NOTÍCIA SÓ É AQUILO QUE ALGUÉM QUER ESCONDER
A noite de sexta-feira foi frenética nas redacções por todo o país. Às 20 horas, a TVI mostrou a gravação onde Charles Smith é, pela primeira vez, visto e ouvido a descrever um acto de corrupção no licenciamento do Freeport. Um por um, jornais, rádios e TV tentaram obter comentários do gabinete do primeiro-ministro. Tornou-se clara a linha oficial de controlo de estragos dos operadores de média do Governo: nada havia de novo na transmissão da TVI, o primeiro-ministro considerava falsas as afirmações feitas no DVD e tencionava processar quem o tinha difamado.
Com mais ou menos emotividade e calor, os assistentes do primeiro-ministro contactados mostraram também o seu desagrado pelas intenções da Comunicação Social de considerar o DVD da TVI peça importante na cobertura noticiosa do caso Freeport. É de facto muito importante. O DVD do Freeport é o equivalente às gravações do Watergate que fizeram cair Nixon. Foi na consciência disso que, para desgosto dos conselheiros de São Bento, vários órgãos de Informação optaram por reproduzir excertos do scoop da TVI. Outros não. Todos estão no pleno direito de exercer o seu juízo editoral.
Assim, nos dias seguintes, quem passasse os olhos pelos jornais, ouvisse rádio ou seguisse a TV, inevitavelmente seria informado da notícia que a TVI tinha originado. A liberdade de expressão funciona assim, validando-se nesta diversidade de opções que serve o interesse público. O fundamental é que o continue a fazer em total liberdade porque, com os casos do Freeport e do BPN em roda livre e manifestamente longe de uma conclusão, há incógnitas e suspeitas transversais a todo o Estado, e a democracia tem-se vindo a esboroar. Isto não é uma só questão filosófica. É contabilística também. Os economistas sabem projectar os custos da corrupção no quotidiano das dificuldades dos portugueses. Neste mundo do dinheiro público aplica-se muito bem a lei da química de Lavoisier - nada se cria nem se perde, tudo se transforma. O problema está nessa transformação. Se no Freeport ou no BPN alguém fica com dinheiro subtraído aos lucros dos promotores, ele não entra nos impostos e não se transforma em bem-estar social. Os roubos já conhecidos no BPN (mais de dois mil milhões) e os quatro milhões que a Freeport detectou que tinham desaparecido das contas do seu investimento em Portugal deviam ter passado pelo circuito fiscal e ter sido transformados em bem-estar geral nacional. Foi dinheiro do Estado que foi roubado e, se não fosse a Comunicação Social com os seus exageros e exactidões, a sua pluralidade e o seu sectarismo, a sua independência e o seu clubismo fanático, por vezes tudo manifestado na mesma publicação, nada se saberia e o país empobreceria ainda mais depressa. Claro que é preocupante ter a democracia de um Estado dependente de um só sistema, aparentemente tão frágil e anárquico. Mas neste momento é o que nos resta. Entre segredos de justiça e segredos cúmplices, o Estado tem-se vindo a desrespeitar. O DVD do Freeport foi escondido durante anos, ocultando a verdade ou parte dela. Cinco processos judiciais contra jornalistas depois, é conhecido. Nada pode ficar como dantes. Como Bob Woodward disse, "notícia só é aquilo que alguém quer esconder. Tudo o mais é publicidade".
M.C.
Com mais ou menos emotividade e calor, os assistentes do primeiro-ministro contactados mostraram também o seu desagrado pelas intenções da Comunicação Social de considerar o DVD da TVI peça importante na cobertura noticiosa do caso Freeport. É de facto muito importante. O DVD do Freeport é o equivalente às gravações do Watergate que fizeram cair Nixon. Foi na consciência disso que, para desgosto dos conselheiros de São Bento, vários órgãos de Informação optaram por reproduzir excertos do scoop da TVI. Outros não. Todos estão no pleno direito de exercer o seu juízo editoral.
