OS ÍNVIOS CAMINHOS "SOCIALISTAS"
Que tem resultado da acção reformadora deste Governo? Uma série infindável de decisões brutais, que conduziram ao regresso do flagelo da emigração e do consequente despovoamento de numerosas zonas do território nacional. Não é reformar; é deformar.
O desemprego atingiu níveis assustadores, os impostos directos e indirectos penalizam os mais desfavorecidos. O sistema de saúde está a ser dizimado através da política de um ministro, Correia de Campos, que, entre outras sinistras qualificações, vai figurar como o liquidador da Casa da Imprensa (uma das mais nobres instituições mutualistas da Europa), e de ter atirado para o desespero velhos jornalistas sem meios nem apoio, e para a miséria viúvas de profissionais do jornalismo. Este senhor é, aliás, responsável por decisões anti-sociais de que não há memória, mesmo nas épocas mais turvas da história portuguesa.
Por outro lado, a ofensiva contra a liberdade de informação não se queda nas maviosas frases do sr. dr. Augusto Santos Silva. Vai mais além, e procede de um astucioso propósito de totalização do poder. Não há nada de precipitado nesta afirmação. Os factos e os episódios demonstram que as atitudes políticas deste Governo comportam algo de absolutismo, apesar da sustentação apressurada de alguns turiferários – cada vez em menor número.
A prática deste Governo põe em causa a própria ideia de socialismo, tal como deve ser entendida e interpretada. Os apóstolos do neocapitalismo globalizado e a Direita pura e dura manifestam grande regozijo em terem como adversário esta "Esquerda" que se limita a copiá-los e aos seus desideratos, adoptando modelos sociais tão repelentes quanto absurdos. A incomodidade já demonstrada entre militantes socialistas leva-nos a considerar que as coisas não vão bem no PS. A clique dirigente (porque de clique ser trata), assenhoreada do poder, tem-se conduzido através de uma camuflagem ideológica enganosa, mas já não consegue disfarçar as verdadeiras intenções e os ínvios caminhos por que persegue objectivos inquietantes.
A circunstância de Sócrates ter obtido maioria absoluta não pode amparar esta ofensiva tenebrosa, que está a dar cabo não só do tecido produtivo como das particulares idiossincrasias dos portugueses. As doenças do foro psiquiátrico aumentaram, os divórcios cresceram de número, as famílias estão a ser dizimadas, são milhares os licenciados sem colocação, sem destino e sem futuro. Setenta mil desempregados vão para Espanha fazer o que é preciso para a sobrevivência mais rudimentar. A insegurança aumenta nas ruas, a violência intensifica-se nos assaltos à mão armada, resultados da exclusão social e da inexistência de uma doutrina de integração e de amparo humanístico. Destes fenómenos se alimenta a extrema-direita. A extrema-direita sabe que recruta simpatizantes e militantes muito activos entre os indivíduos despossuídos, no meio daqueles que reinventaram a totalidade do seu mundo no vazio sem fundo para onde foram atirados.
Não. Sócrates e o seu Executivo não servem. Tal como o fez António Guterres, seu prócere e amigo, arruinou as esperanças nele depositadas. A mentira tornou-se num procedimento particularmente requintado, a ética republicana foi atirada às urtigas e a moral individual espezinhada em nome da maximização dos benefícios do capital. Há qualquer coisa de repugnante neste contínuo governamental. E de extraordinário na capitulação de pessoas que vieram de honradas lutas e de nobres convicções. Não gosto do que vejo. Sinto-me indignado com o estado em que o País se encontra. E não gosto nada de ter de escrever o que escrevo.
A inaudita barbárie humana a que havíamos chegado criou, em muitíssima gente, a ideia de que o Partido Socialista poderia dar-lhe uma volta pela Esquerda. Não se desejava a homogeneidade de uma prática que sugerisse outra espécie de totalitarismo. Talvez tudo isto não passasse de utopia, num mundo em que a finança (não a economia, a finança) ia dominando, até, as próprias consciências. Ora, a verdade é que uma vez ainda, uma e outra vez, o PS no Governo traiu as expectativas e liquidou as nossas modestas ambições.
