Apanhado em falso, a violar uma lei apresentada pelo seu Governo, o primeiro-ministro resolveu entrar num patético espetáculo de contricção pública, prometendo aos portugueses que vai deixar de fumar. E o que é que nós temos a ver com isso? É um assunto da sua vida privada. A questão pública é o cumprimento da lei e a igualdade dos cidadãos no seu cumprimento. Se fumou, como reconhece, paga os 750 euros previstos na lei, como deverá acontecer com qualquer cidadão. Agora, fazer uma promessa aos portugueses sobre a sua vida privada é que passa todos os limites do bom senso. E o que é que acontece se não cumprir? E quem é que vai fiscalizar o cumprimento da promessa? Razão tinha o Santana Lopes. "O país está louco"
Vai deixar de fumar e anuncia? Mas o que raio temos nós a ver com o facto de Sócrates fumar? Fumar é legal e é lá com ele. Quanto ao resto, o importante é saber se Sócrates pagará a coima respectiva, como qualquer cidadão. E que fume o que quiser nos lugares onde o pode fazer.
Sócrates já não é o que era. Dos tempos da arrogância chegou ao tempo do perdoa-me. Apanhado em flagrante a fumar na cabine do avião, a caminho do seu amigo Hugo, houve um jornalista queixinhas que o veio denunciar e ele não teve outro remédio se não pedir desculpa ao país, aos contribuintes, a todos que votaram nele e que por causa disso o têm tido que aturar. Se o acto viesse de um político descontraído e que não tivesse andado armado em moralista e em menino politicamente correcto, até se podia perdoar. Vindo de um beato do ambiente o gesto só pode ser condenável, e muito condenável.
Claro que Sócrates está como Clinton quando foi apanhado com a estagiária disléxica que confundiu salada de mamão com mamada no salão. Então Clinton teve uma safa: como não tinha havido penetração não tinha havido sexo. Sócrates pode ainda recorrer da sua atitude: se não engoliu o fumo não se pode considerar que tenha fumado. Apenas acendeu um cigarro. Com esta atenuante e com a descida de mais uns pontos no IVA, a malta perdoa, pá !!!
mais um exemplo de como a corja que pastoreia o rectângulo se arroga previlégios que não são permitidos ao comum dos cidadãos... e, pedidos de desculpas não resolvem nada! quanto ao fumo do sr. pinho, esse está desculpado por natureza: os casos psiquiátricos tem uma excepção na lei que lhes permite fumar... talvez mesmo a bordo de aviões...
Sócrates já sabia que o tabaco faz mal à saúde. Não deixou de fumar por isso. A decisão de deixar de fumar aparece apenas quando, um dia, descobre que o tabaco também faz mal à imagem. Pelo menos diante de jornalistas. É um perigo. Comovi-me com o seu sincero pedido de desculpas pelos cigarros que fumou, principalmente depois das reacções iniciais "à menino": que nos voos fretados se podia fumar, que nos passeios do menino Cavaco também se fuma e, ao final, que o menino não sabia. Depois o “Desculpa, mamã” e o “não torno”. Tocante. E, quanto ao facto de ter agido como alguém que está acima da lei, essas desculpas ficam por dar juntamente com a multa de 750 euros aplicável ao caso. Usando a expressão que lhe é tão cara, "isso é que era importante". Ou acaso alguém se importa um caracol que Sócrates fume em locais onde seja permitido? Pronto, está bem, está bem. Meninos bonitos não fumam. Ufa! Não é preciso ralhar.
Uma adolescente de 16 anos pode fazer livremente um aborto mas não pode por um piercing. Um cônjuge para se divorciar, basta pedir;
Um empregador para despedir um trabalhador que o agrediu precisa de uma sentença judicial que demora 5 anos a sair.
Na escola um professor é agredido por um aluno.
O professor nada pode fazer, porque a sua progressão na carreira a está dependente da nota que dá ao seu aluno.
Um jovem de 18 anos recebe €200 do Estado para não trabalhar; um idoso recebe de reforma €236 depois de toda uma vida do trabalho.
Um marido oferece um anel à sua mulher e tem de declarar a doação ao fisco.
O mesmo fisco penhora indevidamente o salário de um trabalhador e demora 3 anos a corrigir o erro.
O Estado que gasta 6 mil milhões de euros no novo Aeroporto recusa-se a baixar impostos porque não tem dinheiro.
Nas zonas mais problemáticas das áreas urbanas existe 1 polícia para cada 2.000 habitantes; cada Ministro tem 4 polícias guarda-costas; o Governo diz que não precisa de mais polícias.
Numa empreitada pública, os trabalhadores são todos imigrantes ilegais, que recebem abaixo do salário mínimo e o Estado não fiscaliza.
Num café, o proprietário vê o seu estabelecimento ser encerrado só porque não tinha uma placa a dizer que é proibido fumar.
Um cão ataca uma criança e o Governo faz uma lei.
Um professor é sovado por um aluno e o Governo diz que a culpa á das causas sociais.
O IVA de um preservativo é 5%. O IVA de uma cadeirinha de automóvel, obrigatória para quem tem filhos até aos 12 anos, é 21%.
Se eu fosse apanhado a fumar num qualquer recinto fechado de acordo com a lei pagava a coima respectiva; ao primeiro ministro basta pedir desculpa e ao director da ASAE ... nem isso.
Numa entrevista à televisão, o Primeiro-Ministro define a Política como "A Arte de aprender a viver com a decepção".
Estaremos, como Portugueses, condenados a aprender a viver com este Primeiro-Ministro?
