Cristo jaz no Leito de Morte. Foi, com alguma inquietação, que li a sua entrevista no "Correio da Manhã". Trata-se de um texto, aparentemente, oportuno e circunstancial. José Sócrates é um homem em apuros, pelo menos, por aquilo que se quer fazer passar para a Opinião Pública. Infelizmente, sou mais cínico, e um homem de minúcias. Desde a crise que o "Braganza Mothers" fez estoirar na "Wikipedia", em redor da entrada "José Sócrates" e "Fernanda Câncio", e referenciada no "Público", que se percebeu que a Blogosfera não era inócua, e não é. Com alguma habilidade, conseguiu-se transformar em civilizados campos de peleja a Comunicação Social, a Blogosfera, e a Internet, em geral, sobretudo naquilo que se pretende assumir como o seu Espaço Enciclopédico do séc. XXI, e o será. De algum modo, e para quem acompanhou o processo, esgrimi com as minhas armas próprias, muito séc. XVIII: no fim, o Marechal Poniatovsky e Monseigneur D'Artois, decidem, antes de disparar os arcabuzes, quem acaba por triunfar em campo. Em derradeiro caso, o florete decide, num recanto dos Jardins de Versalhes, a sorte da batalha. Acontece, e já sentiu isso na pele no "Casa Pia" que estamos num século que não é o XVIII. É o século de gente sinistra e lúgubre, e capaz de tudo. Toda esta polémica veio apenas provar o que já sabíamos, que Sócrates não existe, não por causa da polémica, mas porque, pura e simplesmente, nunca existiu. José Sócrates é o rosto de um dos mais espantosos grupos de interesses, que, na sombra, decidiu conduzi-lo ao cargo de Primeiro-Ministro de Portugal, para, qual boneco de lata -- e era fundamental escolher, para este momento, um boneco de lata de OZ, sem quaisquer sentimentos, excepto a Cólera e a Vaidade -- ah, sim, e um, muito importante, que me esqueci de acrescentar aqui: a VINGANÇA. José Sócrates, enquanto cabeça do XVII Constitucional, dispõe da mais poderosa máquina de informação, policiamento e investigação secreta de que jamais alguém dispôs em Portugal. Ele incarna uma Santa Inquisição, mas com todo o aparato técnico do séc. XXI. De um certo ponto de vista, nós, a Blogosfera, triunfámos, quando tacticamente decidimos pôr em causa a vaidade do Homem humano, e não a eficácia do técnico político. Eu conheço muito bem a estrutura psíquica e emocional de José Sócrates: é um clássico de todos os manuais pós-freudianos. Há, lá dentro um misto de mulher em estado de possessão demoníaca com um lacrau enterrado na areia. Para mais, a mulher possuída deslocava-se num ridículo par de saltos altos, como se, de a Cena Política, uma "passerelle", se tratasse. Nós, Blogosfera, com a nossa fisga, partimos-lhe um dos saltos altos. Neste Tempo Pascal, "ela" parece arrastar-se pela cena, manca, e risível. Mas vamos às minúcias: foi interessante ver a Câncio, desesperada, a apagar e a reescrever a entrada wikipédica do ... "tutelado" (basta ir lá consultar o histórico e ver o que fez "FC", que se apresenta como Fernanda Câncio -- ordinária, como de costume... -- ela própria). Não foi por acaso que a Biografia adoptada para o lugar de nascimento, pretendidamente o Porto, vinha referencida, como origem, num Jornal, por acaso (?), o "Diário de Notícias", onde o texto, convido-vos a lê-lo, vem realmente bem cozinhado. Como diriam os misóginos, "à Mulher a cozinha". Esta... cozinhou-a bem. Nessa biografia não-oficial, conhecemos um outro José Sócrates "À semelhança da generalidade dos colegas, Sócrates era pouco praticante das primeiras aulas da manhã - essas horas eram preciosas para recuperar sono, caso na noite anterior tivesse ido com os amigos a uma boîte. A discoteca da moda era o "Etc", o bar era o "Triana" e Sócrates por lá andava, com o seu grupo de amigos. A saída de Sócrates junto do público