É CULTURA CHUCHALISTA
Maria João Pires troca Belgais por nova vida no Brasil
A pianista Maria João Pires abandonou o Projecto Educativo de Belgais, que desenvolveu no concelho de Castelo Branco, e decidiu ir viver para o Brasil, onde já pediu a autorização de residência. A necessidade de mudar a sua vida, após “a tortura sofrida durante anos” em Portugal, está na origem da sua partida.
Numa entrevista à Antena 2, da RDP, a pianista diz que já se encontra em Salvador da Baía, no estado da Baía, onde adquiriu uma casa, que passará a ser a sua nova morada, assim que ultrapassar as burocracias relativas à autorização de residência no Brasil.
“Julgo que vim para a Baía para me salvar um pouco do malefícios que sofri. Vim respirar porque estava a ser vítima de uma verdadeira tortura”, explicou de forma vaga Maria João Pires.
Maria João Pires, um dos nomes cimeiros do piano contemporâneo, nasceu em Lisboa em 1944, começou a tocar aos três anos, com quatro deu o seu primeiro concerto e matriculou-se, muito jovem ainda, no Conservatório de Música de Lisboa.
Actualmente, dedicava parte do seu tempo ao ensino em Belgais, trabalho pelo qual recebeu recentemente o Prémio Unesco para a Defesa dos Direitos Humanos.
A pianista Maria João Pires abandonou o Projecto Educativo de Belgais, que desenvolveu no concelho de Castelo Branco, e decidiu ir viver para o Brasil, onde já pediu a autorização de residência. A necessidade de mudar a sua vida, após “a tortura sofrida durante anos” em Portugal, está na origem da sua partida.
Numa entrevista à Antena 2, da RDP, a pianista diz que já se encontra em Salvador da Baía, no estado da Baía, onde adquiriu uma casa, que passará a ser a sua nova morada, assim que ultrapassar as burocracias relativas à autorização de residência no Brasil.
“Julgo que vim para a Baía para me salvar um pouco do malefícios que sofri. Vim respirar porque estava a ser vítima de uma verdadeira tortura”, explicou de forma vaga Maria João Pires.
Maria João Pires, um dos nomes cimeiros do piano contemporâneo, nasceu em Lisboa em 1944, começou a tocar aos três anos, com quatro deu o seu primeiro concerto e matriculou-se, muito jovem ainda, no Conservatório de Música de Lisboa.
Actualmente, dedicava parte do seu tempo ao ensino em Belgais, trabalho pelo qual recebeu recentemente o Prémio Unesco para a Defesa dos Direitos Humanos.
Fundado por Maria João Pires numa região conhecida pelo nome de «Raia», a oeste de Portugal, o Centro de Belgais é a concretização de um projecto antigo, que corresponde a vários objectivos: proporcionar a artistas em formação ou consagrados um quadro excepcional e preservado, propício ao aprofundamento pessoal e a encontros estimulantes; desenvolver uma pedagogia da arte original e alternativa, fundada no respeito mútuo e na compreensão do ritmo de cada um; elaborar uma «filosofia» da educação; promover a difusão da cultura através da organização de espectáculos e concertos numa região pouco dotada neste plano; favorecer a criação artística através da oferta de estadias residenciais a jovens criadores; servir de local de reflexão e preparação para projectos artísticos de grande envergadura, ligados a uma difusão internacional.
O Centro de Belgais caracterizava-se pela preocupação de contribuir para a reflexão contemporânea sobre a educação, e em particular sobre o papel que ela deve desempenhar numa sociedade alargada a todo o mundo, dominada pelo poder económico e pelos media.
A fundação e o desenvolvimento de uma escola básica, situada na aldeia vizinha da Mata, constituíram deste modo uma etapa decisiva, uma vez que várias crianças beneficiam aqui de um ensino de grande qualidade, baseado na variedade dos conteúdos, na iniciação às artes e no desenvolvimento pessoal.
A noção mais importante, neste ponto, é sem dúvida a de autonomia.
Com efeito, Maria João Pires e os educadores que trabalhavam em Belgais estimavam que o essencial não é a acumulação de competências (indissociavelmente ligada ao aparecimento súbito do individualismo e da competição), mas a aquisição progressiva de uma capacidade de pensar por si próprio.
