Os nossos empresários nunca souberam muito de história, a ditadura protegeu-os e a democracia permitiu-lhes um enriquecimento fácil com que nunca sonharam. Não admira que agora venham exigir da democracia o que nunca ousaram pedir à ditadura.
Se os nossos empresários soubessem de história perceberiam que aquilo que se designa por modelo social europeu é o resultado de quase um século de equilíbrios, resulta de um lento processo de gestão de conflitos que permitiram o desenvolvimento da Europa Ocidental. Sem esse modelo social toda a Europa teria sido comunista e muitos dos nossos empresários nunca o teriam sido ou andariam pelo Brasil lambendo as feridas como alguns cubanos de Miami.
É evidente que o modelo (reduzido) de Estado Social que temos foi um dado adquirido, é a mistura do Estado paternalista resultante do salazarismo com a transposição apressada de algumas conquistas sociais da Europa, foi o que se arranjou para pôr fim às vergonhas de que os nossos empresários beneficiaram na ditadura.
Se os nossos empresários soubessem de história perceberiam que não podem abusar das facilidades, que a paz nunca é definitiva e que a Europa nunca viveu muitos anos sem convulsões sociais. Saberiam que o segredo do sucesso social e económico da Europa reside na distribuição da riqueza, na gestão dos conflitos através de processos de diálogo, numa distribuição minimamente equitativa dos benefícios do desenvolvimento.
Se os nossos empresários soubessem de história estariam preocupados com os problemas sociais do país, saberiam que a competitividade não pode ser conseguida à custa dos direitos dos trabalhadores, estariam preocupados com a degradação da situação económica dos seus trabalhadores, seriam os primeiros a preocuparem-se com o bem-estar dos trabalhadores, saberiam a diferença entre um trabalhador e um ganso para foie gras.
Mas não, os nossos empresários não sabem nem querem saber de história, estão convencidos que ao primeiro sinal de convulsão social vão de férias para uma qualquer estância de féria. Acham que fazem um grande favor aos trabalhadores que contratam e que a distribuição do rendimento apenas se aplica ao que lhes sobra.
Mas se os nossos empresários (e alguns engenheiros que andam por aí) soubessem de história perceberiam que as convulsões sociais podem explodir a qualquer momento, até pelos motivos mais fortuitos, saberiam também que as revoluções são irracionais e que sem ideologias as revoluções serão ainda mais irracionais.Se os nossos empresários soubessem de história entenderiam que o seu futuro e segurança também passam pelo bem-estar dos trabalhadores. Mas infelizmente não sabem nada de história.
Não vi a entrevista que o Sócrates deu à SIC. Só ouvi comentários sobre a mesma e houve uma afirmação que me chamou a atenção. Parece que disse que há menos "cáries" hoje do que aquelas que havia quando este governo tomou posse. Chamou-me a atenção porque não entendo que raio de entrevista foi esta, em que com tantos problemas graves porque passa este país, tenham encontrado uma forma de falar de cáries. Mais estranho ainda quando, a ser verdadeira a afirmação, tal não se deverá certamente a uma politica governamental. Afinal, embora existam diversos centros de saúde equipados com os mais modernos equipamentos, só existe um dentista no Serviço Nacional de Saúde. Há aqui algo que não bate certo. Já agora deixo também a nota que afinal, em que parece que ele não prometeu arranjar 150 mil novos empregos durante esta legislatura, mas ia tentar arranjar se fosse possível. Isto demonstra, que parecendo que não é possível isso se deverá a um falhanço da politica deste governo.
