quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O COPO DE ÁGUA

Apesar de defender a limitação de mandatos, não acredito que a lei que impede a reeleição sucessiva dos autarcas por mais de três mandatos venha alguma vez a ser aplicada. Só quem não conheça o país em que vivemos pode acreditar nisso. Sendo certo que já começamos a assistir a movimentações nos diferentes partidos para que a mesma seja alterada, antes mesmo de ser experimentada.

Seria, de facto, exigir muito de uma classe política mais identificada com a exemplar democracia de sucesso angolana do que com as velhas democracias do norte da Europa… Por alguma coisa, Salazar e Cunhal continuam ainda a ser as duas grandes âncoras da esmagadora maioria dos portugueses. Aliás, depois de 48 anos de salazarismo, alguém se consegue imaginar a viver num país sem caciques, sem corrupção e sem cunhas? Isto está tão enraizado no nosso ADN colectivo que somos completamente incapazes de sobreviver sem um pastor que nos guie. Por alguma razão, nos identificamos mais com os africanos e os sul-americanos do que com os europeus e os americanos.

Quero com isto dizer que o poder corrompe até um homem íntegro? Ninguém tenha dúvidas disso. Como dizia Lord Acton, todo o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente.


O poder é como um copo de água. Qualquer pessoa consegue levantá-lo e mantê-lo suspenso no ar durante algum tempo. Mas não há ninguém, por muito forte que seja, que não ceda ao peso do copo, se estiver com ele na mão durante muito tempo. Só há uma forma de uma pessoa íntegra não se deixar corromper: não permanecer muito tempo no cargo (no máximo, dois mandatos). A partir daqui, até um braço íntegro começa a ceder ao peso do copo de água.


Em qualquer país decente, a limitação de mandatos é vista como um garante indispensável para que o poder possa ser exercido em prol da comunidade e não do próprio. Com efeito, como já está hoje cientificamente demonstrado, a longa permanência no poder altera a personalidade: torna as pessoas autoritárias e arrogantes, convence-as de que estão acima da lei e, muitas vezes, que são a própria lei.

Leva-as a confundirem-se com o cargo, servindo-se dos bens da instituição e usando o dinheiro desta com se estivessem na sua inteira disponibilidade. Por outro lado, transformam-se em autênticos eucaliptos, apenas aceitando estar rodeados de espelhos que, a toda a hora, lhe recordem que não há no mundo presidente mais bonito do que eles.


Além disso, não há nada mais destrutivo das qualidades de uma pessoa do que a rotina. A rotina é uma fábrica de criar vícios. Por alguma razão, nenhuma multinacional americana mantém por muito tempo o mesmo director à frente das suas empresas, por muito excepcional que ele seja.


Sem esquecer que é muito difícil avaliar a boa ou má gestão dos dinheiros públicos e o nível de corrupção e compadrio existente num município com o presidente no exercício de funções, tendo em conta a teia de cumplicidades que o exercício do cargo sempre cria e o fundado temor que o mesmo inspira nos funcionários e nos munícipes.

REXISTIR

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16 Comments:

At 25 de setembro de 2008 às 19:08, Anonymous Anónimo said...

Isto aplica-se a este e a quase todos. É claro como a água. Por alguma razão o país anda entregue aos bichos. Mas o povo não se pode queixar porque continua a votar nos mesmos.

 
At 25 de setembro de 2008 às 20:25, Anonymous Anónimo said...

Comunistas, vocês são mesmo ridículos... Não conseguem tirar o homem de lá nas urnas, agora querem tirar através de uma lei qualquer

 
At 25 de setembro de 2008 às 22:17, Anonymous Anónimo said...

Olha para ele! "xuxalista" «fino de gravata e vigarista...», mas o que «é cu tem a ver com as calças»?
A constituição da República Portuguesa desde 1975 que «estabelece que o Presidente da República, não pode fazer mais que dois mandatos seguidos», porque é que este limite de mandatos não é Lei para tudo: Presidente da República, Primeiro-Ministro, Governadores Civis, Presidentes de Municípios, Presidentes de Juntas de Freguesia, Presidentes de Clubes e Associações, etc,...?
Era capaz de ser uma forma eficaz, como escreve, o Tonho, de combater a corrupção.
Já agora a Lei que falas foi da iniciativa do teu partido, oh "xuxalista", não sabias, devias saber.

 
At 25 de setembro de 2008 às 22:23, Anonymous Anónimo said...

O ciclo de quatro eleições que aí vem vai custar 100 milhões ao Estado.
Mas as promessas eleitorais continuam de borla. O Estado aumentou a subvenção aos partidos políticos, o que sempre é mais transparente que o financiamento oculto pelos privados, embora não elimine totalmente os compromissos com os interesses e respectivas contrapartidas.

O que não é justo é que o Estado pague a vendedores de ilusões que prometem lebre e nem gato servem à mesa. Se o Estado tivesse maneira de taxar as falsas promessas eleitorais, das duas, uma: ou recuperava o investimento na subvenção da democracia eleitoral, ou os partidos passavam a falar verdade e a prometer o razoável.