As práticas pedagógicas, face à complexidade do mundo social, são ainda com bastante frequência dominadas por uma lógica do ter, responsável pela concepção do conhecimento como «capital».
As experiências levadas a cabo em Belgais esforçam-se por se basear, pelo contrário, numa lógica do ser, que possa proporcionar à criança o sentimento de constituir uma entidade por inteiro, para que não fique barricada e definida por um saber-fazer que depressa se torna num limite e numa prisão, mas que viva em relação permanente com o resto do mundo.
A necessidade de respeitar a originalidade e a subjectividade de cada um, deste modo, não deve ser confundida com a sobrevalorização do indivíduo muitas vezes praticada nas sociedades ocidentais.
A necessidade de respeitar a originalidade e a subjectividade de cada um, deste modo, não deve ser confundida com a sobrevalorização do indivíduo muitas vezes praticada nas sociedades ocidentais.
A individualidade não é o individualismo, nem a «preocupação pelo eu» o egotismo: é precisamente a amálgama perigosa entre estas noções que explica e perpetua, nas relações humanas, uma cultura da violência e da agressão, onde sujeitos-fortalezas, à menor oportunidade, se erguem uns contra os outros.
O período de aprendizagem deve corresponder para a criança ao despertar da capacidade de escuta, e deve proporcionar-lhe a possibilidade de se considerar como uma parte de um todo: única, mas rica de uma relação íntima, instintivamente solidária, com a comunidade dos humanos.
O contributo do pensamento budista, neste ponto, é extremamente precioso, uma vez que convida a não sucumbir ao que se poderia chamar «armadilha da identidade», factor de intolerância e exclusão. Com efeito, desorientadas pelas exigências cada vez mais drásticas da vida contemporânea, muitas pessoas são tentadas a definir-se elas próprias, de forma intransigente, em torno de uma pertença: nacional, regional, política, social, etc…
Porém, esta ultra-definição, tranquilizadora num primeiro momento, torna-se depressa num constrangimento alienante, artificial, exageradamente preciso, que fecha o indivíduo em vez de o libertar. A «armadilha» torna a fechar-se quando o homem de identidade sufoca o homem livre, condenando-o a revelar apenas uma caricatura de si próprio.
A educação, tal como o centro de Belgais se esforça por concebê-la, deve constituir uma resistência a este processo: sem naturalmente resultar numa negação dela própria, a criança deve partir à descoberta da sua individualidade, preservando a disponibilidade para o outro, e recusando – tudo constitui o objecto de uma verdadeira autonomia – os discursos próprios para lhe impor uma carapaça rígida, tornando-se rapidamente, não tanto numa protecção, mas sobretudo num fardo. « Nihil humanum a me alienum puto » dizia o poeta Terêncio, indo ao encontro de uma das lições da filosofia budista: «Nada do que é humano me é estranho».
9 Comments:
É um exemplo típico de uma "artista" que recebe dinheiro do estado, pago com os nossos impostos, e acha que não deve apresentar contas a ninguém por isso.
Se me dessem um milhão de euros e eu não tivesse de apresentar contas, também ia de férias para o brasil para o resto da vida.
Argumento sacana, para não usar termos mais brejeiros
Maria João Pires decidiu, com ou sem razão abandonar Portugal, e até se poderia admitir que a pianista não tem razão ou mesmo que prefere outros ares, mas não é aceitável que em resposta a ministra diga à comunicação social quais os montantes das ajudas que recebeu e, pior ainda, informar que ainda não foi apresentada qualquer justificação. Mesmo que seja verdade estamos perante uma resposta sacana (apetecia-me usar outros termos), uma resposta pouco digna para uma ministra da Cultura. A arrogância desta ministra já começa a irritar
MARIA JOÃO PIRES BATEU A PORTA
E vai para o Brasil:
«Em Portugal, afirmou, "estava a ser vítima de uma verdadeira tortura". "Parto para me salvar um pouco dos malefícios que Portugal me estava a fazer", explicou Maria João Pires, considerando que comprar casa no Brasil - país onde ia "respirar" - é um "momento de coragem". Sem adiantar pormenores do que motivou a decisão.» [Diário de Notícias]
Reforce-se o túmulo de Camões, por este andar até os restos mortais do poeta se vão embora.