O que temos a ver com a promessa dum cidadao que diz que vai deixar de fumar. Correcto seria se esse cidadao que por sinal foi mandatado pelo povo para governar era esse senhor ser uma pessoa seria cumpridora e decente, entao faz aprovar leis pelos seus escravos e depois nao cumpre?Ha uns anos o PS barafustou porque Cadilhe tse baldou a uma lei e exigiu a sua demissao e agora?? SEJAM SERIOS CUMPRIDORESW E DEEM O EXEMPLO. Hoje na TV viu-se a aamaragem do maior paquete do mundo, estes senhores sao uns previligiados porque daqui a uns tempos devido aos favores que que o PS tem de pagar pela nomeação de menbros para empresas privadas, la se vai a margem ribeirinha do Tejo para porto d econtentores.
ESSE BANDIDO DO SOCRATES NÃO HÁ-DE PAGAR A MULTA, OU ELE NÃO É UM CIDADÃO PORTUGUES. ESSE LADRÃO DESTE POVO,... POVO QUE CADA VEZ ESTÁ MAIS POBRE, COM A POLITICA DESASTROSA PRATICADA NÃO SE ENVERGONHA DE ANDAR A GOZAR COM A SOCIEDADE EDUCADA? ESSE MALANDRO QUE FAZ LEIS SÓ PARA OS OUTROS? QUEM VAI PUNIR AGORA A CAMARILHA, A ASAE? OU ESTÃO PROTEGIDOS OS PREVICADORES. A MULTA DAVA-LHES EU, COMO JÁ FIZERAM PIOR QUE O SALAZAR, COM O FUMO, OS AVIÕES DEVIAM CAIR. E AÍ... ADEUS
Temos o nosso primeiro-ministro e mais alguns membros do governo transformados em figurantes dos shows de Hugo Chávez, não discutimos sequer o preço político que pagamos não só pelo petróleo venezuelano mas também para que a comunidade portuguesa naquele país não sofra represálias governamentais e estamos a discutir se José Sócrates fumou no avião? E agora o primeiro-ministro promete-nos que vai deixar de fumar? Estamos completamente tolinhos!
O governo dele aprova uma lei anti-tabágica fundamentalista que incomoda até os não fumadores. Ele, no entanto, desconhece o "âmbito" de aplicação da dita lei. Em suma, ignora que não se pode fumar em locais fechados tão óbvios como uma cabine de avião. Ele, aliás, "costumava" fumar em "viagens anteriores" que realizou com os mesmos ou com outros protagonistas. Desculpa-se e promete que, depois disto, vai deixar de fumar. Esqueceram-se manifestamente de lhe preparar esta "ficha".
O cigarrinho de Sócrates desencadeou uma vaga de ridículo no país, começando pela justificação dada por Sócrates que não sabia que é proibido fumar a bordo dos aviões (é caso para dizer "¿Por qué no te callas Jose?"), algo que já acontece há muito antes da sua lei anti-fumo ter sido aprovado. Ridículo também ver Jorge Miranda, um distinto constitucionalista, a dar uma consulta à TVI sobre problema de tão grande complexidade jurídica, ridícula também a preocupação de Bernardino Soares que foi à net procurar consultas anti-tabágicas. Por fim, ridícula a tentativa da TAP de encobrir o mau comportamento de Sócrates informando que nas viagens presidenciais também se davam umas passas à margem da lei.
Esperemos agora por uma decisão inevitável, a entidade responsável pela aplicação da lei deve multar o cidadão José Sócrates, da mesma forma que devia ter feito com o inspector-geral da ASAE. Bem, esperemos que o inspector-geral não descubra que há dúvidas sobre a aplicação da lei para além das águas territoriais.
Um dos argumentos mais utilizados para justificar a lei anti-tabaco foi o prejuízo provocado aos empregados dos restaurantes e outros espaços fechados. Ora, não há espaço mais fechado do que um avião e foi aí que Sócrates e o ministro Manuel Pinho decidiram fumar, ainda por cima foram fumar precisamente para o espaço reservado ao pessoal de cabine. O mesmo Sócrates que se anda a exibir em sessões de jogging, viola uma lei do seu governo e para fugir das vistas vai fumar para o espaço reservado aos trabalhadores. Compreende-se agora porque razão nada sucedeu ao inspector-geral da ASAE quando foi apanhado a fumar no casino, esta lei é só para alguns.
A mais vergonhosa para um 1º Ministro e dizer que desconhecia a lei que ele e os seus pares inventaram, sera que ele assina de cruz sem ler? Nada me espanta depois de sabe como se licenciou. Ao ouvi-lo lembrei-me daquela serie Britanica Yes Minister.
Quando Sócrates, candidamente, alega boa fé na questão dos cigarros fumados a bordo de um avião é mais um político profissional para quem os valores que apregoa são feitos de plasticina. Quando, cinicamente, põe a máscara do arrependimento e salienta o ‘exemplo’ que os governantes devem dar aos governados está a realizar um dos exercícios em que é exímio: mostrar que compensa enganar as pessoas. Mas quando Sócrates, no mesmo contexto, faz a promessa pública de deixar de fumar revela, para além do já exposto, ser uma pessoa de sentimentos pirosos e que cultiva um exibicionismo insuportável. Depois disto o que falta esperar? Que o primeiro-ministro dê testemunho da alteração radical dos seus hábitos de higiene se um jornalista vier dizer que não lavou convenientemente as mãos após ter utilizado o WC?
Já agora: e o inefável Manuel Pinho também vai pedir desculpas? E deixar de fumar?