Esperávamos uma convivência e uma integração pacífica dos outros connosco e de nós com todos. Em condições de estigmatização, discriminação, exploração e marginalização de milhares e milhares de homens e mulheres, portugueses e estrangeiros, brancos, pretos, amarelos e castanhos, embalámos a ideia de que este Governo (como, antes, o de Guterres) conduziria Portugal para um relativo bem-estar económico, social e cultural. Os malefícios estão à vista. Guterres fugiu, espavorido, e escancarou as portas a uma Direita que se empenhou em leviandades e em criancices. O brinquedo chamava-se Portugal. Sampaio tem largas responsabilidades neste hiato. Sócrates promete e não cumpre, falta à palavra dada e enfia-se num mutismo arrogante, como se todos nós fôssemos matóides desprezíveis.
Gerindo este capitalismo de uma forma inábil, porém dura e ríspida (por isso vai pagar caro, e nós também), e afirmando-se e reafirmando-se "adepto da sociedade aberta", entendeu que a melhor solução era soltar a correia e deixar o mercado à solta. O engano, em política, paga impostos elevadíssimos. E o próprio Papa João Paulo II, em encíclica, advertiu que há algo melhor do que o capitalismo, e que a resposta deve ser encontrada na própria humanidade do divino e no divino que contém toda a humanidade.
Não sinto rebuço nenhum em reconhecer que a minha geração foi derrotada. E traída. O que não implica que estejamos obrigados a submeter-nos a tudo quando os vencedores do momento nos queiram impingir. A omnipotência deste Governo não é eterna. Acaso não conseguirá uma segunda vitória. O drama é que a alternativa será, certamente, pior.
Que fazer?
O desemprego atingiu níveis assustadores, os impostos directos e indirectos penalizam os mais desfavorecidos. O sistema de saúde está a ser dizimado através da política de um ministro, Correia de Campos, que, entre outras sinistras qualificações, vai figurar como o liquidador da Casa da Imprensa (uma das mais nobres instituições mutualistas da Europa), e de ter atirado para o desespero velhos jornalistas sem meios nem apoio, e para a miséria viúvas de profissionais do jornalismo. Este senhor é, aliás, responsável por decisões anti-sociais de que não há memória, mesmo nas épocas mais turvas da história portuguesa.
Por outro lado, a ofensiva contra a liberdade de informação não se queda nas maviosas frases do sr. dr. Augusto Santos Silva. Vai mais além, e procede de um astucioso propósito de totalização do poder. Não há nada de precipitado nesta afirmação. Os factos e os episódios demonstram que as atitudes políticas deste Governo comportam algo de absolutismo, apesar da sustentação apressurada de alguns turiferários – cada vez em menor número.
A prática deste Governo põe em causa a própria ideia de socialismo, tal como deve ser entendida e interpretada. Os apóstolos do neocapitalismo globalizado e a Direita pura e dura manifestam grande regozijo em terem como adversário esta "Esquerda" que se limita a copiá-los e aos seus desideratos, adoptando modelos sociais tão repelentes quanto absurdos. A incomodidade já demonstrada entre militantes socialistas leva-nos a considerar que as coisas não vão bem no PS. A clique dirigente (porque de clique ser trata), assenhoreada do poder, tem-se conduzido através de uma camuflagem ideológica enganosa, mas já não consegue disfarçar as verdadeiras intenções e os ínvios caminhos por que persegue objectivos inquietantes.
A circunstância de Sócrates ter obtido maioria absoluta não pode amparar esta ofensiva tenebrosa, que está a dar cabo não só do tecido produtivo como das particulares idiossincrasias dos portugueses. As doenças do foro psiquiátrico aumentaram, os divórcios cresceram de número, as famílias estão a ser dizimadas, são milhares os licenciados sem colocação, sem destino e sem futuro. Setenta mil desempregados vão para Espanha fazer o que é preciso para a sobrevivência mais rudimentar. A insegurança aumenta nas ruas, a violência intensifica-se nos assaltos à mão armada, resultados da exclusão social e da inexistência de uma doutrina de integração e de amparo humanístico. Destes fenómenos se alimenta a extrema-direita. A extrema-direita sabe que recruta simpatizantes e militantes muito activos entre os indivíduos despossuídos, no meio daqueles que reinventaram a totalidade do seu mundo no vazio sem fundo para onde foram atirados.
Não. Sócrates e o seu Executivo não servem. Tal como o fez António Guterres, seu prócere e amigo, arruinou as esperanças nele depositadas. A mentira tornou-se num procedimento particularmente requintado, a ética republicana foi atirada às urtigas e a moral individual espezinhada em nome da maximização dos benefícios do capital. Há qualquer coisa de repugnante neste contínuo governamental. E de extraordinário na capitulação de pessoas que vieram de honradas lutas e de nobres convicções. Não gosto do que vejo. Sinto-me indignado com o estado em que o País se encontra. E não gosto nada de ter de escrever o que escrevo.
