segunda-feira, 14 de maio de 2007

E AGORA, TONHO COSTA?


O dilema de António Costa é semelhante ao do PS quando olha para o Terreiro do Paço.
Vê-o como uma peça de teatro que tanto acaba em tragédia, como quando escolheu Carrilho para personagem da opereta, ou termina em fatalidade como aconteceu com João Soares. Mas que é sempre um jogo de interesses.

Costa pode encarar a peça de teatro de Lisboa de duas maneiras: ou ir-se embora ou pateá-la.
Não há meio termo.
Ou ganha, e tem pela frente a passadeira vermelha que lhe garantirá a futura liderança do PS quando Sócrates cair da cadeira ou perde, e hipotecará o seu papel de príncipe das trevas do poder.
Se decidir avançar terá de ser com uma equipa forte que promova a ruptura de que Lisboa necessita. Malcolm McLaren, o criador do Punk, quando se candidatou a mayor de Londres, disse que Tony Blair é o primeiro PM karaoke.
Costa nunca deverá querer ser um Presidente karaoke.
Ou será o Duarte Pacheco do século XXI e marcará a cidade.
Ou será um suicida.
Não há meio termo.
O dilema de Costa é o de um político que, ou ficará na história de Lisboa, ou a de um líder cuja história passou por ele.
Costa sabe que poderá ser Júlio César.
Sendo-o, neste momento tem nas suas costas Brutus com facas suficientemente aguçadas que só esperam o seu passo em frente.
Só que Lisboa precisa de um presidente firme.
Com ideias concretas sobre o que deve ser a capital do país.
Com força para impor as reformas que a capital necessita.
O dilema de Costa é simples: ousará sê-lo?


F.S.

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5 Comments:

At 14 de maio de 2007 às 17:42, Anonymous Anónimo said...

Uma das peripécias mais curiosas de se observar caso António Costa avance para a Câmara de Lisboa - e vença - será o modo como lidará com a Lei das Finanças Locais que ele próprio impulsionou e defendeu enquanto ministro. A tal lei que todos os autarcas atacaram por ser centralista, castradora da acção do poder local, que, entre muitas outras originalidades volitivamente verticais, inventou um ilícito administrativo automático para aquelas que estivessem excessivamente endividadas (art. 39./2/3) e criou a figura da autorização tutelar de 3 (três) ministros para que uma autarquia se pudesse endividar para levar a cabo programas de reabilitação urbana caso esse limite fosse ultrapassado (art. 39./5), e coisa e tal...

 
At 15 de maio de 2007 às 10:52, Anonymous Anónimo said...

Quando ainda fingia que não era nada com ele, António Costa gastou treze minutos de telemóvel a tentar demover Roseta da sua aventura lisboeta. Costa, naturalmente, não possui uma ideia para Lisboa a não ser a que nunca lhe saiu da cabeça mandar nela. Sai directamente do directório socialista e do governo para lá, porque sim. Outro transfuga, convém recordar, já que começou a saison eleito para o Parlamento Europeu, em 2004. Dá-lhe jeito. Por um lado, aparece como o problem solver de Sócrates, o bombeiro de luxo que se prontificou a "imolar" pelo chefe de quem já desconfia. Por outro, e se for bem sucedido, instala-se na Praça do Município a partir da qual pode gerir à vontade o seu privativo quartel-general - um pouco espalhado por todos os ministérios - para o que der e vier e, sobretudo, para o caso de Sócrates "não dar". Ninguém o pode acusar de nada. Então não foi ele quem se "sacrificou" pela honra rosa? Acontece que, ao escolher Costa ou com Costa a escolher-se a si mesmo, o PS e o seu dirigente limitam-se a tratar de intendência por interposta CML. Como tem feito o PSD que a transformou no seu Coliseu de Roma, povoado de pequenos césares, de pequenos leões, de pequenas vítimas e de grandes traições. António Costa é apenas mais um que vem para tratar da vida partidária. Da dele, naturalmente. Tudo deve estar nessa preciosa conversa de treze minutos com Helena Roseta. Roseta não vai a lado nenhum - ao menos que chegue a vereadora - mas guardará para sempre o "segredo" dos treze minutos. Costa tem mês e meio para desfazer tudo o que andou a fazer enquanto ministro com a tutela municipal. Presumo que os seus putativos "colegas" autarcas não se cansarão de lho recordar. Em treze ou mais minutos.

 
At 15 de maio de 2007 às 10:54, Anonymous Anónimo said...