Assim, nos dias seguintes, quem passasse os olhos pelos jornais, ouvisse rádio ou seguisse a TV, inevitavelmente seria informado da notícia que a TVI tinha originado. A liberdade de expressão funciona assim, validando-se nesta diversidade de opções que serve o interesse público. O fundamental é que o continue a fazer em total liberdade porque, com os casos do Freeport e do BPN em roda livre e manifestamente longe de uma conclusão, há incógnitas e suspeitas transversais a todo o Estado, e a democracia tem-se vindo a esboroar. Isto não é uma só questão filosófica. É contabilística também. Os economistas sabem projectar os custos da corrupção no quotidiano das dificuldades dos portugueses. Neste mundo do dinheiro público aplica-se muito bem a lei da química de Lavoisier - nada se cria nem se perde, tudo se transforma. O problema está nessa transformação. Se no Freeport ou no BPN alguém fica com dinheiro subtraído aos lucros dos promotores, ele não entra nos impostos e não se transforma em bem-estar social. Os roubos já conhecidos no BPN (mais de dois mil milhões) e os quatro milhões que a Freeport detectou que tinham desaparecido das contas do seu investimento em Portugal deviam ter passado pelo circuito fiscal e ter sido transformados em bem-estar geral nacional. Foi dinheiro do Estado que foi roubado e, se não fosse a Comunicação Social com os seus exageros e exactidões, a sua pluralidade e o seu sectarismo, a sua independência e o seu clubismo fanático, por vezes tudo manifestado na mesma publicação, nada se saberia e o país empobreceria ainda mais depressa. Claro que é preocupante ter a democracia de um Estado dependente de um só sistema, aparentemente tão frágil e anárquico. Mas neste momento é o que nos resta. Entre segredos de justiça e segredos cúmplices, o Estado tem-se vindo a desrespeitar. O DVD do Freeport foi escondido durante anos, ocultando a verdade ou parte dela. Cinco processos judiciais contra jornalistas depois, é conhecido. Nada pode ficar como dantes. Como Bob Woodward disse, "notícia só é aquilo que alguém quer esconder. Tudo o mais é publicidade".
M.C.
Etiquetas: Corrupção, Freeport, José Sócrates, Partido Socialista, Vigarices
7 Comments:
estou triste com o meu pais
um pais que conseguiu sair de uma ditadura, um pais que conseguiu manter a indentidade, um pais que conseguiu dar mundo ao mundo. agora vem um corrupto destes denegrir a democracia, cuspir na nossa liberdade, nao, nao pode ser. Portugueses, em especial os pontessoresses vamos dar uma liçao de democracia, vamos usar o voto como arma. por um concelho democratico, por um pais livre.
mestre lopes
O Amigo Lopes, é Mestre de Culinária ?.
A culpa disto tudo é do bêbado do Presidente da Camara!!
Estou a ver o filme:
-O Governo de Guterres estava de saída. Tanta era a merda feita, que Sócrates pensa que o PS não voltaria tão cedo ao Poder.
e por isso pensa:
-Vou aproveitar estes milhões do FreePort para orientar a minha vida, pois tachos destes nunca mais arranjo.
Conclusão.
Alguém pode dizer o que vai ser daí a algum tempo???
Claro que não, Sócrates também nunca pensou que viria a ser eleito Secretário Geral do PS e Primeiro Ministro.
Bem faço eu que não acredito nesta Democracia e nestes politicos, e por isso voto em BRANCO
AS
Desculpem, mas não me acredito em nada, esse senhores demonstram todos os "tiques" de estarem a mentir, os entendidos sabem do que falo! Por muita coisa que a corrupta classe politica faça, estão a mentir! Sacaram foi para eles esse guito! Se o galo tivesse passado nesse dia na ponte vasco da gama, tb estva envolvido!! Mas uma coisa é certa, o nosso país é uma sanita enorme que está cheia de merda, que já não vai para baixo!! É demasiadas incertezas que metem medo na população honesta, por terem medo de falarem nos cafés, as vezes até com familiares com medo que alguns deles lambe cus queiram subir na vida ou precisem de um emprego de bajulice!! Começa a ser demais, quem é honesto, chega casa e vê que não vale a pena, visto esse filhos de uma grande gruta, sairem impunes de todos os tipos de crimes, pois até já se fala que os magistrados estão metidos em cabalas por melhores horarios e mesadas! Parem um bocado e vejam como tudo se desenrola na nossa pequena aldeia de vigaristas, que quando todos querem parecer ter dinheiro para acompanhar com quem realmente o tem, mas esses trabalham de sol a sol.
ISTO SO SE RESOLVE DE UMA MANEIRA, COM UMA ESPECIE DE ETA. COLOCAR BONBAS DE BAIXO DOS CARROS DESTES GATUNOS DE MODO A QUE ELES PENSASEM DUAS VEZES ANTES DE FAZEREM A TRAFULHICE.PRECISAMOS DE UMA REVOLUÇÃO NÃO DE CRAVOS MAS DE DUREZA.
Meus caros, reparem que onde há licenciamentos ou pagamentos relacionados com ambiente, o nome Sócrates anda por lá associado, e depois sempre que há investigação, ou arremedo disso, há sempre alguém com ligações perigosas ao PS no epicentro da coisa tal como neste caso faz a Soarista Cândida Almeida, quando os partidos se investigam a si próprios como acontece na nossa democratura é sempre assim.
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