A SIC vai reeditar o programa "Perdoa-me" conduzido por Fátima Lopes, estando já assegurada a presença de José Sócrates na primeira edição. O primeiro-ministro vai aproveitar para pedir perdão aos portugueses por não respeitar as leis que adopta e por mais alguns pecados que cometeu desde que tomou posse no cargo.
Ao que parece Fátima Lopes não tem mãos a medir, desde que a SIC decidiu relançar o programa que lhe chegam apelos, o mais desesperado foi o de Manuela Ferreira Leite que lhe pediu por tudo que lhe fosse permitido ir ao programa para pedir a Santana Lopes por não ter votado nele nas últimas eleições.
Henrique Chaves, um velho amigo e membro do governo de Santana Lopes, vem pedir desculpa ao ex-primeiro-ministro, que anda por aí a ver se consegue sobreviver por aqui, pela forma como se demitiu do cargo de ministro adjunto e por lhe ter lembrado dos tempos em que teve de o ajudar, dando-lhe emprego.
Cavaco Silva quer pedir desculpa a José Sócrates por não lhe o ter apoiado com os seus vastos conhecimentos e experiência de economia, argumento que usou para conseguir o arrendamento gratuito de um palácio que fica para os lados de Belém. De caminho aproveita para pedir desculpa a Santana Lopes por lhe ter chamado má moeda.
O facto de Sócrates ter sido apanhado com a boca na botija não teve consequências imediatas para o futuro cinzento dos portugueses. A viagem histórica do líder socialista ao camarada Chavez acabou por não ser ainda bem explicada ao povo. Por exemplo quem está metido como intermediário nestes negócios que trocam ouro negro, manchado com o sangue de vítimas de uma ditadura legitimada nas urnas, como o "viciado" ( palavras de Cavaco) Sócrates fez questão em defender, por matérias-primas portuguesas. Claro que a gasosa por cá não vai diminuir de preço: primeiro porque o governo não abdica desse verdadeiro poço de petróleo virtual que é o imposto sobre combustíveis, segundo porque o que vier será para pagar, mais uma vez, a factura despesista que não há governo que consiga diminuir.
A nova revisão em baixa da economia portuguesa por parte do ministro das finanças, depois do foguetório que tinha lançado desde a apresentação do orçamento de estado, é outro facto lamentável. Mais uma vez a economia portuguesa é aquela que pior desempenho teve na zona euro ! Portanto mantemos a tanga no país, esse tapa vergonhas que Durão Barroso iniciou mais a sua ministra Ferreira Leite, quando pôs o cego combate ao deficit- e ao crescimento- em primeiro lugar de tudo. Lembram-se o que fez então a França, a Itália e a Alemanha ? É bom lembrar.
Para acabar: é verdade que se fuma em voos presidenciais e eu nunca vi que o Presidente o tivesse visto. Fumam jornalistas, convidados e alguns membros da comitiva. É um facto lamentável. Não por ser ilegal mas porque incomoda. Há posturas que um cidadão "normal" toma e que a si apenas lhe ficam mal como cidadão. Essas mesmas posturas tomadas por um governante têm um significado político completamente diferente.
Por exemplo: um governante que é contra os homossexuais e que legisla sobre isso, e que é apanhado como gay é notícia. Um governante que nunca lutou contra esse comportamento se for gay ninguém tem nada a ver com isso, e se for notícia é invasão da privacidade.
O governador de Nova Yorque que se demitiu por ir às putas teve de o fazer porque era um idiota de um conservador, moralista e autoritário. Sócrates é um governante conservador, autoritário que implementou uma lei cega sobre o tabaco, que tem uma ASAE que persegue fumadores prevaricadores e afinal acaba a fumar em público, num local público, embora estivesse um voo fretado. Não era um voo entre amigos, era um voo de Estado. Sócrates estava em funções de Estado e ainda veio armado em anjolas a dizer que não sabia que não era proibido. Ora isto é o cúmulo do cinismo. Espero que a ASAE lhe passe a facturinha da multa: 75o euros.
Senhor, a teus pés eu confesso: - Senhor,um cigarro fumei! Senhor, se perdão aqui peço, Não mereço! Senhor, um cigarro fumei e pequei! Perdão, no entanto eu te imploro! Senhor, Tu, que és a redenção! Eu sei que menti e que adoro e eu choro Senhor, ao rogar seu perdão! Senhor, eu confesso o perjúrio de tantas promessas! Senhor, eu errei mas na vida encontrei a lição! Senhor! Eu t’imploro, senhor, ó meu povo: Não t’esqueças da minha oração! Senhor, ó bondade infinita, dai-me o seu perdão! o Canudo por mérito eu na vida jamais encontrara! É tarde! Caminho pela vida perdido na dor! Senhor, este mandato é mais puro que a jóia mais rara, Que o mais puro vício! Senhor se o voto é castigo, Perdão meu senhor!
Versão adaptada da original: INTÉRPRETE: ANTÓNIO CALVÁRIO MÚSICA: JOÃO NOBRE LETRA: ROGÉRIO BRACINHA FRANCISCO NICHOLSON
Eu, Frederico, fumador me confesso. Fumo desde a mais tenra idade, a acreditar no que dizem os antitabagistas, pois a minha mãe fumava, embora pouco, e o meu pai fumava, muito. Entre as minhas recordações de infância guardo a imagem do meu avô a fumar. O meu avô fumava tudo: cigarros, cigarrilhas, charutos e, dizia-me, quando era miúdo, até barbas de milho fumou. Nunca fumou num avião apenas porque nunca andou de avião.
