O PIOR DE DOIS MUNDOS
O negócio dos combustíveis converteu-se na forma mais sofisticada de pilhagem aos portugueses.
Quando cada um de nós abastece numa estação de serviço, é literalmente espoliado.
Temos os mais baixos salários, mas pagamos uma das gasolinas mais caras da Europa, à mercê da ganância dos privados e da gula do Estado.
A concertação de preços altos nos combustíveis, denunciada pelo Automóvel Clube de Portugal, é o corolário lógico duma situação em que apenas três operadores controlam a quase totalidade do mercado.
Galp, BP e Repsol, mancomunadas, sobem rapidamente os preços de cada vez que o petróleo aumenta.
No entanto, sempre que o valor do crude desce nos mercados internacionais, as operadoras teimam em manter o preço-base, aumentando os seus lucros de forma significativa.
Estranhamente, são os pequenos operadores a praticar os preços mais baixos. Se estes conseguem descontos até dez cêntimos, por que não o fazem os tubarões com maior volume de vendas?
É a ganância sem pudor.
A este verdadeiro assalto ao nosso bolso acresce um roubo maior e bem pior perpetrado pelo Estado português.
Na sua ânsia de cobrança, ao preço-base do combustível, vem a omnipotente máquina fiscal juntar o imposto sobre produtos petrolíferos (ISP), a contribuição de serviço rodoviário (CR) e ainda o imposto sobre o valor acrescentado. Este último, para além de incidir sobre o preço-base do combustível, recai, em acumulação, sobre o valor dos impostos ISP e CR. Uma inadmissível sobreposição de impostos num mesmo acto jurídico, um pesadelo.
O resultado é perverso.
Num litro de gasolina sem chumbo 95 a €1.40, por exemplo, bem mais de metade do preço vai para impostos, a saber: € 0,52 de ISP, € 0,06 de CR e € 0.23 de IVA. O que perfaz um total de € 0.81 de impostos, para um preço de € 1.4. Assim, 58 % do preço vai directo para os cofres do Estado!
Os portugueses, vítimas das gasolineiras, que não abdicam dos seus lucros obscenos, e oprimidos por uma desmedida carga fiscal, vivem assim no pior de dois mundos: impostos ferozes, característica de modelos socialistas, a par duma situação de oligopólio, expressão do capitalismo mais selvagem.
O efeito destas práticas reiteradas - no sector dos combustíveis, mas não só - é um país de gente pobre e exangue.
Por isso, quando, a pretexto da crise mundial, Sócrates nos tenta sossegar, garantindo as nossas poupanças, dá vontade de rir e de perguntar: poupanças, quais poupanças?
P.M.
Quando cada um de nós abastece numa estação de serviço, é literalmente espoliado.
Temos os mais baixos salários, mas pagamos uma das gasolinas mais caras da Europa, à mercê da ganância dos privados e da gula do Estado.
A concertação de preços altos nos combustíveis, denunciada pelo Automóvel Clube de Portugal, é o corolário lógico duma situação em que apenas três operadores controlam a quase totalidade do mercado.
Galp, BP e Repsol, mancomunadas, sobem rapidamente os preços de cada vez que o petróleo aumenta.
No entanto, sempre que o valor do crude desce nos mercados internacionais, as operadoras teimam em manter o preço-base, aumentando os seus lucros de forma significativa.
Estranhamente, são os pequenos operadores a praticar os preços mais baixos. Se estes conseguem descontos até dez cêntimos, por que não o fazem os tubarões com maior volume de vendas?
É a ganância sem pudor.
A este verdadeiro assalto ao nosso bolso acresce um roubo maior e bem pior perpetrado pelo Estado português.
Na sua ânsia de cobrança, ao preço-base do combustível, vem a omnipotente máquina fiscal juntar o imposto sobre produtos petrolíferos (ISP), a contribuição de serviço rodoviário (CR) e ainda o imposto sobre o valor acrescentado. Este último, para além de incidir sobre o preço-base do combustível, recai, em acumulação, sobre o valor dos impostos ISP e CR. Uma inadmissível sobreposição de impostos num mesmo acto jurídico, um pesadelo.
O resultado é perverso.