feminino era considerável. O rapaz, que era um apaixonado por poesia, declamava-lhes poemas e "levava-as com a conversa", conta outro companheiro desses tempos, que pediu para não ser identificado. "Quando chegávamos a um bar, nós íamos beber e ele ia engatar", recorda o mesmo amigo. "Era um sucesso!" José Sócrates nunca foi homem de excessos, nem quando tinha idade para isso. Bebia com moderação, ficava até às tantas à conversa com os amigos à volta dos copos de cerveja e uísque, mas passava para a água ou Coca-Cola quando os outros ainda estavam a aquecer a garganta. "Era moderado nos hábitos, mas experimentou o que tinha que experimentar", conta um colega de aventuras. Não morre ignorante, isso é certo. Aos 20 anos fez as primeiras férias no estrangeiro (três semanas na vindima em França) e, nas viagens seguintes, conforme já contou em entrevistas, não deixou de visitar os "coffee-shops de Amesterdão." Foi um jovem do seu tempo, como costuma dizer." Os "coffee-shops" de Amsterdão, leram bem... Aposto que, pelo menos metade dos leitores do meu texto já deu, nesta altura uma sonora gargalhada. Aqui fica a insinuação, e as consequências práticas: o assunto da Licenciatura não é para Sócrates uma questão primária. Nesta altura, quase que consigo vê-lo nas "sex", perdão "Cofee-shops" de Amsterdão -- umas mini-férias gozadas em silêncio -- era o que faltava estragarem-me o buraquinho, salvo seja, da Páscoa!... -- enquanto toda a máquina do Polvo trabalha para reconstituir os estragos da Imagem. A segunda hipótese é mais lúgubre: as Forças da Sombra, que o colocaram na Linha da Frente, já o deixaram cair, e até já têm um boneco de lata preparado para o substituir. Caro Balbino Caldeira, quando viémos para a Blogosfera, foi por razões que, "pessoanamente" falando, poderiam ser expressas assim: "Viémos para a Blogosfera, porque a Atmosfera não prestava, ou não servia". É, portanto, necessário ternos em atenção o momento exacto em que deixamos de ser atiradores furtivos, para os pormos em conflito uns com os outros, deixando vir à superfície a podridão em que se movem, e, depois, retirarmo-nos, para a sabotagem seguinte, e ele há TANTAS a fazer!... Um excesso de protagonismo atmosférico pode levar-nos a tornar-nos alvos e peões nas mãos de Forças Invisíveis, e nós apenas somos figuras de fábula, como Borges diria. Partimos-lhe um dos saltos altos, mas, a esta hora, como na "Noite de Iguana", já ele atirou os sapatos de salto para o lado, e dança descalço, como Ava Gardner, entre dois morenos, eróticos e viris, numa praia do luar. Pela minha parte, vou fazer o mesmo, e voltar ao Olimpo, uns, raptando Io e Europa, outros, ao luar, tropicalmente, com Ganimedes, segundo os gostos próprios. Com a estima do "Arrebenta"
No tratamento dado à matéria alusiva à alegada licenciatura de José Sócrates, os jornalistas têm omitido, com raríssimas excepções, um dado cada vez mais elementar: quem levantou a questão, quem a estudou e corajosamente publicou foi o Prof. António Balbino Caldeira, no seu blogue Do Portugal Profundo
Ora o Prof. há mais de dois anos que escreve sobre este assunto pelo que é de uma profunda desonestidade alegar, como tem feito o governo e hoje o barão socialista Jorge coelho reiterou, na Quadratura do Círculo, que tudo não passa de uma guerrilha entre gente que quer tomar o poder na alegada Universidade Independente. Guerra que como se sabe começou recentemente.
Com argumentos desse tipo pretendem atirar areia para os olhos do povo e adiar, quem sabe ad eternum, como noutros assuntos conseguiram, o conhecimento da realidade. Por que não fala José Sócrates? Algum licenciado admitiria, por uma hora que fosse, que questionassem o fruto do seu trabalho de pelo menos cinco anos?