Falemos de política, discutamos de política, escrevamos de política, vivamos quotidianamente o regressar da política à posse de cada um, essa coisa de cada um era tratada como propriedade do paizinho." - Jorge de Sena O INCONCEBÍVEL ACONTECEU, três décadas depois de Abril: as quatro confederações patronais reclamaram a mudança de artigos da Constituição: um, o 53.º, acaso o mais significativo, proíbe o "despedimento sem justa causa por motivos políticos ou ideológicos". Querem, também, limitar o direito à greve, e modificar as prerrogativas das associações sindicais e a contratação colectiva. Mas o projecto restritivo é muito mais amplo e por igual sombrio. O documento do patronato fornece, com nitidez, a imagem de quem o subscreve. Além do que fundamenta um profundo desrespeito pela democracia. É a ressurreição dos predadores. Há duas semanas tive oportunidade de ler o discurso de Francisco Balsemão, no jantar da Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação Social, em que apostrofou o ministro Santos Silva. É um documento discutível. Menos num dos princípios: o da liberdade de expressão. Aí, o velho capitão de jornais permanece devotadamente fiel aos ânimos da juventude. Tudo o que agrida a livre enunciação das ideias encontra nele um tenaz adversário. Sei do que falo: trabalhámos juntos, durante anos, dando corpo a um projecto grandioso: o Diário Popular. A esmagadora maioria da Redacção era de Esquerda ou, pelo menos, desafecta ao regime. Trinta e cinco jornalistas, 150 mil exemplares diários de venda. A tese era a seguinte: "Neste jornal ninguém corta nada a ninguém." O estrondoso êxito do vespertino é devido, acima de tudo, a essa caução de liberdade. Em 1969, no período eleitoral marcelista, dois redactores do Popular participaram, activamente, como candidatos da Oposição: Mário Ventura Henriques e o autor desta crónica. Balsemão, pela Acção Nacional Popular. Nenhum dos patrões, nenhum deles obstou à nossa actividade. Tanto eu quanto o Mário Ventura assumimos as consequências imprevisíveis dos nossos actos, e não traímos os testamentos éticos que resguardavam a grandeza da nossa profissão. Quando regressámos, as nossas bancas de trabalho esperavam-nos. Relembro o episódio como paradigma. Francisco Balsemão interpreta a reafirmação de uma luta que nunca está definitivamente ganha, e que vale sempre a pena recomeçar. Aqueles senhoritos, confederados no lucro a qualquer preço, pertencem ao ranço da História, à parte mais reaccionária da sociedade portuguesa, que dificulta o progresso social e põe em causa valores e modelos que deveriam ser intocáveis. Saibamos expulsá-los do futuro.
A entrevista de Sócrates ontem à SIC fez-me lembrar aquela máxima de um político brasileiro:" quando aqui cheguei o Brasil estava à beira do abismo. Comigo deu um passo em frente!". Sócrates imitou o gesto. Na entrevista houve momentos hilariantes. Quando diz que " quando eu fazia exames era assim" dá logo para acrescentar: naqueles feitos ao sábado ou naquelas cadeiras nocturnas em que não era visto dada a escuridão ? Depois a justificação por achar bem que as calculadoras possam ser usadas na matemática, que ele defende como se fosse um utensílio para cábulas encartados.
A forma como desvalorizou a crónica de Manuel Alegre ontem no Público foi de derrapagem mal controlada, mas quando respondeu pelo desemprego galopante aí nem o ABS lhe valeu: afinal os 150 mil novos postos de trabalho não eram uma promessa. Eram um objectivo. Meu caro: quem não cumpre objectivos tem a cabeça a prémio.
Outra momento alto: quando fala no caso Charrua mete os pés pelas mãos. Numa coisa não consegue responder: a responsável pela DREN não vai ser demitida e teve como prémio de consolação promover o bufo para seu assessor. E os meus queridos amigos Ricardo Costa e José Gomes Ferreira esqueceram-se do caso Balbino, aliás muito mais grave do que o Charrua. Aqui foi o próprio Sócrates que o meteu em tribunal.