Nas campanhas eleitorais, políticos que vivem habitualmente no limbo dos interesses e do dinheiro, que se mantêm arrogantemente afastados do povinho que desprezam, descem às feiras, romarias e outros ajuntamentos para prometer o Céu. Já houve quem prometesse salário para as donas de casa. E todos prometem ajudar os pobrezinhos, cuidar dos velhos, tratar os enfermos, dar futuro aos jovens e outras obras de caridade. Chegam ao poder e é o inferno do costume: menos dinheiro, menos saúde, menos trabalho, menos segurança, mais impostos, mais sacrifícios, mais restrições. Mais por menos dá menos qualidade de vida e menos democracia.

Vem aí um ciclo de quatro eleições. E os candidatos vão acrescentar novas promessas sem sequer prestarem contas das que não cumpriram nos mandatos que vão terminar. Claro que isto desacredita a democracia. Mas com o descrédito da democracia bem pode a classe política que saiu na rifa aos portugueses. O ideal será o dia em que se declararem vencedores de eleições por falta de comparência do eleitorado.

 
At 25 de setembro de 2008 às 22:32, Anonymous Anónimo said...

O M.S. pôs o dedo na ferida e disparou um tiro certeiro.
Muita da corrupção, na política, no desporto, nas associações e outras instituições se resolvia.
Tenham coragem e alterem a Lei, limitem os mandatos em tudo, a dois mandatos.
Já agora em relação às eleições do próximo ano, façam uma só para todos os cargos e poupam muita guita.

 
At 26 de setembro de 2008 às 11:17, Anonymous Anónimo said...

Concordo, criamos um pais com tanta burocracia que até para se ser sério há imensas dificuldades.

 
At 26 de setembro de 2008 às 18:13, Anonymous Anónimo said...

Perfeitamente de acordo, na Ponte Sor e em Mora.
Em Mora tambem há um ditador, de seu nome Sinogas e até se diz comunista!!

 
At 26 de setembro de 2008 às 19:59, Anonymous Anónimo said...

Quem será este último comentário ???
Quem conhece o Sinogas e o Bugalheira....Não há comparação possivel....
só em Educação de um e de outro....e o Sinogas não andou a estudar para Dr...

 
At 27 de setembro de 2008 às 11:17, Anonymous Anónimo said...

Comparar o presidente de Ponte do Sor com Mora so mesmo o Pinto ou algum lacaio lambe botas.
Em Mora aparecem coisas e empresas novas actualmenteem Ponte Sor fecham, o ultimo caso d eMora foi a compra da fabrica de Tomate pelos espanhois que a puseram a fumncionar.
Em Ponte Sor o Pinto enfiou o barrete do Prates e da treta do aerodromo em Mora criaram o Fluviario e arranjaram o Gameiro.
A fundaçao da treta ja deve ter recebido 100 visitas o Fluviario ja passou o Milhao.
So para rematar enquanto o Presidete da Camara da Guarda se empenhou juntamente com a Administraçao da Delphi para esta nao fechar, na Ponte Sor o Pinto andou a inventar uma fabrica para 700 empregos ate anda feliz pelo fecho pelo menos e o que parece.
So por estes dois exemplos se pode medir o QI do nosso presidente

 
At 28 de setembro de 2008 às 20:24, Anonymous Anónimo said...

Coros conteraneos: Sou num jovem de raizes pontesorenses,pois já nasci em Lisboa,embora os meus pais sejam de cá,vou aí muito pouco,mas até por aí andei na passada semana, e frequentei uma cervejaria aí perto do Hotel Sor,e foi então quando me disseram que é o Presidente Taveira Pinto...Fiquei a pensar como será possivel esse Tipo ser o Presidente...o Tipo estava a jogar às cartas e pareceu-me que nem isso sabe...o homem dava berros...enfim o comportamento....Falei nele ao meu pai e este disse-me:Em mais parte nenhuma do Mundo deve haver quem vote numa pessoa assim.....
Façam-me favos corram com o Senhor.....

 
At 1 de outubro de 2008 às 13:48, Anonymous Anónimo said...

Cambada.... Quantos milhões gastou, e continua a gastar, o Sinogas no Fluviário? É preciso ser mesmo tótó para não perceber nada de nada e escrever parvoíces.Já pediram as contas?

 
At 1 de outubro de 2008 às 13:50, Anonymous Anónimo said...

Apesar de tudo o Pinto vai aos sítios normais que as pessoas frequentam. Há presidentes municipais que só se mostram antes das eleições.

 
At 1 de outubro de 2008 às 16:22, Anonymous Anónimo said...

O Pinto vai aos locais das pessoas normais, o problema é que não se comporta como uma pessoa normal.

 
At 2 de outubro de 2008 às 13:43, Anonymous Anónimo said...

Adoro dizer mal, seja do que for, o que impoirta é cascar, seja em quem for. Ainda mais gosto de ser anónimo, e poder dizer todas as besteiras que me passam pela cabeça. Boa Zé Merdas e amigalhaços que bom ter um blog tão útil.

 
At 3 de outubro de 2008 às 00:25, Anonymous Anónimo said...

A VERDADE DÓI MUITO.
INCOMODA-VOS CADA VEZ MAIS.
NÃO É?

 
At 7 de outubro de 2008 às 13:30, Anonymous Anónimo said...

QUAL VERDADE A TUA? NÃO SEJAMOS INGÉNUOS!

 

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