A inaudita barbárie humana a que havíamos chegado criou, em muitíssima gente, a ideia de que o Partido Socialista poderia dar-lhe uma volta pela Esquerda. Não se desejava a homogeneidade de uma prática que sugerisse outra espécie de totalitarismo. Talvez tudo isto não passasse de utopia, num mundo em que a finança (não a economia, a finança) ia dominando, até, as próprias consciências. Ora, a verdade é que uma vez ainda, uma e outra vez, o PS no Governo traiu as expectativas e liquidou as nossas modestas ambições.
Esperávamos uma convivência e uma integração pacífica dos outros connosco e de nós com todos. Em condições de estigmatização, discriminação, exploração e marginalização de milhares e milhares de homens e mulheres, portugueses e estrangeiros, brancos, pretos, amarelos e castanhos, embalámos a ideia de que este Governo (como, antes, o de Guterres) conduziria Portugal para um relativo bem-estar económico, social e cultural. Os malefícios estão à vista. Guterres fugiu, espavorido, e escancarou as portas a uma Direita que se empenhou em leviandades e em criancices. O brinquedo chamava-se Portugal. Sampaio tem largas responsabilidades neste hiato. Sócrates promete e não cumpre, falta à palavra dada e enfia-se num mutismo arrogante, como se todos nós fôssemos matóides desprezíveis.
Gerindo este capitalismo de uma forma inábil, porém dura e ríspida (por isso vai pagar caro, e nós também), e afirmando-se e reafirmando-se "adepto da sociedade aberta", entendeu que a melhor solução era soltar a correia e deixar o mercado à solta. O engano, em política, paga impostos elevadíssimos. E o próprio Papa João Paulo II, em encíclica, advertiu que há algo melhor do que o capitalismo, e que a resposta deve ser encontrada na própria humanidade do divino e no divino que contém toda a humanidade.
Não sinto rebuço nenhum em reconhecer que a minha geração foi derrotada. E traída. O que não implica que estejamos obrigados a submeter-nos a tudo quando os vencedores do momento nos queiram impingir. A omnipotência deste Governo não é eterna. Acaso não conseguirá uma segunda vitória. O drama é que a alternativa será, certamente, pior.
Que fazer?
APOSTILA 1 – O caso do professor Fernando Charrua, objecto de processo disciplinar, por ter motejado José Sócrates, brada aos céus socialistas! Assim como irrita qualquer pessoa de bem o silêncio do próprio Sócrates e do Chefe de Estado. Coniventes com a sanção? Não há outro modo de qualificar comportamentos desta índole.
APOSTILA 2 – E que tal o extraordinário caso da Delphi, que deixou o ministro Pinho encalacrado, devido ao facto de o secretário de Estado ter corrigido as suas lacunas informativas? O ministro é useiro e vezeiro no dislate, coitado!
APOSTILA 2 – E que tal o extraordinário caso da Delphi, que deixou o ministro Pinho encalacrado, devido ao facto de o secretário de Estado ter corrigido as suas lacunas informativas? O ministro é useiro e vezeiro no dislate, coitado!
B.B.
Etiquetas: Partido Socialista
14 Comments:
E agora os elementos da JS(não confundir com Sócrates), que processo lhes vai ser instaurado por colocarem o Camelino no deserto da margem sul?
Sabe-se que DRE do Norte já tinha afastado da Direcção Regional, cinco professores, um dos quais cego, servindo-se do mesmo processo para os afastar: "a bufice", ou como é dito nos nossos meios "a calhandrice".
Sabe-se também que o processo do prof. Charrua foi conhecido da Secretaria de Estado da Educação, antes de chegar à comunicação social.
É a prova provada da continuação do uso preferencial dos métodos do antigo regime, pelo PS.
Catalina Pestana foi agora afastada pelo PS dos destinos da Casa Pia. As TVs deviam focar o assunto e trazer à memória dos portugueses o flagelo da pedófilia e o processo Casa Pia, agora que o caso Maddie é tão falado. E não esquecer claro, os politicos que tudo têm feito para que o processo caia no esquecimento e para que Portugal continue a ser conhecido, como o é, no estrangeiro, como um paraíso para os pedófilos.
