quinta-feira, 15 de maio de 2008

FARTOS, FARTOS, FARTOS DE...


Andam por aí uns tipos fartos de recibos verdes.
Não é a cor do recibo que os incomoda, é a discriminação a que tresanda.
Cumprem horário, como o parceiro do lado.
Estão, como ele, sob cutelo disciplinar.
Podem até ser mais competentes.
Mas são descartáveis, provisórios.
Estão de passagem, quantas vezes para o desemprego.

Quando ouviram o Governo garantir que iria combater a precariedade, acalentaram a secreta esperança de que a sua vida melhoraria.
Os que trabalham para o Estado, então, devem ter pensado que a vontade política proclamada se converteria em letra de forma. Se a uniformização entre os regimes privado e público era apontada como a chave das mudanças legislativas em curso, abria-se uma janela.

Pura ilusão!
O Governo, que via Código do Trabalho quer limitar a três anos a contratação a termo no sector privado - penalizando até, fiscalmente, o recurso a esta modalidade - propõe-se reservar para o Estado o direito de deixar os seus trabalhadores precários a penar durante seis anos.
Sem qualquer perspectiva de virem a conquistar um vínculo estável.

Porquê o tratamento diferenciado?
Arrisque-se uma resposta.
Cruzando esta medida com umas quantas aposentações (o despedimento puro e simples - ainda - não é possível) pode o Governo apresentar os resultados da dieta de emagrecimento que tem vindo a impor.

Mantendo os que só dispõem de recibo verde no limbo laboral, o Estado compõe o ramo, no que toca ao número de funcionários.
Afinal, eles não passam de um anexo das estatísticas.
Trabalham, mas nem um contrato possuem.
São mais ou menos clandestinos, mesmo se indispensáveis ao funcionamento dos serviços.
Ficam é mais em conta.
É isso que importa.

P.M.

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