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Delphi/Ponte de Sor: Empresa sobe indemnizações para dois salários, mas não satisfaz sindicatos
A administração da Delphi em Ponte de Sor elevou hoje o montante das indemnizações a atribuir aos trabalhadores de 1,8 para dois salários por cada ano de trabalho, o que foi rejeitado pelos sindicatos, revelou fonte sindical.
A proposta foi apresentada durante a tarde de hoje, numa reunião da administração com representantes sindicais dos trabalhadores para negociar o valor das indemnizações a atribuir aos operários, na sequência do fecho da fábrica no início do próximo ano.
A multinacional norte-americana, segundo os sindicatos, tinha iniciado as negociações com uma proposta de indemnização de 1,8 salários por cada ano de trabalho, mas os trabalhadores decidiram terça-feira, em plenário, reivindicar três salários por cada ano de antiguidade.
Na reunião de hoje, a administração subiu um pouco a proposta, mas não satisfaz, disse à agência Lusa o secretário-geral do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA), José Simões.
O mesmo dirigente sindical, corroborado por Francisco Godinho, do Sindicato dos Trabalhadores da Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás (Sinquifa), revelou ainda que a administração inseriu hoje algumas cláusulas adstritas à proposta de indemnização.
Segundo os sindicalistas, as principais são que os trabalhadores não podem faltar, nem tão pouco fazer greve, e têm que manter os níveis de produtividade.
Estas cláusulas não nos agradam nada. Não estou de acordo, declarou José Simões, enquanto que Francisco Godinho considerou-as inaceitáveis e desajustadas.
Se a proposta fosse aceite e um trabalhador, por exemplo, tivesse um filho doente e faltasse ao trabalho, essa irregularidade faria com que a sua indemnização descesse logo para um salário por cada ano de trabalho, o mínimo legal, disse.
Além disso, o sindicalista do Sinquifa contestou que, até ao momento, a administração não tenha fornecido qualquer documento escrito com a fundamentação do fecho da fábrica ou com as propostas de indemnização.
Além de uma indemnização de três salários por cada ano de trabalho, os operários decidiram no plenário de terça-feira propor à Delphi outros apoios de carácter social, como o prolongamento da segurança social e do seguro de saúde, suportados pela empresa, por tempo ainda a negociar.
Os trabalhadores exigiram ainda que os impostos resultantes da atribuição das indemnizações sejam suportados pela empresa, além de apoios específicos para os jovens e casais que trabalham na fábrica.
O próximo plenário de trabalhadores está agendado para quinta-feira, às 14:00, tendo em vista analisar a proposta apresentada hoje pela empresa.
A fábrica de Ponte de Sor emprega 439 pessoas [efectivos, além de cerca de 80 a contrato] e produz apoios, mecanismos para portas de correr automatizadas e sistemas de protecção de ocupantes para vários modelos de veículos automóveis.
A unidade, segundo assegurou na última sexta-feira à Lusa um dirigente do Sinquifa, Francisco Godinho, deverá encerrar no primeiro trimestre de 2009.
No último trimestre deste ano, começam já a sair os primeiros trabalhadores do quadro, acrescentou, frisando que os primeiros a sair, já no próximo Verão, serão os cerca de 80 operários contratados.
O presidente da AICEP, Basílio Horta, já indicou, sem revelar nomes, que há duas empresas portuguesas interessadas na compra das instalações da Delphi em Ponte de Sor.
O secretário de Estado Adjunto da Indústria e da Inovação, António Castro Guerra, também já adiantou que o governo iniciou o processo negocial com a Delphi (que tem seis unidades industriais em Portugal) e com dois potenciais compradores, que a querem substituir na produção de alguns dos produtos daquela empresa.
Rádio Portalegre
Etiquetas: Delphi, Desemprego, Ponte de Sor
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