A título de mera curiosidade, não posso deixar de assinalar um facto: Armando Vara, ex-governante socialista, surge agora também licenciado pela Independente, parece que em Relações Internacionais. Como foi meu colega em Direito na Universidade Lusíada, no já longínquo 1.º ano, hão-de ter sido as dificuldades sentidas a motivar a mudança de curso e de faculdade
No entanto, quando as águas da democracia são sujeitas a adjectivação (a “democracia avançada” dos comunistas, ou a “democracia orgânica” de Salazar) já está a ser condenada a uma mera ficcionalidade de ocasião.
Mas acreditemos que ela é tão-só o que é – uma democracia.
Nesse caso, os eleitos tudo deverão fazer para apear os andores da adjectivação ficcional. É que o ‘diz-se diz-se’ pode constituir um sério maremoto que se impõe pelo seu próprio músculo, primeiro como lenda e, depois, como verdade de sabor a lava fatal.
É por isso que os eleitos devem responder, sempre que estão em causa ilações públicas de relevo a seu respeito. Neste tipo de moldura restritivamente ética, uma dúvida fiscal não é muito diferente de uma dúvida sobre um diploma. O que estatui uma marca, ou seja, a percepção pública que a comunidade tem – neste caso – de um eleito, é a capacidade de a imagem corresponder, com um mínimo de verdade, ao que dela se espera.
Indo directo ao assunto: se Sócrates não é devedor, não o é mesmo e nada haverá a temer com a ostensão de provas. Ou ainda: se Sócrates é engenheiro, é-o mesmo e nada haverá a temer com a mesmíssima ostensão de provas.
Ser ou não ser: afinal um leme tão simples a percorrer a água mais cristalina. Porquê tanta espera, amigo Sócrates? Fascínio pelas adjectivações, ou pelo rumorejar dos oceanos? Mau presságio, digo eu.
AUMENTA A CONFUSÃO EM TORNO DA LICENCIATURA DE SÓCRATES
«Quatro colegas de curso de José Sócrates na Universidade Independente identificados pelo Expresso garantem só ter visto o primeiro-ministro nos exames das quatro cadeiras finais da Licenciatura, todos eles realizados pelo mesmo docente, António José Morais. “Chegava dez minutos depois da hora, sentava-se no fundo da sala, isolado pelo professor. Saía sempre antes da hora marcada para terminar o exame”, disse um dos estudantes, cujo depoimento foi confirmado por outro colega.
Estas declarações - feitas sob anonimato - contrariam os testemunhos até agora publicados de Carlos Gomes Pereira e Alberto dos Santos, também eles alunos daquela turma da Independente.
O Expresso obteve uma lista de nove alunos que compunham a turma frequentada pelo primeiro-ministro (Alberto dos Santos, António Campelo, Jorge Marques, José Veiga, Luís Lopez, Nuno Quelhas, Paulo Matias, Vítor Santos e Vítor Roque). Contactámos cinco deles. Curiosamente, nenhum dos alunos que agora prestou depoimentos ao Expresso se recorda de Carlos Gomes Pereira, que, aliás, nem sequer figura nesta lista. Gomes Pereira, que se intitula ‘engenheiro técnico’, foi o primeiro a prestar declarações públicas sobre o assunto, logo após a polémica em redor da licenciatura do primeiro-ministro, lançada pelo ‘Público’. Entrevistado, primeiro pelo ‘Correio da Manhã’ e depois pelo Expresso, Gomes Pereira garantia lembrar-se ‘‘de Sócrates lá estar, apesar de eu não ter sido muito assíduo. Naturalmente, tínhamos aulas juntos e fizemos exames juntos’’.» In:Expresso
Desta vez Sócrates enganou-se, a estratégia do silêncio não deu resultado.
Sugira-se a Sócrates que nos esclareça de uma vez por todas, antes que o assunto chegue ao Carnaval.
