segunda-feira, 8 de outubro de 2007

SINAIS DE NERVOSISMO E DESORIENTAÇÃO

O emprego é um campo dado a populismos fáceis, aos quais este Governo não resistiu. Primeiro, durante a campanha eleitoral, quando prometeu a criação de 150 mil postos de trabalho - uma variável que, veio reconhecê-lo agora, não pode controlar. Depois, no OE/2007: numa manifestação de optimismo pouco sustentado, previu a descida da taxa de desemprego para os 7,5%, quando esta, na verdade, não pára de subir. Os embaraços políticos com a degradação social do País têm sido evidentes e até ampliados pela actuação do Executivo: no pingue-pongue que Manuel Pinho e Vieira da Silva jogaram, na hora de assumir responsabilidades políticas pelos números; no virar de costas às câmaras de Pinho e Silva Pereira; e na descredibilização do INE."

Jornal de Negócios

Só este ano, duas das maiores leiloeiras de imobiliário a operar no mercado português já levaram a leilão mais de dois mil imóveis. O número excede o total de 2006 e espera-se que continue a aumentar. Porquê? Porque o aumento das taxas de juro tem feito subir os casos de incumprimento no crédito à habitação e também porque os leilões começam a ser encarados como uma forma mais expedita de encontrar compradores num país em que a oferta de imóveis é já de 1,5 por agregado familiar.

Jornal de Notícias


Bastam duas notícias na imprensa de hoje, para deitar por terra a constante e indecorosa propaganda governamental que apregoa êxitos e desenvolvimento quando a maioria da população apenas sente mais desemprego e aumento do custo de vida.

Os sintomas da crise continuam fortes havendo mesmo sinais de agravamento. Não espanta, por isso, os sintomas de nervosismo e desorientação evidenciados por vários membros do governo, incluindo o próprio primeiro-ministro.

Há dias José Sócrates, Rui Pereira e Manuel Pinho viraram as costas aos jornalistas quando questionados sobre os casos Souto Moura, Portucale e REN.
Durante o anúncio da construção de dez novas barragens, os seguranças de José Sócrates identificaram um ambientalista que “perturbou” a cerimónia.
Ontem, José Sócrates recorreu à polícia para afastar uma concentração de sindicalistas que protestavam durante a sua visita a Montemor-o-Velho.


São velhos métodos de resultados duvidosos, cujo desfecho não augura nada de bom: nem para o Governo, nem para o País.
José Sócrates não aprendeu nada nestes anos que já leva de governação.

M.

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6 Comments:

At 8 de outubro de 2007 às 14:05, Anonymous Anónimo said...

Sócrates prometeu o que não podia ter prometido, a promessa de criar 150.000 empregos faz pressupor um modelo de política que não é o do Sócrates primeiro-ministro. A dúvida está em saber se essa promessa resultou de ignorância ou de oportunismo eleitoral.

Com um modelo económico assente nas vantagens comparativas, resultantes dos baixos salários, a ceder face à agressividade competitiva das economias asiáticas favorecidas pelo levantamento de barreiras tarifárias, o aumento do desemprego era previsível. Dificilmente a reestruturação da economia daí resultante poderia gerar um saldo positivo na criação de emprego.

Se Sócrates sabia o que ia fazer na área económica nunca poderia ter feito tal promessa de boa-fé. A situação das contas públicas não era assim tão translúcida que justifique uma inversão de 180º na estratégia do governo para a economia. Afinal, tinha sido um governo do PS o responsável pelo descontrolo da despesa pública, Sócrates não precisava da ajuda de Constâncio para conhecer uma realidade evidente, o relatório do governador do Banco de Portugal não passou de uma farsa destinada a permitir que Sócrates desse o dito por não dito.

Se as coisas tivessem corrido bem na economia ninguém se teria lembrado desta promessa, mas não é isso que está a suceder, cada vez que são divulgadas estatísticas de emprego somos confrontado com uma realidade cada vez mais dura, já nem as cambalhotas estatísticas do Instituto do Emprego disfarçam a realidade.

É evidente que o governo não pode ser responsabilizado por uma realidade que o ultrapassa, que nada pode fazer para manter empresas que não são competitivas, nem mesmo criar falso emprego à custa da despesa pública. Mas isso não significa que não possa fazer melhor do que aquilo que fez.

Veja-se, por exemplo, o que sucede no domínio das novas tecnologias, tão queridas do primeiro-ministro. O governo promove o e-government, distribui computadores, generaliza o recurso à internet nas escolas, conseguindo níveis elevados de penetração da Internet. Mas não consegue criar um emprego neste sector, os únicos ganhadores são as empresas de telecomunicações que agradecem o precioso empurrão a um mercado oligopolista, onde os preços são altos e a qualidade raramente corresponde ao oferecido, com o organismo regulador a fazer apenas figura de corpo presente. O consumo da Internet aumenta exponencialmente enquanto a oferta de conteúdos em português não evolui. Em vez de apostar na produção o governo opta pela solução mais simples e promove o consumo.

Se Sócrates pretendia adoptar políticas que qualquer leigo em economia percebe que são geradoras de emprego não poderia ter feito tal promessa.

 
At 8 de outubro de 2007 às 14:12, Anonymous Anónimo said...

