segunda-feira, 19 de maio de 2008

NESTE NOSSO PORTUGAL VALE MAIS MORRER DE FOME...



A ASAE está a aplicar as mesmas regras de fiscalização a restaurantes e a Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), noticiou o jornal Público, que diz que estas instituições, em alguns casos, a ser obrigadas a não utilizar alimentos que lhes são doados.
Fonte do Ministério da Economia explicou que qualquer empresa que se dedique à produção, transformação e distribuição de géneros alimentícios mesmo não tendo fins lucrativos tem de ser considerada como empresa do sector alimentar.
O presidente da Confederação das Instituições de Solidariedade Social aconselhou sensatez e atenção à ASAE nesta questão, tendo o padre Lino Maia considerado que esta entidade é forte com os fracos e fraca com os fortes. Isso é que deve ser condenado. Não pode haver aqui uma superpolícia. É polícia, é juiz e executante da pena.



Realmente mais vale morrer de fome que apanhar uma caganeira.

Mais vale morrer de fome que comer um produto sem ter um rótulo legal, ou confeccionado com colher de pau.

Mais vale deixar morrer de fome que comer um bolo ou uma compota feita em casa ou consumirem legumes apanhados numa horta.

Ando farto desta ASAE, policias que andam a destruir este país em nome das leis que nos são enviadas por esta Europa esterilizada.

Será que não existem já razões suficientes para esta polícia ser comandada por alguém com a sensatez para saber diferenciar entre o que é saúde pública e prepotência?

Já chega de ouvir falar da ASAE sempre por maus motivos e colocar esta polícia ao serviço dos cidadãos e do país.


K.

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2 Comments:

At 20 de maio de 2008 às 19:24, Anonymous Anónimo said...

Depois de ter posto à prova a paciência dos portugueses o inspector-geral da ASAE começa a ter dificuldades em manter a sua fotografia nas primeiras páginas dos jornais. Primeiro foram os restaurantes decadentes da capital, seguiram-se as feiras e as sandes de courato, depois as lota, por fim as instituições de solidariedade social.

Com o mercado do protagonismo a minguar restava ao inspector-geral da ASAE puxar pela imaginação para decidir qual foi o seu ataque. A não ser que decida inspeccionar as cozinhas dos casinos, algo pois provável pois devem haver dúvidas sobre se os casinos do Stanley Ho fazem parte do território nacional, restava ao inspector-geral ir à sacristia da Sé de Lisboa inspeccionar as condições em que é guardado o tinto da missa, designadamente, para saber se o vinho vem em mini-garrafas ou se as sobras são criminosamente guardadas para a missa seguinte.

Porém, o inspector-geral teve dúvidas pois há problemas na regulamentação da Concordata, além disso com a proximidade do 13 de Maio ainda lhe poderia aparecer alguma assombração. Optou por testar a paciência dos militares, para se assegurar se já se esqueceram de golpes e conselhos da revolução, a ASAE vai inspeccionar as cantinas militares, começando desde já pela cozinha do farol do Bugio.

Todavia, como os seus ninjas não foram treinados para operações navais, a ASAE já está a preparar uma força de fuzileiros com a qual poderá chegar a objectivos difíceis como o Bugio, as Berlengas, o dradaminas Lagoa ou as fragatas da classe Meko, mais conhecidas, por NRP Aldeia do Meco, NRP Praia do Meco e o NRP Badameco. De fora ficam os novos submarinos de Paulo Portas, são à prova de Azia, perdão, ASAE.

 
At 20 de maio de 2008 às 19:26, Anonymous Anónimo said...

O REGRESSO DA INFLACÇÃO

Trichet, presidente do Banco Central Europeu (BCE), disse há dias que a inflação alta é para durar. Ora, até há pouco, vivemos em Portugal e no mundo cerca de quinze anos com níveis moderados de subidas nos preços. Essa moderação, contrastando com a forte inflação que marcou boa parte do séc. XX, não foi novidade histórica, mesmo depois da revolução industrial. O séc. XIX conheceu um grande progresso económico praticamente sem alta geral dos preços.