Num litro de gasolina sem chumbo 95 a €1.40, por exemplo, bem mais de metade do preço vai para impostos, a saber: € 0,52 de ISP, € 0,06 de CR e € 0.23 de IVA. O que perfaz um total de € 0.81 de impostos, para um preço de € 1.4. Assim, 58 % do preço vai directo para os cofres do Estado!
Os portugueses, vítimas das gasolineiras, que não abdicam dos seus lucros obscenos, e oprimidos por uma desmedida carga fiscal, vivem assim no pior de dois mundos: impostos ferozes, característica de modelos socialistas, a par duma situação de oligopólio, expressão do capitalismo mais selvagem.
O efeito destas práticas reiteradas - no sector dos combustíveis, mas não só - é um país de gente pobre e exangue.
Por isso, quando, a pretexto da crise mundial, Sócrates nos tenta sossegar, garantindo as nossas poupanças, dá vontade de rir e de perguntar: poupanças, quais poupanças?
P.M.
Etiquetas: Amigos do Partido Socialista, Combustiveis, José Sócrates, Partido Socialista
3 Comments:
Parece ser mesmo assim, estamos a pagar caro, não só a gasolina mas muitos outros serviços essenciais que deveriam melhorar.Educação, Saúde, Assistência Social. O que complica tudo é não termos uma oposição que consiga ter uma voz com algum poder. Não tem expressão, não tem capacidade de argumentativa, não apresenta alternativas crediveis. E fica tudo igual. Só falam escondidos e sem nome. Assim vamos longe.
Todos temos que dizer BASTA!
Eu já o faço à mais de oito meses.
Só abasteço com linha branca.
AS
Quando o preço do barril de petróleo sobe, as gasolineiras aumentam o preço dos combustíveis devido ao encarecimento da matéria--prima. Quando o preço do barril de petróleo se mantém estável, as gasolineiras aumentam o preço dos combustíveis porque não se deixam enganar pela estabilização do barril, cuja tendência para a dissimulação conhecem bem. Quando o preço do barril de petróleo desce, as gasolineiras aumentam o preço dos combustíveis porque, mais cedo ou mais tarde, o preço do barril vai subir novamente, e é bom que as pessoas já estejam prevenidas. Se há coisa de que o consumidor não se pode queixar é da instabilidade do mercado: os preços sobem de forma constante e muito previsível.
Segundo um estudo do Automóvel Clube de Portugal há indícios claros de que as gasolineiras combinam o preço dos combustíveis entre si para evitar a concorrência e prejudicar o consumidor. Por gasolineiras entendo aqui, com o rigor que me caracteriza, tanto as empresas petrolíferas como as bombas de gasolina. Devo dizer que não acredito no estudo do ACP por uma razão clara: deste modo, evito processos judiciais. Esta é uma conduta moral que tem norteado a minha vida. Mas receio que o povo português adira às conclusões do estudo e se sinta assaltado pelas gasolineiras – o que seria grave e erróneo. O povo, maldosamente, poderia começar a identificar as gasolineiras com os nomes que normalmente se atribuem aos assaltantes vulgares. Em vez de Zé Naifas, Marco Mãozinhas e Nando Pirata o povo, se for mal-intencionado (queira Deus que não), pode passar a dizer que vai meter gasolina à BP Naifas, à Repsol Mãozinhas ou à Galp Pirata.
Entretanto, o preço do petróleo aumentou de tal maneira que já não faz sentido chamar-lhe o ouro negro. Tendo em conta os preços da gasolina, o ouro é que é o petróleo dourado.
Curiosamente, nenhum dos grandes economistas que dirigem a economia mundial previu que ninharias como a especulação no preço dos combustíveis iriam conduzir o mundo a uma profundíssima crise. A economia parece ser uma espécie de ciência oculta. Um tipo de astrologia sem búzios nem cartas. E sem tanta credibilidade.
O ministro da Economia acaba de anunciar o fim do mundo, o que é revelador. Já nem o professor Bambo cai nessa. Pela minha parte, estou sempre optimista. Pode ser que as coisas se invertam. Talvez um dia o mundo anuncie o fim do ministro da Economia.
Ricardo Araújo Pereira
In:Visão
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