José Sócrates não constrói pontes. Não projecta edifícios. Não desenha auto-estradas. Se construísse pontes, projectasse edifícios ou desenhasse auto-estradas, eu estaria muito preocupado com a sua duvidosa licenciatura em Engenharia Civil na Universidade Independente. Se José Sócrates viesse dizer "meus caros, agora quem vai construir o novo aeroporto da Ota sou eu", aí teríamos todos de nos chegar à frente para lhe perguntar: "peço desculpa, senhor primeiro-ministro, mas mostre aí o seu exame de Análise de Estruturas." Mas Sócrates nunca pôs de pé nenhuma parede. Provavelmente nunca empinou dois tijolos. Nem jamais demonstrou a mínima vontade de o vir a fazer. A única engenharia a que ele se dedica é política, e é no campo da política que convém focar a atenção, analisando o que é duvidoso e o que não encaixa.
Assim sendo, se este pobrezito UnIgate está a tomar uma certa dimensão é apenas porque o gabinete de Sócrates tem dado sucessivos tiros naqueles pés que tanto talento têm para o jogging. É evidente que se o primeiro-ministro aldrabou o seu currículo na Universidade Independente isso é relevante. Dirá muito sobre o seu carácter, e o carácter de um primeiro-ministro é um tema de interesse público. Mas seria sempre um assunto menor se a atitude desde a primeira hora não fosse a de chutar para canto. Quem não deve não teme e, francamente, nem sequer há muito para temer. Afinal, quais são os factos que até agora a imprensa conseguiu apurar? Que existem diferenças (mínimas) entre as notas das pautas e do certificado final. Que o Ministério do Ensino Superior não sabe nada de finalistas de Engenharia Civil de 1996. E que o seu diploma foi assinado a um domingo. Não é grande coisa. Mas o silêncio de Sócrates é o combustível que alimenta a suspeita. Classificar dúvidas legítimas como "uma campanha de insinuações e boatos" é perfeitamente ridículo. Pelos vistos, o nosso primeiro-ministro ainda não percebeu que ninguém lhe exige que seja doutor. Apenas se lhe exige que não seja mentiroso. Será assim tão difícil?
O primeiro-ministro tem tido a legalidade dos seus graus sob escrutínio e soube-se ser licenciado pela Independente. Apanhado no meio do escândalo da universidade privada sem ter nada a ver com isso, Sócrates viu-se mordido pelos media. Alguns membros da elite política, seguros dos seus pergaminhos académicos, sorrirão. Portugal tem uma elevada taxa de elitismo social e académico no topo da classe política e já Salazar tinha dificuldade em falar com não licenciados; quase metade dos seus ministros eram professores universitários. Os republicanos não diferiam muito. De Afonso Costa a Sidónio Pais, os pergaminhos da elite abundavam. O "você sabe com quem está a falar?" aplicava-se independentemente do regime. Salazarismo e marcelismo complicaram as coisas. Quando a democracia e alguma democratização da classe política caracterizavam a Europa, Portugal era dirigido por uma elite autoritária fechada, altamente escolarizada, que impunha uma distância social muito grande à grande maioria. Será que os portugueses se habituaram à ideia? Com grande desigualdade social e difícil mobilidade ascendente via escolarização, é natural e desejável canudo ser apreciado, mas a democracia deveria ter mudado esta relação. Sócrates representa uma geração de políticos que os fundadores da democracia não devem apreciar muito, mesmo que o não digam. Não é produto do activismo próximo das clivagens anti-autoritárias. Não se destacou profissionalmente, nem tem percurso notável de estudante. É já produto de uma juventude marcada pela rápida profissionalização política, como muitos da sua geração. Quando traçam biografias de dirigentes políticos, muitos jornalistas procuram traços de singularidade e até genialidade: o grande resistente e salvador da democracia (Soares); o grande estudante (Guterres); o professor-economista (Cavaco); o dirigente estudantil (Sampaio); o grande advogado. E se Sócrates ficar apenas como político de qualidade? Não chega. Os portugueses não apreciam os políticos profissionais e as elites não se deixam embalar. Mas se calhar é pena: até ver, não há correlação virtuosa entre qualidade política e alta escolaridade. E o que faz correr alguns a terminar cursos à pressa é a deferência e respeito ante um grau universitário - popular na opinião pública e que pode ser factor de humilhação ante os seus pares.
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Cristo jaz no Leito de Morte.
Foi, com alguma inquietação, que li a sua entrevista no "Correio da Manhã".