A I Guerra Mundial rebentou com a estabilidade dos preços. Depois, em 1923, a Alemanha sofreu uma hiper-inflação, reduzindo a pó o valor da moeda e das poupanças. Essa tragédia monetária contribuiu para a ascensão do nazismo e explica o horror que os alemães ainda hoje têm à inflação.

Com a grande depressão dos anos 30 deu-se o fenómeno inverso e não menos dramático - a deflação, com os preços a descerem e as pessoas a adiarem compras, à espera de pagarem menos, assim travando a actividade económica. A deflação reapareceu recentemente no Japão e chegou a recear-se que ela atingisse outros continentes, mas pelo menos desse mal estamos agora livres. À custa de outros males, claro.

Entretanto, na década de 70 dissipou-se a convicção de que uma certa alta dos preços favorecia o crescimento económico. É que, nessa altura, houve subida geral dos preços e ao mesmo tempo estagnação económica - daí o neologismo "estagflação".

Por cá, os choques petrolíferos de 1973 e 1979 e a explosão salarial que se seguiu ao 25 de Abril levaram a taxas de inflação de 20% ou até 30 %. Mas foi essa inflação que, com a chamada "ilusão monetária", permitiu descer depois os salários reais sem perder a democracia: os salários subiam 15% ou 18 %, sem os trabalhadores se aperceberem que estavam a perder dinheiro, pois a inflação era superior.

Mais tarde, a disciplina imposta pelo euro ajudou a travar a nossa alta de preços. Neste momento, a inflação portuguesa é inferior à espanhola, o que ajuda a nossa competitividade na Península Ibérica.

A consciência de que a inflação não é boa para o crescimento económico explica, em parte, a moderação dos preços que o mundo experimentou até há pouco. Para essa moderação contribuiu, também, a globalização, ao intensificar a concorrência mundial, incluindo a concorrência de salários asiáticos baixíssimos.

Agora, porém, a inflação regressou em força. O preço das casas desce nos EUA, em Espanha, na Grã-Bretanha, etc. Mas, com o petróleo caríssimo e a impressionante alta das matérias-primas alimentares (em parte resultante da subida do petróleo), a velha senhora está de volta. Apesar da valorização do euro face ao dólar (divisa em que são transaccionados o petróleo e muitos alimentos), mesmo em euros a subida do preço do petróleo e da alimentação é considerável. Na zona euro a inflação anda pelos 3,3 %, quando a meta do BCE aponta para 2 %.

O traço mais preocupante da actual subida dos preços é ela atingir brutalmente os mais pobres. A inflação sempre foi um factor de injustiça social. Quando Fernando Henrique Cardoso conseguiu travar a alta de preços no Brasil, os grandes beneficiados foram os pobres. Antes, a classe média brasileira ainda lograva defender-se da inflação mantendo os seus salários indexados à evolução dos preços. Uma prática, aliás, que perpetuava a inflação.

Ao incidir agora sobre os alimentos, a alta dos preços é dramática para quem tem de aplicar uma larga proporção dos seus escassos rendimentos na necessidade básica de comer. A inflação traz dificuldades para as classes médias - já se nota, em Portugal, uma baixa no consumo de pão, leite, queijo, etc. Mas para os portugueses mais pobres, esta evolução dos preços traz a fome.

É certo que um dos factores da alta da alimentação está na saída da pobreza extrema de centenas de milhões de chineses e indianos, que passaram a comer mais carne e leite - aumentando o consumo mundial de cereais para rações. Mas esse facto positivo não elimina que, com o actual nível de preços alimentares, muita gente se encontre à beira da fome absoluta, sobretudo em África.

Por isso a crise alimentar é um desafio à solidariedade social. Em Portugal e no mundo. E um desafio imediato - a prazo, políticas agrícolas não proteccionistas poderão reequilibrar as coisas. Mas, entretanto, milhões terão morrido à fome se não se agir já.

Francisco Sarsfield Cabral
No: Púvblico de 19/5/08

 

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