O meu avô fumou em muitos sítios, até na cama chegou a fumar, para desespero da minha avó que se queixava das cinzas. Só não fumou na Venezuela porque nunca lá foi. Teria de ir de barco e meu avô enjoava – enjoava com o barco, não com tabaco, pois esse nunca o enjoava. Não podia ir de dirigível, pois a única viagem que fez foi no LZ 129, mais conhecido como Hindenburg, que à chegada a New Jersey ardeu, sem nunca se terem verdadeiramente determinado as causas – o meu avô é que esteve uns tempos sem querer ver um cigarro à sua frente, nunca percebemos porquê.
Eu fumo pouco, embora tenha de confessar que esta afirmação tem pouco rigor. Não posso apresentar quantidades nem tempos, pois não guardo registo disso. É para mim quase mecânico. Já a minha irmã não fuma, portanto pode viajar de avião à vontade. A família diz que é por ela ser casada com um tipo da ASAE, mas não é verdade, pois há-os na ASAE que fumam, embora em casinos, nunca em aviões.
A verdade, porém, é que não se devia fumar, porque fumar é prejudicial à saúde, do próprio e dos vizinhos. Foi por isso que governantes ao fumarem num local fechado e onde é proibido chocou e chocalhou tanto o País. O Zé, que é o taxista cá da terra, até comentou que “haviam de fumar era no Conselho de Ministros e o tabaco que cumprisse o seu dever”, mas é preciso dizer que o Zé deixou de apreciar os governantes desde que os motoristas de táxi passaram a ter de fazer o Pagamento Especial por Conta. Mas tem o seu quê de razão, se é para fumarem, que o façam no Conselho e não num avião. É verdade que num avião não poderiam “ir fumar lá fora”, mas mais uma vez citando o Zé “não vejo porquê, carago!” O Zé é do Porto.
Fumar tem consequências económicas claras, nem sempre negativas. No nosso País estimulou um sector económico novo. Como o Governo decretou que é obrigatória a inserção nos maços de tabaco de mensagens diversas como “fumar mata”, “o tabaco é prejudicial à saúde” e outras, passaram a ter ampla venda bolsas para guardar os maços de tabaco e não permitir que as ditas inserções se vejam. Na sua abordagem pouco científica da matéria, o Zé explica que se o tabaco mata é por provocar doenças do coração e tapando a inserção deixa de se ler que o tabaco mata – logo, “longe da vista, longe do coração”, está o problema resolvido.
Consta cá na terra que anda a circular entre os secretários de Estado um projecto de decreto para que nas bebidas alcoólicas também seja obrigatório fazer inserções semelhantes, novo estímulo aos fabricantes de embalagens. Já agora, atendendo aos acidentes de estrada, porque não obrigar a inserções nos automóveis? Isto sim, é que seria um empurrão a sério a essas empresas.
O problema é duplamente grave para os nossos governantes, porque a única solução a longo prazo é deixar de fumar. Isto implica perder a receita do imposto sobre o tabaco e pagar subsídio de desemprego aos ex-trabalhadores da Tabaqueira, mau para o défice orçamental.
Veja-se o exemplo do Luky Luke, o simpático “cowboy” que deixou de fumar e agora anda com uma palha na boca. Já viram o que era passarmos a ver os nossos ministros ex-fumadores de palha na boca? O ar que lhes daria? É que falamos de uma coisa bem visível, pois um critério em Conselho de Ministros nas decisões (e discussões) complicadas poderia ser, logicamente, perder o que tem a palha mais curta? Mas também aqui temos pontos a favor e contra. Se, em Conselho, os ministros deixariam de se poder dirigir um a outro por “Ó tu que fumas!”, em contrapartida o primeiro-ministro passaria a poder demitir um ministro “por dá cá aquela palha”.
De vez em quando o país é sacudido por notícias mesquinhas que atestam a mesquinhez da vida política nacional, a tacanhez do poder, a pelintrice democrática de uma das mais pobres e fracas democracias da Europa.
Agora é o caso do primeiro-ministro e do ministro da Economia apanhados a fumar, à revelia da lei ‘taliban’ que fizeram aprovar para o país, a bordo de um voo de Estado. A notícia em si é quase caricata e não passaria de um ‘fait-divers’ para a imprensa cor-de-rosa, não fosse dar-se o caso de reflectir este pensamento bem português de que a lei é para os outros. Com as agravantes de que quem assim pensa e age tem particulares responsabilidades pelo cumprimento das leis e de que o caso não é único. A classe política portuguesa, que está hoje aos níveis de provincianismo que já Eça e Ramalho zurziam, tem a pecha de se colocar por sistema a si própria acima das leis e costumes que impõe à plebe. Os governantes nórdicos vão de transportes públicos para o trabalho. Por cá ninguém dispensa o carrão do Estado e os batedores, porque passar à frente do comum dos cidadãos é prerrogativa do poder. É comum os eleitos pelo povo servirem-se da eleição para escapar a pequenas infracções à lei e gozar da benevolência das autoridades. Mas se tonitruantes banalidades como alguns membros do Governo e equiparados não se afirmarem pela excepção de fumar nos aviões, circular a velocidades acima da lei, passar à frente do povaréu, como é que se poderão afirmar e assombrar a canalha? Discutindo em público a prática política segundo Nicolau Maquiavel ou a Genealogia da Moral segundo Nietzsche? Todos são iguais perante a lei. Alguns reservam-se o direito de ser apenas iguais a si próprios.
