sábado, 7 de abril de 2007

JOSÉ LUÍS PEIXOTO, VAI SER PUBLICADO NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

O telefone tocou. Do outro lado, a voz de Elizabeth Sheinkman, agente literária da Curtis Brown, uma das mais importantes agências do meio editorial britânico, trouxe a José Luís Peixoto uma notícia bombástica: a tradução do seu romance Nenhum Olhar acabava de ser vendida para os EUA, um mercado quase impenetrável para quem não escreve em inglês ou para quem se move fora do universo anglo-saxónico. Melhor ainda, o livro será publicado pela Nan A. Talese/Doubleday, uma editora subsidiária do gigante Random House, com prestígio e nomes consagrados no catálogo: Margaret Atwood, Peter Ackroyd, Nicholas Shakespeare, Ian McEwan ou Abha Dawesar.
Nem consigo explicar bem o que senti quando a Elizabeth me telefonou, mas é óbvio que fiquei eufórico, admite José Luís Peixoto.
Não era caso para menos.

Um romance editado nos EUA é uma lança em África, um feito que os escritores portugueses só costumam alcançar, e nem sempre, quando se tornam consagrados (casos de José Saramago, António Lobo Antunes ou Lídia Jorge).
Sinto que estou a entrar noutra esfera, porque os olhares do mundo estão sobretudo virados para os universos linguísticos anglo-saxónicos, diz o autor do recente Cemitério de Pianos (Bertrand), para quem a alegria desta notícia só tem comparação com outros dois marcos da sua ainda curta carreira literária: o dia em que Maria do Rosário Pedreira me disse que queria publicar o meu primeiro romance [Nenhum Olhar, na editora Temas e Debates] e o anúncio de que tinha ganho o Prémio José Saramago, em 2001.
O ano pródigo de 2001 foi também aquele em que José Luís Peixoto começou a ser traduzido.
Primeiro, em Espanha e Itália, por editoras que costumam estar muito atentas às novidades da literatura portuguesa.
Depois, numa espécie de efeito dominó, veio o resto da Europa: França (Grasset), Holanda, República Checa, Croácia, Finlândia, Bielorrúsia, Bulgária, Turquia. E ainda o Brasil, onde os últimos romances - Uma Casa na Escuridão e Cemitério de Pianos - sairão em breve na Record.
Além dos EUA, Nenhum Olhar tem igualmente edições previstas no Japão, Hungria e Reino Unido, onde terá a chancela da Bloomsbury, a mesma de Harry Potter, o bestseller dos bestsellers.
Recorde-se, contudo, que a Bloomsbury, apesar do seu fabuloso volume de negócios, decidiu recentemente diversificar as suas apostas, de forma a não sofrer a ressaca da monocultura Potter, como em 2006 (ano financeiramente negativo porque JK Rowling não lançou qualquer aventura do seu herói).
Para o êxito de Blank Gaze (o título inglês de Nenhum Olhar), contribuíram sobretudo dois factores: o empenho da agência Curtis Brown, com quem José Luís Peixoto trabalha desde 2003, após uma curta passagem pelo escritório da falecida agente alemã Ray-Güde Mertin; e a óptima tradução de Richard Zenith.
Se fosse má, o livro não chegava a ninguém, garante o escritor português.
Outro factor não negligenciável prende-se com o facto de José Luís Peixoto nunca recusar uma oportunidade de promover as suas obras, seja em Feiras do Livro ou encontros literários.
Eu só quero dar aos meus romances a hipótese de chegarem ao maior número de pessoas.
Aos livres, aos presos, aos que vêem, aos cegos.
A toda a gente
.


José Mário Silva

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1 Comments:

At 8 de abril de 2007 às 11:41, Anonymous Anónimo said...

PARABÉNS JOSÉ LUIS.CONTINUA.

 

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