terça-feira, 25 de setembro de 2007

AINDA A "LICENCIATURA" DO ZÉ ...


O Público de hoje volta ao assunto da licenciatura de José Sócrates, após ter consultado os autos de Inquérito dirigido pela procuradora-geral adjunta, Cândida de Almeida. Esta magistrada já se tinha pronunciado no Domingo, na entrevista Renascença/Público.

A directora do DCIAP foi escolhida pelo PGR, Pinto Monteiro, após a queixa apresentada pelo advogado José Maria Martins, a fim de efectuar um Inquérito aos factos para o assunto ficar esclarecido e de modo rápido, eficiente e completamente investigado.”

A conclusão do Inquérito já foi anunciada por aquela magistrada que enfatizou por diversas vezes o facto de que “não houve favorecimento” do antigo aluno, hoje primeiro-ministro.

Este assunto do favorecimento, parece não ter cabimento num Inquérito deste género em que estava primordialmente em causa uma eventual falsificação e/ou uso de documento falso.

Relativamente a este facto, importante e com relevância actual e criminal, a magistrada esclareceu que não havia indícios de crime, porque um dos certificados seria uma segunda via.

Ricardo Dias Felner no Público não esclarece este ponto do Inquérito, pelo que deve aguardar-se um pouco mais para se poder dizer alguma coisa.

O que o Público esclarece e de modo interessante, são alguns factos entendidos como irrelevantes, no despacho de arquivamento do MP e com referência à matéria do tal favorecimento que não se vislumbra que crime possa constituir.

Tráfico de influência?

Será?

Como isso?

Adiante.

O facto relatado pelo Público, é este:

José Sócrates candidatou-se à UnI, em 12 Setembro de 1995 e Luís Arouca, o reitor que não era bem reitor, sem que isso incomode particularmente a investigação, indicou-lhe as equivalências e as cadeiras que deveria frequentar. Tudo certo? Não. Tudo por esclarecer. Nessa data, o estabelecimento de ensino que Sócrates frequentara, o ISEL, ainda não lançara as notas do curso que o mesmo frequentara. Só o veio a fazer em 31 de Outubro de 1995. Então…quer dizer que José Sócrates poderia ter pedido o certificado nessa data. Fê-lo? Não. Só o veio a fazer em 8 de Julho de 1996, quase a acabar o curso que decorreu num ambiente sui generis, como contam alguns dos colegas. Sócrates já era governante e o seu quase único professor , António José Morais, tinha sido o seu professor no ISEL e veio a sê-lo na UnI. Para a maior parte das pessoas que não se espanta com estes factos, também será irrelevante que Sócrates tenha explicado este hiato temporal entre a saída do ISEL e a apresentação do certificado, como sendo da responsabilidade do ISEL. Disse na tv que a responsabilidade pelo atraso era do ISEL. Era? Foi? Então, se em 31 de Outubro poderia ter pedido o documento, por que razão só o veio a fazer em Julho de ano seguinte? E como é que pôde inscrever-se na UnI, em Setembro, se nessa altura ainda nem tinham saído as notas no ISEL?

Estes pormenores merecem quase nada da atenção da magistrada do DCIAP, mas o Público dá-lhe o destaque devido e os leitores exigem satisfações pela lógica que presidiu ao apuramento dos factos e foi objecto de comunicação.

Outro exemplo, quanto a outro facto: a magistrada do DCIAP disse na tv que nenhum dos colegas do então aluno Sócrates teria referido o tratamento privilegiado ao actual primeiro ministro. “Tratamento privilegiado” significa algo que se possa assimilar a tráfico de influência enquanto crime praticado em 1995? Um Inquérito pode servir para esclarecimento de factos que não sejam de âmbito estritamente criminal e possam ser entendidos como integrando matéria ético-política? E pode, ainda assim, anunciar-se que "não houve favorecimento"?

Ainda assim: escreve o Público que só três, dos onze alunos inquiridos, disseram que José Sócrates não havia sido privilegiado. Mas estes mesmos três alunos que o Público não identifica, eventualmente por receio, o que é um sinal triste destes tempos de liberdade de imprensa amordaçada, têm todos falhas graves nos seus diplomas de licenciatura e são os únicos que terminaram o curso no ano de José Sócrates. Dois deles tiveram 13 a Inglês Técnico sem terem feito a cadeira, o que diz tudo da integridade profissional do professor que ministrou a mesma, ao aluno referido...