21 Comments:
Apanhado em falso, a violar uma lei apresentada pelo seu Governo, o primeiro-ministro resolveu entrar num patético espetáculo de contricção pública, prometendo aos portugueses que vai deixar de fumar. E o que é que nós temos a ver com isso? É um assunto da sua vida privada. A questão pública é o cumprimento da lei e a igualdade dos cidadãos no seu cumprimento. Se fumou, como reconhece, paga os 750 euros previstos na lei, como deverá acontecer com qualquer cidadão. Agora, fazer uma promessa aos portugueses sobre a sua vida privada é que passa todos os limites do bom senso. E o que é que acontece se não cumprir? E quem é que vai fiscalizar o cumprimento da promessa? Razão tinha o Santana Lopes. "O país está louco"
Vai deixar de fumar e anuncia? Mas o que raio temos nós a ver com o facto de Sócrates fumar? Fumar é legal e é lá com ele. Quanto ao resto, o importante é saber se Sócrates pagará a coima respectiva, como qualquer cidadão. E que fume o que quiser nos lugares onde o pode fazer.
Sócrates já não é o que era. Dos tempos da arrogância chegou ao tempo do perdoa-me. Apanhado em flagrante a fumar na cabine do avião, a caminho do seu amigo Hugo, houve um jornalista queixinhas que o veio denunciar e ele não teve outro remédio se não pedir desculpa ao país, aos contribuintes, a todos que votaram nele e que por causa disso o têm tido que aturar. Se o acto viesse de um político descontraído e que não tivesse andado armado em moralista e em menino politicamente correcto, até se podia perdoar. Vindo de um beato do ambiente o gesto só pode ser condenável, e muito condenável.
Claro que Sócrates está como Clinton quando foi apanhado com a estagiária disléxica que confundiu salada de mamão com mamada no salão. Então Clinton teve uma safa: como não tinha havido penetração não tinha havido sexo. Sócrates pode ainda recorrer da sua atitude: se não engoliu o fumo não se pode considerar que tenha fumado. Apenas acendeu um cigarro.
Com esta atenuante e com a descida de mais uns pontos no IVA, a malta perdoa, pá !!!
mais um exemplo de como a corja que pastoreia o rectângulo se arroga previlégios que não são permitidos ao comum dos cidadãos... e, pedidos de desculpas não resolvem nada!
quanto ao fumo do sr. pinho, esse está desculpado por natureza: os casos psiquiátricos tem uma excepção na lei que lhes permite fumar... talvez mesmo a bordo de aviões...
Tabaco faz mal à imagem
Sócrates já sabia que o tabaco faz mal à saúde.
Não deixou de fumar por isso.
A decisão de deixar de fumar aparece apenas quando, um dia, descobre que o tabaco também faz mal à imagem.
Pelo menos diante de jornalistas. É um perigo.
Comovi-me com o seu sincero pedido de desculpas pelos cigarros que fumou, principalmente depois das reacções iniciais "à menino": que nos voos fretados se podia fumar, que nos passeios do menino Cavaco também se fuma e, ao final, que o menino não sabia.
Depois o “Desculpa, mamã” e o “não torno”.
Tocante.
E, quanto ao facto de ter agido como alguém que está acima da lei, essas desculpas ficam por dar juntamente com a multa de 750 euros aplicável ao caso.
Usando a expressão que lhe é tão cara, "isso é que era importante". Ou acaso alguém se importa um caracol que Sócrates fume em locais onde seja permitido?
Pronto, está bem, está bem.
Meninos bonitos não fumam.
Ufa!
Não é preciso ralhar.
Portugal ano de 2008:
Uma adolescente de 16 anos pode fazer livremente um aborto mas não pode por um piercing.
Um cônjuge para se divorciar, basta pedir;
Um empregador para despedir um trabalhador que o agrediu precisa de uma sentença judicial que demora 5 anos a sair.
Na escola um professor é agredido por um aluno.
O professor nada pode fazer, porque a sua progressão na carreira a está dependente da nota que dá ao seu aluno.
Um jovem de 18 anos recebe €200 do Estado para não trabalhar; um idoso recebe de reforma €236 depois de toda uma vida do trabalho.
Um marido oferece um anel à sua mulher e tem de declarar a doação ao fisco.
O mesmo fisco penhora indevidamente o salário de um trabalhador e demora 3 anos a corrigir o erro.
O Estado que gasta 6 mil milhões de euros no novo Aeroporto recusa-se a baixar impostos porque não tem dinheiro.
Nas zonas mais problemáticas das áreas urbanas existe 1 polícia para cada 2.000 habitantes; cada Ministro tem 4 polícias guarda-costas; o Governo diz que não precisa de mais polícias.
Numa empreitada pública, os trabalhadores são todos imigrantes ilegais, que recebem abaixo do salário mínimo e o Estado não fiscaliza.
Num café, o proprietário vê o seu estabelecimento ser encerrado só porque não tinha uma placa a dizer que é proibido fumar.
Um cão ataca uma criança e o Governo faz uma lei.
Um professor é sovado por um aluno e o Governo diz que a culpa á das causas sociais.
O IVA de um preservativo é 5%. O IVA de uma cadeirinha de automóvel, obrigatória para quem tem filhos até aos 12 anos, é 21%.
Se eu fosse apanhado a fumar num qualquer recinto fechado de acordo com a lei pagava a coima respectiva; ao primeiro ministro basta pedir desculpa e ao director da ASAE ... nem isso.
Numa entrevista à televisão, o Primeiro-Ministro define a Política como "A Arte de aprender a viver com a decepção".
Estaremos, como Portugueses, condenados a aprender a viver com este Primeiro-Ministro?
O que temos a ver com a promessa dum cidadao que diz que vai deixar de fumar.
Correcto seria se esse cidadao que por sinal foi mandatado pelo povo para governar era esse senhor ser uma pessoa seria cumpridora e decente, entao faz aprovar leis pelos seus escravos e depois nao cumpre?Ha uns anos o PS barafustou porque Cadilhe tse baldou a uma lei e exigiu a sua demissao e agora??