O país que José Sócrates quer é o dos figurantes. Recrutados por uma agência de “casting”, que escolhe os portugueses à imagem do seu líder. A apresentação do Plano Tecnológico da Educação simboliza o “socratismo”: os cidadãos adaptam-se como plasticina à tecnologia. Nas democracias o líder é escolhido pelo povo. Na democracia socrática é este que escolhe o povo. Este, aqui, serve a tecnologia e não é esta que está por cá para auxiliar os cidadãos. Sócrates começa a ser um erro de “casting”. No seu estilo de governação tudo é irreal e belo, para se ver na televisão como verdade. Mas cresce o medo de que falava Manuel Alegre no seu incontornável artigo no “Público”. A liberdade parece uma dádiva envergonhada e assim cria-se a mitologia do líder. O “socratismo” está a tornar-se nisso: um chefe, uma governação feita para a imagem, uma desertificação da crítica e do país. Todas as escolas e SAPs longínquos podem ser abatidas por conveniência de serviço em função das estatísticas. Para Sócrates as pessoas começam a ser um número, um código de barras. É nestas sociedades que o medo cresce. Poderemos ter tecnocratas mas faltam os que questionam. E é do conjunto de todos eles que nascem os grandes projectos nacionais. Se apenas tivesse bons engenheiros, D. João II nunca teria conseguido alicerçar um projecto ganhador. A sua vitória foi a de uma massa crítica global em Lisboa. Por mais que queira Sócrates nunca será D. João II. Será um líder a falar, para si, no deserto acrítico.
A entrevista de António Arnault à Visão de 25-7-2007 ficará para a história recente como a mais dura contestação ético-moral e política do governo de José Sócrates e do Partido Socialista de José Sócrates. A entrevista prestigia António Arnault, como alguém que tem a lucidez e a coragem de falar a tempo sobre o perigo da deriva anti-democrática que o País atravessa dorido - além de salvar o velho Partido Socialista e, valha a verdade, sublinhar os valores de carácter ético da Maçonaria que representou.
As instituições são os homens que as criam e que as degeneram. Mas também as podem curar.
Estava a ler a revista "Visão" de hoje, dia 27/7/2007 e concontrei uma entrevista de António Arnault, ex-ministro da Saúde do Partido Socislista e grande criador do Serviço Nacional de Saúde o SNS.
É público que militei no PS entre 1977 e 1997. E que abandonei o PS por divergências ideológicas , divergências de principios e valores.
Seria muito bom que todos os portugueses lessem a entrevista na "Visão" e a entrevista de António Arnault.
Sempre tive uma grande consideração por António Arnault, que para mim representava o verdadeiro espírito do PS.Também ele se afastou na década de 80.
Aqui ficam dois excertos:
"(Jornalista:) Fala assim quem era um moderado... (António Arnault:) Sempre fui moderado no PS.Hoje estou na extrema-esquerda e sou o mesmo! O partido desviou-se tanto para a direita que, porventuara, até estarei quase a sair (risos)..."
e,
"(Jornalista:) E no poder, há mais papistas que o Papa? (António Arnault:) Os bajuladores existem . Você habitua um cão e ele está-lhe sempre à perna.Mesmo que lhe bata! O cacique, por outro lado, já tem de ser alimentado de outra maneira. Precisa de umas iguarias e quer manter a máquina e o aparelho a funcionar.Conheço o caso de um sujeito que comprou o lugar.Deu dinheiro ao partido para ser deputado. E o PS aceitou, pô-lo na lista! A condição era estar lá seis meses para satisfazer a vaidade.".
Bom , caros amigos, isto é vergonhoso.
O PS aceitou dinheiro para colocar na lista um tipo para ser deputado. Por 6 meses!!!!
O PGR não vai agir? O PGR não vai abrir processo crime?
"Deu dinheiro ao partido para ser deputado"!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Por fim, fica aqui expressa a minha consideração pelo Dr. António Arnault. Um homem bom, um grande democrata, um maçom nobre, à velha maneira da maçonaria, da verdadeira maçonaria e não da actual, mercantil, empregadora.