Trata-se de um texto, aparentemente, oportuno e circunstancial. José Sócrates é um homem em apuros, pelo menos, por aquilo que se quer fazer passar para a Opinião Pública.
Infelizmente, sou mais cínico, e um homem de minúcias.
Desde a crise que o "Braganza Mothers" fez estoirar na "Wikipedia", em redor da entrada "José Sócrates" e "Fernanda Câncio", e referenciada no "Público", que se percebeu que a Blogosfera não era inócua, e não é. Com alguma habilidade, conseguiu-se transformar em civilizados campos de peleja a Comunicação Social, a Blogosfera, e a Internet, em geral, sobretudo naquilo que se pretende assumir como o seu Espaço Enciclopédico do séc. XXI, e o será.
De algum modo, e para quem acompanhou o processo, esgrimi com as minhas armas próprias, muito séc. XVIII: no fim, o Marechal Poniatovsky e Monseigneur D'Artois, decidem, antes de disparar os arcabuzes, quem acaba por triunfar em campo. Em derradeiro caso, o florete decide, num recanto dos Jardins de Versalhes, a sorte da batalha.
Acontece, e já sentiu isso na pele no "Casa Pia" que estamos num século que não é o XVIII. É o século de gente sinistra e lúgubre, e capaz de tudo.
Toda esta polémica veio apenas provar o que já sabíamos, que Sócrates não existe, não por causa da polémica, mas porque, pura e simplesmente, nunca existiu. José Sócrates é o rosto de um dos mais espantosos grupos de interesses, que, na sombra, decidiu conduzi-lo ao cargo de Primeiro-Ministro de Portugal, para, qual boneco de lata -- e era fundamental escolher, para este momento, um boneco de lata de OZ, sem quaisquer sentimentos, excepto a Cólera e a Vaidade -- ah, sim, e um, muito importante, que me esqueci de acrescentar aqui: a VINGANÇA.
José Sócrates, enquanto cabeça do XVII Constitucional, dispõe da mais poderosa máquina de informação, policiamento e investigação secreta de que jamais alguém dispôs em Portugal. Ele incarna uma Santa Inquisição, mas com todo o aparato técnico do séc. XXI.
De um certo ponto de vista, nós, a Blogosfera, triunfámos, quando tacticamente decidimos pôr em causa a vaidade do Homem humano, e não a eficácia do técnico político.
Eu conheço muito bem a estrutura psíquica e emocional de José Sócrates: é um clássico de todos os manuais pós-freudianos. Há, lá dentro um misto de mulher em estado de possessão demoníaca com um lacrau enterrado na areia. Para mais, a mulher possuída deslocava-se num ridículo par de saltos altos, como se, de a Cena Política, uma "passerelle", se tratasse. Nós, Blogosfera, com a nossa fisga, partimos-lhe um dos saltos altos. Neste Tempo Pascal, "ela" parece arrastar-se pela cena, manca, e risível. Mas vamos às minúcias: foi interessante ver a Câncio, desesperada, a apagar e a reescrever a entrada wikipédica do ... "tutelado" (basta ir lá consultar o histórico e ver o que fez "FC", que se apresenta como Fernanda Câncio -- ordinária, como de costume... -- ela própria).
Não foi por acaso que a Biografia adoptada para o lugar de nascimento, pretendidamente o Porto, vinha referencida, como origem, num Jornal, por acaso (?), o "Diário de Notícias", onde o texto, convido-vos a lê-lo, vem realmente bem cozinhado. Como diriam os misóginos, "à Mulher a cozinha". Esta... cozinhou-a bem.
