COMEÇOU A CAMPANHA ELEITORAL
José Sócrates começou, na semana passada, a campanha eleitoral.
Numa meticulosamente preparada entrevista televisiva, na qual só respondeu ao que lhe apeteceu, Sócrates elogiou todas as políticas do seu Governo e teve ainda espaço e tempo para criar um tabu de polichinelo em torno da sua recandidatura.
A par mudou de cara e passou de carregado e belicoso a distendido e simpático.
A verdade é que o PM é um enorme actor.
Dir-se-ia que tudo o que o seu partido e ele próprio prometeram há três anos está numa das seguintes três fases: cumprido, quase ultimado ou na fase final para decisão.
Ouvindo-o e vendo-o, só isso podia ser.
Mas a realidade é toda outra.
Na área da economia e das finanças, só a redução do deficit público foi cumprida.
Crescer 3% na legislatura, convergir com a União, recuperar 150 mil postos de trabalho, subir no ranking da competitividade e transformar o país numa moderna sociedade do conhecimento, tudo isto está a meio caminho entre uma miragem e o oásis mais próximo.
Na reforma da administração pública, reduzir o número de funcionários públicos em 75 mil numa legislatura está pendente e aplicar sistemas de avaliação dos serviços públicos com a variável de eficiência da gestão pendente está. E nós sabemos que quando os assuntos estão pendentes tendem a ficar pendentes pelo menos mais um ano, porque não se vai resolver num o que não se resolveu em três.
Na educação e na coesão social os factos são factos: reduzir para metade o insucesso no ensino básico e na transição para o secundário não está feito; aumentar a formação profissional e reduzir para metade a percentagem de jovens sem o ensino secundário não está feito; criar uma prestação extraodinária de combate à pobreza dos idosos não está feito.
Salvam-se a generalização do ensino do inglês desde o 1º ciclo do básico e a frequência por jovens de cursos tecnológicos e profissionais de nível secundário.
Na área da justiça está feita a promoção da rede dos julgados de paz e de centros de arbitragem mas a eliminação da burocracia está longe e os actos inúteis sobrevivem alegremente. O descongestionamento processual, a resolução de conflitos de competência, a organização e o funcionamento das magistraturas vão ter de esperar por melhores dias se melhores dias vierem. E na área do ambiente, nota alta para a aposta nas energias renováveis e na eficiência energética mas notas negativas na aplicação da Estratégia Nacional do Desenvolvimento Sustentável, na política integrada das zonas costeiras e nas medidas reais para a conservação da natureza e a biodiversidade.
Face ao que se pergunta a razão dos elogios a todas as políticas que o PM, com forte convicção ensaiada, atira aos ventos que passam. Existe um evidente desajuste entre as reformas anunciadas e as reformas efectivadas, um desajuste qualitativo e quantitativo. Esse desajuste justifica uma análise céptica em relação à consecução daquelas reformas e mesmo num olhar generoso uma evidente dificuldade na rápida feitura delas.
Acontece que, para agravar o panorama, o país mostra-se ao espelho.
A partir dos partidos.
Pois que é de lá que são enviadas, outra vez aos ventos que passam, as mais extraodinárias notícias.
Sobre os projectos imobiliários (?!) supostamente assinados pelo actual PM, dinheiros recebidos, incompatibilidades ignoradas e outras iguarias quejandas que, como imediatamente se alcança, reforçam o regime e a sua credibilidade.
Sobre leis que mudam, antes de casinos mudarem de mãos, depois de missivas endereçadas ao governo de então que diziam como deveria ser a lei e que ninguém notaria nada, o que, como também se alcança imediatamente, reforçam a democracia e glorificam a pátria.
E sobre extravagantes grupos de reflexão, compostos por figurantes filiados nos partidos, em função ou em recentes e datadas funções, que disso fazem (quase) profissão e dos quais não se conhece uma única ideia estruturada, mesmo que não seja original, o que, como de igual modo imediatamente se alcança, dão colorido ao regime e fornecem seiva à democracia.
Eles não sabem mas todos e cada um dos responsáveis por episódios deste jaez comportam-se como formigas brancas que corroem o regime até este ficar em pó.
Como o soalho.
M.R.
Numa meticulosamente preparada entrevista televisiva, na qual só respondeu ao que lhe apeteceu, Sócrates elogiou todas as políticas do seu Governo e teve ainda espaço e tempo para criar um tabu de polichinelo em torno da sua recandidatura.
A par mudou de cara e passou de carregado e belicoso a distendido e simpático.
A verdade é que o PM é um enorme actor.
Dir-se-ia que tudo o que o seu partido e ele próprio prometeram há três anos está numa das seguintes três fases: cumprido, quase ultimado ou na fase final para decisão.
Ouvindo-o e vendo-o, só isso podia ser.
Mas a realidade é toda outra.
Na área da economia e das finanças, só a redução do deficit público foi cumprida.
Crescer 3% na legislatura, convergir com a União, recuperar 150 mil postos de trabalho, subir no ranking da competitividade e transformar o país numa moderna sociedade do conhecimento, tudo isto está a meio caminho entre uma miragem e o oásis mais próximo.