7 Comments:
Os nossos empresários nunca souberam muito de história, a ditadura protegeu-os e a democracia permitiu-lhes um enriquecimento fácil com que nunca sonharam. Não admira que agora venham exigir da democracia o que nunca ousaram pedir à ditadura.
Se os nossos empresários soubessem de história perceberiam que aquilo que se designa por modelo social europeu é o resultado de quase um século de equilíbrios, resulta de um lento processo de gestão de conflitos que permitiram o desenvolvimento da Europa Ocidental. Sem esse modelo social toda a Europa teria sido comunista e muitos dos nossos empresários nunca o teriam sido ou andariam pelo Brasil lambendo as feridas como alguns cubanos de Miami.
É evidente que o modelo (reduzido) de Estado Social que temos foi um dado adquirido, é a mistura do Estado paternalista resultante do salazarismo com a transposição apressada de algumas conquistas sociais da Europa, foi o que se arranjou para pôr fim às vergonhas de que os nossos empresários beneficiaram na ditadura.
Se os nossos empresários soubessem de história perceberiam que não podem abusar das facilidades, que a paz nunca é definitiva e que a Europa nunca viveu muitos anos sem convulsões sociais. Saberiam que o segredo do sucesso social e económico da Europa reside na distribuição da riqueza, na gestão dos conflitos através de processos de diálogo, numa distribuição minimamente equitativa dos benefícios do desenvolvimento.
Se os nossos empresários soubessem de história estariam preocupados com os problemas sociais do país, saberiam que a competitividade não pode ser conseguida à custa dos direitos dos trabalhadores, estariam preocupados com a degradação da situação económica dos seus trabalhadores, seriam os primeiros a preocuparem-se com o bem-estar dos trabalhadores, saberiam a diferença entre um trabalhador e um ganso para foie gras.
Mas não, os nossos empresários não sabem nem querem saber de história, estão convencidos que ao primeiro sinal de convulsão social vão de férias para uma qualquer estância de féria. Acham que fazem um grande favor aos trabalhadores que contratam e que a distribuição do rendimento apenas se aplica ao que lhes sobra.
Mas se os nossos empresários (e alguns engenheiros que andam por aí) soubessem de história perceberiam que as convulsões sociais podem explodir a qualquer momento, até pelos motivos mais fortuitos, saberiam também que as revoluções são irracionais e que sem ideologias as revoluções serão ainda mais irracionais.Se os nossos empresários soubessem de história entenderiam que o seu futuro e segurança também passam pelo bem-estar dos trabalhadores. Mas infelizmente não sabem nada de história.
Não vi a entrevista que o Sócrates deu à SIC. Só ouvi comentários sobre a mesma e houve uma afirmação que me chamou a atenção. Parece que disse que há menos "cáries" hoje do que aquelas que havia quando este governo tomou posse. Chamou-me a atenção porque não entendo que raio de entrevista foi esta, em que com tantos problemas graves porque passa este país, tenham encontrado uma forma de falar de cáries. Mais estranho ainda quando, a ser verdadeira a afirmação, tal não se deverá certamente a uma politica governamental. Afinal, embora existam diversos centros de saúde equipados com os mais modernos equipamentos, só existe um dentista no Serviço Nacional de Saúde. Há aqui algo que não bate certo.
Já agora deixo também a nota que afinal, em que parece que ele não prometeu arranjar 150 mil novos empregos durante esta legislatura, mas ia tentar arranjar se fosse possível. Isto demonstra, que parecendo que não é possível isso se deverá a um falhanço da politica deste governo.