A escumalha não é um atributo das ditaduras, não se extingue com o fim destas, há sempre gente disposta a fazer o trabalho sujo, gente que sob a protecção de um chefe autoritário está disponível para ajudar a desfazer-se dos adversários políticos considerados inimigos públicos merecedores de qualquer tratamento.
Pensar que o ser humano muda em meia dúzia de anos ou que se transforma por via constitucional é um erro, basta olhar à nossa volta, para as ditaduras mais antigas ou mais recentes, para o que sucedeu na guerra civil de Espanha ou, mais recentemente, na antiga Jugoslávia, para percebermos que “eles andam aí”.
Os Pides, os Bufos e os membros da Legião Portuguesa não desapareceram por decreto, eles existirão sempre, haverá sempre quem esteja disposto a desempenhar a função, gente menor que supera as suas frustrações, complexos de inferioridade, gente que se vinga de um mundo onde são menores usando do poder de perseguir o parceiro do lado.
À primeira chamada estarão aí dispostos a fazerem o seu papel.
É evidente que em democracia esta escumalha actua como um vírus adormecido, aguardando a primeira oportunidade para desencadearem a infecção, para desempenharem o único papel para que servem.
Numa primeira fase são quase inofensivos, limitam-se a fazer de tropa de choque, mas se o poder lhe der sinais de que podem actuar com mais agressividade, soltam os cães, ficam agressivos, passam à agressão.
Muitos dos boys dos partidos fazem parte desta escumalha, para eles pouco importa se estão no partido A ou no partido B, se o primeiro-ministro se chama Sócrates ou Marques Mendes, não escolhem o partido em função de ideologias, optam preferencialmente por aqueles que acedem ao poder, seja na autarquia, no governo regional ou no governo da República, a sua existência só faz sentido se estiverem ao serviços de um poder. Um boy do PSD pouco difere de um boy do PS, muitos deles não passam de escumalha pertencente a gangs diferentes.
O PSD e o PS estão cheios desta gente que não vale nada, gente que não presta, que não sabe o que é uma democracia.
Quem exerce o poder deve ter o cuidado de não permitir que a escumalha assuma o protagonismo, deve abster-se de promover a imagem do autoritário, não deve cultivar o culto da personalidade, não se deve considerar infalível, sob pena de a escumalha encontrar aí espaço para iniciar a infecção.
O que sucedeu recentemente da DREN é um sinal de que a infecção começou a ganhar forma. Ou Sócrates actua e desinfecta aquele serviço ou iremos a assistir à multiplicação de manifestação da escumalha.
Para proteger a dirigente do seu ministério que decidiu chamar a si competências que deixaram de ser exercidas desde que se pôs fim à Legião Portuguesa, a PIDE e a sua legião de bufos, a ministra da Educação escudou-se atrás do argumento que esperava pelo resultado do processo disciplinar. Como a ministra nada tem de idiota, ainda que às vezes pareça, sabe muito bem que o processo disciplinar visa apurar o que o professor disse e que nos termos do Estatuto Disciplinar tudo o que seja dizer mais do que bom dia pode dar lugar a uma pena. A ministra sabe muito bem que um processo disciplinar não tem nada de independente e nem sequer exige que o instrutor tenha formação em direito, nem sequer uma licenciatura tirada aos domingos no pátio da Independente. O instrutor é nomeado por uma chefia tão disponível para proteger Sócrates como a directora que decidiu colocar o seu espírito maternal ao serviço da protecção do seu menino primeiro-ministro, a decisão final é administrativa, aliás, no caso de algumas penas, é mesmo da competência da ministra. Isto é, a ministra escuda-se atrás de um processo disciplinar que ela própria vai decidir.
Mas o processo disciplinar não vai avaliar o comportamento da senhora directora regional e a perseguição política é numa democracia uma falta bem mais grave do que uma graçola envolvendo um primeiro-ministro, aliás, a maior gargalhada dada neste país sobre o mesmo assunto foi provocada por um ministro, idiota, mas ministro. Isto é, ao dizer que aguarda pelo processo disciplinar a ministra não averigua o comportamento da directora regional, em suma, avalia o seu comportamento.
A isto chama-se hipocrisia e como estou a escrever fora das horas de serviço permito-me chamar hipócrita à ministra da Educação.
Deus nos livre da democracia portuguesa ficar entregue a gente desta, despida de valores e de cultura democrática.
