segunda-feira, 14 de maio de 2007

É SÓ GENTE "SÉRIA" NO PARTIDO SOCIALISTA?


As revelações recentes sobre algumas ligações e infiltrações na democracia portuguesa por parte de bicheiros, banqueiros luso-brasileiros ligados à máfia do jogo do bicho, vem explicar o mistério.

Há muito tempo que auscultando-se a democracia portuguesa se detectava um ruidozinho estranho, um cr cr suspeito, quase inaudível. Está agora esclarecido: é o bicho e o bicho é o caruncho, xilófago que está a carcomer a democracia em Portugal.

Não quer isto dizer – e nada se provou nesse sentido – que políticos portugueses façam parte do gangue que investe e lava dinheiro no jogo clandestino do bicho. Nada disso. Trata-se simplesmente de ténues relações sociais entre a classe política e gente influente, com poder e dinheiro – e, por isso mesmo, sempre ansiosa até à ganância por mais poder e mais dinheiro, mesmo que sujo –, que naturalmente se aproxima de quem decide ou influencia. E, como é evidente, ninguém pode responder por quem dele se aproxime e, uma vez aproximando-se, lança a escada de um pequeno favor. Por exemplo, a cedência de um imóvel para sede da candidatura de uma campanha eleitoral.

O que pode seguir-se, já se sabe. Um dia, e esse dia pode nunca chegar, alguém vai reclamar o pagamento do pequeno favor. E há muitas e variadas modalidades de pagamento, mais duras ou mais suaves. A mais barata é talvez a referência à relação de proximidade com o político, forma de pressão mais comedida que a cunha.

O que é certo é que, aceitando favores, a classe política está a expor-se a que um dia alguém lhe apresente a factura, num tipo de relação que sabe-se onde começa mas ninguém sabe onde vai parar. E, quando se dá por ela, a democracia está corroída pelo bicho.


João P. Guerra

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2 Comments:

At 14 de maio de 2007 às 17:36, Anonymous Anónimo said...

A EURODEPUTADA ANA GOMES ESCREVE ISTO NO causa-nossa:

A honorabilidade beliscada de Lello
Mão amiga encaminhou-me, embora com algum atraso, a edição do passado dia 14 do jornal «CORREIO DA MANHû, na qual, a páginas 6 e 7, sob o título “Polícia e juízes pediam favores”, são transcritas escutas de conversas telefónicas do âmbito do processo “Apito Dourado”http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=238483&idselect=181&idCanal=181&p=0
Transcrições cuja genuinidade não foi posta em causa, ao que me dizem, por qualquer dos seus imputados intervenientes.
Uma de tais conversas, mantida entre pessoas que não conheço, os srs. Lourenço Pinto e Pinto da Costa, diz-me respeito: concerne a queixa judicial que aqueles dois egrégios «sportsmen» planeavam mover contra mim a propósito de declarações que eu proferira sobre o impoluto mundo do futebol português (declarações que haviam já enxofrado um outro «desportista» nacional – dediquei-lhe o segundo post que aqui escrevi sob o título “Majores carapuças”, em 15.12.2003, ainda não se vislumbrava o reluzente apito...)
Na conversa sobressai a espessura cavalheiresca do Sr. Lourenço Pinto: “...vou-lhe chegar”, “...essa vai comer...” ou “...para a gaja desandar...”. Mas, não tendo, até hoje, sido notificada de qualquer processo, sou levada a crer que as tiradas com que sou mimoseada na referida conversa mais não relevam do que de pueril bravata, género “agarrem-me, se não eu mato-a...”. Hipótese tão verosímil, quanto inócua, que não me determinaria, por si só, a vir à liça.
Sucede, todavia, que no final da transcrição é imputado aos interlocutores o seguinte diálogo:
“LP - ...o Lello disse-me que...que...até me agradecia muito que fizéssemos a queixa porque queriam ver-se livres dela...
PC – Pois!
LP ...e portanto, a queixa dá mais ...mais força para... para a gaja desandar, não é ?”.
Ora, aqui o caso muda de figura, na presunção em que me encontro de que Lello só há um, e ainda de que ninguém lhe terá feito chegar estas “pérolas”, frustrando-lhe assim a oportunidade de se demarcar do conteúdo infamante (como estou certa o faria, na hipótese inversa).
Na verdade, são por demais conhecidas as características de elevação pessoal e politica do meu camarada José Lello: frontalidade telúrica, apego sacrificial aos valores da lealdade e da camaradagem socialista, repúdio feroz pela concubinagem e promiscuidade entre a política governativo-partidária e interesses privados, empresariais, comerciais, futebolisticos ou outros...
Por disso estar segura, levanto a minha voz contra a aleivosia que é vilmente imputada a José Lello, certa que estou de que o mesmo ele faria, acaso me fossem atribuidos dixotes que o vilipendiassem como comparsa em «jogadas» deste tipo e deste nível.

