segunda-feira, 28 de abril de 2008

A CRISE INSTALOU-SE E É PARA DURAR!...




Se ainda existissem dúvidas, as manchetes de hoje, do Correio da Manhã e do Diário de Notícias, seriam suficientes para as desfazer.
A crise instalou-se e a factura já está passada: é para pagar em inflação, em agravamento dos impostos e, ainda pior, com a fome de muitas famílias.


M.

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6 Comments:

At 28 de abril de 2008 às 23:44, Anonymous Anónimo said...

Não acho justo que as etiquetas só refiram o caso português. Não me revejo neste governo socialista no entanto a crise é global e em termos de alimentação não somos os mais afectados. É uma situação alarmante e muita gente pode vir a morrer se não houver mobilização dos países desenvolvidos para com os países pobres que já estavam muito mal e pior vão ficar. Esta crise só vem a deitar por terra as ideias fundamentalistas de certas organizações mundiais pró vida que teimavam na impossibilidade de factos económicos poderem matar gente. Eis que o senhor Malthus está aí em força e os rendimentos decrescentes estão a vingar mais do que nunca. E desta vez, dada a crise mundial, esta situação será de médio – longo prazo como não existia há muito tempo. Nem quero imaginar.

 
At 29 de abril de 2008 às 00:32, Anonymous Anónimo said...

Os noticiários vão dando eco do agravamento de preço dos produtos alimentares, um pouco por todo o mundo, com uma frequência cada vez maior. Os comentários são variados e as explicações imprecisas. A escassez de milho no México, do trigo no Egipto, de arroz nas Filipinas, na Indonésia e no Haiti, é acompanhada de agitação social e crises políticas. Noutros países como o Paquistão, para minorar o encarecimento dos bens de subsistência, o governo recorre ao seu racionamento.



Na própria Europa, a alimentação absorve 15% dos rendimentos familiares, 20% em Portugal. Mas em países pobres de África e outros continentes, a larga maioria da população consome os seus parcos rendimentos, provenientes de actividades modestas mal remuneradas, quase totalmente na alimentação. A sua vulnerabilidade ao agravamento de preços é enorme e as potenciais consequências são gravíssimas; sem exclusão de qualquer continente, pois que até nos países mais ricos existem populações destituídas e marginalizadas.



Este processo em curso, de agravamento dos preços da alimentação, para o qual a FAO e os próprios FMI e BM também já chamaram a atenção, afigura-se muito grave para a sobrevivência de largas populações e pelas potenciais implicações para a estabilidade de numerosos países e para as já muito problemáticas relações internacionais.



Na base deste processo está a escassez de factores de produção insubstituíveis. Primeiro, a escassez de energia, sobretudo de hidrocarbonetos, de que se obtêm o gasóleo para a maquinaria agrícola e os meios de transporte, bem como muitos fertilizantes, evidenciada pelo agravamento imparável do preço do petróleo. Segundo, a escassez de solos férteis e trabalhados, alguns porque esgotados por culturas extensivas e intensivas em proveito do complexo agro-industrial, outros improdutivos, por forçada deslocação das populações rurais ou para subúrbios de grandes metrópoles, à procura de condições de vida um pouco melhor, ou para campos de refugiados, em casos de conflito político-militar. Terceiro, a indisponibilidade de água, por exaustão de aquíferos sobre-explorados ou por desvio ou contaminação de águas superficiais, ou ainda, por variações climatológicas.



Todos estes factores de escassez convergem e explicam a quebra de produtividade e de produção a nível global. Mas o mais fundamental deles é a energia, porque as fontes de energia fóssil suportaram dois séculos de crescimento industrial e permitiram a multiplicação da população mundial e do seu nível de consumo per capita; ora a energia, uma vez usada, não é de todo reciclável e os combustíveis fósseis são finitos; a sua disponibilidade aproxima-se do seu limite e vai entrando em franco declínio em numerosos países do mundo (as quebras de abastecimento de gasolinas e de electricidade afligem crescentemente os países mais vulneráveis ou destituídos); o impacto dessa escassez mundial vai permeando o conjunto da economia e revertendo o passado período de expansão, agora num outro período de dura retracção. Por isso também, a crise não se manifesta só na indisponibilidade de produtos alimentares, mas também da generalidade de commodities, sobretudo aquelas cuja produção é mais intensiva em energia.