O resultado de uma mega-sondagem apresenta-nos como o mais infeliz dos povos europeus, na sofrida companhia de gregos e italianos. É surpreendente que assim seja, mas a dita sondagem, credibilizada pela universidade de Cambridge, foi feita a 20 mil pessoas das 180 regiões europeias.
Não menos estranho, é que no topo da felicidade europeia surgem os dinamarqueses, seguidos de perto pelos seus vizinhos nórdicos – Noruega, Suécia e Finlândia. Ou seja e numa primeira constatação, a felicidade é atributo esquisito no que toca ao clima: quanto mais frio na pele, mais quentinho no coração.
É certo que a felicidade não é propriamente um bem mensurável, nem supostamente atributo genético. Embora tenha ouvido uma vez o professor Marcelo, dono de uma invejável e radiante energia, dizer que a felicidade exige, sobretudo, atenção e disposição. Aparentemente, um conceito de felicidade intermitente que se apanha na vida como as boleias... pelo que os distraídos ficam em terra.
Mas esta infelicidade que nos pesa, para além da ancestral desconfiança que alimentamos com o Estado e seus dirigentes – o que a somar à trágica precaridade laboral e aos baixos salários dos portugueses justifica plenamente o essencial deste nosso triste fado – tem uma explicação mais séria, segundo a viagem que sobre o assunto nos sugere uma senhora dinamarquesa, residente em Portugal e ouvida na última edição do Expresso. Entre os entraves à felicidade dos portugueses, na justa e ridente opinião da senhora nórdica, estão "o nepotismo enraizado na família, no trabalho e nas autoridades".
A senhora tem inteira razão.
Mais de trinta anos depois do 25 de Abril, continuamos a não poder dizer mal do chefe às claras.
Ainda esta semana foi notícia a suspensão e respectivo processo disciplinar movido por uma directora regional de educação a um coitado de um professor que gracejou com a licenciatura do primeiro-ministro José Sócrates. Claro que o assunto até já subiu ao parlamento, mas isso é outra piada, que não faz propriamente a nossa felicidade.
Como acontece à maioria dos inquéritos sobre assuntos esotéricos, a sondagem encontrou o seu eco e a certeza de que sim senhora, somos uns irremediáveis melancólicos com as vidinhas que temos e que levamos. E a rapaziada lá do norte da Europa – que há uns anos atrás era notícia por se andar enigmaticamente a suicidar, um pouco à semelhança dos nossos idosos que agora fazem o mesmo no despovoado interior do país –, são uns farristas ao pé de nós.
Talvez isso ajude a explicar as opções políticas de algumas das nossas autarquias que nos dão festas em cima de festas.
Acima de tudo, querem a nossa felicidade. E pelos vistos não há como feirar para voltarmos a sorrir.
Algumas peças do governo PS têm exagerado nas suas manifestações de ignorância que fronteiram com algum abuso democrático inadmissível num Estado de direito. Tomemos apenas duas referências: o sr. Mário Lino, que gosta de jogar xadrez e o tal processo disciplinar verdadeiramente kafkiano sobre um tal professor e ex-deputado do PSD que alegadamente injuriou a progenitora do PM.
Enfim, duas situações que em calão os portugueses, quando estão mais descontraídos e entre amigos, cunham de "filha-da-putices". Imagino o que Sócrates não deverá ter dito das mães dos jornalistas no caso Uni-connection...
Mas por que será que estas duas situações ocorrem?
Julgo que a primeira resulta de as pessoas saberem tão pouco acerca delas próprias, e aí o seu conhecimento da natureza humana serve-lhes de tão pouco. Sabem a razão porque a pedra cai duma forma e não doutra quando é arremessada, mas ignoram a razão daquele que a atirou.
Talvez fosse melhor o sr. engº Mário Lino (inscrito na ordem) jogar menos xadrez e ler mais Maquiavel, Camões ou Freud.
Por certo, reduziria significativamente a sua atroz ignorância acerca da condição e das motivações humanas.
Ele até pode saber lidar com terramotos, mas depois é completamente ignorante em lidar com os da sua espécie, e foi isso que fez ao apelidar a margem Sul, indistintamente, de "deserto".
Depois sobrevem o medo..
Um medo que certo caldo de cultura (ainda) salazarenga pretendeu criar ao instaurar um processo a um militante do PSD que terá chamado ??? ao PM.
Num ambiente privado, de corredor, mas que certa directora regional conseguiu captar e depois denunciou ao Ministério Público.
