quinta-feira, 12 de abril de 2007

A POLÍTICA ESTÁ CARREGADA DE INGRATIDÃO


AFINAL

O primeiro-ministro estará neste momento surpreendido com a quantidade de inimigos que afinal tem.

Pega-se nos jornais, liga-se a televisão ou a rádio e não se lê, se ouve ou se fala de outra coisa, e com acentuado sentido crítico e mesmo algum azedume, que não seja o percurso académico de José Sócrates e a engenharia do seu currículo.

Quando o estado de graça parecia mesmo que ia da direita à meia-esquerda, dos empresários a algumas das corporações e associações sindicais, do piscar de olhos de alguma oposição ao ombro do Presidente da República, afinal só faltava um motivo, uma oportunidade para arrasar o pedestal em que amigos e inimigos têm vindo a colocar José Sócrates.

É certo que já havia as manifestações e greves, com uma enorme expressão embora reduzida a níveis de folclore pelos poderes, político e mediático, como também as demonstrações de desagradado por parte de algumas classes profissionais. Mas tudo isso era equilibrado, no outro prato da balança, por louvores ao espírito reformista do primeiro-ministro, à sua determinação em áreas tão sensíveis como a saúde, a educação, a reforma do Estado, vindos dos quadrantes mais inesperados. Nunca um primeiro-ministro terá governado com tão largo consenso, com tantas demonstrações de compreensão pelos rigores dos sacrifícios.
Cortando em direitos sociais adquiridos por largos extractos da população, o primeiro-ministro conseguiu o milagre de se manter no topo das sondagens.


E de súbito, perante a notícia de um caso e o caso de algumas notícias, eis que o céu da política portuguesa desaba sobre a cabeça de José Sócrates e, tirando alguns indefectíveis do PS, não se estende uma única mão para o amparar.
A política está carregada de ingratidão.





João P. Guerra

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6 Comments:

At 12 de abril de 2007 às 17:17, Anonymous Anónimo said...

O caso da licenciatura do engenheiro José Sócrates continua a dar que falar.
Parece que agora já não lhe podemos chamar engenheiro, porque sendo supostamente licenciado em engenharia civil não está, contudo, inscrito na Ordem dos Engenheiros. Portanto, é só senhor José Sócrates ou, quanto muito, senhor licenciado em engenharia.
Embora mesmo assim haja quem, neste particular da licenciatura, ponha em dúvida que a tenha concluído. Isto porque o documento que lhe oficializa o curso foi passado há uns anos pela Universidade Independente, e já todos se aperceberam como os professores responsáveis por aquela pouco douta universidade são pouco ou mesmo nada confiáveis.
Além de não confiarem uns nos outros, também têm a polícia e os tribunais à perna com acusações pouco próprias de doutores universitários, tais como falsificação de documentos, branqueamento de capitais e até peculato, que é assim uma espécie de má acção em que alguém gasta ou subtrai dinheiro que não é dele. E consta que ainda por cima em quantidades muito generosas.

Pois voltando ao curso do senhor José Sócrates (note-se que já não o tratamos por engenheiro) sabe-se, aparentemente de fonte segura, que o primeiro-ministro tirou o curso de engenheiro técnico em Coimbra e que até chegou a exercer (não sei se lhe deva chamar o ofício) na Câmara da Covilhã.
Foi já em Lisboa, quando secretário de Estado do Ambiente, que se inscreveu na tal Universidade Independente para concluir a tal licenciatura de engenheiro civil que agora, o Público primeiro e depois o Expresso, lhe negam.
Ou seja, não é bem negar-lhe, é mais lançar a suspeição.
Até porque, diz o Expresso na sua investigação, o documento de licenciatura tem data de domingo. Ora, conclui o arguto jornal, ao domingo ninguém trabalha porque é o dia do Senhor. Do Senhor com "S" grande e não do senhor José Sócrates (hão-de reparar que já não o tratamos por senhor engenheiro).