Uma manifestação de sindicalistas estragou ontem ao primeiro-ministro a inauguração da plataforma tecnológica de hidrogénio para produção de energia de Montemor-o-Velho, em Coimbra. A manifestação acabou por ser mais empolgada antes da chegada do primeiro-ministro, quando a GNR tentou impedir a manifestação, alegando não estar autorizada, retirando faixas, afastando e cercando os manifestantes com uma fita plástica e separando-os das outras pessoas presentes tendo ainda identificado alguns sindicalistas. Indignados, alguns dos manifestantes exibiram os bilhetes de identidade enquanto gritavam "25 de Abril sempre, Fascismo nunca mais".
O primeiro-ministro ignorou os sindicalistas que pretendiam entregar-lhe uma cópia de uma carta sobre o encerramento da maternidade da Figueira da Foz, já enviada por correio há algum tempo a José Sócrates e que estará sem resposta, bem como um documento onde se podia ler "Os sindicalistas fazem falta à Democracia; os maus governantes é que não!". Confrontado com as reivindicações de professores (Fenprof), enfermeiros e outros trabalhadores presentes na manifestação, José Sócrates não gostou e acusou o Partido Comunista de confundir “o direito à manifestação com o direito de insultar”. “O Partido Comunista não aprendeu nada, não evoluiu nada. Onde quer que eu vá fazem manifestações”, afirmou.
Questionado sobre se sentia ofendido, Sócrates respondeu: "Não, por amor de Deus!". O PCP, disse ainda, "faz isto há 30 anos", já o fez "com todos os primeiros-ministros", designadamente com Guterres: "Onde quer que ele fosse faziam também estas manifestações."
O primeiro-ministro acrescentou ter sabido "pelos jornais" que o Partido Comunista da Covilhã estava com "muita dificuldade" em saber qual a hora em que irá visitar uma escola daquela cidade. "Informo-os, pois, que lá estarei, na terça-feira, às três e meia da tarde e espero pela manifestaçãozinha do Partido Comunista. Isso não me incomoda nada."

Fiz aqui uma pequena colagem de textos de artigos sobre mais um atropelo à liberdade.
Oh, Sr. Engenheiro licenciado na UNI, primeiro diz que os sindicatos nata terem a ver com os trabalhadores e depois de que quem se manifeste é automaticamente comunista.
Deixe-me dizer-lhe que eu não sou nem nunca fui comunista, mas não perderei nenhuma ocasião para me manifestar contra a sua pessoa e a sua política.
Será que o Engenheirinho se vai sentir ofendido e insultado?
Espero bem que sim, também eu me sinto insultado por si, quando quer fazer de mim mais burro do que sou com as tretas que diz.
Aprenda a viver com a crítica, com a diferença de opiniões e com o protesto daqueles que anda a lixar. Aprenda a viver com isso ou vá-se embora que numa democracia não há lugar para a arrogância e para a prepotência.
De, "quem não é por mim é contra a nação" já eu tive a minha dose no tempo da outra senhora.

 
At 8 de outubro de 2007 às 14:38, Anonymous Anónimo said...

é pescanova.... é bom...
e até é "especial", segundo proclama o vigarista, falso engenheiro que, por enquanto, governa o rectângulo e que agora nos quer "vender peixe".
claro que constrir a "maior" fábrica de "peixe" do mundo em terrenos da 'rede natura' não tem importância nenhuma; claro que produzir intensivamente um "peixe" que vai ser alimentado com farinhas feitas a partir de merda e que vão ser engordados e mantidos vivos à custa de antibióticos não tem importância; da mesma forma que a poluição que a tal fábrica vai causar com as descargas de água a temperatura elevada, poluída com dejectos (os peixes também cagam) do "peixe", carregadas de veneno dos antibióticos e das farinhas, é matéria que não interessa ser considerada...
as gerações futuras é que vão sofrer as consequências.

 
At 8 de outubro de 2007 às 15:29, Anonymous Anónimo said...

O antigo presidente Harry Truman, com um sarcasmo demolidor, dizia que: “Há uma recessão quando o teu vizinho perde o emprego; há uma depressão quando tu perdes o teu emprego.” O ministro Vieira da Silva, quando confrontado com os números do desemprego em Portugal 8,3% segundo o Eurostat) enrolou-se em desculpas que mostram que contra factos europeus não há argumentos portugueses.
Afinal os números são devastadores: conseguimos mesmo ultrapassar a Espanha. Para Vieira da Silva estes números, por certo, representam uma tímida recessão face aos milhares de empregos que o Governo prometia há dois anos fazer nascer como flores que só esperavam a função fotossíntese socialista. Afinal, não há uma depressão: Vieira da Silva mantém o seu emprego. Vivemos numa sociedade em que o emprego deixou de ser uma dádiva para toda a vida. Mas isso não invalida entender-se que, com uma multidão de desempregados, países como Portugal entrem em parafuso. O consumo é fulcral para a nossa economia e, sem emprego não se pagam empréstimos da habitação, não se vai ao hipermercado, não se compram carros. O sangue de Portugal é, hoje, o consumo. Sem ele a economia vive de soro. Quando o Governo não entende o que significam 8,3% de taxa de desemprego, num país onde a flexibilidade de emprego é escassa, não entende o que está para vir: a falência da classe média e da estabilidade social. Vieira da Silva deveria saber que a economia não é tão esbelta como Marilyn Monroe: o pecado nem sempre mora ao lado.

 
At 9 de outubro de 2007 às 22:21, Anonymous Anónimo said...

E a taxa de desemprego não é ainda maior, porque milhares de portugueses estão a deixar o pais para procurar trabalho lá fora.

São milhares os que estão a trabalhar em Espanha e Andorra.

Estamos mesmo condenados a sermos os últimos da Europa a 15, 25 ou 27.

 
At 9 de outubro de 2007 às 23:08, Anonymous Anónimo said...

Fora os "jobs for boys and girls", os 150 mil prometidos pelo senhor engenheiro em 2005 andam cada vez mais longe. Pelo contrário, a taxa de desemprego aumenta sobretudo nos licenciados, mais de 40 mil. E depois vem ele falar em "new skills for new jobs" para "velhos e jovens". Com certeza. Of course, em inglês.

 

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