SEJAM SERIOS CUMPRIDORESW E DEEM O EXEMPLO.
Hoje na TV viu-se a aamaragem do maior paquete do mundo, estes senhores sao uns previligiados porque daqui a uns tempos devido aos favores que que o PS tem de pagar pela nomeação de menbros para empresas privadas, la se vai a margem ribeirinha do Tejo para porto d econtentores.
Era bem feito que ele tivesse que pagar uma multa bem pesada.
MAS, não com o dinheiro do tuga, mas do Eng. Pinóquio.
Ora, segundo sei, e quanto a lei do tabaco, é EXPRESSAMENTE PROIBIDO FUMAR EM RECINTOS FECHADOS, certo?
.. se calhar o avião da TAP, ia com a capota baixa... será?!
:)
ESSE BANDIDO DO SOCRATES NÃO HÁ-DE PAGAR A MULTA, OU ELE NÃO É UM CIDADÃO PORTUGUES.
ESSE LADRÃO DESTE POVO,... POVO QUE CADA VEZ ESTÁ MAIS POBRE, COM A POLITICA DESASTROSA PRATICADA NÃO SE ENVERGONHA DE ANDAR A GOZAR COM A SOCIEDADE EDUCADA?
ESSE MALANDRO QUE FAZ LEIS SÓ PARA OS OUTROS?
QUEM VAI PUNIR AGORA A CAMARILHA, A ASAE? OU ESTÃO PROTEGIDOS OS PREVICADORES.
A MULTA DAVA-LHES EU, COMO JÁ FIZERAM PIOR QUE O SALAZAR, COM O FUMO, OS AVIÕES DEVIAM CAIR. E AÍ...
ADEUS
Temos o nosso primeiro-ministro e mais alguns membros do governo transformados em figurantes dos shows de Hugo Chávez, não discutimos sequer o preço político que pagamos não só pelo petróleo venezuelano mas também para que a comunidade portuguesa naquele país não sofra represálias governamentais e estamos a discutir se José Sócrates fumou no avião? E agora o primeiro-ministro promete-nos que vai deixar de fumar? Estamos completamente tolinhos!
O governo dele aprova uma lei anti-tabágica fundamentalista que incomoda até os não fumadores. Ele, no entanto, desconhece o "âmbito" de aplicação da dita lei. Em suma, ignora que não se pode fumar em locais fechados tão óbvios como uma cabine de avião. Ele, aliás, "costumava" fumar em "viagens anteriores" que realizou com os mesmos ou com outros protagonistas. Desculpa-se e promete que, depois disto, vai deixar de fumar. Esqueceram-se manifestamente de lhe preparar esta "ficha".
O cigarrinho de Sócrates desencadeou uma vaga de ridículo no país, começando pela justificação dada por Sócrates que não sabia que é proibido fumar a bordo dos aviões (é caso para dizer "¿Por qué no te callas Jose?"), algo que já acontece há muito antes da sua lei anti-fumo ter sido aprovado. Ridículo também ver Jorge Miranda, um distinto constitucionalista, a dar uma consulta à TVI sobre problema de tão grande complexidade jurídica, ridícula também a preocupação de Bernardino Soares que foi à net procurar consultas anti-tabágicas. Por fim, ridícula a tentativa da TAP de encobrir o mau comportamento de Sócrates informando que nas viagens presidenciais também se davam umas passas à margem da lei.
Esperemos agora por uma decisão inevitável, a entidade responsável pela aplicação da lei deve multar o cidadão José Sócrates, da mesma forma que devia ter feito com o inspector-geral da ASAE.
Bem, esperemos que o inspector-geral não descubra que há dúvidas sobre a aplicação da lei para além das águas territoriais.
Um dos argumentos mais utilizados para justificar a lei anti-tabaco foi o prejuízo provocado aos empregados dos restaurantes e outros espaços fechados. Ora, não há espaço mais fechado do que um avião e foi aí que Sócrates e o ministro Manuel Pinho decidiram fumar, ainda por cima foram fumar precisamente para o espaço reservado ao pessoal de cabine. O mesmo Sócrates que se anda a exibir em sessões de jogging, viola uma lei do seu governo e para fugir das vistas vai fumar para o espaço reservado aos trabalhadores. Compreende-se agora porque razão nada sucedeu ao inspector-geral da ASAE quando foi apanhado a fumar no casino, esta lei é só para alguns.
A mais vergonhosa para um 1º Ministro e dizer que desconhecia a lei que ele e os seus pares inventaram, sera que ele assina de cruz sem ler? Nada me espanta depois de sabe como se licenciou.
Ao ouvi-lo lembrei-me daquela serie Britanica Yes Minister.
Quando Sócrates, candidamente, alega boa fé na questão dos cigarros fumados a bordo de um avião é mais um político profissional para quem os valores que apregoa são feitos de plasticina.
Quando, cinicamente, põe a máscara do arrependimento e salienta o ‘exemplo’ que os governantes devem dar aos governados está a realizar um dos exercícios em que é exímio: mostrar que compensa enganar as pessoas.
Mas quando Sócrates, no mesmo contexto, faz a promessa pública de deixar de fumar revela, para além do já exposto, ser uma pessoa de sentimentos pirosos e que cultiva um exibicionismo insuportável.
Depois disto o que falta esperar? Que o primeiro-ministro dê testemunho da alteração radical dos seus hábitos de higiene se um jornalista vier dizer que não lavou convenientemente as mãos após ter utilizado o WC?