O editorial do José Manuel Fernandes, no Público, explica o fundamental. "É sabido que os partidos não apreciam as candidaturas independentes, que durante demasiado tempo foram mesmo impedidas por lei. Só que isso não explica tudo: o que neste momento o PSD teme é uma lista de Carmona, o que assusta o PS é uma lista de Roseta. Qualquer delas poderia baralhar, e muito, as contas da eleição lisboeta. Só que, pense-se o que se pensar de qualquer desses possíveis candidatos, bater-lhes com a porta na cara utilizando o poder administrativo delegado numa aberração do nosso sistema político que dá pelo nome de governador civil é do domínio da pornografia. Sobretudo quando se suspeita que tal decisão também se sustenta em sondagens encomendadas pelos partidos e onde pelo menos um dos possíveis candidatos independentes, Helena Roseta, surgia muito bem colocada (...) A actuação da subordinada de António Costa resulta na pior forma de este iniciar, se o fizer, a sua campanha para Lisboa." A subordinada de Costa chama-se Adelaide Rocha. Foi colocada na administração do CCB por Carrilho, onde sobreviveu a minsitros da esquerda e da direita, e saiu "incompatibilizada" com Fraústo da Silva. Deu entrevistas - legítimas e até com algum senso - a explicitar o incidente. Tem "fibra" e, talvez por isso, o partido premiou-a com o governo civil de Lisboa tal como Portas tinha premiado a sua querida Teresa Caeiro. Agora, naturalmente, faz o frete à plutocracia partidária da cidade. Só por isto, e apesar de não votar nela, vou tirar um bocadinho para ir à Rua das Portas de Santo Antão ajudar a Helena Roseta, com a minha, a arranjar as assinaturas de que necessita até ao final da semana para ser candidata legítima à CML.

 
At 15 de maio de 2007 às 10:57, Anonymous Anónimo said...

António Costa é, obviamente, um excelente candidato do PS à Câmara Municipal de Lisboa nas eleições intercalares de 1 de Julho. Melhor só António Vitorino ou talvez Jorge Coelho, noutras circunstâncias. Costa é credível, tem peso político, não é nenhum vendedor de banha da cobra como muitos que militam no PS. Sucede, porém, que é o número dois do executivo, é o suporte político de José Sócrates, é o seu Norte. É a referência de bom senso, quando muitos naquele Governo se pautam por um seguidismo cego face a Sócrates. Costa tem voz própria, gere 'dossiers' muito importantes ao nível da Administração Interna e é fundamental numa altura em que Portugal prepara a presidência da União Europeia no segundo semestre deste ano. Por isso, compreendo as reservas que certa imprensa diz que Cavaco Silva tem em relação à saída daquele nome do executivo. Compreendo também que a matéria deveria ter sido primeiro analisada com o Presidente da República, antes de o ser nos órgãos próprios do PS. Mas Sócrates está encurralado com a candiatura de Helena Roseta e com a provável profusão de candidaturas à esquerda. João Soares, António José Seguro, Ferro Rodrigues, Maria de Belém, Ana Paula Vitorino ou qualquer outro deste género não oferecem garantias de uma vitória. Costa sim.
Mas Costa não é imbatível, ao contrário do que o PSD vai julgando por estes dias. Desde que se soube que o Secretariado do PS, vulgo Sócrates, tinha escolhido o ministro que Marques Mendes perdeu o controle do processo de escolha do candidato do PSD. Com um óbvio nervosismo, Mendes deixou que várias figuras próximas de si sondassem candidatos, fizessem contactos e acabou por acontecer o insólito: Fernando Seara, que nem sequer era a primeira escolha, a dizer nas televisões que foi convidado e que por "motivos pessoais" não aceita. A partir de agora qualquer nome que não seja de primeira água será uma segunda escolha. Porque Costa não é imbatível, mas será um osso muito duro de roer. O PSD tem que apelar aos seus melhores quadros. Ao nível de uma Manuela Ferreira Leite ou de uma Paula Teixeira da Cruz. Tudo o que vier por aí abaixo estarám condenado ao mais humilhante dos resultados. A ex-ministra está bem no seu lugar de administradora de um grande banco espanhol. A advogada tem certamente motivos fortes para não aceitar. Só que pertencer a um partido como o PSD não tem só vantagens, há sacrifícios que se têm de fazer. E este era, ao mesmo tempo, o grande desafio.

 
At 15 de maio de 2007 às 11:44, Anonymous Anónimo said...

Uma decisão imoral, desleal e talvez ilegal
“A marcação de eleições para a Câmara de Lisboa para 1 de Julho visa dificultar a vida dos possíveis candidatos independentes. Veremos se o feitiço não se vira contra o feiticeiro.”

"É sabido que os partidos não apreciam as candidaturas independentes, que durante demasiado tempo foram mesmo impedidas por lei. Só que isso não explica tudo: o que neste momento o PSD teme é uma lista de Carmona, o que assusta o PS é uma lista de Roseta. Qualquer delas poderia baralhar, e muito, as contas da eleição lisboeta. Só que, pense-se o que se pensar de qualquer desses possíveis candidatos, bater-lhes com a porta na cara utilizando o poder administrativo delegado numa aberração do nosso sistema político que dá pelo nome de governador civil é do domínio da pornografia. Sobretudo quando se suspeita que tal decisão também se sustenta em sondagens encomendadas pelos partidos e onde pelo menos um dos possíveis candidatos independentes, Helena Roseta, surgia muito bem colocada (...) A actuação da subordinada de António Costa resulta na pior forma de este iniciar, se o fizer, a sua campanha para Lisboa."

José Manuel Fernandes, em Editorial do Público.

 

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