Acresce que o nível de globalização já atingido colocou na mão de alguns poucos traders, ou seja, oligopólios que dominam o comércio mundial da produção agrícola, a capacidade de ainda por cima poderem controlar os fluxos dos produtos, armazená-los ou escoá-los, manipular os respectivos preços “spot” e “futuros”.



A complicar, mas ao mesmo tempo elucidar os fundamentos e a interligação dos fenómenos em jogo, temos a recente promoção e corrida aos agro-combustíveis (ou bio-combustíveis). A pretexto do encarecimento (resultante da rarefacção da oferta) dos combustíveis líquidos (quase totalmente derivados do petróleo), o presente desvio ou conversão de produtos agrícolas (tradicionalmente dirigidos para o consumo alimentar, designadamente cereais, oleoginosas, cana açucareira, tubérculos e frutos) para agro-combustíveis, é um evidente motivo das falhas de aprovisionamento e do encarecimento de produtos alimentares básicos, e dos seus derivados. Nenhum país escapará aos impactos desta corrida insensata e perigosa, se ela prosseguir, seja países importadores, seja os próprios países exportadores, posto o elevado grau de especialização e posta a forte interdependência no comércio mundial.



Pela sua acentuada dependência alimentar e energética, com grandes extensões de monocultura ou de terra improdutiva, Portugal está entre os países vulneráveis. Lamentavelmente, os solos do perímetro irrigado do Alqueva anunciam-se como alvo de culturas energéticas (sobretudo oleoginosas) quando a dependência alimentar do país é enorme. E a Galp projecta investir numa bio-refinaria em Sines que, por razão de economia de escala, seria não só alimentada por essa produção como também por matérias-primas importadas de Angola e Moçambique, num negócio que poderá ser excelente para os seus promotores (também por via do negócio de “emissões de carbono”, ET, como de “desenvolvimento limpo”, CDM, ao abrigo do Protocolo de Quioto) e para os fazendeiros, mas que não será garantia de segurança alimentar e progresso para esses povos.



O que está em causa é pois um complexo de questões convergentes. Por um lado, os limites naturais aos níveis de produção realizável; por outro, as condições sociais e económicas que satisfaçam as aspirações a condição de vida e paz das populações, assim libertando a sua força de trabalho a favor da produção de bens básicos; e ainda, a distribuição desses bens alimentares essenciais no mercado mundial, livre das presentes pressões oligárquicas e especulativas. Sinceramente devemos reconhecer as dificuldades de consciencializar e resolver estas três questões fundamentais, aqui resumidamente enunciadas. Mas não podemos desistir de prosseguir esse caminho até as alcançar.



Entretanto, o tempo passa e as razões subjacentes à presente crise subsistem e esta tende a degradar­‑se ainda mais. A acessibilidade e o preço da energia agrava-se (a capacidade de produção de petróleo atingiu o seu máximo já); os solos produtivos delapidam-se e as condições sócio-económicas necessárias para recuperar os solos abandonados não são reconhecidas e encorajadas (a reforma agrária continua sendo um tabu); o capital financeiro que comanda também os oligopólios da produção, do comércio e da industrialização das matérias­‑primas agro-florestais não abrirá mão voluntariamente dos seus privilégios fabulosos.



A crise financeira de que tanto se fala, em termos que não é para entender, não é mais que a expressão, ao nível da super-estrutura financeira, da muito séria crise da economia real, esta bem manifesta na crise da energia e na crise alimentar. O capital financeiro perdeu a credibilidade de garantir o seu crescimento futuro, por já não poder garantir o crescimento material que o suporte como contrapartida.

 
At 29 de abril de 2008 às 14:05, Anonymous Anónimo said...