Isto ainda ocorre em democracia pluralista, e a srª ministra, que transpira idiotice no ministério que tutela, desde logo pela exterminação da Filosofia no acesso ao Ensino superior, diz estar confiante com a condução do processo disciplinar quando sabe, à partida - que o mesmo terá sempre, directa ou indirectamente, a sua intervenção, inspiração e manifestação de vontade.
Mesmo por interposta pessoa - que depende naturalmente de si. Isto é verdadeiramente kafkiano no jogo do absurdo em que por vezes certos processos são caldeados e dinamizados em Portugal.
Na verdade, foram 48 anos de ditadura, e isto, ainda que indirectamente, é uma dessas exteriorizações, além da desejada promoção da Marrrgarrida junto do PM, certamente!!!
Com isto o que se pretende? Porventura, despertar medo ou compaixão?
Compaixão pelo trabalho da srª ministra da 5 de Outubro não será certamente; medo - talvez sim. Mas esta sempre foi uma variável perigosa, sobretudo quando utilizada em política.
A qualquer momento ela pode virar de agulha e furar quem dela primeiramente se aproveitou, hipócrita e cínicamente, tanto mais com a alegada conivência do PM.
Não acredito na imbecilidade de Mário Lino nem na do Manuel Pinho: O que se passa com estes senhores, é que são pessoas que estão habituadas a dizer o que pensam, mesmo que isso vá ferir quem os ouve, por isso deram provas nas suas actividades exteriores ao governo.
A Mário Lino e Manuel Pinho falta-lhes a alma política, essa alma que permite mentir conscientemente, o dom da palavra que consegue tornar as mais crueis atrocidades em areia que tapa os olhos a meio mundo.
Ninguém me obriga nem paga para os defender, nem sequer os conheço. Penso que devem ser bons profissionais e tal como afirmou Lino, não tiveram a sorte de lhes sair o curso na Farinha Amparo.
Dois ministros ajudaram a que a velha máxima do futebol português se aplique à governação. Primeiro foi o ministro da Economia a dizer disparates quanto à criação de empregos para trabalhadores despedidos, para depois vir um seu secretário de Estado contradizer o ministro. Nas Finanças sucedeu ao contrário, foi um secretário de Estado que anunciou o congelamento das carreiras dos funcionários públicos em 2009, para depois vir o ministro corrigir informando que afinal já não havia descongelamento.
Se fosse no tempo de Santana Lopes estas situações seriam designadas por santanices.
NINGUÉM SE ESCAPA À "JUSTIÇA" DA SENHORA DIRECTORA
«António Queirós, igualmente professor de Inglês, cego, admitiu ao Expresso que uma conversa com um colega foi também delatada à directora e de forma “deturpada”, pelo mesmo suspeito de ter denunciado Charrua, de cuja presença no gabinete diz não se ter apercebido. Segundo tal denúncia, se a directora não prolongasse a requisição a Queirós, ele ameaçava-a com a Comunicação Social.
Reclamando contra a “desumanidade da discriminação”, Queirós escreveu à ministra, que remeteu o caso para a DREN. Então, a directora respondeu-lhe que não aceitava que ele tivesse “ousado” ameaçá-la, inclusive com a Comunicação Social, pois “não” se intimidava nem lhe reconhecia o “direito à continuidade eterna da requisição”.
O cego voltou a ter de dar aulas, em Rio Tinto. “Mas a prova de que não fiz quaisquer ameaças é que até hoje o meu caso nunca foi tornado público”, salienta Queirós, requisitado no ano lectivo de 1990/1991, sendo por muitos considerado o ‘pai da informática na DREN’.»
Expresso
Proponha-se o nome da senhora para a condecoração da Ordem da Liberdade.
Mande-se a proposta a Cavaco Silva.
Em vez de lápis azul,agora há "compressor" azul. É bom que se revelem todos os casos de abuso do poder.
Quem devia ser pintada de azul era toda a politica desastrosa destes politicos de pé descalço vergonhosos.
Em Ponte de Sôr a situação não é melhor. O bugalheira roubou a propaganda da greve geral. Já está confirmado
Parece que alguem duvidava de quem e que tinha tirado a propaganda.
Deve ter sido num intervalo de algum jogo de sueca do grupo do sr presidente
a serio eu morro a rir com este atrasado do pedro manuel...eheheheh...desculpem...mas é q o gajo não se consegue ver o quão idiota se está a fazer passar
Enviar um comentário
<< Home