Ana Gomes

 
At 14 de maio de 2007 às 17:37, Anonymous Anónimo said...

HOJE ANA GOMES ESCREVE ISTO:

Especialização bichística...
Veremos se os critérios que presidiram à escolha do bichoso ex-futuro Cônsul Honorário em Cabo Frio - povoação onde a comunidade portuguesa aparentemente não abunda - também determinaram ou determinarão o naipe de novos cônsules honorários e outros individuos a designar para chefiar os “vice-consulados”, inventados pelo actual Secretário de Estado das Comunidade Portuguesas, António Braga.
No MNE não basta que haja quem se compraza em minimizar o “pleonasmo” (Braga, de Braga) : andam muitos há tempos a avisar que o expediente dos “vice-consulados” (que, tudo somado, sairão mais caros ao Estado do que os anteriores consulados) é só «golpaça para meter jagunços».
Coitados!não encaixaram ainda a engenharia consular de ponta: jagunços indiferenciados era dantes. Agora, na era da globalização, do Brasil para Portugal e de Portugal para o mundo, os critérios mínimos exigem pelo menos especialização... bichística.
[Publicado por AG] 14.5.07
O Jogo do Bicho
O país está finalmente a concluir que José Lello, esse pilar da nossa engenharia (hidráulica, electrotécnica, mecânica?), da política socialista, da nossa administração pública e privada e da política externa, das comunidades portuguesas e da culturalidade desportiva, aquém e além-mar, está ainda manifestamente sub-aproveitado. Apesar de já muito ajoujado como gestor e administrador de empresas, dirigente desportivo, deputado, administrador da AR, Presidente da Assembleia Parlamentar da NATO e, ainda, responsável pelo Departamento de Relações Internacionais do PS. Pelo menos.
A verdade é que José Lello se aplicou ao longo dos anos, na aparelhagem socialista e do Estado, a desenvolver múltiplos talentos empilhadores que «in illo tempore» o terão feito (dizem-me) vendedor na «Catterpillar»: evidencia hoje total descontracção no accionamento em simultâneo de várias "expertises" - da promoção de qualquer banha-da-cobra, à penetração do submundo futebolistico, passando pela gestão contabilistica criativa de campanhas eleitorais «off-shores». E ainda demonstra apurado faro no “head hunting” de representantes socialistas e consulares devidamente encartados no Jogo do Bicho ou engenharias similares.
[Publicado por AG] 14.5.07
Contabilidades bichosas
in PORTUGALDIÁRIO, 13.5.07

«Nem o PS nem qualquer outro podem ignorar as despesas de campanha pelo círculo fora da Europa», referiu Jorge Galamba ao Público, sublinhando que a apresentação de contas tem de ser feita «sem qualquer excepção». «Senão não faria sentido. Os partidos angariavam dinheiro em qualquer outro país para pagar cartazes em Portugal», apontou ao diário o vogal da ECFP - também militante socialista".

Felizmente ele há socialistas que não alinham em contabilidades bichosas.
[Publicado por AG] 14.5.07

 

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