Falemos de política, discutamos de política, escrevamos de política, vivamos quotidianamente o regressar da política à posse de cada um, essa coisa de cada um era tratada como propriedade do paizinho." - Jorge de Sena
O INCONCEBÍVEL ACONTECEU, três décadas depois de Abril: as quatro confederações patronais reclamaram a mudança de artigos da Constituição: um, o 53.º, acaso o mais significativo, proíbe o "despedimento sem justa causa por motivos políticos ou ideológicos". Querem, também, limitar o direito à greve, e modificar as prerrogativas das associações sindicais e a contratação colectiva. Mas o projecto restritivo é muito mais amplo e por igual sombrio. O documento do patronato fornece, com nitidez, a imagem de quem o subscreve. Além do que fundamenta um profundo desrespeito pela democracia. É a ressurreição dos predadores.
Há duas semanas tive oportunidade de ler o discurso de Francisco Balsemão, no jantar da Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação Social, em que apostrofou o ministro Santos Silva. É um documento discutível. Menos num dos princípios: o da liberdade de expressão. Aí, o velho capitão de jornais permanece devotadamente fiel aos ânimos da juventude. Tudo o que agrida a livre enunciação das ideias encontra nele um tenaz adversário. Sei do que falo: trabalhámos juntos, durante anos, dando corpo a um projecto grandioso: o Diário Popular. A esmagadora maioria da Redacção era de Esquerda ou, pelo menos, desafecta ao regime. Trinta e cinco jornalistas, 150 mil exemplares diários de venda. A tese era a seguinte: "Neste jornal ninguém corta nada a ninguém." O estrondoso êxito do vespertino é devido, acima de tudo, a essa caução de liberdade.
Em 1969, no período eleitoral marcelista, dois redactores do Popular participaram, activamente, como candidatos da Oposição: Mário Ventura Henriques e o autor desta crónica. Balsemão, pela Acção Nacional Popular. Nenhum dos patrões, nenhum deles obstou à nossa actividade. Tanto eu quanto o Mário Ventura assumimos as consequências imprevisíveis dos nossos actos, e não traímos os testamentos éticos que resguardavam a grandeza da nossa profissão. Quando regressámos, as nossas bancas de trabalho esperavam-nos.
Relembro o episódio como paradigma. Francisco Balsemão interpreta a reafirmação de uma luta que nunca está definitivamente ganha, e que vale sempre a pena recomeçar. Aqueles senhoritos, confederados no lucro a qualquer preço, pertencem ao ranço da História, à parte mais reaccionária da sociedade portuguesa, que dificulta o progresso social e põe em causa valores e modelos que deveriam ser intocáveis.
Saibamos expulsá-los do futuro.
A entrevista de Sócrates ontem à SIC fez-me lembrar aquela máxima de um político brasileiro:" quando aqui cheguei o Brasil estava à beira do abismo. Comigo deu um passo em frente!".
Sócrates imitou o gesto.
Na entrevista houve momentos hilariantes.
Quando diz que " quando eu fazia exames era assim" dá logo para acrescentar: naqueles feitos ao sábado ou naquelas cadeiras nocturnas em que não era visto dada a escuridão ?
Depois a justificação por achar bem que as calculadoras possam ser usadas na matemática, que ele defende como se fosse um utensílio para cábulas encartados.
A forma como desvalorizou a crónica de Manuel Alegre ontem no Público foi de derrapagem mal controlada, mas quando respondeu pelo desemprego galopante aí nem o ABS lhe valeu: afinal os 150 mil novos postos de trabalho não eram uma promessa. Eram um objectivo.
Meu caro: quem não cumpre objectivos tem a cabeça a prémio.
Outra momento alto: quando fala no caso Charrua mete os pés pelas mãos.
Numa coisa não consegue responder: a responsável pela DREN não vai ser demitida e teve como prémio de consolação promover o bufo para seu assessor.
E os meus queridos amigos Ricardo Costa e José Gomes Ferreira esqueceram-se do caso Balbino, aliás muito mais grave do que o Charrua.
Aqui foi o próprio Sócrates que o meteu em tribunal.