Governo português deve por cobro ao aumento dos bens alimentares, defende padre Jardim Moreira
O presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza em Portugal (REAPP) apelou hoje à intervenção do Governo para «pôr cobro» ao aumento dos preços dos bens alimentares que «atinge sobretudo os mais pobres»

«Tenho famílias no centro da cidade do Porto que dispõem apenas de 13 euros por dia. Famílias com filhos e netos», frisou o padre Jardim Moreira em declarações à agência Lusa.

Estes «são dados concretos» que, segundo o presidente da REAPN, «obrigam o Governo a rever as suas actuais políticas».

O tema do aumento dos bens alimentares essenciais está a ser tratado numa reunião das Nações Unidas que está a decorrer desde segunda-feira na Suíça.

O secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, e os dirigentes das 27 agências e organizações das Nações Unidas estão reunidos em Berna, Suíça, para elaborar um plano de ataque face à crise provocada pelo disparo dos preços dos produtos alimentares.

Hoje, a Organização das Nações Unidas e o Banco Mundial anunciaram que vão criar uma "força-tarefa" para combater a alta sem precedentes dos preços de produtos alimentares em escala mundial.

Entre outras medidas, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, pediu que os países parem de impor restrições às exportações de alimentos como forma de combater a crise.

O padre Jardim Moreira defendeu, a propósito, que «a economia e a política tem de estar ao serviço da sociedade civil e não o contrário. É preciso tomar consciência da realidade e avançar com soluções», considerou o responsável.

«É preciso uma maior solidariedade e equidade na repartição de bens entre ricos e pobres», disse.

Jardim Moreira frisou que é urgente «encontrar um equilíbrio para a distribuição da riqueza».

Em seu entender, «enquanto os governos estiverem dependentes do poder económico não serão capazes de resolver os problemas. Muitas vezes só avançam com soluções quando pressionados pelas bases».

«Há cada vez mais famílias a queixar-se do aumento dos bens essenciais, como o pão, por exemplo, e a situação tem tendência a piorar», disse.

O responsável admitiu que a escalada dos preços possa originar «tensões sociais» uma vez que «a estabilidade social e política depende da estabilidade dos povos».

Uma das soluções apontadas por Jardim Moreira passa pelo incentivo à agricultura, no sentido de permitir que «muitas famílias possam auto-sustentar-se».

«É fundamental aumentar a produção de cereais. Ainda há dias um comerciante me contou que não tinha sementes para vender. É uma situação que eu considero gravíssima e que obriga a medidas imediatas», frisou o padre Jardim Moreira.

O presidente da REAPN admitiu tratar-se «certamente de uma situação comum a vários países», referindo, a propósito, o tema da reunião das Nações Unidas que está a decorrer desde segunda-feira na Suíça.

Lusa

 
At 29 de abril de 2008 às 14:07, Anonymous Anónimo said...

Um responsável do Banco Mundial chamou-lhe "tsunami". A directora do Programa Alimentar Mundial da ONU (Organização das Nações Unidas) definiu-a como "o novo rosto da fome". A crise gerada pela escalada de preços dos cereias é grave e está mesmo à nossa frente. Mas, como ainda não nos atingiu severamente (quase) negamos a sua existência.

Os sinais aconselham a que lhe prestemos toda a atenção, para não sermos surpreendidos quando a crise se fizer sentir a sério nos nossos bolsos. A França acaba de anunciar que as suas reservas de trigo estão esgotadas. O Brasil (o maior produtor de arroz do Mundo, juntamente com o Vietname) ameaça deixar de exportar. Nos EUA, cadeias como a Wal-Mart começaram a racionalizar as vendas de arroz e farinha. Um susto, portanto.

De onde vem a crise? Da especulação e dos paradoxos que a modernidade sempre gera. Países como a China e como a Índia passaram a ter dinheiro suficiente para satisfazer bem mais do que as necessidades básicas. A mudança dos hábitos alimentares dos chamados "países emergentes" fez aumentar a procura para níveis que a oferta não consegue satisfazer.