Portugal mal amado
O chamado "caso de Maria João Pires" adquiriu contornos de alguma esquizofrenia portuguesa. A pianista anunciou, ou fez anunciar, que deixava Portugal e se iria fixar na Bahia. Uma decisão de carácter privado e que, em tempos de globalização, não aquece nem arrefece. Conheci bastantes portugueses que se fixaram nos lugares mais recônditos do planeta - e sem nenhuma justificação. Viver aqui ou viver nas ilhas Vanuatu, onde, segundo um estudo recente, se acham as pessoas mais felizes do mundo, é uma decisão do foro individual. Muitos portugueses apreciariam viver noutro lugar. Estão de mal com o país. Não acho isso chocante. Há quem goste de viver em Mirandela e quem queira ir viver para o Canadá (pessoalmente, acho estranho) ou para a Argentina (o que eu compreendo).
O caso de Maria João Pires é inteiramente diferente. Ao contrário da larguíssima maioria dos portugueses, a pianista poderia viver onde quisesse - no rigor gelado das ilhas Spitzberg ou na civilizada Suíça, bem mais perto de públicos que valorizam o seu trabalho. Escolheu, no entanto, viver nos arredores de Castelo Branco, em Belgais, onde criou um centro destinado ao estudo da artes que, contando com o seu empenhamento, o seu dinheiro e os seus amigos, necessitaria também de apoio do Estado. O projecto de Belgais é mais do que interessante. Num país onde a "cultura literária" domina claramente a "cultura científica", a "cultura artística" ou o ensino das artes têm sido menosprezados e ignorados. É raríssimo encontrar uma escola pública que possa ensinar música, por exemplo. As artes ou são um luxo desprezado ou uma excepção sobrevalorizada. A ideia de Belgais é, por isso, generosa.
Acontece, porém, segundo entendi, que o dinheiro de Maria João Pires e os apoios do Estado (cerca de dois milhões de euros) não bastavam. Era necessário mais. Isso constitui um problema sério no país que tem dificuldade em gerir fundos tão pequenos como os atribuídos a uma direcção-geral ou ao pelouro da cultura de uma autarquia. Maria João Pires acha que isso, não conseguir levar adiante o projecto de Belgais, a levou a ser vítima "de uma verdadeira uma tortura" e que precisava de "fugir dos malefícios de Portugal".
Como se sabe, é fácil ser-se vítima em Portugal, sobretudo quando se tem uma ideia errada ou deficiente do país. O discurso de Maria João Pires acaba por ser banalizado e por corresponder a uma forma de ressentimento muito vulgar hoje em dia, demasiado marcada ideologicamente. Poucas pessoas estarão em condições de dizer a Maria João Pires o que Maria João Pires devia fazer nas suas exactas circunstâncias. Mas houve pessoas que estiveram em circunstâncias semelhantes e que tomaram outra atitude. Maria João Pires tem toda a liberdade de ir viver para Salvador - e mais toda a legitimidade e todo o direito. Pessoalmente, acho uma posição sensata e digna. Mas eu iria e não me queixaria da Pátria, essa ingrata.
Muitos intelectuais e os artistas têm digníssimos desejos de transformar Portugal num lugar mais agradável e onde a arte, a ciência e a cultura tenham um papel diferente na vida dos cidadãos. Querem fazê-lo porque acham bom e decente para o país. Infelizmente, uma parte deles tem pressa demais e outra parte sente-se iluminada diante da turba ou desiludida quando o país revela a sua face e as suas impossibilidades. O despeito e o ressentimento são as menos nobres reacções, nessas circunstâncias. Mesmo que sinceras.
No fim de contas, em Salvador vive-se muito melhor do que em Castelo Branco.
FJV
O coro de carpideiras que se formou em torno do episódio Maria João Pires é revelador da imensa fantasia que é o nosso país.
Na sua leviandade, não perceberam que jamais esteve em causa a artista, a grande artista, que a Pires é.