Mesmo com estes sinais, que mereceriam a mais séria das reservas, o Inquérito foi buscar escutas telefónicas, gravadas noutro processo conexo e a magistrada declaradamente tentou usá-las, com a explicação de que provavam a “boa-fé” do primeiro- ministro neste assunto da licenciatura.

Não obstante o desmentido, hoje, da PJ, no sentido de o primeiro-ministro não ter sido alvo de escutas, a verdade é que Luís Arouca o foi e houve telefonemas deste para aquele e vice-versa. Assim, José Sócrates não foi alvo de escutas, mas foi apanhado nas escutas, efectuadas no processo em que se investigam, os factos criminais com relevo na UnI e que já justificaram prisões preventivas, ainda agora renovadas. E aquelas escutas foram julgadas relevantes pela magistrada de um outro processo, de molde a justificar a eventual junção das respectivas transcrições. Tal não aconteceu, apenas porque uma JIC, entendeu não o fazer.

Segundo o Público, mesmo sem transcrições, os sinais existentes nos autos permitem escrever que as escutas referem diversas chamadas efectuadas do Gabinete do primeiro-ministro, para o tal reitor, Luís Arouca. Para quê? Não se sabe. Mas sabe-se a data: 23 de Março de 2007. E sabe-se ainda que a PJ anotou no processo ( e tal não foi apagado) que nesse telefonema, “O Engº pede comunicado”. Que não vem, porque o reitor escutado dois dias depois, é apanhado a telefonar para o professor Morais e “não fazer comunicado” é a indicação.

Estes factos, agora revelados pelo jornal Público, muito a medo e com reservas visíveis e legíveis, do jornalista, valem o que valem. Nada, parece. Nem sequer um editorial do director. Menos, muito menos que um Inquérito parlamentar tipo "envelope nove".

José

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7 Comments:

At 25 de setembro de 2007 às 22:54, Anonymous Anónimo said...

A liberdade efectiva das televisões portuguesas, e a sua autonomia face ao Governo, pode ser aferida pelo facto de nos telejornais da RTP-1, SIC e TVI, das 13 horas e das 20 horas de hoje, 25-9-2007, as extraordinárias revelações do Público merecerem... zero referências!...

 
At 25 de setembro de 2007 às 22:56, Anonymous Anónimo said...

Cândida de Almeida, na qualidade de magistrada que dirige o DCIAP, concedeu uma entrevista ao Público e Rádio Renascença.

Nela, critica as novas reformas penais, sendo claríssima ao dizer que o novo Código vai dificultar o combate ao crime violento. Sobre a prisão preventiva e o que se vai dizendo, esclarece agora que afinal, se seguíssemos os critérios da União, relativamente à prisão preventiva, estaríamos em primeiro lugar, com menos presos preventivos. Com a lei antiga, entenda-se. Só isto, bastaria para calar os argumentos de quem nada sabendo, sabe de tudo, mesmo de prisões preventivas e papagueia discursos alheios e de propaganda.

Para além disso, pronuncia-se abertamente e sem reservas de maior sobre o processo da “licenciatura de José Sócrates”, aqui por diversas vezes glosado.

Esclarece que o processo lhe foi entregue em mão, a ela mesmo, pelo PGR, no uso de atribuição prevista na lei que lhe permite incumbir um procurador especial de assuntos delicados e de “especial sensibilidade política e social” E para que fosse “rápido, eficiente e completamente investigado”.