Na reforma da administração pública, reduzir o número de funcionários públicos em 75 mil numa legislatura está pendente e aplicar sistemas de avaliação dos serviços públicos com a variável de eficiência da gestão pendente está. E nós sabemos que quando os assuntos estão pendentes tendem a ficar pendentes pelo menos mais um ano, porque não se vai resolver num o que não se resolveu em três.
Na educação e na coesão social os factos são factos: reduzir para metade o insucesso no ensino básico e na transição para o secundário não está feito; aumentar a formação profissional e reduzir para metade a percentagem de jovens sem o ensino secundário não está feito; criar uma prestação extraodinária de combate à pobreza dos idosos não está feito.
Salvam-se a generalização do ensino do inglês desde o 1º ciclo do básico e a frequência por jovens de cursos tecnológicos e profissionais de nível secundário.
Na área da justiça está feita a promoção da rede dos julgados de paz e de centros de arbitragem mas a eliminação da burocracia está longe e os actos inúteis sobrevivem alegremente. O descongestionamento processual, a resolução de conflitos de competência, a organização e o funcionamento das magistraturas vão ter de esperar por melhores dias se melhores dias vierem. E na área do ambiente, nota alta para a aposta nas energias renováveis e na eficiência energética mas notas negativas na aplicação da Estratégia Nacional do Desenvolvimento Sustentável, na política integrada das zonas costeiras e nas medidas reais para a conservação da natureza e a biodiversidade.
Face ao que se pergunta a razão dos elogios a todas as políticas que o PM, com forte convicção ensaiada, atira aos ventos que passam. Existe um evidente desajuste entre as reformas anunciadas e as reformas efectivadas, um desajuste qualitativo e quantitativo. Esse desajuste justifica uma análise céptica em relação à consecução daquelas reformas e mesmo num olhar generoso uma evidente dificuldade na rápida feitura delas.
Acontece que, para agravar o panorama, o país mostra-se ao espelho.
A partir dos partidos.
Pois que é de lá que são enviadas, outra vez aos ventos que passam, as mais extraodinárias notícias.
Sobre os projectos imobiliários (?!) supostamente assinados pelo actual PM, dinheiros recebidos, incompatibilidades ignoradas e outras iguarias quejandas que, como imediatamente se alcança, reforçam o regime e a sua credibilidade.
Sobre leis que mudam, antes de casinos mudarem de mãos, depois de missivas endereçadas ao governo de então que diziam como deveria ser a lei e que ninguém notaria nada, o que, como também se alcança imediatamente, reforçam a democracia e glorificam a pátria.
E sobre extravagantes grupos de reflexão, compostos por figurantes filiados nos partidos, em função ou em recentes e datadas funções, que disso fazem (quase) profissão e dos quais não se conhece uma única ideia estruturada, mesmo que não seja original, o que, como de igual modo imediatamente se alcança, dão colorido ao regime e fornecem seiva à democracia.
Eles não sabem mas todos e cada um dos responsáveis por episódios deste jaez comportam-se como formigas brancas que corroem o regime até este ficar em pó.
Como o soalho.
M.R.
Etiquetas: José Sócrates, Partido Socialista, Portugal o Grande Circo
8 Comments:
http://templodogiraldo.blogspot.com/
Passem por aqui.
SAUDAÇÕES.
O cirurgião Eduardo Barroso - membro de uma ilustre família burguesa e anti-fascista e que trata por tu, aos beijinhos, amigos de infância como Marcelo - demitiu-se de presidente da Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação (ASST). Há dias, a revista Visão revelava quanto é que o famoso cirurgião recebia de prebenda pelos transplantes realizados. Numa entrevista à televisão, deu depois a entender que era preciso "compor" os salários de miséria - dos médicos, naturalmente - pagos no SNS. Os "prémios" pagos destinavam-se, segundo ele, a "compensar" esta indigência que ele atribuía a si próprio e, simpaticamente, aos colegas. Barroso é mais um entertainer do regime ao lado de tantos outros. Tem este talento com as mãos, cozinha, fuma charutos e, condição fundamental para entertainer, gosta de futebol, coisa que comenta, com aquela voz irritante que Deus lhe deu, onde calha. O homem até pode ser uma sumidade daquelas de que os cemitérios estão cheios. Todavia, não sei porquê, não confio nele. É tagarela em demasia para o meu gosto e, sobretudo, para a sua "arte". Fez bem em sair.
O presidente da Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação (ASST), Eduardo Barroso, apresentou a sua demissão no final da semana passada, segundo fonte oficial. Não consta que tenha devolvido os 277 mil recebidos pelo trabalho que não fez e pela exclusividade que não respeitou. É, nessa medida, uma grande perda.
"Sinto-me em condições de ser julgador em causa própria. Sinto, porque eu tenho uma grande autoridade moral e tenho uma grande confiança na minha honestidade pessoal". Eduardo Barroso, Director-Geral da Autoridade para os Serviços de Sangue e Transplantação, 14 Fevereiro, no Parlamento.