Belgais é um "projecto" nobre, sem dúvida, numa terra onde quase nada existe, que tem uma gestão para a qual foi canalizado dinheiro público, cerca de dois milhões de euros.
A própria Maria João Pires deve ter reparado no exagero da expressão "tortura" - que supostamente o país lhe andava a infligir - e moderou para a ideia de ir "descansar" de Portugal para o Brasil, sem largar a orientação pedagógica e artística de Belgais. Entre nós, por causa da "cultura" salazarenta que vigora em muito boa alma de "esquerda" iluminada e pretensiosa, confunde-se amiúde o respeito pelo temor reverencial. Depois, se se juntar a isso um crónico provincianismo que tanto se baba de gozo por poder exibir um Figo lá fora, como uma pianista genial, sem fazer grandes distinções, e temos o fermento para o "caldo" de uma das raças mais estúpidas da Europa.
Ou julgam os seus "defensores" que a Pires os tem em grande conta? Por amor de Deus
A entrevista de Maria João Pires revela o quê? E serve exactamente que propósitos? O centro de Belgais, “dedicado ao estudo das artes”, durou seis anos. Contou com o apoio dos ministérios da Educação e da Cultura, da Câmara Municipal de Castelo Branco, de uma instituição bancária espanhola [a Caja Duero], da Fundação Avina e da Yamaha Pianos. Só o ministério da Educação, a título de financiamento dessa experiência pedagógica “alternativa”, desembolsou quase dois milhões de euros, pagos em 24 prestações trimestrais. O ministério da Cultura foi mais modesto: em 2003 concedeu 65 mil euros, mas, não tendo as despesas sido justificadas, cortou a tença. Ontem, Maria João Pires declarou em entrevista à Antena Dois estar a ser «vítima de uma verdadeira tortura», razão pela qual decidira emigrar para o Brasil para se «salvar dos malefícios de Portugal». Se bem pensou melhor o fez. A Bahia deve ser muito mais divertida do que Belgais e cada um tem o direito de escolher viver onde lhe apetece. O repente não me espanta. A reacção dos media também não. Uma dúvida, porém, me assalta: o que é que aconteceu à escola, ao coro, aos alunos, aos docentes, ao staff administrativo e auxiliar?
É como aquelas fábricas que fecham no dia em que o patrão decide pôr-se ao fresco?
Na verdade, Maria João Pires- que aprecia fazer-se passar por modesta e simplória - tem um talento e uma vaidade equivalentes à irritação que, por vezes, provoca. Ainda me lembro, numa das fases mais assanhadas das gentes da "cultura nacional" contra Santana Lopes na SEC, de a pianista ter ido ao Coliseu ler um "manifesto" contra o dito que lhe valeu os ombros de tudo o que é culturo-dependente neste pobre país. Pires socorre-se do seu génio musical para coisas que nada têm a ver com arte e que têm muito a ver com a gestão da vida dela. Gosta de ser bajulada e tem-no sido. Normalmente é o Estado que vai a Belgais e não contrário. Está, por isso, mal habituada. Acha-se subtil e indispensável a uma pátria que, aparentemente, não só não a compreende, como a "tortura".
Aprendeu, pelos vistos, com o "exilado" sr. Saramago.
Péssima companhia.
PORTUGAL
Informação - não exaustiva - sobre Portugal no dicionário Houaiss.
“PORTUGAL, Estado da Europa meridional famoso sobretudo pelas importantes descobertas que seus navegadores realizaram nos séc. XV e XVI. Situa-se na península Ibérica, na extremidade ocidental do continente europeu. A Espanha, que se limita com Portugal ao leste e ao norte, ocupa a maior parte da península. O oeste e o sul de Portugal são banhados pelo oceano Atlântico. Lisboa é a capital e maior cidade de Portugal.
A maioria dos portugueses vive em aldeias. Muitos dos aldeões são pessoas hábeis que enfrentam as águas agitadas do Atlântico para pescar em pequenos barcos ou agricultores que cultivam uvas para fazer vinho. Os peixes e vinhos de Portugal são apreciados em muitos lugares do mundo.