O país que José Sócrates quer é o dos figurantes. Recrutados por uma agência de “casting”, que escolhe os portugueses à imagem do seu líder. A apresentação do Plano Tecnológico da Educação simboliza o “socratismo”: os cidadãos adaptam-se como plasticina à tecnologia. Nas democracias o líder é escolhido pelo povo. Na democracia socrática é este que escolhe o povo.
Este, aqui, serve a tecnologia e não é esta que está por cá para auxiliar os cidadãos. Sócrates começa a ser um erro de “casting”. No seu estilo de governação tudo é irreal e belo, para se ver na televisão como verdade. Mas cresce o medo de que falava Manuel Alegre no seu incontornável artigo no “Público”. A liberdade parece uma dádiva envergonhada e assim cria-se a mitologia do líder. O “socratismo” está a tornar-se nisso: um chefe, uma governação feita para a imagem, uma desertificação da crítica e do país. Todas as escolas e SAPs longínquos podem ser abatidas por conveniência de serviço em função das estatísticas. Para Sócrates as pessoas começam a ser um número, um código de barras. É nestas sociedades que o medo cresce. Poderemos ter tecnocratas mas faltam os que questionam. E é do conjunto de todos eles que nascem os grandes projectos nacionais. Se apenas tivesse bons engenheiros, D. João II nunca teria conseguido alicerçar um projecto ganhador. A sua vitória foi a de uma massa crítica global em Lisboa. Por mais que queira Sócrates nunca será D. João II. Será um líder a falar, para si, no deserto acrítico.
A entrevista de António Arnault à Visão de 25-7-2007 ficará para a história recente como a mais dura contestação ético-moral e política do governo de José Sócrates e do Partido Socialista de José Sócrates. A entrevista prestigia António Arnault, como alguém que tem a lucidez e a coragem de falar a tempo sobre o perigo da deriva anti-democrática que o País atravessa dorido - além de salvar o velho Partido Socialista e, valha a verdade, sublinhar os valores de carácter ético da Maçonaria que representou.
As instituições são os homens que as criam e que as degeneram. Mas também as podem curar.
Estava a ler a revista "Visão" de hoje, dia 27/7/2007 e concontrei uma entrevista de António Arnault, ex-ministro da Saúde do Partido Socislista e grande criador do Serviço Nacional de Saúde o SNS.
É público que militei no PS entre 1977 e 1997. E que abandonei o PS por divergências ideológicas , divergências de principios e valores.
Seria muito bom que todos os portugueses lessem a entrevista na "Visão" e a entrevista de António Arnault.
Sempre tive uma grande consideração por António Arnault, que para mim representava o verdadeiro espírito do PS.Também ele se afastou na década de 80.
Aqui ficam dois excertos:
"(Jornalista:) Fala assim quem era um moderado...
(António Arnault:) Sempre fui moderado no PS.Hoje estou na extrema-esquerda e sou o mesmo! O partido desviou-se tanto para a direita que, porventuara, até estarei quase a sair (risos)..."
e,
"(Jornalista:) E no poder, há mais papistas que o Papa?
(António Arnault:) Os bajuladores existem . Você habitua um cão e ele está-lhe sempre à perna.Mesmo que lhe bata! O cacique, por outro lado, já tem de ser alimentado de outra maneira. Precisa de umas iguarias e quer manter a máquina e o aparelho a funcionar.Conheço o caso de um sujeito que comprou o lugar.Deu dinheiro ao partido para ser deputado. E o PS aceitou, pô-lo na lista! A condição era estar lá seis meses para satisfazer a vaidade.".
Bom , caros amigos, isto é vergonhoso.
O PS aceitou dinheiro para colocar na lista um tipo para ser deputado. Por 6 meses!!!!
O PGR não vai agir? O PGR não vai abrir processo crime?
"Deu dinheiro ao partido para ser deputado"!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Por fim, fica aqui expressa a minha consideração pelo Dr. António Arnault. Um homem bom, um grande democrata, um maçom nobre, à velha maneira da maçonaria, da verdadeira maçonaria e não da actual, mercantil, empregadora.
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