Para tal efeito, a directora do DCIAP e uma procuradora-adjunta, “fizemos tudo o que era possível fazer: duas buscas, pedimos documentos à universidade, a institutos, ouvimos 27 pessoas, todos os colegas que frequentavam, na mesma situação, o curso e ouvimos as responsáveis pela universidade, o director-geral do Ensino Superior”, para chegar à conclusão de que “não houve situação de favor, não houve uso de nenhum documento falso” E que “o tratamento que o cidadão e aluno José Sócrates teve foi exactamente o mesmo que os outros colegas, na mesma situação tiveram.” E mais ainda esclareceu: a universidade não procedeu nada bem. Mas os alunos não têm culpa. O tal exame por fax, foi até uma espécie de tormento , porque dois dos alunos, colegas de Sócrates, nem esse exame fizeram e passaram na mesma! E para afastar quaisquer veleidades de favorecimento, basta-lhe uma simples circunstância: os colegas de Sócrates que foram chamados ( já agora, seria interessantíssimo saber quem eram), nada disseram aos costumes, a não ser que “ Ele era Secretário de Estado e nós esperávamos por ele”. Conclusão imediata: isso pode ser uma deferência, pode até ser aborrecido, mas crime não é.

E de deferência em deferência, assim ficamos, com as culpas todas, todinhas a cair em cima da universidade, pela falta de rigor, pele desentendimento entre os professores, etc.

A Cândida de Almeida foi pedido um Inquérito rápido, eficiente e e completo. E ele aí está!

A rapidez impediu-a de fazer mais do que duas buscas, nenhuma delas, porém, no local onde apareceu o documento putativamente falso, ou seja, na Câmara da Covilhã. Como é sabido e foi comunicado pelo próprio presidente da autarquia que entendeu falar sobre o assunto em modo manhoso, antes da conclusão do processo, nenhuma busca a nenhum documento se fez nesse local. Foram todos pedidos por ofício…e mais não será preciso dizer sobre esta peculiaridade da rapidez investigatória.

Sobre a eficiência, temos 27 pessoas ouvidas, entre elas os antigos alunos e colegas de curso de José Sócrates, certamente. Que podem saber estes indivíduos sobre o uso de documentos falsificados ou sobre o favorecimento pessoal, para indiciar um eventual tratamento de favor, criminalmente irrelevante passados mais de dez anos sobre os factos? Aliás, para que se foi investigar criminalmente um putativo crime inexistente, cujos factos assumem apenas eminente relevância ético-política?

A falsificação e eventual uso de falso, única infracção de relevo, mereceu o quê, de particular e relevante, na investigação?

Havemos certamente de saber, se o processo não ficar em segredo de justiça, como de facto já não deve estar, para Cândida de Almeida se pronunciar abertamente sobre o assunto. Aguardemos pela notícia de jornal ou de outra fonte e voltaremos ao assunto.

Para já, uma coisa óbvia se oferece dizer: a necessária isenção para se investigar um caso destes, com contornos evidentemente políticos, tem de partir de outros parâmetros e mostrar outras garantias.

É nestes casos particulares que se joga toda a imagem de autonomia do Ministério Público e o sinal que se deu, no sentido de uma investigação que se pretendia completa, ficar pelas conclusões e pelos fundamentos aduzidos, deixam temer o pior: a perda dessa autonomia, pelo lado mais insidioso que pode haver: a dificuldade aparente em escapar das nossas próprias idiossincrasias.

 
At 26 de setembro de 2007 às 03:11, Anonymous Anónimo said...

Ainda bem que José Sócrates ficou ilibado deste processo, caso contrário, para o salvarem ainda tinham de ir alterar de novo o Código Penal...

 
At 26 de setembro de 2007 às 07:52, Anonymous Anónimo said...

Gosto muito deste blog, recebo-o por RSS. É bom nunca deixarmos de lutar por um Portugal melhor e igual para todos. Tudo me faz lembrar o Triunfo dos Porcos!

 
At 26 de setembro de 2007 às 13:12, Anonymous Anónimo said...

Lembram-se da serie de TV italiana "o POLVO" esta tudo dito.
Lembram-se dos versos do Zeca "os Vampiros"?
E ka agora se virem os "SOPRANOS" veem as semelhancas entre os noticiarios com mesma serie.

 
At 26 de setembro de 2007 às 13:59, Anonymous Anónimo said...

Requerida a instrução no processo crime contra José Sócrates

O advogado Dr. José Maria Martins entregou ontem, 25-9-2007, no DCIAP/PGR a contestação ao despacho de arquivamento do inquérito à licenciatura na UnI de José Sócrates. Dessa forma, o processo continua aberto.