Nos séc. XV e XVI, arrojados navegantes portugueses iniciaram a era dos grandes descobrimentos. Bartolomeu Dias comandou a primeira viagem em torno do cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África. Vasco da Gama ultrapassou o cabo e descobriu o caminho marítimo para a Ásia. Pedro Alvares Cabral descobriu o Brasil. Essas viagens e muitas outras levaram ao estabelecimento de um vasto império português que abrangia colónias na África, Ásia e América do Sul.
Modo de Vida. Os portugueses da zona rural em geral vivem em aldeias de pescadores ou de agricultores. As aldeias de pescadores bordejam a costa do país e seus moradores há muito dependem economicamente da pesca. Os homens enfrentam as agitadas águas do Atlântico em pequenos barcos para pescar.
Os agricultores portugueses cultivam vários produtos, mas são mais conhecidos pelas uvas de boa qualidade que usam no fabrico de vinho. Os vinhos de Portugal são apreciados em vários lugares do mundo. Alguns vinhateiros portugueses ainda seguem o costume tradicional de esmagar as bagas de uva com os pés descalços.
Embora Portugal continue a ser um país agrícola, suas cidades — em especial Lisboa e Porto — estão crescendo rapidamente.
A cada ano muitas pessoas do meio rural mudam-se para as áreas urbanas a fim de procurar trabalho na indústria ou outras ocupações. As cidades portuguesas possuem construções seculares, bem como modernos edifícios de apartamentos ou escritórios.
Os portugueses mantêm estreitos laços familiares.
A maioria dos portugueses, tanto nas cidades como nas zonas rurais, veste-se com os trajes comuns do Ocidente. Os principais alimentos portugueses são peixe, em particular o bacalhau, pão e azeitona. O vinho é a bebida favorita.
As actividades recreativas preferidas são as danças folclóricas, as touradas e o futebol. As touradas portuguesas têm uma diferença muito grande das touradas da Espanha e da América Latina: em Portugal os touros não são mortos.
Educação. O sistema de ensino de Portugal é menos desenvolvido se comparado aos da maioria das outras nações da Europa ocidental, sendo ainda o analfabetismo uma realidade no país. Pela lei, as crianças portuguesas devem frequentar a escola entre os seis e os 14 anos. Na maioria dos casos, pertencem a famílias pobres e abandonam a escola para trabalhar. O ensino primário é difundido em todo o país, mas muitas regiões de Portugal não têm escolas secundárias.
Economia
Portugal é um dos países mais pobres da Europa. A renda anual média per capita dos portugueses é de cerca de 9 mil dólares.
Até meados do séc. XX. a economia de Portugal baseava-se na agricultura e na pesca. Actualmente, a indústria é o mais importante factor da economia e responde por aproximadamente 1/3 do valor dos bens e serviços produzidos em Portugal.
As principais indústrias do país são alimentícias e têxteis, ratificando o pequeno desenvolvimento do sector secundário da região.
Recursos Naturais. Portugal possui alguns recursos minerais. No norte do país existem jazidas de carvão e no sudeste, cobre, o volfrâmio, minério usado para fazer um metal chamado tungsténio, é encontrada nas regiões montanhosas do país.
As florestas cobrem cerca de 1/3 de Portugal. Grandes pinheirais são encontrados no norte. Florestas de sobreiros no centro e no sul de Portugal fornecem grandes quantidades de cortiça.
Os rios de Portugal, especialmente o Douro e o Tejo, produzem energia para fins eléctricos e industriais. O oceano Atlântico é outro importante recurso. Muitos portugueses há longo tempo dependem do peixe para seu sustento.
Indústria. A produção de metais e maquinaria é a principal actividade industrial em Portugal. Fabricas de aço, que operam perto de Lisboa, encontram-se entre as principais indústrias pesadas do país. A produção naval e a petrolífera são outras importantes indústrias pesadas. Contam-se ainda entre as indústrias portuguesas: a de alimentos beneficiados — especialmente azeite, peixe e vinho — e a produção de artigos de vestuário, cortiça e couro, bem como tecidos. O artesanato português também contribui para a produção industrial do país.