Já agora: e o inefável Manuel Pinho também vai pedir desculpas? E deixar de fumar?
A SIC vai reeditar o programa "Perdoa-me" conduzido por Fátima Lopes, estando já assegurada a presença de José Sócrates na primeira edição. O primeiro-ministro vai aproveitar para pedir perdão aos portugueses por não respeitar as leis que adopta e por mais alguns pecados que cometeu desde que tomou posse no cargo.
Ao que parece Fátima Lopes não tem mãos a medir, desde que a SIC decidiu relançar o programa que lhe chegam apelos, o mais desesperado foi o de Manuela Ferreira Leite que lhe pediu por tudo que lhe fosse permitido ir ao programa para pedir a Santana Lopes por não ter votado nele nas últimas eleições.
Henrique Chaves, um velho amigo e membro do governo de Santana Lopes, vem pedir desculpa ao ex-primeiro-ministro, que anda por aí a ver se consegue sobreviver por aqui, pela forma como se demitiu do cargo de ministro adjunto e por lhe ter lembrado dos tempos em que teve de o ajudar, dando-lhe emprego.
Cavaco Silva quer pedir desculpa a José Sócrates por não lhe o ter apoiado com os seus vastos conhecimentos e experiência de economia, argumento que usou para conseguir o arrendamento gratuito de um palácio que fica para os lados de Belém. De caminho aproveita para pedir desculpa a Santana Lopes por lhe ter chamado má moeda.
O facto de Sócrates ter sido apanhado com a boca na botija não teve consequências imediatas para o futuro cinzento dos portugueses.
A viagem histórica do líder socialista ao camarada Chavez acabou por não ser ainda bem explicada ao povo.
Por exemplo quem está metido como intermediário nestes negócios que trocam ouro negro, manchado com o sangue de vítimas de uma ditadura legitimada nas urnas,
como o "viciado" ( palavras de Cavaco) Sócrates fez questão em defender, por matérias-primas portuguesas. Claro que a gasosa por cá não vai diminuir de preço: primeiro porque o governo não abdica desse verdadeiro poço de petróleo virtual que é o imposto sobre combustíveis, segundo porque o que vier será para pagar, mais uma vez, a factura despesista que não há governo que consiga diminuir.
A nova revisão em baixa da economia portuguesa por parte do ministro das finanças, depois do foguetório que tinha lançado desde a apresentação do orçamento de estado, é outro facto lamentável.
Mais uma vez a economia portuguesa é aquela que pior desempenho teve na zona euro ! Portanto mantemos a tanga no país, esse tapa vergonhas que Durão Barroso iniciou mais a sua ministra Ferreira Leite, quando pôs o cego combate ao deficit- e ao crescimento- em primeiro lugar de tudo. Lembram-se o que fez então a França, a Itália e a Alemanha ? É bom lembrar.
Para acabar: é verdade que se fuma em voos presidenciais e eu nunca vi que o Presidente o tivesse visto. Fumam jornalistas, convidados e alguns membros da comitiva. É um facto lamentável. Não por ser ilegal mas porque incomoda. Há posturas que um cidadão "normal" toma e que a si apenas lhe ficam mal como cidadão. Essas mesmas posturas tomadas por um governante têm um significado político completamente diferente.
Por exemplo: um governante que é contra os homossexuais e que legisla sobre isso, e que é apanhado como gay é notícia. Um governante que nunca lutou contra esse comportamento se for gay ninguém tem nada a ver com isso, e se for notícia é invasão da privacidade.
O governador de Nova Yorque que se demitiu por ir às putas teve de o fazer porque era um idiota de um conservador, moralista e autoritário. Sócrates é um governante conservador, autoritário que implementou uma lei cega sobre o tabaco, que tem uma ASAE que persegue fumadores prevaricadores e afinal acaba a fumar em público, num local público, embora estivesse um voo fretado. Não era um voo entre amigos, era um voo de Estado. Sócrates estava em funções de Estado e ainda veio armado em anjolas a dizer que não sabia que não era proibido. Ora isto é o cúmulo do cinismo.
Espero que a ASAE lhe passe a facturinha da multa: 75o euros.
Oração
Senhor, a teus pés eu confesso:
- Senhor,um cigarro fumei!
Senhor, se perdão aqui peço,
Não mereço! Senhor,
um cigarro fumei e pequei!
Perdão, no entanto eu te imploro!
Senhor, Tu, que és a redenção!
Eu sei que menti e que adoro e eu choro
Senhor, ao rogar seu perdão!
Senhor, eu confesso o perjúrio de tantas promessas!
Senhor, eu errei mas na vida encontrei a lição!
Senhor! Eu t’imploro, senhor, ó meu povo:
Não t’esqueças da minha oração!
Senhor, ó bondade infinita, dai-me o seu perdão!
o Canudo por mérito eu na vida jamais encontrara!
É tarde! Caminho pela vida perdido na dor!
Senhor, este mandato é mais puro que a jóia mais rara,
Que o mais puro vício!
Senhor se o voto é castigo,
Perdão meu senhor!
Versão adaptada da original:
INTÉRPRETE: ANTÓNIO CALVÁRIO
MÚSICA: JOÃO NOBRE
LETRA: ROGÉRIO BRACINHA
FRANCISCO NICHOLSON
Eu, Frederico, fumador me confesso. Fumo desde a mais tenra idade, a acreditar no que dizem os antitabagistas, pois a minha mãe fumava, embora pouco, e o meu pai fumava, muito. Entre as minhas recordações de infância guardo a imagem do meu avô a fumar. O meu avô fumava tudo: cigarros, cigarrilhas, charutos e, dizia-me, quando era miúdo, até barbas de milho fumou. Nunca fumou num avião apenas porque nunca andou de avião.