Eduardo Barroso é um homem vaidoso. Este médico, que foi ontem ao Parlamento garantir que não se considera um mercenário, pagou a si mesmo 277 mil euros pela disponibilidade total para as operações que não fez e pela dedicação exclusiva para um trabalho que efectuou enquanto acumulava funções no Hospital da Cruz Vermelha. É um homem bom, muito bom.
Um médico cirurgião, Eduardo Barroso, recebeu durante o ano de 2007, cerca de 277 mil euros, provenientes de uma percentagem, de 21%, relativa a transportes hepáticos e renais, realizados num hospital público, e como prémio pago pelo Estado, como "incentivo" a este tipo de operações cirúrgicas.
Não obstante, essa importância, foi recebida pelo médico cirurgião, como benefício marginal, derivado da circunstância de continuar como médico dirigente, do hospital Curry Cabral, e não por qualquer intervenção prática ou teórica em operações efectuadas. Esteve alhures, durante esses transplantes, sem espiga alguma, no entanto, porque assim ficara definido.
Este sistema de "benefícios" relativos aos transplantes, foi instituido em meados dos anos oitenta e são obviamente uma mina para os médicos, a cargo do Estado. São "dados aos hospitais", explica Maria de Belém, a roseira socialista que foi ministra da saúde. No caso do Curry Cabral, o conselho de administração, generoso, entrega às equipas, 48% dos incentivos vindos do Orçamento do Estado. Que acrescem às generosas remunerações do trabalho prestado, mesmo em horas quase sempre extraordinárias.
Esta história foi contada na revista Visão de 7.2.2008. Assinada por J.Plácido Júnior e motivada por alguém que Eduardo Barroso, acaba de apelidar "badameco encomendado" ( uma espécie de mabeco, como é timbre dos insultos cor de rosa).
Eduardo Barroso até nem queria tanto. Chegou a dizer ao badameco da reportagem que os prémios, eram de facto, "exagerados". E era preciso rever a lei dos "incentivos" que a roseira tem deixado intocável, desde os tempos de Maldonado Gonelha.
Mesmo assim, na entrevista que deu hoje a uma televisão, Eduardo Barroso, emocionadamente indignado, comentou que se demitira das funções de presidente da Autoridade para os serviços de Sangue e Transplantações ( Irá ter coragem para assumir o cargo de direcção no Curry Cabral? ), apresentado um razão demasiado prosaica:
"Não estou disposto a ser enxovalhado por um qualquer badameco encomendado".
E teceu depois, considerações esparsas sobre as calúnias que o primeiro dos ministros anda a sofrer, coitado, e que nem sabe como aguenta. Ele, porém, é que não aguenta tal coisa- e deu um murro na mesa.
O cirurgião Manuel Antunes e a sua equipa de Coimbra, relativamente a "incentivos", para transplantes renais e de coração, nada recebem. Sente-se credor, no entanto, de 2,3 milhões de euros, pelos incentivos de cem transplantes de coração, realizados, desde 2003
O país das maravilhas...
...é este, aqui retratado. Um país de um certo grupo, contentinho de si e dos seus extraordinários feitos que, tudo o indica, tirará o país do atraso endémico em que foi mergulhado e finalmente o levará para o pelotão da frente, sempre prometido, nunca alcançado. No Sábado, reuniu no Centro de Congressos de Lisboa, com o seu líder, primeiro-ministro, em mais uma edição do Fórum Novas Fronteiras. O nome, é emprestado. O símbolo, vazio de sentido.
Entre os seus lídimos representantes, estão Vital Moreira e Edite Estrela, duas figuras. Exemplares.
Desde 1995, pelo menos, que porfiam em melhorar o estado geral do país. Desgraçadamente, o país está pior. Mas não desarmam, sendo das influências marcantes deste governo e do que há-de vir.
Sempre na linha da frente.
«A pouco mais de um ano das eleições, a viragem do discurso socialista para a Esquerda está consolidada. A prová-lo está a opção pelo tema - "Políticas sociais" - das jornadas parlamentares do PS, que hoje começam na Guarda. A cidade que foi escolhida antes de o jornal "Público" ter noticiado a existência de dúvidas sobre a autoria de projectos de construção civil, no concelho, assinados por José Sócrates, enquanto engenheiro técnico.»
No:Jornal de Notícias de ontem
Podiam aproveitar e fazer uma visita às maravilhas arquitectónicas ali deixadas por José Sócrates.
È com revolta extrema e desgosto que sei que há médicos oftalmológicos portugueses que escondem terapias inovadoras e dispendiosas aos seus pacientes porque o SNS não tem meios para as pagar, ou então porque nas suas capelinhas não querem reconhecer que há quem saiba e faça melhor do que eles . Foi preciso ir a Espanha para que uma médica espanhola indicasse os especialistas competentes que nós temos entregando doentes , mas que os colegas teimam em ócultar, deixando os doentes oncológicos à sua sorte!
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