sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

ESTAMOS EM PLENO REINO DA...

O mal-estar causado pela assinatura do Acordo de Concertação Social não pára de aumentar. E, à medida que se conhecem os itens do documento, as baterias apontadas ao eng.º João Proença são cada vez mais. Torres Couto, fundador da UGT, afirmou que o acto é suicidário e que aquela central caminha para a dissolução.

E sindicatos e sindicalistas afins não param de criticar, por vezes acerbamente, o que entender ser uma capitulação de Proença.
Este, claramente irritado, tem procurado defender-se com argumentos tão irracionais como idiotas, mas o que está em causa deita por terra qualquer tentativa de justificação.

O dr. Passos Coelho subiu ao palco e disse, entre outras banalidades e omissões, que se estava em presença de uma grande coligação social.
Não é assim.
O primeiro-ministro não aceita as evidências e quer enganar quem?
Com a saída da CGTP, o desenrolar dos acontecimentos são de molde a preocupar.
Menos de vinte e quatro horas depois, uma manifestação de descontentes gritou a sua cólera perante o edifício do Parlamento. E isto não vai parar!, exclamou Carvalho da Silva, que vai deixar o lugar de secretário-geral da CGTP, por exigências estatutárias, e ser substituído por Arménio Carlos.

Claro que apareceram aduladores do documento.
Os mais despropositados foram o dr. Tavares de Miranda e o também dr. Braga de Macedo, recuperados de um limbo onde muito bem estavam.
O dr. Miranda discreteou acerca das inabaláveis virtudes de um texto, cujos objectivos salvíficos são comoventes.
Parece que a pátria estava em perigo de soçobrar, não acontecesse a assinatura singularmente patriótica do eng.º Proença. E o dr. Braga, sempre muito inteligente, exautorou as declarações de Torres Couto, de quem disse ser muito amigo, fora o despautério daquele absurdo radicalismo; ou foi fundamentalismo o que disse?

O facto é que o acordo é um texto beligerante, que desfere golpes terríveis em muitos avanços sociais do mundo do trabalho.
A Imprensa tem enumerado a lista e chega a ser sórdido o que patrões e governo querem fazer com o apoio sorridente do eng.º Proença.
Este, desasado e sem saber onde se meter, culpa os jornalistas.
Os jornalistas são culpados de muita coisa; mas de esta, não.
O eng.º Proença cumpre, aliás, o desígnio histórico que tem caracterizado o seu trajecto e o da UGT.
Não vale a pena cauterizar velhas feridas fazendo ressurgir histórias ignóbeis.
Mas cada um come do que quer e a mais não é obrigado.

A verdade é que as ambições patronais foram obtidas, com a conivência de UGT, e não há volta a dar ante as circunstâncias.
O escarmento de que o eng.º Proença é alvo não é injusto: ele assumiu as responsabilidades de fazer o que fez, num momento particularmente dramático da sociedade portuguesa e, em especial, da classe trabalhadora. Porque é esse o caso.
Todos nós, os que trabalhamos, operários, jornalistas, professores, mecânicos, motoristas, vamos ser atingidos pela onda avassaladora de uma série de iniquidades de que a UGT é responsável.
É extremamente significativo ver quem apoia e aplaude este acordo. E a desvergonha aumenta quando o eng.º Proença agita a bandeira da meia hora como vitória singular.
A verdade é que a historieta da meia hora foi um engodo, enganador como todos os engodos.
As coisas estavam preparadas e cumpliciadas para se apresentar a cedência governamental e patronal como ganho sindical.
O embuste servia para justificar o que aí vinha.

Estamos em pleno reino da infâmia.
Enfraquecido pelas pressões conservadoras e ultraliberais e pelas traições oportunistas de aventureiros sem escrúpulos, o mundo do trabalho está cada vez mais encostado á parede do seu infortúnio.
Porém, a história no-lo ensina que os incidentes de percurso, por dramáticos e dolorosos que sejam, são superados pela força da razão.
Estamos num desses períodos, em que tudo parece perdido.
Mas não está.
O estádio civilizacional será, ocasionalmente, interrompido, mas não é nunca uma etapa definitiva. E o poder, quase totalitário, que parece avassalar a Europa, começa, aliás, a apresentar fissuras.
Todas as derrotas são aparentes, por muito duradouras no aspecto. E não há conquista sem luta nem luta sem sofrimento.

B.B.

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3 Comments:

At 20 de janeiro de 2012 às 17:06, Anonymous Anónimo said...

Vergonha também é o se está a passar no lar em ponte de sor,todos nós sabemos que tudo aquilo foi deixado para os pobres mas,a vergonha é que só os ricos têm cabidela neste lar não é idosos que as suas magras reformas que alguns nem chegam ao ordenado mínimo em lugar nesta casa ainda para mais estão a ir buscar desempregados para trabalhar que eu acho muito bem, o que eu não estou de acordo é que se esta casa de ricos querem empregados paguem do seu bolso não estejam a chular mais os contribuintes, vejamos a chulice vão ao centro de emprego requisitar pessoas para trabalhar até aqui é de louvar mas, depois sabem o que eles paguem as pessoas ficam a receber o desemprego á mesma e a santa casa que santa não tem nada só paga 80 euros e subsidio de alimentação á volta de 130 euros ora fica com um empregado por 210 euros mais ou menos por mês ,estas pessoas quando acabem o desemprego são postos na rua e vão buscar outros agora eu pergunto mas o que se esta a passar nesta merda de pais não é de bradar aos céus querem empregados paguem os ordenados não andem a chular a segurança social ,façam contratos com as pessoas para estas deixarem de receber o desemprego pois o nosso dinheiro dos impostos faz falta a quem precisa e cada vez são mais ainda isto se passa numa casa que de misericordiosa não tem nada .

 
At 20 de janeiro de 2012 às 20:23, Anonymous Anónimo said...

Vejam quem são os cães que fazem parte da mesa.

 
At 23 de janeiro de 2012 às 13:12, Anonymous Anónimo said...

A CGTP fica naturalmente de fora.

 

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