Agropecuária e Pesca. Uvas para a produção de vinho são cultivadas nos vales dos rios que cortam Portugal. Os vinhedos do vale do Douro fornecem uvas para o vinho do Porto, assim chamado por causa da cidade do Porto. Com as uvas das ilhas da Madeira faz-se o vinho Madeira. Os vinhedos do sul de Portugal produzem uvas de mesa. Entre as culturas encontradas em Portugal estão as de amêndoa. Arroz, azeitona, trigo, laranja. limão, milho e trigo. Criam-se bovinos, ovinos e suínos. Entre as várias espécies de peixes colhidos pelos pescadores portugueses estão atum, bacalhau e sardinha.
A maioria das lavouras portuguesas são pequenas, com um tamanho médio de apenas 2 ha, principalmente na região norte do país. A maioria dos agricultores são donos de suas terras. Mas, especialmente no sul, existem algumas fazendas colectivas do Estado. Grande número de agricultores portugueses ainda utiliza métodos e equipamentos antiquados, mas o uso de métodos e equipamentos modernos vem aumentando.
O Turismo desempenha importante papel na economia de Portugal. Muitos turistas visitam o país para apreciar suas belas paisagens, cidades antigas, bom clima e outras atracões. O dinheiro gasto pelos turistas ajuda a economia de Portugal.
Comércio Exterior. As exportações de Portugal abrangem cortiça, peixe, polpa de madeira e vinho. Aço e ferro, algodão, veículos motorizados e petróleo encontram-se entre as principais importações.
A Grã-Bretanha há muito tem sido o principal parceiro comercial de Portugal. Portugal é membro da Associação Europeia de Livre Comércio (AELC), organização de nações da Europa ocidental criada para fomentar a cooperação económica mútua. Portugal comercia intensamente com outros membros da AELC: Áustria, Finlândia, Islândia, Noruega, Suécia e Suíça. Portugal também comercializa bastante com a Alemanha os E.U.A., a França e a Itália.
As principais organizações internacionais que mantêm laços com Portugal são: Banco Mundial, FMI (Fundo Monetário Internacional), OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico), OMC (Organização Mundial de Comércio) , ONU (Organização das Nações Unidas) e OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Transportes. Uma rede ferroviária liga a maior parte das regiões de Portugal. Os sistemas ferroviário e aéreo pertencem ao governo nacional.
A Primeira República Portuguesa. Por muitos anos Portugal pouco progrediu no sentido de um verdadeiro governo representativo. A monarquia continuava forte e o povo tinha pouca participação no governo. A oposição ao governo crescia continuamente. Em 1908, o rei Carlos I e seu filho mais velho foram assassinados em Lisboa por revolucionários que desejavam acabar com o poder da monarquia. O filho mais moço do rei, Manuel II, subiu ao trono, mas os revolucionários o depuseram em 1910 e estabeleceram a república em Portugal.
A primeira tentativa de democracia parlamentar em Portugal fracassou. Foi marcada por excessiva interferência governamental na sociedade e pela instabilidade política. Em 15 anos, o país teve 44 diferentes governos. Os líderes da república enfrentaram inquietação trabalhista e revoltas militares e civis. Portugal lutou ao lado dos Aliados na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e os gastos com a guerra debilitaram sua economia já enfraquecida.
A Revolução de 1974 ou Revolução dos Cravos. Os militares depuseram a ditadura em 1974. Denominaram a revolução de Movimento das Forças Armadas. O movimento dissolveu a polícia secreta, restaurou os direitos civis e formou um governo provisório para dirigir o país.
Como parte das reformas, foram permitidos partidos políticos em Portugal pela primeira vez desde a década de 1930. Comunistas, socialistas e partidos que favoreciam a livre-empresa procuravam dominar o novo governo. Em 1974 e 1975, houve manifestações violentas entre grupos de posições políticas diferentes.
Fim do Império. O novo governo de Portugal prometeu acabar com o colonialismo. A Guiné Portuguesa, na África, conseguiu independência em 1974 e adoptou o nome de Guiné-Bissau. Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe — também na África — tornaram-se independentes em 1975. Em 1976, a colónia de Timor, no arquipélago Malaio, foi invadida pela Indonésia.