José Maria Martins entregou um requerimento, arguindo nulidades e solicitando que o despacho da Procuradora-Geral Adjunta Dra. Maria Cândida Almeida - a mandar arquivar o processo - seja julgado nulo e que continue a investigação por crimes de falsificação de documentos, favorecimento pessoal e tráfico de influências, contra José Sócrates, o ex-reitor da UnI Prof. Luís Arouca e o Prof. António José Morais.

O requerimento foi dirigido ao Supremo Tribunal de Justiça, competente para julgar o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República e o Primeiro Ministro, tribunal que vai funcionar, neste caso, como de instrução criminal.

 
At 26 de setembro de 2007 às 14:26, Anonymous Anónimo said...

"Povo Que Lavas no Rio"

A inesquecível Amália Rodrigues cantava "Povo que lavas no Rio".

Hoje já é :
"Povo que pares nas ambulâncias";
"Povo que pares em Badajoz";
"Povo que tens de ir a Cuba fazer operação às cataratas" ;
"Povo que não tens consulados suficientes " ;
"Povo que tens de continuar a emigrar";
"Povo que tens de ir comprar combustível a Espanha;
"Povo que não tens professores de português nos países para onde vais trabalhar";
"Povo que não tens centros de saúde";
"Povo que vês os outros países crescerem e tu minguas";
"Povo a quem o Estado multa a torto e a direito";
"Povo de mão estendida na pedincha";
"Povo que não tem justiça, agricultura, indústria, pescas, voz no Mundo";

Os "Filhos da Nação" vai enriquecer os outros Povos, trabalhando lá, fazendo esses países mais ricos e nós mais pobres.

Portugal é cada vez mais um País de velhos e funcionários públicos, profissionais liberais, alguns comerciantes e nada mais.

E de imigrantes. Felizmente os imigrantes ainda vão vindo, já menos, mas vão vindo. São muito importantes porque sem eles o País parava.

Portugal está à beira da catástrofe.

Não se trata de eu ser pessimista. Isto é de um realismo enorme.

A reserva moral da nação cada vez está mais no estrangeiro, na emigração, que no interior.

Veja-se o site www.portugalclub.org e logo compreendemos onde está o portuguesismo. Neste site ouvimos Portugal, vemos Portugal, sentimos correr a brisa fresca do amor à Pátria, aos portugueses e ouvimos o nosso hino, fruto do trabalho de um homem que eu admiro, embora não conhea, o Sr. Casimiro.

Portugal está a drenar riqueza para Espanha. Espanha cresce. Milhares e milhares de portugueses deixam as estatísticas do desemprego, porque vão embora. E depois já não voltam.

Portugal perde sangue novo e empobrece.

Portugal não é um Pais de oportunidades. José Sócrates e o Governo Português estão a enganar o Povo. As oportunidades são para os estrangeiros que compram as herdades na zona do Alqueva, as empresas em todo o Pais, os bancos, as seguradoras, a PT, a EDP, a Galp, os barcos de pesca e as licenças.

Há forças a trabalhar para Portugal mínguar, ser cada vez mais fraco.Menos influente.

Algo tem de ser feito.

Mas com mais de 4 milhões de emigrantes , e uma emigração sem parar, não vamos a lado nenhum.

Há que mudar de políticos, de sistema político, de sistema judicial, de sistema educativo, de mentalidade .

Antes nós cumpríamos o Serviço Militar Obrigatório. Era um momento de festa e que criava laços, métodos, nos ensina a amar a Pátria, nos fortalecia o orgulho na nossa história. Era um momento em que os jovens aprendam a solidariedade e a obedecer, a fazer sacrifícios.Um levava chouriço e outro broa, um pão de milho e outro de centeio, vinho das várias regiões, conviviamos, ,era maravilhoso.

Tudo isso acabou. Os jovens hoje se não fosse a selecção Nacional de Futebol talvez nem soubessem o hino nacional.

Hoje temos políticos que não juraram bandeira, que só sentem o poder do dinheiro e que não têm a cultura ética que as forças armadas ensinavam.

 

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