Posto isto, daríamos aqui por concluído o grande diferendo com duas ou três recomendações: primeiro, que o senhor primeiro-ministro passe a ser apenas senhor José Sócrates, à semelhança do tratamento que é dado aos seu congéneres senhor Blair ou o senhor Chirac, e dizem até que ao senhor José Barroso – que terá perdido o senhor doutor quando foi presidir à Comissão Europeia.

Recomenda-se ainda que não seja permitido o senhor primeiro-ministro José Sócrates ser responsável por alguma obra de engenharia civil, nem sequer o novo aeroporto da Ota – embora neste particular a Ordem dos Engenheiros já esteja no bom caminho, como se viu no debate do programa Prós e Contras da RTP (que por sinal teve mais contras que prós, tal como foi mais político que técnico).

Por fim, que deixem ao senhor primeiro-ministro o ofício de governar, ainda que sem o precioso título de engenheiro a que já todos nos tínhamos habituado, isto porque nos dizem que a Constituição não prevê habilitações mínimas para o cargo, para além de saber ler, escrever, contar e interpretar (este interpretar é um acrescento nosso, que achamos de elementar prudência).

E já agora, um ponto final na confusão da Universidade Independente, que tem pouco de universidade e tudo de independente.
Talvez que assim as notícias voltem a tratar de assuntos importantes, como os gastos dos gabinetes dos senhores ministros que, se o Tribunal de Contas sabe fazer as ditas, terão gasto em três anos o equivalente a três aeroportos da Ota. Ora, três aeroportos são o equivalente a… é só fazer as contas!

 
At 12 de abril de 2007 às 17:19, Anonymous Anónimo said...

À luz dos recentes acontecimentos, a blogosfera emergiu como parte do processo político pela primeira vez de forma plena. De modo duplo: como local mal frequentado e como centro de vitalidade. Quem vê um sem o outro, engana-se. É como Deadwood, malfeitorias inomináveis, invejas, mesquinhices, ressentimentos, facadas nas esquinas dos comentários, gente vil na sombra do anonimato, mas, ao mesmo tempo, esta lei da selva, altamente competitiva introduz vitalidade, força, vis, numa sociedade amorfa, complacente e muito pouco dinâmica. O balanço do futuro dirá qual dos modos prevalece.

José Pacheco Pereira

 
At 12 de abril de 2007 às 17:35, Anonymous Anónimo said...

Eu, cidadão...

Antes de ser profissional de ... sou um cidadão deste país. Escrevo para dizer que, enquanto meu concidadão, deixo de acreditar em José Sócrates.

Durante cinco anos fui estudante universitário. Sei como se é favorecido numa universidade. Testemunhei alguns desses casos na Universidade Católica. Este episódio mostrou-me que Sócrates, enquanto foi aluno universitário, se comportou como um desses chico-espertos com que tive de conviver.

Com a minha experiência universitária, há coisas neste dossier que não me deixam dúvidas sobre o favorecimento de Sócrates. Não me interessa se esse favorecimento foi procurado por Sócrates ou se lhe foi oferecido por alguém da universidade e ele o aceitou sem remorsos. As duas situações são-me repugnantes.

Em que universidade é que um reitor dá aulas de Inglês Técnico a um aluno em separado?

Em que universidade é que um diploma é passado a um domingo?

Em que universidade é que um aluno faz um teste separado da restante turma?

Em que universidade é que as pautas têm diferentes notas para uma mesma disciplina?

Em todas, desde que a universidade ganhe com isso.

É isto que as pessoas que dizem que nada se provou neste processo não percebem. É que quem já foi um aluno universitário e viu como certas pessoas passavam milagrosamente de ano reconhece os sinais a milhas. Eu e alguns amigos meus, quando falávamos deste caso, só nos riamos. Porque reconhecíamos o modus operandi.

O problema de Sócrates é que o que se passou com ele não é novo. O repugnante nisto é que o PM seja apenas mais um daqueles chicos-espertos.

Para ter um canudo José Sócrates concedeu neste tipo de comportamento. A forma como se defendeu ontem só me veio provar que não se importa de conviver com o mesmo tipo de comportamentos nestes dias.