Por outro lado, a crise cai em cima de uma das principais apostas de muitos estados em todo o Mundo - os biocombustíveis. O disparo dos preços do petróleo justifica, cada vez mais, a abordagem a fontes de energia alternativa. Sucede, porém, que é difícil, senão mesmo impossível, explicar à opinião pública a necessidade de continuar neste trilho, quando o número de pessoas seriamente afectadas pela escassez de alimentos não pára de crescer. A mancha dos protestos alastra. E faz mortes. A questão moral que aqui se coloca é, por isso mesmo, tremenda.

Finalmente, a especulação. Para os investidores, os cereais são, nesta altura, puro "ouro". O preço do arroz já chegou a subir, num só dia, mais de 30 por cento! Até quando se manterão os especuladores no mercado é, para já, uma incógnita.

Como se vê, não faltam sinais de preocupação. Que os não queiramos ver releva apenas da distância com que costumamos olhar para as tragédias que não se passam à porta das nossas casas. Esta, contudo, é daquelas que não pedirá licença para entrar.

 
At 29 de abril de 2008 às 14:10, Anonymous Anónimo said...

Portugal deverá completar, em 2008, o terceiro ano consecutivo de variação negativa dos salários reais por trabalhador. As contas são feitas pela Comissão Europeia e, a confirmarem-se, representam o período mais longo de perda do poder de compra dos assalariados portugueses durante as últimas três décadas.
De acordo com os dados ontem divulgados pelas autoridades europeias, o salário real por trabalhador em Portugal deverá registar uma quebra de 0,2 por cento este ano, o que significa que o aumento nominal de 2,6 por cento nos salários será totalmente absorvido pela inflação prevista de 2,8 por cento. Esta perda do poder de compra segue-se a reduções dos salários reais de 0,9 por cento em 2006 e de 0,6 por cento em 2007.
Estes três anos seguidos de aumentos salariais abaixo da inflação são o período mais longo de que há registo desde 1981 até agora. Aliás, a diminuição dos salários médios em termos reais vinha sendo, até agora, um fenómeno pouco frequente. Apenas se tinha registado em quatro anos de recessão económica: 1983, 1984, 1993 e 2003.
Por causa disso, a presente década arrisca-se a ser, de longe, a que piores notícias trouxe para os portugueses, ao nível dos salários. Entre 2001 e 2009, estima a Comissão, a variação real será apenas de 0,2 por cento ao ano. Um valor que contrasta com 6,6 por cento nos anos 60, 4,5 por cento nos anos 70, 1,6 por cento nos anos 80 e 2,9 por cento nos anos 90.
Entre as explicações mais óbvias para este fenómeno estão a contenção salarial verificada na Administração Pública, com sucessivos anos de aumentos salariais abaixo da inflação e a escalada da taxa de desemprego para níveis recorde, o que retira poder negocial aos trabalhadores do sector privado para exigirem aumentos salariais mais generosos.
Economia mais competitiva?
A contenção nos aumentos salariais que se tem vindo a registar nos últimos anos tem, é claro, algumas consequências positivas para o desempenho das empresas, nomeadamente quando estas têm de competir com estrangeiros.
Principalmente quando ao mesmo tempo se registam acréscimos consideráveis ao nível da produtividade. A Comissão Europeia calcula que a produtividade (medida como o PIB por trabalhador) cresceu 1,7 por cento no ano passado, o valor mais alto desde 1999. E continuará a subir a um ritmo de um por cento em 2008 e 2009, apesar do abrandamento da economia.
Este facto, combinado com actualizações salariais moderadas, faz com que os indicadores de competitividade calculados pela Comissão registem uma forte melhoria. Os custos unitários de trabalho portugueses apresentaram em 2007 a segunda variação mais moderada da zona euro, apenas ficando acima da Alemanha.
É por isso que, no relatório ontem publicado, Bruxelas assinala o "menor crescimento dos custos unitários do trabalho quando comparado com os parceiros comerciais" como um factor que pode permitir um desempenho das exportações portuguesas melhor do que o esperado.

 
At 29 de abril de 2008 às 18:21, Anonymous Anónimo said...

Não se preocupem

O Primeiro Ministro e o Ministro das Finanças dizem que a crise nos vai passar ao lado!!!!!!!

Isto era para rir, se a situação não fosse séria e grave.

Realmente estamos entregues à bicharada.

AS

 

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