PORQUE SERÁ?

Estatísticas muito recentes do INE revelam que Portugal é o país da zona euro em que o pessimismo dos consumidores é maior.

Porque será?
Não é certamente por falta de pregões e proclamações sobre os méritos da governação que enchem os discursos, transvazam dos recados das agências de comunicação e se propagam aos títulos das gazetas.
Será então que os consumidores vivem afinal com os pés assentes na terra, ao passo que os decisores vivem numa espécie de limbo de uma second life, embalados nos seus próprios discursos, beatificados pelos seus próprios encómios, convencidos dos seus próprios panegíricos?

Certo é que este importante dado estatístico revelador da falta de confiança dos consumidores portugueses se choca frontalmente com o tom do discurso do poder, convencido, mas pelos vistos pouco ou nada convincente.
O discurso do poder segue na forma e no conteúdo a arenga unilateral do press release que só aponta vantagens, passa por cima ou ao lado das dúvidas e esmaga por antecipação qualquer objecção ou alternativa.
Está tudo bem assim e não podia ser de outra maneira, como dizia o outro. E, afinal, pelo menos bem assim não está.
Falta a confiança dos destinatários.

Para tornar as coisas mais sombrias, desta vez não colhe o habitual argumento de que isto é geral.
Desta vez, o pessimismo dos portugueses desce ao passo que o do comum dos europeus sobe e muito.
Como o argumento de que as políticas estão certas o que está errado é a sua explicação já foi gasto pelos governos de Durão Barroso e Santana Lopes, resta a justificação de que o povo não entende o bem que o poder lhe quer e lhe faz, simplesmente porque todos os portugueses inteligentes estão no governo ou na sua órbita.

J.P.G.