Nessa biografia não-oficial, conhecemos um outro José Sócrates "À semelhança da generalidade dos colegas, Sócrates era pouco praticante das primeiras aulas da manhã - essas horas eram preciosas para recuperar sono, caso na noite anterior tivesse ido com os amigos a uma boîte. A discoteca da moda era o "Etc", o bar era o "Triana" e Sócrates por lá andava, com o seu grupo de amigos. A saída de Sócrates junto do público feminino era considerável. O rapaz, que era um apaixonado por poesia, declamava-lhes poemas e "levava-as com a conversa", conta outro companheiro desses tempos, que pediu para não ser identificado. "Quando chegávamos a um bar, nós íamos beber e ele ia engatar", recorda o mesmo amigo. "Era um sucesso!" José Sócrates nunca foi homem de excessos, nem quando tinha idade para isso. Bebia com moderação, ficava até às tantas à conversa com os amigos à volta dos copos de cerveja e uísque, mas passava para a água ou Coca-Cola quando os outros ainda estavam a aquecer a garganta. "Era moderado nos hábitos, mas experimentou o que tinha que experimentar", conta um colega de aventuras. Não morre ignorante, isso é certo. Aos 20 anos fez as primeiras férias no estrangeiro (três semanas na vindima em França) e, nas viagens seguintes, conforme já contou em entrevistas, não deixou de visitar os "coffee-shops de Amesterdão." Foi um jovem do seu tempo, como costuma dizer."
Os "coffee-shops" de Amsterdão, leram bem... Aposto que, pelo menos metade dos leitores do meu texto já deu, nesta altura uma sonora gargalhada. Aqui fica a insinuação, e as consequências práticas: o assunto da Licenciatura não é para Sócrates uma questão primária. Nesta altura, quase que consigo vê-lo nas "sex", perdão "Cofee-shops" de Amsterdão -- umas mini-férias gozadas em silêncio -- era o que faltava estragarem-me o buraquinho, salvo seja, da Páscoa!... -- enquanto toda a máquina do Polvo trabalha para reconstituir os estragos da Imagem.
A segunda hipótese é mais lúgubre: as Forças da Sombra, que o colocaram na Linha da Frente, já o deixaram cair, e até já têm um boneco de lata preparado para o substituir.
Caro Balbino Caldeira, quando viémos para a Blogosfera, foi por razões que, "pessoanamente" falando, poderiam ser expressas assim: "Viémos para a Blogosfera, porque a Atmosfera não prestava, ou não servia".
É, portanto, necessário ternos em atenção o momento exacto em que deixamos de ser atiradores furtivos, para os pormos em conflito uns com os outros, deixando vir à superfície a podridão em que se movem, e, depois, retirarmo-nos, para a sabotagem seguinte, e ele há TANTAS a fazer!...
Um excesso de protagonismo atmosférico pode levar-nos a tornar-nos alvos e peões nas mãos de Forças Invisíveis, e nós apenas somos figuras de fábula, como Borges diria.
Partimos-lhe um dos saltos altos, mas, a esta hora, como na "Noite de Iguana", já ele atirou os sapatos de salto para o lado, e dança descalço, como Ava Gardner, entre dois morenos, eróticos e viris, numa praia do luar.
Pela minha parte, vou fazer o mesmo, e voltar ao Olimpo, uns, raptando Io e Europa, outros, ao luar, tropicalmente, com Ganimedes, segundo os gostos próprios.
Com a estima do
"Arrebenta"
Pela Verdade
No tratamento dado à matéria alusiva à alegada licenciatura de José Sócrates, os jornalistas têm omitido, com raríssimas excepções, um dado cada vez mais elementar: quem levantou a questão, quem a estudou e corajosamente publicou foi o Prof. António Balbino Caldeira, no seu blogue Do Portugal Profundo
Ora o Prof. há mais de dois anos que escreve sobre este assunto pelo que é de uma profunda desonestidade alegar, como tem feito o governo e hoje o barão socialista Jorge coelho reiterou, na Quadratura do Círculo, que tudo não passa de uma guerrilha entre gente que quer tomar o poder na alegada Universidade Independente. Guerra que como se sabe começou recentemente.
Com argumentos desse tipo pretendem atirar areia para os olhos do povo e adiar, quem sabe ad eternum, como noutros assuntos conseguiram, o conhecimento da realidade. Por que não fala José Sócrates? Algum licenciado admitiria, por uma hora que fosse, que questionassem o fruto do seu trabalho de pelo menos cinco anos?
