mais poderosos do que as estruturas partidárias existentes nesses serviços.

Distingo ‘pandilhas’ de ‘gangs’ ainda que funcionem de forma muito semelhante, para separar os grupos que se protegem para assegurar a carreira dos seus membros dos grupos que vivem à custa dos proveitos que podem ser obtidos graças ao exercício das competências proporcionadas por alguns cargos.
Pandilhas e gangs representam duas formas de corrupção que apodrecem o Estado, as pandilhas, formadas muitas vezes por verdadeiras “nossas senhoras da honestidade”, (alguns dos seus membros até fazem questão de vestir mal e com mau gosto como afirmação dos valores típicos do franciscanismo dos seus membros) são uma forma de corrupção ética, enquanto os gangs organizam-se para obter benefícios económicos.

As pandilhas e os gangs são estruturas mais abrangentes, organizadas e melhor estruturadas dos que os boys, os seus laços de solidariedade são mais fortes e os seus membros são melhor protegidos do que os boys partidários.
Como contam com membros de todos os partidos resistem a todas as mudanças de poder e mesmo que algum tentáculo seja atingido há outro que cresce, a probabilidade de um governo escolher um director-geral ou um subdirector-geral que se encontra na esfera de influência é muito grande.

É mais perigoso atingir um membro de uma pandilha ou de um gang do que incomodar um boy.
O membro do partido nunca perde a esperança de conquistar a nossa adesão e mesmo eu fique ofendido e com ímpetos vingativos mais tarde ou mais cedo o seu governo cai, pelo que a sua coragem é condicionada.
Mas se atacarmos um membro de uma pandilha ou de um gang nunca saberemos de onde virá a vingança pois uma boa parte dos seus membros é desconhecida.

Não há uma separação estanque entre os diversos grupos de boys, as pandilhas e os gangs, entre os boys há membros de gangs e de pandilhas e estes dois grupos têm o cuidado de integrar membros de todos as agremiações de boys.
A inoculação de boys num gang torna-o mais poderoso e perigoso e o próprio boy é mais respeitado no seu partido, havendo boys de diversos partidos num gang ou numa pandilha os laços que passam a unir estes serão mais fortes do que as diferenças partidárias. O cruzamento entre estes três tipos de grupos torna-os mais eficazes, poderosos e resistentes às mudanças políticas.

Basta olhar para muitas nomeações e reestruturações em curso para percebermos como alguns gangs e pandilhas são tão eficazes que até o Governo vai ao encontro dos seus interesses.
Façam um pequeno exercício, olhem à vossa volta comecem a desenhar as relações de solidariedade entre as personagens que estão a protagonizar a gestão de algumas instituições e depois digam-me se as reestruturações em curso estão a resultar do PRACE ou se este foi uma excelente oportunidade para os boys, pandilhas e gangs procederem a reajustamentos e a algumas pequenas vinganças.

Quem se trama na Administração Pública são sempre os mesmos, aqueles que optam por uma carreita impoluta e não pertencem aos partidos, aos gangs e ás pandilhas, serão esses a irem para o desemprego via "mobilidade", a serem mal classificados para que se verificqum os padrões estatísticos exigidos, a verem os seus serviços serem extintos por reestruturações que visam emagrecer o Estado, para além de já estarem habituados a serem os últimos classificados dos concursos.
A cereja em cima do bolo é quando uma pandilha ou um gang consegue levar um dos seus a membro do governo.

O pouco que até agora se viu já é mais do que suficiente para se perceber que tal como qualquer bactéria resistente as pandilhas e os gangs já ganharam resistência ao PRACE e até já desenvolverem mecanismos para reforçarem o seu poder à custa deste.

 

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