 
At 12 de abril de 2007 às 19:59, Anonymous Anónimo said...

Anedotas obscenas

"Conheci o António Morais numa reunião do PS no hotel Altis. Ele apresentou-se e disse-me o que fazia e que era de Carrazeda de Ansiães, a minha terra. Passado algum tempo, lembrei-me dele para uma função onde precisava de alguém." Entrevista de Armando Vara à revista Sábado, de hoje.

E pronto. Já está explicado.

O tal António Morais, que evidentemente é um pivot no meio disto tudo que afecta José Sócrates enquanto candidato à licenciatura em engenharia civil, precisa de ser mostrado ao povo, como exemplo da classe político-professoral que temos. Precisa de ser...explicado.

José Sócrates, na entrevista à RTP, disse que apenas conheceu este António Morais, enquanto aluno da licenciatura. Nem sequer deu por ele, enquanto director de um Instituto público e que empossou. Portanto, só o conheceu no ano lectivo 1995/96, até porque foi o seu único professor - de quem aliás, há umas semanas atrás, nem sequer se lembrava- em quatro das cinco cadeiras que alegadamente lhe faltavam para concluir a almejada licenciatura.
José Sócrates disse ontem na tv que foi a algumas aulas na UnI( nem todas, a falta de tempo, claro, os afazeres etc etc) e foi com esse único professor que aprendeu o que lhe faltava aprender para ser engenheiro, do pleno direito que confere o grau de licenciatura. Mas, ainda assim, não se lembrava do tal professor...
Acontece porém que o mesmo António Morais, segundo informação recente do blog Do Portugal Profundo, foi professor de José Sócrates, um ano antes, no ISEL.
Se esta informação se confirmar, a falsidade e mentida das declarações de José Sócrates, ontem na RTP, é tão evidente como o é a vontade de encobrir estas coisas, nos media tradicionais.
Na TVI, um jornalista engravatado até ao pescoço, António José Teixeira, achou no jornal da tarde que as explicações de José Sócrates foram totalmente convincentes.
Um jornalista assim, há poucos.

PS. Sobre Armando Vara, poderemos também verificar em registos oficiais dos anos noventa que o bravo goverante, já era dr. antes de o ser.
Isto é um pagode...e o ridículo, a esta gente, não mata: engorda!

 
At 13 de abril de 2007 às 00:15, Anonymous Anónimo said...

NÃO EXAGEREMOS...

Convenhamos que ao contrário do que Sócrates disse as suas notas não são exemplares, como não se pode considerar muito brilhante um aluno que levou sete anos e meio a concluir uma licenciatura de cinco tendo passado por três escolas de segunda linha. Se Sócrates tem dúvidas disso sugiro que se candidate a um mestrado ou a um doutoramento numa grande universidade americana ou, se não quiser ir tão longe, então que aguarde que seja lançado o MBA em colaboração com o MIT e se candidate anonimamente para ver se é admitido.

Quanto ao MBA do ISCTE pouco adianta, se assim não fosse o governo não estaria tão empenhado em lançar um MBA com credibilidade internacional e, como se sabe, o ISCTE está longe de ser a coluna dorsal desse curso.

 
At 13 de abril de 2007 às 12:47, Anonymous Anónimo said...

Com a verdade me enganas
José Sócrates quando é entrevistado escolhe meticulosamente as palavras para ocultar a verdade sem que possa ser acusado de mentir. Por exemplo, quando lhe perguntaram quando tinha conhecido António José Morais respondeu que o tinha conhecido quando ele lhe deu aulas. Quando ele deu esta resposta estavamos todos convencidos que António José Morais tinha sido professor de Sócrates num único ano lectivo e na Independente. Só que pelos vistos António José Morais já tinha dado aulas a Sócrates no ISEL. Ou seja, a resposta de Sócrates dava a entender que tinha conhecido António José Morais na Independente quando na realidade isso aconteceu no ISEL.

 

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