A título de mera curiosidade, não posso deixar de assinalar um facto: Armando Vara, ex-governante socialista, surge agora também licenciado pela Independente, parece que em Relações Internacionais. Como foi meu colega em Direito na Universidade Lusíada, no já longínquo 1.º ano, hão-de ter sido as dificuldades sentidas a motivar a mudança de curso e de faculdade
Maus presságios
Ser ou não ser: eis a raiz da navegação.
No entanto, quando as águas da democracia são sujeitas a adjectivação (a “democracia avançada” dos comunistas, ou a “democracia orgânica” de Salazar) já está a ser condenada a uma mera ficcionalidade de ocasião.
Mas acreditemos que ela é tão-só o que é – uma democracia.
Nesse caso, os eleitos tudo deverão fazer para apear os andores da adjectivação ficcional. É que o ‘diz-se diz-se’ pode constituir um sério maremoto que se impõe pelo seu próprio músculo, primeiro como lenda e, depois, como verdade de sabor a lava fatal.
É por isso que os eleitos devem responder, sempre que estão em causa ilações públicas de relevo a seu respeito. Neste tipo de moldura restritivamente ética, uma dúvida fiscal não é muito diferente de uma dúvida sobre um diploma. O que estatui uma marca, ou seja, a percepção pública que a comunidade tem – neste caso – de um eleito, é a capacidade de a imagem corresponder, com um mínimo de verdade, ao que dela se espera.
Indo directo ao assunto: se Sócrates não é devedor, não o é mesmo e nada haverá a temer com a ostensão de provas. Ou ainda: se Sócrates é engenheiro, é-o mesmo e nada haverá a temer com a mesmíssima ostensão de provas.
Ser ou não ser: afinal um leme tão simples a percorrer a água mais cristalina. Porquê tanta espera, amigo Sócrates? Fascínio pelas adjectivações, ou pelo rumorejar dos oceanos? Mau presságio, digo eu.
AUMENTA A CONFUSÃO EM TORNO DA LICENCIATURA DE SÓCRATES
«Quatro colegas de curso de José Sócrates na Universidade Independente identificados pelo Expresso garantem só ter visto o primeiro-ministro nos exames das quatro cadeiras finais da Licenciatura, todos eles realizados pelo mesmo docente, António José Morais. “Chegava dez minutos depois da hora, sentava-se no fundo da sala, isolado pelo professor. Saía sempre antes da hora marcada para terminar o exame”, disse um dos estudantes, cujo depoimento foi confirmado por outro colega.
Estas declarações - feitas sob anonimato - contrariam os testemunhos até agora publicados de Carlos Gomes Pereira e Alberto dos Santos, também eles alunos daquela turma da Independente.
O Expresso obteve uma lista de nove alunos que compunham a turma frequentada pelo primeiro-ministro (Alberto dos Santos, António Campelo, Jorge Marques, José Veiga, Luís Lopez, Nuno Quelhas, Paulo Matias, Vítor Santos e Vítor Roque). Contactámos cinco deles. Curiosamente, nenhum dos alunos que agora prestou depoimentos ao Expresso se recorda de Carlos Gomes Pereira, que, aliás, nem sequer figura nesta lista. Gomes Pereira, que se intitula ‘engenheiro técnico’, foi o primeiro a prestar declarações públicas sobre o assunto, logo após a polémica em redor da licenciatura do primeiro-ministro, lançada pelo ‘Público’. Entrevistado, primeiro pelo ‘Correio da Manhã’ e depois pelo Expresso, Gomes Pereira garantia lembrar-se ‘‘de Sócrates lá estar, apesar de eu não ter sido muito assíduo. Naturalmente, tínhamos aulas juntos e fizemos exames juntos’’.»
In:Expresso
Desta vez Sócrates enganou-se, a estratégia do silêncio não deu resultado.
Sugira-se a Sócrates que nos esclareça de uma vez por todas, antes que o assunto chegue ao Carnaval.