Portugal, portanto, domina apenas seu território no continente europeu e as ilhas dos Açores e da Madeira. Teoricamente, possui ainda outro pequeno território — Macau na costa sudeste da China. Mas Portugal na verdade exerce pouco controle sobre Macau.”
Nas duas últimas semanas assistimos a um extraordinário rol de acontecimentos e de frases surreais em torno de dois dos mais importantes e recentes “equipamentos culturais” (como se diz agora...) do nosso País: o Centro de Belgais e o Museu Berardo.
Quer Maria João Pires quer Joe Berardo são dois personagens excepcionais e Portugal deve-lhes muito. Mas isso não pode permitir que o Estado se ajoelhe a cada exigência que façam ou que não responda a cada laivo de soberba que lhes passa pela cabeça.
A promulgação do decreto-lei e dos estatutos da Fundação Berardo pelo Presidente da República é disso exemplar. Cavaco Silva fez exactamente o que tinha que fazer, ou seja, promulgou os textos que decorrem de longas negociações entre governo e o coleccionador mas passou a escrito todas as dúvidas legais que existem. O texto é, no mínimo, duvidoso ao nível das garantias futuras do Estado mas foi o acordo possível para permitir que a fabulosa colecção Berardo fique em Portugal e possa ser vista num espaço à sua altura, como é o CCB.
Há muita gente que não percebeu a posição de Cavaco, com o extraordinário argumento de “se tem dúvidas, então, devia ter vetado”. Ora, o Presidente da República, qualquer que ele seja, não deve vetar nada quando tem dúvidas; só deve vetar, isso sim, quando tem a certeza absoluta de que o documento não presta. O envio para o Tribunal Constitucional seria trágico para o processo: atrasaria tudo, tirava o diploma da esfera política (onde deve ser negociado) e arriscava-se a acabar com o Museu Berardo de vez. E não é isso que a Presidência da República quer.
O que os juristas de Belém, habituados a tratar das coisas do Estado, quiseram dizer foi: este acordo é muito importante para Portugal mas levanta-nos uma série de dúvidas sobre as garantias futuras, podendo, no limite, pôr em causa o bem comum, favorecendo Joe Berardo, a sua família e a sua Fundação (o que vai dar tudo ao mesmo, porque toda a vida de Berardo é hoje uma verdadeiro trama jurídica).
O que os advogados de Berardo fizeram é óbvio. Partiram para o acordo com o Estado com a mesma determinação com que entraram pela Sogrape adentro contra a vontade da família Guedes (escusavam é de ter festejado com Mateus Rosé e Serra de Azeitão tinto, o que revela fraco gosto), com que entraram na SIC para preparar o IPO da Investec, com que entraram na PT na semana passada e em mais umas dúzias de sítios no passado, presente e futuro.
A vida de Berardo é isto: entrar onde é convidado ou não, ganhar vantagem (‘leverage’ como se diz agora) e vender ou não, o que só depende do preço. E ele é bom, mesmo muito bom, a fazer isto tudo. E os seus advogados também. Mas há uma diferença que o Estado não aproveitou: é que Berardo precisa da sua colecção.
Berardo pode estar hoje na banca, nos vinhos, no cimento, nas telecomunicações, nos media e amanhã ter vendido tudo para estar no turismo, na agro-pecuária ou nos supermercados. Mas não quer vender a colecção que Francisco Capelo lhe fez e que começou por ser um investimento mas hoje é muito mais que isso. A colecção permite a Berardo circular pelas galerias de Tribeca ou do Soho e ser olhado com respeito, permite-lhe vestir t-shirts pretas e boinas sem parecer ridículo, permite-lhe falar do Gilbert and George em vez de só falar de IPO’s e de ‘tax avoidance’.
E é por isso que Berardo não pode dizer que Cavaco lançou um “tabu” sobre o seu acordo com o Estado. É quase tão lamentável como a “tortura” de que Maria João Pires se queixa, apesar de todos os apoios do Estado. Joe Berardo e Maria João Pires fazem muito por Portugal mas não podem esquecer tudo o que Estado fez e faz por eles.
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