O meu avô fumou em muitos sítios, até na cama chegou a fumar, para desespero da minha avó que se queixava das cinzas. Só não fumou na Venezuela porque nunca lá foi. Teria de ir de barco e meu avô enjoava – enjoava com o barco, não com tabaco, pois esse nunca o enjoava. Não podia ir de dirigível, pois a única viagem que fez foi no LZ 129, mais conhecido como Hindenburg, que à chegada a New Jersey ardeu, sem nunca se terem verdadeiramente determinado as causas – o meu avô é que esteve uns tempos sem querer ver um cigarro à sua frente, nunca percebemos porquê.
Eu fumo pouco, embora tenha de confessar que esta afirmação tem pouco rigor. Não posso apresentar quantidades nem tempos, pois não guardo registo disso. É para mim quase mecânico. Já a minha irmã não fuma, portanto pode viajar de avião à vontade. A família diz que é por ela ser casada com um tipo da ASAE, mas não é verdade, pois há-os na ASAE que fumam, embora em casinos, nunca em aviões.
A verdade, porém, é que não se devia fumar, porque fumar é prejudicial à saúde, do próprio e dos vizinhos. Foi por isso que governantes ao fumarem num local fechado e onde é proibido chocou e chocalhou tanto o País. O Zé, que é o taxista cá da terra, até comentou que “haviam de fumar era no Conselho de Ministros e o tabaco que cumprisse o seu dever”, mas é preciso dizer que o Zé deixou de apreciar os governantes desde que os motoristas de táxi passaram a ter de fazer o Pagamento Especial por Conta. Mas tem o seu quê de razão, se é para fumarem, que o façam no Conselho e não num avião. É verdade que num avião não poderiam “ir fumar lá fora”, mas mais uma vez citando o Zé “não vejo porquê, carago!” O Zé é do Porto.
Fumar tem consequências económicas claras, nem sempre negativas. No nosso País estimulou um sector económico novo. Como o Governo decretou que é obrigatória a inserção nos maços de tabaco de mensagens diversas como “fumar mata”, “o tabaco é prejudicial à saúde” e outras, passaram a ter ampla venda bolsas para guardar os maços de tabaco e não permitir que as ditas inserções se vejam. Na sua abordagem pouco científica da matéria, o Zé explica que se o tabaco mata é por provocar doenças do coração e tapando a inserção deixa de se ler que o tabaco mata – logo, “longe da vista, longe do coração”, está o problema resolvido.
Consta cá na terra que anda a circular entre os secretários de Estado um projecto de decreto para que nas bebidas alcoólicas também seja obrigatório fazer inserções semelhantes, novo estímulo aos fabricantes de embalagens. Já agora, atendendo aos acidentes de estrada, porque não obrigar a inserções nos automóveis? Isto sim, é que seria um empurrão a sério a essas empresas.
O problema é duplamente grave para os nossos governantes, porque a única solução a longo prazo é deixar de fumar. Isto implica perder a receita do imposto sobre o tabaco e pagar subsídio de desemprego aos ex-trabalhadores da Tabaqueira, mau para o défice orçamental.
Veja-se o exemplo do Luky Luke, o simpático “cowboy” que deixou de fumar e agora anda com uma palha na boca. Já viram o que era passarmos a ver os nossos ministros ex-fumadores de palha na boca? O ar que lhes daria? É que falamos de uma coisa bem visível, pois um critério em Conselho de Ministros nas decisões (e discussões) complicadas poderia ser, logicamente, perder o que tem a palha mais curta? Mas também aqui temos pontos a favor e contra. Se, em Conselho, os ministros deixariam de se poder dirigir um a outro por “Ó tu que fumas!”, em contrapartida o primeiro-ministro passaria a poder demitir um ministro “por dá cá aquela palha”.
Ministros de palha na boca sim porque no cu já a metem.
De vez em quando o país é sacudido por notícias mesquinhas que atestam a mesquinhez da vida política nacional, a tacanhez do poder, a pelintrice democrática de uma das mais pobres e fracas democracias da Europa.
Agora é o caso do primeiro-ministro e do ministro da Economia apanhados a fumar, à revelia da lei ‘taliban’ que fizeram aprovar para o país, a bordo de um voo de Estado. A notícia em si é quase caricata e não passaria de um ‘fait-divers’ para a imprensa cor-de-rosa, não fosse dar-se o caso de reflectir este pensamento bem português de que a lei é para os outros. Com as agravantes de que quem assim pensa e age tem particulares responsabilidades pelo cumprimento das leis e de que o caso não é único.
A classe política portuguesa, que está hoje aos níveis de provincianismo que já Eça e Ramalho zurziam, tem a pecha de se colocar por sistema a si própria acima das leis e costumes que impõe à plebe. Os governantes nórdicos vão de transportes públicos para o trabalho. Por cá ninguém dispensa o carrão do Estado e os batedores, porque passar à frente do comum dos cidadãos é prerrogativa do poder. É comum os eleitos pelo povo servirem-se da eleição para escapar a pequenas infracções à lei e gozar da benevolência das autoridades. Mas se tonitruantes banalidades como alguns membros do Governo e equiparados não se afirmarem pela excepção de fumar nos aviões, circular a velocidades acima da lei, passar à frente do povaréu, como é que se poderão afirmar e assombrar a canalha?
Discutindo em público a prática política segundo Nicolau Maquiavel ou a Genealogia da Moral segundo Nietzsche? Todos são iguais perante a lei. Alguns reservam-se o direito de ser apenas iguais a si próprios.
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