O Un Igate de José Sócrates
José Sócrates não constrói pontes. Não projecta edifícios. Não desenha auto-estradas. Se construísse pontes, projectasse edifícios ou desenhasse auto-estradas, eu estaria muito preocupado com a sua duvidosa licenciatura em Engenharia Civil na Universidade Independente. Se José Sócrates viesse dizer "meus caros, agora quem vai construir o novo aeroporto da Ota sou eu", aí teríamos todos de nos chegar à frente para lhe perguntar: "peço desculpa, senhor primeiro-ministro, mas mostre aí o seu exame de Análise de Estruturas." Mas Sócrates nunca pôs de pé nenhuma parede. Provavelmente nunca empinou dois tijolos. Nem jamais demonstrou a mínima vontade de o vir a fazer. A única engenharia a que ele se dedica é política, e é no campo da política que convém focar a atenção, analisando o que é duvidoso e o que não encaixa.
Assim sendo, se este pobrezito UnIgate está a tomar uma certa dimensão é apenas porque o gabinete de Sócrates tem dado sucessivos tiros naqueles pés que tanto talento têm para o jogging. É evidente que se o primeiro-ministro aldrabou o seu currículo na Universidade Independente isso é relevante. Dirá muito sobre o seu carácter, e o carácter de um primeiro-ministro é um tema de interesse público. Mas seria sempre um assunto menor se a atitude desde a primeira hora não fosse a de chutar para canto. Quem não deve não teme e, francamente, nem sequer há muito para temer. Afinal, quais são os factos que até agora a imprensa conseguiu apurar? Que existem diferenças (mínimas) entre as notas das pautas e do certificado final. Que o Ministério do Ensino Superior não sabe nada de finalistas de Engenharia Civil de 1996. E que o seu diploma foi assinado a um domingo. Não é grande coisa. Mas o silêncio de Sócrates é o combustível que alimenta a suspeita. Classificar dúvidas legítimas como "uma campanha de insinuações e boatos" é perfeitamente ridículo. Pelos vistos, o nosso primeiro-ministro ainda não percebeu que ninguém lhe exige que seja doutor. Apenas se lhe exige que não seja mentiroso. Será assim tão difícil?
João Miguel Tavares
In:Diário de Notícias
Habilitações
O primeiro-ministro tem tido a legalidade dos seus graus sob escrutínio e soube-se ser licenciado pela Independente. Apanhado no meio do escândalo da universidade privada sem ter nada a ver com isso, Sócrates viu-se mordido pelos media. Alguns membros da elite política, seguros dos seus pergaminhos académicos, sorrirão. Portugal tem uma elevada taxa de elitismo social e académico no topo da classe política e já Salazar tinha dificuldade em falar com não licenciados; quase metade dos seus ministros eram professores universitários. Os republicanos não diferiam muito. De Afonso Costa a Sidónio Pais, os pergaminhos da elite abundavam. O "você sabe com quem está a falar?" aplicava-se independentemente do regime. Salazarismo e marcelismo complicaram as coisas. Quando a democracia e alguma democratização da classe política caracterizavam a Europa, Portugal era dirigido por uma elite autoritária fechada, altamente escolarizada, que impunha uma distância social muito grande à grande maioria. Será que os portugueses se habituaram à ideia? Com grande desigualdade social e difícil mobilidade ascendente via escolarização, é natural e desejável canudo ser apreciado, mas a democracia deveria ter mudado esta relação. Sócrates representa uma geração de políticos que os fundadores da democracia não devem apreciar muito, mesmo que o não digam. Não é produto do activismo próximo das clivagens anti-autoritárias. Não se destacou profissionalmente, nem tem percurso notável de estudante. É já produto de uma juventude marcada pela rápida profissionalização política, como muitos da sua geração. Quando traçam biografias de dirigentes políticos, muitos jornalistas procuram traços de singularidade e até genialidade: o grande resistente e salvador da democracia (Soares); o grande estudante (Guterres); o professor-economista (Cavaco); o dirigente estudantil (Sampaio); o grande advogado. E se Sócrates ficar apenas como político de qualidade? Não chega. Os portugueses não apreciam os políticos profissionais e as elites não se deixam embalar. Mas se calhar é pena: até ver, não há correlação virtuosa entre qualidade política e alta escolaridade. E o que faz correr alguns a terminar cursos à pressa é a deferência e respeito ante um grau universitário - popular na opinião pública e que pode ser factor de humilhação ante os seus pares.
António Costa Pinto
In:Diário de Notícias
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