segunda-feira, 30 de julho de 2007

O OÁSIS É UMA MIRAGEM

Na linha do debate sobre o Estado da Nação, Sócrates continua a insistir na recuperação da Teoria do Oásis. Durante a entrevista à SIC, Sócrates refinou detalhes, actualizou o discurso e adaptou-o ao estilo MP3 mas acabou sempre por dar largas aos tiques mais autênticos do cavaquismo dos anos noventa, verdadeiro referencial ideológico das suas políticas e musa inspiradora do seu estilo de acção.

É verdade que Cavaco não lia jornais e que Sócrates vive dentro deles fomentando-lhes o virtual mais fundamentalista, (como a aula em que até os alunos eram figurantes pagos a 30 euros)!
Há, contudo, um traço comum entre os dois o desprezo profundo pela enorme diferença existente entre o oásis que anunciam e a realidade do País.

Diz então Sócrates que o País está melhor. Diremos nós que sim, que está melhor mas só para alguns, para os muito ricos e importantes...

O País está melhor para a banca que acumula lucros de milhares de milhões e que, apesar do que ganham e do pouco que liquidam em impostos, ainda anunciam novas taxas sobre as operações Multibanco ou mantêm comissões sobre quem têm saldos bancários mensais abaixo dos 1000 euros, isentando quem os têm superiores...
Claro que a Nação está bem melhor para a economia de casino, com o croupier Teixeira dos Santos a passar a pataco os anéis que em 2006 entregaram quase seiscentos milhões de dividendos nos cofres do Estado. Galp, REN, CTT, ANA, TAP, (e porque não a CGD ?…), empresas altamente lucrativas que dão ao País milhões em dividendos, e que também pagam impostos, são alguns dos exemplos que o croupier quer entregar aos interesses multinacionais que comandam o País e as políticas económicas do Governo.


Para todos estes a Nação está melhor e o País é um oásis.
Mas para os que viram aumentar a idade da reforma, que vão ter que trabalhar mais anos, depois dos 65, para poder receber as mesmas pensões a que hoje tinham direito, para quem continua, ano após ano, a perder poder de compra, para os reformados que começaram a pagar impostos e que pagam cada mais pelos medicamentos e pela saúde, para quem ficou sem centro de saúde, sem maternidade ou urgências, para os funcionários ameaçados com uma nova lei que lhes destrói as relações laborais, que introduz a lei do chicote, a certeza do compadrio e os cartões partidários como regra nas progressões, para todos estes, isto é, para a esmagadora maioria, a Nação não melhorou e o oásis é uma miragem.


H.N.

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